(Palavras ao vento – Cássia Eller ♪)

No final da tarde Regina como de costume conversou um pouco com Belle, antes de fecharem a biblioteca e cada uma seguir seu rumo. E como a morena já sabia não conseguiu escapar das inúmeras perguntas da amiga, sobre o motivo da sua felicidade repentina e porque Emma Swan tinha lhe enviado flores.

— Regina você não me engana, aquela ricaça não lhe enviaria flores se algo a mais não tivesse acontecido entre vocês. — French dizia tentando arrancar algo da amiga.

— Você anda curiosa demais Belle. Emma só me enviou flores para agradecer, por eu ter ido a casa dela para conversarmos. — Regina respondeu não querendo esticar o assunto.

— Emma... Huuum. Quer dizer que a chama pelo primeiro nome agora Mills? E esse seu jeito todo meloso com ela, você não me engana Regina. Ai tem.

— Ela me pediu desculpas pelas ultimas coisas que tinha me dito antes. — A morena admitiu. — E por me culpar pela morte do irmão, também disse que não ia me julgar mais pelo que as pessoas falavam ou falam de mim. Ela mesma quer me conhecer melhor e tirar suas próprias conclusões.

— Nossa a loira mudou totalmente de postura Regina, e isso é bem estranho.

— Eu sei Belle, mas ela me pediu uma chance, disse que deveríamos recomeçar.

— Recomeçar? Espera, não entendi nada Mills. Como assim recomeçar? — Belle indagou confusa.

 — Zerar nossa historia, ou relação. — Regina tentou se expressar fazendo um gesto com as mãos. — Se é que podemos chamar o que temos de relação. Ela disse que quer conviver comigo e me conhecer melhor para possamos ao menos ser amigas. E caso cheguemos a nós casar possamos ter uma boa relação.

 — Nossa! – Belle exclamou. — Ela parece mesmo empenhada. E você respondeu o que a ela?

— Primeiro eu disse que não sabia se era uma boa ideia, mas ela insistiu e depois... — Regina se perdeu nas palavras.

— Depois o que Mills?

 — Ela disse que ia me provar que estava falando a verdade e me beijou. — A morena despejou tudo de uma vez.

 Belle fez uma cara de espantada e Regina acabou entrando em pânico, achando que sua melhor amiga iria julga-la.

— Diz alguma coisa Belle.

— Calma estou processando a informação ok? Minha melhor amiga beijou uma mulher. — Belle disse e começou a andar de um lado para outro. — Tudo bem que Emma Swan é uma mulher maravilhosa diga se de passagem, mas a situação que vocês duas estão é uma loucura. Meu Deus! Regina você já parou para pensar que se ela te beijou ela esta sentindo algo?

Regina acabou rindo da reação da amiga, não era bem o que ela esperava, mas ao menos tinha sido engraçada. E de alguma forma era algo bom.

— Se acalma French, a enrolada aqui sou eu e não você. E sim eu pensei nisso, mas o histórico dela é bem duvidoso. Talvez só esteja dizendo isso para me levar para cama.

— É uma possibilidade, mas você poderia dar um credito a ela Mills. Você já está na maior enrascada, então dê a bendita chance.  A conheça e deixe ela te conhecer melhor, e quando ela ver quem você realmente é, vai ver que você ama Charlotte mais que tudo nesse mundo. E bem, depois conte a verdade, algo a seu favor você terá.

Regina pensou naquela possibilidade por alguns rápidos segundos e viu que não era um caminho ruim a se seguir, afinal quem esta na chuva é para se molhar. E ela já estava mais que molhada naquela historia toda.

—Na verdade eu já dei a chance e aceitei que fossemos amigas. Com tanto que ela não beijasse de novo. — Essa eu pago pra ver Mills, e ainda me arrisco dizer que será você a beija-la na segunda vez.

— Ei, você é minha amiga, deveria ficar ao meu lado e me apoiar. — Regina fingiu indignação.

 Belle riu conhecendo bem a amiga, sabia que Regina estava de quatro por Emma Swan.

— E eu estou oras, apenas estou me atendo aos fatos. E é um fato que você esta louquinha pela loira gata. — French afirmou e ambas acabaram caindo na gargalhada.

Assim que horário de expediente acabou, as duas foram para sala dos funcionários, trocar de roupa, fecharam a biblioteca e cada uma seguiu seu caminho. Belle foi para casa e Regina buscar Charlie na creche.

***

Regina estava radiante aquele dia, pois tudo parecia estar dando perfeitamente bem. Charlotte tinha se adaptando sem maiores problemas a creche e não havia chorado em sua ausência. O que para ela era um tremendo alivio, assim iria trabalhar muito mais tranquila. E agora com sua sobrinha de volta em seus braços, depois de dia cansativo no trabalho tudo que ela queria era estar em sua casa, para desfrutar e um banho e descansar com a pequena. Como combinado Sebastian tinha buscado Regina no trabalho, depois a levado para creche e em seguida ido e direção à casa da morena. Porém algo parecia errado, assim que Regina chegou à frente de seu prédio viu uma movimentação estranha.

