Five Nights at Freddy's: Sister Location escrita por Melehad


Capítulo 10
Capítulo Nove: Vingança ou redenção?


Notas iniciais do capítulo

Easter Egg no capítulo.
Dica: É uma fala de minha fanfic de FNaF anterior.



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A caminhonete cor vinho retorna até a parte residencial com seu condutor fechando os olhos por sua exaustão o combater. O motor quase superaquecido soltava uma fumaça pouco preocupante só que não mudaria muitas coisas porque Dilan estava adormecido dentro do automóvel, não há explicações plausíveis para responder como ele chegou à sua casa bem e praticamente sonâmbulo. Ele desce do carro trocando as pernas de sono, ajeita seu boné torto na cabeça, pega seu casaco o colocando em suas costas e segue até a porta de entrada de sua casa sem ao menos trancar o veículo. Ao passar pela cerca ele sem querer esbarra nas latas de lixo que são jogadas com força ao chão e isso acarreta um barulho que se repete por toda a rua silenciosa. A janela da casa ao lado da morada de Dilan brilha indicando que alguém acabou acordando com o susto barulhento e acendeu as luzes para verificar o que houve. A cortina verde-limão é puxada para os lados, a janela de vidro destrancada e o morador coloca sua cabeça para fora, mas não demonstrava estar dormindo porque seus olhos estavam muito arregalados. Jones ao ver seu amigo chegar no horário de seis horas e vinte e três minutos da manhã escura percebe as olheiras fundas, a palidez a mostra e mesmo com olhos cansados, abertos como se estivessem em pânico. Dilan soltou um grande suspiro sem expressão e cumprimentou Jones pondo os dedos, o indicador e médio em sua testa e depois os jogando ao ar. O acordado Jones sentiu um grande aperto em seu peito como uma alfinetada fatal ao encarar o jovem nessa aparência um tanto mais acabada do que ele já estava. Dilan não sabia, mas Jones já sentiu essa dor de ver alguém fraco como ele chegar de madrugada com olheiras escuras, uma respiração ofegante por desespero e um sereno olhar de missão não cumprida por enquanto. Ele queria avisar a Dilan para parar com essa obsessão pela família Fazbear, avisar para ele se ver no espelho e constatar o estado deprimente em que está, mas ele não o fez porque sentia que não iria adiantar nada. Dilan já estava perdido em seu mundo de desilusões onde reina apenas uma única coisa, o desejo de vingança ao responsável pela atrocidade de raptar o filho pequeno do Pai da robótica, Henry Fazbear.

Jones apenas fechou sua janela lentamente sem tirar os seus olhos calmos de seu amigo que entendeu e conseguiu captar o que Jones queria dizer. Dizer que ele estava indo longe demais e que no final se ele não largar sua cobiça o seu futuro não restará nada além de um epitáfio escrito: Herói teimoso.

O jovem destranca a porta e entra em sua residência abafada, quieta e cercada por um breu como o de todas as noites. Como de costume ele sabia que não dormiria de prima e teria que distrair seu cérebro em choque pelo sufoco nessa segunda noite para que o sono chegasse e o tomasse. Sabendo que também estava com uma fome melancólica, ele dirigiu-se até a cozinha para mais uma vasilha gigante de pipoca, uma poltrona confortável e um controle remoto para a televisão. E assim o fez. Após a chegada da pipoca quentinha ele ligou o aparelho televisivo - que nesta hora passava uma novela sobre um vampiro que não queria assumir seu filho e sua esposa lutava contra isso – onde comeu mais da metade do pote e adormeceu ainda com as pipocas esmagadas em sua boca.

Seus olhos estavam cansados, mas isto não o impediu de esfregá-los calmamente e abri-los vendo o seu redor um grande ambiente cercado de pessoas estupefatas. Ele olha para suas mãos meio gosmentas e enxerga um líquido rubro e aquecido preso aos seus dedos magros. Ao rodopiar sua visão ele sente a quentura do asfalto sob suas costas e para tudo que estava fazendo, pensando, respirando e vivendo para suas memórias recentes perdidas voltarem e seu coração ser esmagado por uma compressa dolorosa. Ele revira seu corpo se debatendo em busca de chegar até a frente de seu carro para chegar se ele dali em diante deveria sentir uma culpa horrível ou não só que ninguém o permitia de levantar ou mover-se, pois ele estava com um grande hematoma em seu peito, costas e abdômen afirmando para todos que costelas suas haviam sido quebradas. Seus olhos lacrimejam por querer chegar até lá e abraçar a pessoa estirada no chão implorando a Deus para não fazer isso com ele e puni-lo com tamanha crueldade, porém nada podia ser feito além de gritar e chorar muito alto.

