Melodia no Entardecer escrita por Glenda Brum de Oliveira


Capítulo 2
Capítulo 2 - Reencontro


Notas iniciais do capítulo

A surpresa de quem é seu cliente desafia Clarissa.



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— Bom dia senhor  Fiedler. – Mal podia crer. Diante dela estava o personagem de alguns de seus sonhos naquela noite. O encontro inusitado na noite anterior a perturbaram a ponto de sonhar com ele.

— Sem problemas com a maré? – Havia um sorriso displicente em seu rosto.

— Sem problemas! O senhor deseja alguma coisa? – Não sabia se a pergunta era humor ou repreensão.

— Você trabalha aqui?

— Trabalho. Posso ajudá-lo?

— Talvez daqui a alguns minutos. Vou tirar meu carro e estacioná-lo em outro local. Parece que ocupei a vaga da dona da galeria e a mocinha da recepção está preocupada em receber uma bronca. Não quero causar um mal estar entre ela e a chefe.

— Não se preocupe. Não precisa retirar o carro e nem a mocinha receberá uma bronca. Sei que ela é muito eficiente.

— Posso presumir então, que a dona da galeria é você?

— Presumiu com acerto senhor Fiedler. Podemos passar a sala de reuniões? Estaremos mais a vontade e poderemos conversar sobre seus projetos e o que o senhor tem em mente.

— Não tenho pressa. Gostaria de conversar com a artista que fez os quadros que vi. Assim resolveríamos tudo de uma vez só.

— Vamos senhor Fiedler. Sua artista já se encontra presente.

Clarissa saiu pisando duro e muito ereta em direção a escadaria que ficava disfarçada em um lado da galeria. A sala de reuniões ficava no segundo andar.

Clarissa seguiu na frente indicando o caminho. Esse homem parecia impertinente. Esperava não ter problemas em atender esse pedido. Já começava a se arrepender de ter aceitado fazer o trabalho.

Gostava de liberdade ao criar e desenvolver seu trabalho. Tinha quadros expostos em galerias de arte do país, na Europa e nos Estados Unidos. Também havia vendido muitos exemplares para colecionadores particulares ao redor do mundo.

Abriu a porta e acomodou suas coisas sobre sua mesa de trabalho que estava imaculadamente limpa e arrumada. Lembrava de ter posto as coisas em ordem no dia anterior, mas devia haver um dedinho de Priscila naquela perfeição. Priscila Lafaiete estava com ela desde os tempos da faculdade. Estudaram arte juntas. Enquanto Clarissa enveredou pela produção da arte, Priscila se tornou uma excelente administradora de arte. Ela era a grande responsável pelo sucesso das suas exposições e a divulgação de seu trabalho. A galeria, além de expor os seus próprios trabalhos, também lançava novos artistas locais e da região. Nas temporadas de veraneio expunha trabalhos de artistas mais renomados a nível nacional, pois sempre recebiam turistas do mundo todo, no verão.

Priscila devia ter ordenado a Caroline uma faxina e arrumação minuciosas, já que teria reunião com cliente. A sombra de um sorriso passou pelos lábios dela pensando na cara que Caroline fez ao entrar. Ela devia ter chegado muito cedo, para tudo estar tão perfeito.

Virou-se para o homem que se mantinha a porta e convidou-o a sentar nas poltronas confortáveis que havia no lado oposto da sala. Esse lugar era especial. As poltronas se voltavam para a orla da praia descortinando toda a paisagem marinha até perder de vista no horizonte. Poltronas brancas com lindas mantas artesanais coloridas em tons de vermelho colocadas artisticamente formando um conjunto harmônico e de beleza. Uma mesa baixa e ampla entre essas poltronas, tinha alguns itens de arte sobre ela.  Pequenas esculturas e era um espaço para as bebidas e petiscosem uma reunião.

— Senhor Fiedler, prefere um café preto, um cappuccino, chá, suco ou apenas água?

— O que a senhorita vai tomar?

— Gosto de um cappuccino pela manhã.

— É uma boa opção. Vou lhe acompanhar.

Clarissa pediu pelo interfone dois cappuccinos e água para Caroline, a mocinha da recepção. Depois sentou-se e procurou encarar de frente aquele homem que ainda era um mistério. Apesar de o trabalho lhe interessar estava apreensiva sobre trabalhar com ele. Ele era uma incógnita. Não havia sido ríspido na noite anterior, mas não podia dizer que havia sido simpático, tão pouco. Esperava esclarecer esse mistério nessa reunião. O fato era que ele a perturbava.

