Five Nights at Freddy's: Sister Location escrita por Melehad


Capítulo 15
Capítulo Quatorze: A Quarta Noite


Notas iniciais do capítulo

Tenso é única palavra que define essa noite...



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Dilan sente-se estranho...

Uma friagem cobre seu corpo, transformando o adormecer calmo e pouco desconfortável em algo arrepiante.

Você não pode... — A voz grossa de William cercada pelo sotaque britânico ecoa na mente do jovem e mesmo com os olhos fechados era como ele visse ao lado de seu rosto a silhueta do homem com apenas seus olhos negros como a noite arregalados para fora da escuridão. Após sentir um aperto no coração ele desperta lentamente. Seus olhos abrem bem devagar deixando a escuridão presente na sala o consumir...

Noite 4 – ?

— Onde estou? — Ele pergunta tentando erguer seu braço e coçar os olhos, mas algo o impedia de realizar esse feito. Ele tenta mover-se de tudo que é custo, mas a carcaça que estava ao seu redor não iria render-se tão fácil assim, ele só conseguia mover os olhos. O desespero do ambiente apertado o tombou como uma grande marreta ao chocar-se com uma parede. Ele estava preso e coberto por algo metálico, pois sentia essa coisa esmagar seus braços e pernas, além de sentir o metal gelado tocar-lhe a pele.

Shh, fique parado... — A voz feminina retorna para afrontar o jovem que realmente, nessa vez, precisava de ajuda. — Você esteve dormindo por um bom tempo. Acho que eles não perceberam que você não saiu do prédio na noite passada — O que? — Dilan estava confuso, muito confuso.

As câmeras estavam procurando você, mas não conseguiram te achar. Eu te escondi muito bem... Eu te sequestrei — Não, espera... — Dilan cochicha para o vazio escuro.

Não tenha medo, eu não vou te machucar só vou te deixar aqui por pouco tempo. Tente não se mover muito... — Por que não? Eu não consigo mais confiar em você... — Ele fala com ódio em seus olhos. — Você está dentro de algo que veio da minha antiga pizzaria, um traje, acho que nunca foi usado... — Ao ouvir essas palavras sua pele empalideceu e seus olhos travaram no tempo por se lembrar da primeira coisa que veio na cabeça, o traje mecânico que seu amigo criou, Fredbear ou até o mesmo SpringBonnie. — Quero dizer, não do jeito que deveria, era muito perigoso para utilizarem. É grande o suficiente para caber uma pessoa dentro, porém, por muito pouco — Dilan demonstrava em sua face o medo enorme que estava saindo de sua alma naquele momento, pois ele viu o primeiro acidente com o traje que Henry criou. Não foi bonito de se ver...

Você está na sala de desmonte. Sabe por que chamam assim? — Não... — Ele responde batendo o queixo de aflição e tremendo dentro do animatronic desligado. — É porque, bobinho, é a sala que eles utilizam a grande colher de desmonte. Pensei que seria óbvio... — Era óbvio, e bem nessa hora o jovem iria soltar uma grande: "Não me digas!" se por verdade não estivesse morrendo de medo com as vigas metálicas o apertando dentro do esqueleto pronto para rasgar sua carne caso ele se descuidasse.

Não é um nome engraçado para se dar a algo? Seria algo parecido com uma colher para pegar sorvete, creme ou granulado, mas você não gostaria de ter em uma festa de aniversário — Dilan tentava falar, mas sabia que até mesmo uma respiração poderia ativar as engrenagens.

Fico pensando, se você fosse um pote de sorvete como se sentiria com esse nome? Sorte que o pote não sente nada... Oh, parece que tem mais alguém no prédio, fique quieto — A voz desaparece como se nunca estivesse existido nesse plano. Um barulho de passos baixos percorre a sala e em seguida o ranger da porta de ferro ensurdece os sentidos do jovem, mas aguçando mais ainda a vontade de gritar e avisar que estava ali e vivo.

— Certo, traga até aqui... — Um homem fala com outra pessoa. Dilan não conseguia ver quem era, mas sentia que conhecia essa voz de algum lugar e em um momento recente. — Para frente, mais, mais, aí está bom — Ele guia algo que parecia ser uma empilhadeira controlada pela outra pessoa presente na sala. — Pode soltá-la, cuidado onde pisa — O som de algo pesado sendo colocado no chão surge.

