Beati Bellicosi escrita por clariza


Capítulo 6
☾ Submundanos ☽




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Contra a minha vontade eu entrei no carro, eu no meio, stiles de motorista e malia do meu outro lado, ainda com suas garras nas minhas costas. A posição era desconfortável para todos nós, aparentemente já que Stiles parecia extremamente satisfeito consigo mesmo,

―Então, quem é você? ― o garoto perguntou, dando ignição no carro.

―Adelaide, achei que você se lembrasse, afinal quase me forçou a te conhecer.

―Não é isso que eu estou perguntando, de onde você vem? O que está fazendo em Beacon Hills? Quem te mandou aqui?

As garras de malia se afundaram um pouco em minhas costas.

―Malia, suas unhas estão me machucando, você não precisa fazer isso, eu não sou uma ameaça.―eu disse, usando meu tom abrasivo de peeira ― Eu não sou sua inimiga.

Mesmo sem querer, a minha mão tocou a perna descoberta de Malia e ela ficou sem ação, apenas retirando as unhas das minhas costas e tocando o meu rosto como se buscasse por respostas do seu comportamento, que em um segundo estava pronta pra me fazer em pedacinhos e agora me tocava de forma tão suave.

―Eu estou aqui para te proteger e te guiar Malia, é a minha função.

―Vai rolar um porn without a plot aqui? Eu estou dirigindo e não quero bater o carro. ― Ambas ignoramos Stiles, Malia continuou a me encarar.

―Ela está do nosso lado ― murmurou para Stiles.

―Sabem quem mais estava do nosso lado Malia? Theo, e sabe o que ele fez? Tentou matar Scott, deixou a Lydia catatônica, colocou a loba do deserto na sua cola, quase matou a Kira, destruiu a matilha e mandou uma quimera atrás de mim e do meu pai! E adivinha só? ele estava do nosso lado e só queria ajudar, porque só eu me preocupo com essas coisas? Sabe quando é estressante? ― desabafou  garoto e eu me virei para ele sem saber se os meus poderes hippies iriam funcionar nele, o que era difícil de saber, já que ele era parte da matilha, mas ele era humano  o que poderia não funcionar, eu não sabia qual desses aspectos iria se sobrepor.

―Eu imagino Stiles, mas você sabe que pode confiar em mim.

―Não eu não posso. ― respondeu, fazendo uma curva fechada e me atirando em cima dele. ― Eu não sei quem você é e eu não confio em gente que eu não conheço, ok?

―Mas você me conhecia ontem a noite! ― respondi, percebendo depois como aquilo havia soado. ― Não foi a minha escolha de palavras mais sábia. ―Não mesmo ― Malia respondeu, ao meu lado. ―O que você quer em Beacon Hills?

―Ajudar eu já disse.

―Não está acontecendo nada, Adelaide. ― Stiles afirmou, me olhando como se eu tivesse batido na avó dele. Meu nome num tom de aspas.

―Ou está? ― Malia me perguntou, ainda séria.

―É Beacon Hills, literalmente um farol das coisas sobrenaturais, das coisas que vocês sabem que existem ou não, tem sempre alguma coisa acontecendo, é uma cidade enorme tem tantas coisas que a sua matilha ainda não encontrou e vão precisar de ajuda quando encontrarem, vocês conhecem algum feiticeiro? Sabem quem procurar quando aparecer algum demônio? Algum caçador? Ou o povo das fadas?

―Tudo que apareceu agora nós conseguimos lidar muito bem, obrigada, você pode pegar as suas coisas e voltar para Vermont.

Eu parei por um segundo antes de notar o que ele havia dito, Vermont.

―Como você sabe que eu sou de Vermont? ― perguntei.

―Eu disse Vermont ou qualquer lugar.

―Não você não disse.

―Ele disse isso sim, eu ouvi ― Malia argumentou.

