Um Sonho de Venturo escrita por Um Sonho de Venturo
— Que saudade eu estava de você - falei e fui beijando o Mateus.
Eu já estava arrumado para a festa. O Mateus realmente não ia, então marcamos de nos encontrar horas antes do evento. Eu ia acompanhado do Marcos e o Washington, meu outro amigo. O Wash já é ator e professor de teatro. Eu estava a espera de uma resposta de uma amiga minha, mas provavelmente ela não iria.
— Hum!!!! Deu até vontade de ir vendo você todo arrumado assim. - falou o Mateus, enquanto estávamos na porta de casa.
— Não vai porque não quer.
Eu tinha convidado a Laís também, mas os pais dela proibiram ela de sair para qualquer lugar com os amigos.
— É sério, eu estou muito ocupado. Acha que engenharia mecânica é fácil? - perguntou
De repente voltei a pensar na Laís. E ele, mais do que ninguém, conheceu minha mudança de humor e me perguntou o que estava acontecendo.
— Eu tô pensando na minha amiga. - falei e expliquei a ele toda a situação.
Por volta das 8:15 da noite, encontrei os meninos e fomos à festa. Eles já se conheciam então não foi preciso apresentações.
Na casa de Laís as coisas iam bem diferentes que um clima festivo.
Enquanto estava no eu quarto estudando, a menina percebeu as batidas na porta e se levantou para atender.
— Me dá o celular. - era a sua mãe.
— Mas mãe... - falou a menina super indignada.
— Mas nada Laís. Quem me garante que você não usa ele para encontrar suas amigas "maria macho"? - disse ela com muita raiva.
E foi isso que a Laís fez, entregou seu celular à mãe, com o rosto todo em lágrimas.
— Agora vai estudar. - terminou a mulher e bateu a porta do quarto da garota.
Alguns segundos depois, foi possível ouvir os comentários da mãe e de seu padrasto:
Mãe: "Não tive filha pra ser sapatão"
Padrasto: "É uma raça ruim"
Mãe: "Legião de demônios, isso sim"
Padrasto: "Espero que morram todos"
Mãe: "Deus não apóia isso. Mas minha filha vai casar com um homem. Com fé em Deus"
A garota chorava inconsolavelmente.
Na festa, nós mais comíamos que dançávamos,
— Vai acabar engordando, 'hein' garoto fitness? - brincou Washington, dizendo comigo. A gente sorriu.
Minutos depois, avisei que iria até o banheiro. nenhum deles me acompanharam.
Até então a festa estava entediante: Não estava tocando meu estilo de música. Sem contar que no sorteio de uma tv de 42 polegadas eu não ganhei.
Ao sair de uma das cabines do banheiro, fui à pia para lavar as mãos e percebi que o rapaz ao meu lado estava me encarando. Eu já estava ficando assustado, mas antes que eu me retirasse...
— Você não está me reconhecendo? - perguntou ele, enquanto enxugava as mãos.
— Desculpa, deve está havendo algum engano. - respondi com um sorriso forçado e pouco assustado.
Ele sorriu sarcasticamente.
— Não, acho que não. Eu sou o Rodrigo.- assim que ele se apresentou, tentei lembrar de todos os garotos com este nome que já conheci, mas nada me vinha à memória.
— O cara que você transou, que tirou sua virgindade e você simplesmente ignorou, lembra? - continuou
Nesse momento, me senti um pouco tonto e eu só queria sair dali.
— O que você quer? - perguntei ainda assustado
Eu estava visivelmente perplexo e paralisado, um turbilhão de pensamentos invadia minha mente.
— Nada. - ele se aproximou - Quer dizer, nada que você não possa me dar. - concluiu
— Olha aqui, dá para você me deixar em paz? Eu tenho amigos à minha espera. - falei já ficando irritado.
— O que eu tenho para te falar é simples: - ele parou na minha frente e me olhou nos olhos - A gente se conheceu, eu tirei sua virgindade, fui legal com você e você simplesmente me ignorou, sumiu.
— O que você queria que eu fizesse? Eu era um adolescente. Queria eu continuasse seu amiguinho confidencial pro resto da vida? - respondi ainda mais zangado
— Não importa. O que o seu namoradinho acharia se descobrisse que você perdeu a virgindade 4 dias depois de ter conhecido o cara, 'hein'?
Nessa hora alguém entrou no banheiro.
— Henrique? A gente estava preocupado cara, que demora. Por que essa demora? - perguntou Washington
O Rodrigo se afastou e disfarçou.
Eu também tentei disfarçar e esconder os olhos cheios de lágrimas.
— Nada. - assoei o nariz - Nada não. - me virei para ir embora. Por trás de mim o Rodrigo sussurrou: "Você tem meu número." e pôs algo no meu bolso de trás da calça.
O Washington percebeu o clima estranho.
A única coisa que me vinha à cabeça naquele momento era: "Como ele sabe que eu tenho namorado?".
Hora depois, ao sairmos da festa, falei aos meninos sobre o acontecido e a reação deles foi de extrema surpresa.
— E o que será que ele quer de você? - perguntou Marcos
— Coisa boa não é. - respondi aflito
— E você acha que o Mateus vai se importar se importar se ele souber disso? - interrogou Washington
— O Mateus é um cara maduro. Aposto que não, mas não quero que ele saiba disso.
— E você vai fazer o que? - perguntou o estudante de arquitetura
— Ainda não sei - respondi pensativo
O assunto rendeu. Eles deram as sugestões deles, mas nada que me colocasse na cabeça e me fizesse querer aderir.
Ao me deitar na cama, depois de um dia exausto, mandei uma mensagem para Laís e percebi que não estava online como de costume no horário. Então pensei em tudo o que me aconteceu no dia, até que uma coisa me veio em mente: "Se a festa de hoje foi um evento para futuros moradores do condomínio, como o Rodrigo estava lá? Quer dizer que ele vai morar no mesmo lugar que eu?". Isso não é um bom sinal.
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