— O que aconteceu agora? Parece que essas coisas não conseguem ficar um dia sequer sem quebrar. Quem sabe? É sempre o mesmo problema, mau funcionamento no Hardware — O homem se questiona. — Tenho que estar em outro lugar daqui quinze minutos e esse lugar me dá arrepios, vamos acabar logo e ir — Ele continua.

— É tudo automático, não sei o que estamos fazendo aqui. Coloque-a na esteira e está terminado — O outro homem fala revelando uma voz seca e assustada.

O primeiro homem segue até a tal esteira esperando o outro funcionário posicionar o objeto no local para apertar o botão e ir. O barulho da esteira era mais alto e mesmo assim não dificultava o som das portas se fechando e a salvação de Dilan saindo. O objeto que era levado pela esteira logo se mostrou ser a animatronic Ballora em um estado vegetativo que parou após ficar inconvenientemente na frente dos olhos do jovem tenso com o momento.

Tem uma coisa muito importante que aprendi com o passar do tempo. Você sabe o que é? Aprendi como fingir. Você costumava a brincar de faz de conta quando criança? Fingir que está trilhando um caminho quando realmente está trilhando o outro? — Não... — É muito importante. Ballora nunca aprendeu, mas eu sim. Eles acham que tem algo errado lá dentro, sabe? A única coisa que é evidente é saber como fingir para eles — A voz cessa e uma sirene industrial alta aparece ecoando em toda a sala deixando os batimentos cardíacos de Dilan bater mais rápidos com a afilção. De repente algo surge quase imperceptível na frente da pobre animatronic a destroçando lentamente ao mesmo tempo em que o jovem fica com mais trauma dessa noite. Ele agora estava apresentado a uma das máquinas favoritas do Sr. Afton, a máquina de desmonte, que não só desmonta no óbvio como também destroça tudo se precisar...

Agora o que restava da Ballora era seu crânio metálico que era exposto devido à máscara do traje ter sido arrancada de sua face. Nada poderia ser dito de tamanha monstruosidade que alguém nesse mundo afora criou. Se essa coisa já não causava um susto efetivo ao ser utilizado em robôs, quem dera ser utilizado em um humano, cruel só de pensar no que poderia ser visto e sentido.

Eu vou abrir a máscara para você, assim eles podem te encontrar pelas câmeras. Agora tudo que você tem que fazer é esperar — Graças a Deus acabou... — O inocente lamuria. — Eu recomendo deixar as springlocks bem apertadas... — Dilan retorna ao desespero. — Seus batimentos cardíacos elevados e sua respiração ofegante estão desarmando-as. Você não vai querer que elas se soltassem, confie em mim... — Eu sei o que acontece quando elas se soltarem, eu sei...

Tudo silenciou-se de repente, o que se ouvia naquela sala vazia de sons e de esperanças era a respiração dramática do jovem funcionário que soluçava de tremia-se todo em um sinal de total perda de controle. Ele até tentava parar de fazer esses gestos todos que poderiam ativar as travas da fantasia, mas ao saber que a vida e a morte agora só seriam escolhidas por suas ações ele não aguentava e se angustiava mais e mais.

"Eu preciso... manter a calma".

Ele pensava na busca de uma paz interior para salvá-lo e enquanto observava a pequena luz vermelha que exalava da câmera de segurança sobre a porta metálica com uma placa escrita saída. O jovem sentia uma movimentação suspeita percorrer a sala junto ao barulho das springlocks desativando cada vez mais rápido.

Algo estava movendo-se no chão em uma velocidade que poderia mostrar-se que não era humano, além de que eram extremamente baixos e pequeninos.

Dilan sentiu uma ligeira folga entre seu braço e os mecanismos graças a sua extrema magreza que foi proporcionada pela depressão. Ele poderia tirar seu braço das vigas e até tentar chegar com sua mão à trava central do traje que ficava no pescoço, mas o grave risco em esbarrar acidentalmente poderia ativar as outras, e em casos menos graves, apenas perder a mão ou até alguns dedos.

"Eu preciso tentar".

Ele tentou mover um pouco o ombro do braço direito para poder puxá-lo pela fresta que se tem na parte que encontra as costelas da fantasia com o braço. Seu medo de destravar a armadilha mortal o impedia de realizar algo para poder parar o cronômetro da morte que era as springlocks, mas mesmo sabendo que ele iria morrer de qualquer jeito, – na melhor, apenas ficar muito ferido – o jovem não tinha coragem.