— Será o que esta acontecendo? — Regina disse para si mesma enquanto caminhava em direção à entrada de seu prédio.

— Quer que eu vá com a Senhorita? — Sebastian se ofereceu.

— Não Sebastian, obrigado. Não deve ser nada demais, mas caso eu precise eu te chamo.

 — Tudo bem senhorita Mills, eu ficarei aqui em baixo por mais algumas horas por via das duvidas.

 A morena agradeceu ao motorista e seguiu seu caminho. Quando Regina sumiu desapareceu prédio, adentro Sebastian buscou seu celular no bolso e discou o botão de chamadas rápidas. Havia alguém que ele precisa avisar. Dentro do prédio Regina foi surpreendida pelo sindico que tinha noticias nada boas a lhe dar.

— Senhorita Mills que bom que chegou. Temos um grande problema no seu anda. — O homem disse nervoso.

— O que aconteceu Sr. Douglas? — Regina a questionou confusa.

— Uma tubulação estourou e inundou tudo no seu andar. O seu apartamento e da Senhora Megan foram comprometidos. Moveis e todos os utensílios foram perdidos.

 — Meu Deus! Minhas roupas, meus livros e as coisas de Charlotte. — A morena se lamentou. — Eu preciso subir e ver como está tudo.

 — Terá que ser cautelosa, pois segundo a encanador pode ter comprometida a estrutura do andar. — O sindico alertou Regina.

— Terei que arriscar Sr. Douglas. São minhas coisas, mas ainda é vida toda dentro daquele apartamento.

 Vendo que não tinha solução o senhor acompanhou Regina. E quando a morena abriu a porta atestou que as perdas tinham sido total. Suas roupas e de Charlie poucas se salvavam, somente seus livros mais raros tinha se salvado por estar na parte mais alta de sua estante. Os moveis não tinham solução, vendo tudo perdido Regina entrou em desespero. O que faria agora? E para onde iria com uma criança pequena? Seu dia perfeito parecia desmoronar.

— O que vou fazer agora? Eu não tenho para onde ir Sr. Douglas.

— Se acalme querida, o seguro do condomínio vai pagar tudo. Desde obra, ate seus moveis, roupas e pertences particulares. Somente a estadia que o seguro não cobre, mas todos do prédio concordaram em pagar um hotel por uma semana para você e o bebezinho.

— Uma semana? E quanto tempo vai durar a obra aqui?

— No mínimo um mês o encanador disse. Eu queria poder fazer mais Regina, mas não posso. Bem se quiser podemos se apertar e vocês ficam no meu apartamento é tudo que posso fazer. — O homem ofereceu de forma generosa. Regina agradeceu a Deus por ter ao menos alguma solução viável, aquilo era melhor que ficar na rua.

— Talvez eu aceite Sr. Douglas e já lhe agradeço desde já.

— Não de que querida, eu lhe conheço tempo suficiente para saber que uma boa pessoa.

— Ou talvez ela possa aceitar a minha oferta. — A voz familiar interrompeu a conversa. Regina olhou em direção a porta e teve certeza, era Emma Nolan Swan parada na porta de seu apartamento.

— Emma, o que está fazendo aqui?

— Sebastian. Ele me avisou que você estava com problemas então eu vim ver se podia ajudar em algo. E pelo que vejo que fiz bem, você tem um problemão aqui.

— Eu posso lhe dar com isso sozinha Emma. — Regina respondeu ríspida. Não tinha gostado de saber que Sebastian tinha avisado a loira sobre o seu problema.

— Eu vejo que querem conversar, mas acho melhor fazerem isso no hall porque aqui não é seguro. — Douglas aconselhou ambas.

 Regina foi até o quarto que dividia com sobrinha buscar algumas coisas e  depois saiu pela porta sem olhar para trás. Já no hall o sindico se despediu e disse que se Regina precisasse ele estaria às ordens. Já sozinhas Regina não esperou Emma falar.

— Então foi para isso que deixou seu motorista aqui?

— Não estou entendo sua pergunta Regina.

— Não se faça de desentendida Emma Swan. — Mills acusou. — Você deixou Sebastian aqui para ser seu cão de guarda, assim ele pode me vigiar para você.

— Por Deus, não diga besteiras Regina. — Emma se defendeu. — Sebastian me ligou porque, ficou preocupado com o que ouviu suas vizinhas comentarem. E não porque eu mandei ele te vigiar. Caramba eu lhe disse que queria que recomeçássemos.  E eu tenho palavra Regina, eu honro o que digo ok.

 — O que queria que eu pensasse Swan?