―Eu não sou surda nem burra, você disse Vermont, como você sabe que eu sou de Vermont? ― Perguntei, sentindo a minha voz ficar cada vez mais alta, avancei colocando a minha mão no volante, dando uma de louca como se eu tivesse coragem de virar o carro com todos nós dentro, eu não era doida ― eu te perguntei uma coisa Stiles.

―Eu olhei a sua ficha na polícia.

―Eu não tenho uma ficha na polícia.

―A sua ficha médica ― Malia gritou, meio encolhida contra a porta do carro ― Eu invadi o hospital e tirei fotos da sua ficha e mandei pra ele! Agora solta esse volante.

Eu fiz o que ela pediu, meio que sentindo as vibrações dela, o medo que ela estava sentindo do carro ter disparado, podia ouvir o coração dela disparado, e eu podia cheirar o medo dela. Me afastei de Stiles e segurei a mão dela.

―Isso é ilegal, você poderia ser presa!

―Eu sei ― ela respondeu, se recuperando do susto ― Mas, nós precisávamos saber mais.

―Pra onde vocês estão me levando?

―Casa do Scott ― Stiles refletiu um segundo ― a gente não deveria, sei lá, não deixar ela ver o caminho?

―Ela não é uma ameaça ― Se intrometeu Malia, se posicionando ao meu favor, sorri vitoriosa para Stiles.

―E eu sei onde ele vive.  Eu estive lá antes. Eu posso explicar, não é tão estranho quanto parece.

―Soa muito estranho. ― Observou o rapaz.

―Coisa de Peeira.

―Você seguiu ele? ― Malia perguntou.

―Não!―neguei ―Isso seria muito estranho, eu… eu só sei ok? Não me faça perguntas capciosas.

―Eu não sei o que capcioso quer dizer ― a loira comentou, me olhando em busca de uma explicação.

― É um tipo de pergunta que você induz a pessoa a se confundir ― explicou Stiles. ― E não foi capcioso, você sabe onde ele mora, isso é no mínimo suspeito. Sabe quem mais sabia onde Scott morava? Kate.

― Quem é Kate? ― perguntei enquanto ele fazia mais uma curva muito fechada.

― Uma mulher muito má ― explicou Malia ― ela tomou um arranhão do Peter Hale e se transformou numa coisa, eu a vi uma vez e não faço ideia do que é aquilo, mas ela quer matar todo mundo, é completamente maluca.

―Vindo do Peter Hale, não é de se esperar menos, na praetor tem uma caixa de arquivo enorme sobre ele.

―Ele é meu pai. ― Senti a pequena moral que eu havia conquistado com Malia diminuir.

―Algumas das coisas eram bem legais, tipo como ele sobreviveu às queimaduras é surpreendente, mostra uma grande força de vontade… ― emendei, achando que ela deixaria ele passar.

―Eu sei quem meu pai é, não precisa se explicar.

Um silêncio se ocupou no carro. Kylo o cachorro bonzinho que ele era colocou a sua cabeça no meu ombro, implorando por um carinho. Ele havia ficado tão quietinho que eu quase havia me esquecido que ele estava no carro.

―Eu senti tanto a sua falta ― me virei para o rosto dele, dando um beijo no rosto dele ― nunca mais saia correndo assim, eu fico preocupada e com razão, se o humano não tivesse te achado hein? Você ia ficar perdido e sem comidinha gostosa.

Como resposta ele latiu alto, como se pudesse me entender e uivou um pouco, eu me virei para Stiles.

―Obrigado por achar o meu cachorro.

―De nada.

E o silêncio voltou ao carro até estacionarmos na frente da casa de Scott onde eu fui praticamente escoltada por Stiles de um lado e Malia de outro, na frente ia Kylo parecendo muito empolgado com o seu rabo balançando.

―Por quanto tempo ele ficou dentro do carro? ― perguntei enquanto caminhava quase em câmera lenta, eu não queria entrar de verdade, estava muito nervosa. minhas mãos tremiam.