"Meu Deus o que eu faço? Por favor, alguém me ajude...".

Seus olhos já estavam lacrimejando de uma aflição que o matava lentamente ao mesmo tempo em que tudo desmoronava a sua volta. Dilan estava pensando em sua esposa nesse momento, ele queria que se esse fosse seu último momento ele o passaria com sua visão na face dela e a mente em suas memórias felizes ao seu lado. Ele chorava de tensão. Nunca ninguém poderia imaginar que um homem como ele poderia chorar, mas o que impede o homem de chorar até mesmo em momentos de medo e dor é ele mesmo, e Dilan não queria segurar, mesmo que ele poderia morrer com isso.

Após, uma sensação de paz o tocou no momento o fazendo relaxar junto a um toque em seu ombro. Ele estava sentindo algo perto de si, algo que falava em sentimentos em sua cabeça para nunca desistir até mesmo quando tudo estiver perdido. Se tudo é possível nesse mundo por que desistimos tão fácil? Dilan sempre foi uma pessoa muito cética com certos acontecimentos e se não estivesse ajoelhado implorando a Deus para uma ajuda ele tentaria colocar em sua cabeça que tudo é apenas ilusão. Mas ele conseguiu sentir que isto não era apenas sua imaginação, era algo maior e assim ele engoliu o desespero e com força puxou seu braço do traje metálico que estalou totalmente, porém, por incrível que pareça, não foi ativado.

"Eu preciso chegar até o pescoço...".

Ele tenta erguer seu braço, já dentro do tronco do animatronic, para a nuca onde está a trava central que desliga todas as outras. Com muita dificuldade ele desistiu por sentir que não alcançaria só que nem tudo estava perdido dessa vez, agora ele poderia rebobinar as travas dentro do traje já que seu braço estava livre.

Dilan não costumava participar da construção dos trajes junto com Henry e William por sentir uma sensação estranha envolvendo aquelas máquinas mortíferas. Ele sempre comentou que aquilo arriscaria a vida de alguém, e estava certo, mas o inventor acreditava e confiava demais em suas invenções, bem, até acontecer o primeiro acidente. Henry modificou muito as travas dos seus monstros para não ferir mais ninguém só que mesmo assim não se livrou de acidentes.

Assim como disse antes, Dilan não participava das criações, mas ele sabia em sua cabeça onde cada springlock estava, onde elas eram mais perigosas e até a principal que conecta um conjunto. Mas como ele sabe? Dilan estudou bem as estruturas um pouco antes do desaparecimento do pequeno Sammy para fazer uma matéria no jornal que trabalhava. Nessa notícia ele comentava um pouco de como os animatronics funcionavam na velha Fredbear’s e para fazer isso Henry o ensinou onde cada coisa funcionava corretamente.

Enquanto destravava cada uma algo surgiu ao seu lado direito o assustando completamente, era uma criatura pequena que subia em seu corpo o encarando com olhos brilhantes. Esta coisa tinha o corpo completamente bege, a face branca em um sorriso aterrorizante e usava um tutu de bailarina cinza na cintura.

"Céus, o que é isso?".

Dilan reconhecia a miniatura ao vê-las no palco junto a Ballora destroçada da noite anterior. Estas coisinhas eram as Minireenas, ajudantes de palco da animatronic bailarina que além de divertir as crianças e assustar os adultos elas também eram utilizadas para reformar animatronics defeituosos por serem bem pequenas e conseguirem adentrar em locais pouco espaçosos.

A criatura estava agarrando com seus longos braços e pernas o braço do animatronic e enquanto subia o encarava com sua face amedrontadora. Dilan não sabia o que fazer para esta coisa sair dali. Sua preocupação já estava no auge envolvendo as travas e agora teria que cuidar de pequenos seres malignos que tentavam o atrapalhar. Ele teria que tentar fazer algo rápido então tentou algo meio que suicida, balançar um pouco o traje porque pensava que se os atores se moviam neles um solavanco simples não os ativaria.