— Que eu vim ajudar uma amiga seria um bom começo Mills.

 No meio da discussão acalorada Charlie que estava no canguru para bebês preso a Regina, despertou do seu sono chorando.  — Está vendo Regina acabou acordando a baixinha com essa discussão sem sentindo...

— Pare de querer me acusar a errada aqui não sou. — Regina rebateu.

E depois começou a nina a sobrinha tentando acalma-la. —Está tudo bem amorzinho, volte a dormir mamãe vai resolver tudo. — Ela conversava com Charlotte.

 E mal percebeu que se referiu a si mesma como mãe da pequena. O que de fato era uma verdade, já que Rhana nunca representou tal papel na vida de Charlotte.

— Não estou te acusando Regina, pare de ficar sempre na defensiva. Estou tentando ajudar, e não só porque sou sua amiga, mas por minha sobrinha. Não posso deixar Charlotte desamparada. — Emma tentou argumentar. Regina não deu muita atenção continuava a ninar Charlotte ate que pequena se acalmou e voltou a dormir. — Tivemos um dia maravilhoso Regina, você me fez sorrir hoje como há muito tempo eu não conseguia. Meu dia foi pleno e leve apenas, por aquela simples mensagem. Não estrague isso, não estrague o que começamos a construir hoje.  — A empresária insistiu.

 E de alguma forma as palavras dela tocaram Regina, ela não estava mentindo o dia tinha sido maravilhoso, e não só para ela. Emma também tinha tido um bom dia e motivo era ela. Mesmo ainda confusa e abalada com situação Regina resolveu ceder, não completamente, mas em partes. Afinal o terreno com Emma Swan ainda era instável e perigoso, não podia arriscar se jogando naquela situação rápido demais. — Me desculpe ok. Só estou nervosa com tudo isso. — Mills finalmente se pronunciou. — O meu dia também foi maravilhoso Emma e me partes você contribuiu para isso. E a propósito obrigado pelo celular e pelas flores. — Ela morena agradeceu.

— Eu fico feliz que tenha gostado de tudo. — Emma respondeu mais tranquila. — Eu não vou lhe pressionar, mas se quiser a proposta ainda está de pé. Se quiser pode ficar na minha casa até seu apartamento ficar pronto.

Regina suspirou olhou para a sobrinha adormecida e começou a ponderar a situação. O apartamento do Sr. Douglas era pequeno, e ele era idoso o que seria complicado tendo uma criança pequena no meio. Elas teriam que dormir no sofá e ou chão o que não seria nem um pouco confortável. E a casa de Emma seria mais confortável, Charlotte provavelmente teria um berço e cantinho tranquilo para dormir. Regina não queria ser egoísta afinal tudo aquilo era por Charlotte e mais uma vez tomaria a decisão certa pela sobrinha.

— Eu preciso pensar Emma ao menos por essa noite.

— E onde você vai passar a noite? — Emma a questionou, preocupada. — Na casa de uma amiga. E eu prometo que vou ligar pela manhã para te dar uma resposta. — Regina prometeu.

 Emma se deu por satisfeita, ao menos elas tinham chegado à solução sem brigas.

— Eu vou esperar então, só deixe que Sebastian te leve. Ou se não confiar que não estou deixando ele para te vigiar chame um taxi e eu aguardo até que vocês partam.

A morena resolveu dar um voto de confiança a Emma, já que ela parecia fazer o mesmo com ela.

— Eu vou com Sebastian, Regina. Acredito em você.

A loira sorriu e concordou com a cabeça sem dizer mais nada. Caminharam até o carro onde o motorista aguardava. Emma deu algumas instruções a Sebastian enquanto Regina se preparava para entra no carro. Ate que foi impedida pela voz de Swan. — Regina espera. — A loira pediu.

— Algum problema Emma?

— Não eu só queria me despedir da baixinha. — Emma respondeu se aproximando dela e Charlie. Em gesto automático ela abaixou a cabeça e beijou a testa da sobrinha. — Bons sonhos meu anjinho, cuide de sua mãe. — Emma disse baixinho. Em seguida repetiu o mesmo gesto com Regina. A morena que foi pega desprevenida por aquele beijo. E mesmo sendo um beijo singelo em sua testa mexeu com ela.

— Se cuide você também Regina. — Swan pediu e deu um passo para trás de afastando um pouco dela. Ambas trocaram sorrisos bobos ate Regina finalmente entrar no carro. Já dentro do veiculo Regina se disse algo.

— Se cuide você também Emma, eu te vejo amanhã.

 A loira apenas balançou a cabeça em concordância e ficou parada na calçada vendo o carro sumir virando a esquina. Algo dentro de Emma estava mudando, assim como em Regina. Elas ainda não tinham ideia do era que sentiam, mas a verdade irremediável era que estavam cada dia mais se apaixonando uma pela outra.