―Algumas horas até você sair do hospital ― me informou.

―Ele é um cachorro enorme, não pode ficar num lugar tão pequeno por tanto tempo! precisa caminhar! ― lamuriei ― Eu vou dar uma volta com ele no quarteirão e já volto.

Eu me virei chamando Kylo antes de ser impedida por Stiles a forçando a entrar na casa.

―O quintal é grande pro seu cachorro correr. ― ele passou na minha frente enquanto Malia fechava a porta Stiles abria a que dava acesso ao quintal, para onde Kylo disparou correndo em círculos atrás da própria cauda.

Apesar de já ter estado na casa de Scott antes, eu não me lembrava exatamente de muita coisa, afinal eu entrei sonâmbula e sai de ressaca, o que limitava bastante a minha capacidade de observação.

Scott estava sentado na sala, com outras pessoas distribuídas pelo lugar em sofás.

―Aqui está ela ― Apresentou Stiles me guiando um lugar para sentar, e assim eu fiz, numa rara ocasião de não gostar de ser o centro das atenções, Malia sentou ao meu lado.  

―Por que você está aqui? ― perguntou a garota ruiva, sem muita enrolação, eu lembrava o nome dela, Lydia, havíamos nos conhecido no incidente da biscate.

―Eu conheço você ― respondi ― Foi você que me deu aquela biscate! A pior ressaca da minha vida, muito obrigada.  E eu sou a Adelaide Kirt, tirando Stiles, é todo mundo sobrenatural aqui?

―Porque da pergunta? ― Scott perguntou.

―Nada, só é uma matilha muito diversa, isso não é muito comum, na verdade eu nunca tinha ouvido falar nisso ―Expliquei ― Eu estudei na Praetor, então eu sei muito dessas coisas, todos aqueles arquivos não digitalizados cobertos de poeira. Você não sabe o que é a praetor?

―Não ― Responderam em coro.

―Organização sobrenatural de proteção de criaturas do submundo?

―Quem você está chamando de criatura do submundo aqui? ― Lydia perguntou, meio irritada meio debochada.

―Todos nós, Banshee, lobisomem, peeira, coiote estamos todos na lista de habitantes do Submundo, é meio ofensivo, mas o termo está aí desde sei lá, raziel deu o cálice mortal e criou os com sangue de anjo, porque eu sinto que eu estou falando grego com vocês?

―Lydia provavelmente teria entendido o grego ― Scott replicou.

―Nunca ouviram falar dessa história antes? ― O alfa negou com a cabeça. ―Isso é muito bizarro, Derek nunca disse uma palavra?

―Não.

―Vou ter que contar a história inteira do mundo das sombras? Vocês são péssimos submundanos, só pra deixar registrado.

―Por enquanto eu estou me contentando em saber, quem é você e o que está fazendo aqui. ― Scott me cortou.

―Eu sou Adelaide, e eu meio que sou a sua fada madrinha. ― respondi, agitando as minhas mãos no ar para dar mais uma empolgação. O que não funcionou. Ok, é muito estranho, mas eu sou uma peeira.

―Criatura mitológica portuguesa ― começou Lydia, me encarando com aqueles olhos verdes meio doidos de Banshee ― ela vive com matilhas de lobos, tem poderes que acalmam a matilha, também são vistas como negociadoras, são as protetoras da matilha. quem mantém todo mundo unido.  

―A lenda também diz que são ninfas, que com os seus cachorros fantasmas atraem homens para os lobos para se alimentarem ― continuei ― Eu tenho um cachorro, mas eu não faço isso, seria estranho. Mas, é muito estranho, até pra mim, mas eu… eu te escutei, de Vermont, eu sabia que deveria vir pra cá, eu não sei porque ou como. Eu só senti, peeiras conseguem sentir onde elas pertencem de qualquer lugar do mundo, eu pareço uma maluca falando, não fica com medo de mim.

E, bem, Scott parecia com medo de mim.


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