— Senhor Fiedler, o que tem em mente? Por que deseja nosso trabalho? A princípio o que deseja seria trabalho para uma empresa de marketing ou de publicidade, pelo que entendi do que Priscila me explicou.

— Por favor, se vamos trabalhar juntos, gostaria que me chamasse pelo primeiro nome. David. Onde está sua artista? Gostaria que estivesse conosco para discutirmos o assunto.

— Senhor Fiedler, David... eu sou sua artista. Como artista, uso um pseudônimo. Isso mantém os negócios separados da arte que produzo. Facilita algumas negociações. – Viu uma das sobrancelhas dele se arquear. E depois um leve sorriso tomou conta do seu rosto.

— Tem sentido. Claire Vogel é uma variação criativa de Clarissa Vogelmann. Gostei! Você tem razão. O trabalho final será de uma empresa especializada em publicidade e marketing. Mas o trabalho deles será feito depois que essa primeira arte estiver pronta. O trabalho deles começa, quando o seu terminar.– Nesse instante Caroline entrou trazendo os cappuccinos e a água. Deixou tudo sobre a mesa junto com biscoitinhos. Saiu silenciosamente fechando a porta atrás de si. Clarissa estendeu uma xícara para ele e pegou a outra. Sentou, cruzou as pernas e experimentou o café. Estava maravilhoso como sempre. Caroline tinha mãos de fada, quando o assunto era cafés e sucos.

A sala de reuniões era ampla, bem iluminada e muito arejada, pois possuía janelões que podiam ser abertos, quando desejassem. Ela ocupava um terço do andar. Havia um estúdio de imagem, onde eram processadas imagens para os painéis de fotografias ou estudo dos trabalhos que seriam pintados. Havia uma verdadeira parafernalha tecnológica que permitia alta qualidade no trabalho de Clarissa. E ainda havia o depósito que facilitava a vida ficando em posição intermediária. O andar térreo era inteiramente usado para a galeria e suas exposições. E o terceiro piso era ocupado por um estúdio imenso onde os painéis eram pintados ou montados. Além do estúdio de criação tinha um espaço que poderia ser considerado como uma kitinete. Clarissa a usava quando ficava trabalhando até muito tarde e não queria ir para casa. Tinha uma pequena cozinha montada, um banheiro e um quarto. Nele também podia descansar, quando trabalhava por muitas horas seguidas.

David a olhava por cima da xícara. Seus olhos eram interrogativos. E Clarissa resolveu atacar seu trabalho.

— David em que exatamente você está pensando?

— Pensei em obras de arte feitas a partir de mim. Explico. Sou um violinista. Faço concertos. Pensei em tirar fotos primeiramente, mas queria algo diferenciado. Como se fosse um trabalho intermediário entre charge de um cartunista e um retrato pintado. Está meio confuso ou consegui me expressar de forma compreensível. Creio que estou entendendo o que deseja.

— Vi alguns de seus trabalhos em Nova York. Achei que seria possível criar o que tenho em mente.

— Você está com tempo agora? Podemos começar a trabalhar? Trouxe seu instrumento?

— Você quer começar agora?

— Estou pensando em fazermos alguns testes de imagem e fazermos alguns esboços. A partir disso poderemos encaminhar o trabalho. Você terá condições de dizer se é isso ou se deseja algo diferente.

— Vou pegar meu violino no carro.

— Venha. Vou mostrar o estúdio. E depois você pode pegar seu violino no carro. – Seguiram pelo corredor até uma porta no final dele. Quando abriu a porta. Os olhos de David passearam por todos os cantos que pode ver com a luz reduzida que havia ali.

— Não é pouca luz?

— Haverá mais luz. Inclusive natural. – Ela apertou um botão e as paredes começaram a se abrir. A luz do dia e o sol inundaram o ambiente. Ele assoviou   e fez uma reverência exagerada, mas que denotava que estava demonstrando respeito pelo que estava vendo.

Aproximou-se pelas costas de Clarissa que havia se voltado para a mesa de comando e foi impossível não se esbarrarem quando ela se voltou rápido com a intenção de falar-lhe algo. Ela se desequilibrou e foi amparada num abraço.


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Notas finais do capítulo

Como será trabalhar com David?



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