Ao fazer esse pensamento medíocre de burrice o monstrinho até se desiquilibrou e caiu da estrutura, mas as springlocks começaram a desativar mais rápido como consequência. Outra criatura surge desta vez do lado esquerdo e o jovem decide repetir o remédio que fez segundos atrás. Enquanto rebobinava loucamente ele balança um pouco o animatronic com a consciência limpa de que isso iria matá-lo e a Minireena despenca no chão, mas logo volta a levantar-se e seguir de volta para o braço subindo-o em seguida.

Era um ciclo infinito, elas caiam e subiam e caiam e subiam de novo, até que Dilan sente uma movimentação em seu torso. Era uma dessas coisas escalando indo em direção à sua cara.

Neste momento ele tentava loucamente mover-se para ela cair, porém parecia que algo estava errado consigo e ele não realizava esta vontade. Talvez por razão de seu nervosismo, isso desencadeou um bloqueio em seus sentidos e posso até arriscar em dizer que isso o salvou, pois assim o ser adentrou nele e de repente nada aconteceu. Ao perceber que era isso que deveria fazer ele sentiu-se mais confiante de conseguir vencer seus medos mais profundos e sair vivo no final. Ele então repetiu tudo que aprendeu só que agora estava ficando cada vez mais complicado.

Não se sabe ao certo quanto tempo o jovem funcionário ficou tentando sobreviver aos monstros dançarinos e as travas, mas sabe-se que foi muito tempo mesmo.

Durante certo momento cercado pelo desespero de sair são e salvo do desafio mortal daquela quarta noite, a porta de ferro da sala abriu-se e dois homens entraram no local conversando à procura de algo.

— Tenho certeza que estou correto — Um deles fala de longe e no mesmo tempo Dilan reconhece a voz pouco estridente sendo a de seu amigo Mike Schmidt que estava rondando a Afton Robotics em sua procura incessante. Ao ouvi-la, o jovem tenta mover-se e gritar tanto para que eles o encontrem dentro do animatronic, mas seria muito arriscado, além de que com certeza, Mike não se preocuparia em olhar naquela sala, pois o traje metálico estava bem fora de sua visão.

— Espere Jones... — O amigo fala ao perceber algo estranho no interior da sala de desmonte. Ele já estava saindo quando percebeu uma figura conhecida lá dentro, era o animatronic do antigo estabelecimento onde trabalhou.

— O que foi? — Jones pergunta. — Eu conheço isso... — Mike responde puxando a porta e adentrando no local encarando com seus olhos sérios o braço do ser robótico e os restos de Ballora espalhados pelo chão.

— É o traje antigo do SpringBonnie, o original que Henry criou e que Afton sofreu o trágico acidente — Ele comenta com Jones que estava ouvindo de longe.

"Mike, vire-se, por favor... Eu estou aqui”.

— Oh, meu Senhor! — Mike grita ao andar até a frente do animatronic e encontrar Dilan em seu interior preso junto às travas da fantasia completamente desnorteado em uma agonia horripilante. Seus olhos estavam paralisados olhando para a câmera na parede em uma referência ao tanto que esperou para alguém o encontrar, ele estava inteiramente insano pelo que passou.

— Ajude-o, Mike! Você usou esses trajes! — Jones grita desesperado. — Eu nunca usei essa monstruosidade, eu nem sequer encostei-me a isso antes. Não sei que eu faço! — Ambos estavam desesperados junto ao barulho das últimas springlocks destravando e mostrando que o jorrar do sangue estava eminente.

— Na...nuc...nuca — Dilan balbucia tremendo seu queixo.

No último segundo que restava para o óbito de Dilan Campbell, Mike Schmidt conseguiu chegar seu braço até atrás do crânio de metal e arrancar com toda a força a trava central. O traje estalou por completo ecoando o som fino e doído junto aos gritos de Mike e Jones por ajuda chamando a atenção dos funcionários do lado de fora da sala. Ao chegarem ficaram estupefatos com a cena e correram logo para tentar retirar o jovem do interior do animatronic antes que algo de ruim acontecesse e ao mesmo tempo em que mais pessoas chegavam para socorrê-lo, Dilan podia ver uma silhueta na porta de um homem. Um homem com um sorriso sínico acariciando uma pelúcia de urso dourado e olhando fixamente para os olhos do jovem em seu momento de desespero.


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Notas finais do capítulo

Noite quatro concluída com êxito (mesmo que ele tenha ficado bem traumatizado).
Até..