Seu peito se contorcia com uma dor emocional tão devastadora que ele nem ao menos sentia a dor real da ferida. Ele derramava suas lágrimas que escorriam em sua face ainda gemendo palavras como: me perdoe, por que? E Deus ajude-a, por favor.

Não havia palavras, nem expressões e muito menos gestos que definissem o tamanho mal em que o jovem sofreu naquele entardecer obscuro de desventuras e desespero. Acredito que até mesmo o maior rival de Dilan chorou ao saber que o jovem atropelou sua própria esposa em um acidente fatal que a matou na hora. Ele nunca se perdoou do que aconteceu vivendo junto com sua vida miserável um luto e uma culpa desalentadora que o impediu de ver as cores, a vida de outro jeito. Ele colocou em pauta todo seu rancor e amargura como uma faixa de pano vedando seus olhos e jogando a si mesmo em um antro escuro dominado por sensações ruins que mesmo cruéis o acalentava por acreditar ser parte de um deles agora.

Dilan já havia acordado há muito tempo e aproveitando o gancho do sonho com sua amada esposa falecida ele resolveu lembrar-se do dia em que o ódio quase o controlou o deixando parar de si culpar e culpar também outra pessoa. Ele olhava para o relógio amarelo retrô, com suas mãos trêmulas, suando muito e sobrancelhas arcadas em uma face de raiva, porém não estava focado no tempo e sim no que aquilo lembrava para ele. A verdade é que quando a perícia revisou o carro após o acidente, e Dilan foi chamado, os policiais mostraram algo um tanto curioso e macabro para o jovem viúvo que o fez ajoelhar-se no chão de concreto e chorar como um bebê, os freios de seu carro foram cortados e o acidente ocorreu um tempo depois de Sammy, filho de Henry sumir e ele começar a desconfiar do sorridente e misterioso William Afton.

— Hoje eu descubro onde você está seu maldito... — Dilan fala ainda com seus sentidos presos ao velho relógio em formato de sol.

Ele ainda ficou preso em sua poltrona por mais ou menos uma hora antes de finalmente ter coragem para levantar e prosseguir com sua vida tristonha e seca de emoções. Aquelas lembranças boas onde sua esposa sorria e olhava em seus olhos como tamanho amor e admiração por seu marido bom, gentil e carinhoso estavam sendo transformadas em fotos em que o jovem segurava com sua mão direita e na esquerda um isqueiro pronto para incendiar essa dor que esvaziava seu coração, mas mesmo que tentasse mover o isqueiro em direção às fotografias ele caia em choro e não conseguia acabar com tudo.

O sol já clareava bastante o dia quando ele já saia de seu banheiro de banho tomado e arrumado para visitar a casa de Mike em busca do paradeiro do homem que trajava o animatronic coelho dourado. Desta vez suas roupas estavam mais simples e ele havia passado rapidamente o pente em seu cabelo deixando-o ainda meio bagunçado só que isto não importava muito. Com sua caminhonete já recuperada por ele que foi até a delegacia e com a ajuda de seu amigo – que tinha uma certa influência – adentrou no veículo e com os olhos fechados imaginou o caminho até a morada de Mike Schmidt. Ignição ligada e acelerador pressionado, o carro seguiu estrada afora com seu motorista segurando brutalmente o volante com sua repulsão em seu auge.

— Você está descontrolado... — Uma voz ecoou dentro do automóvel correndo em alta velocidade pelas ruas da cidadezinha no interior do estado de Utah. A voz era de um homem adulto, sábio e sereno, alguém que sabia que o fazer e tinha uma determinação. Dilan reconheceu logo de cara de quem era essa voz e junto com seu descontrole sabia que era impossível alguém estar dentro de seu carro e principalmente, essa pessoa.

— Esse não é o meu amigo, esse não é você... — Dilan olha pelo retrovisor e apenas enxerga no banco de trás um par de olhos castanhos, pouco puxados nas pontas e acompanhados por sobrancelhas castanho-escuros com cerca de dois fios grisalhos. O jovem sabia que aquilo era sua mente pregando peças, sua cobiça em encontra Afton, sua dor por sua esposa e seu amigo Henry estavam deixando-o insano e o transtornando vinte e quatro horas por dia. Ele não podia dormir corretamente, pois trabalhava na madrugada que ocupava suas noites e também por sempre sonhar com seu passado dramático.

— Henry, me perdoe... — Ele reduz a velocidade de seu carro bem lentamente até pará-lo no acostamento e raciocinar que estava perdendo o controle de seu próprio corpo. — Lilian, eu estou me perdendo para essa vingança. Como eu queria que você estivesse aqui ao meu lado, você com certeza iria me abraçar fortemente e falar que estraria sempre ao meu lado não importando o momento — Dilan olha no retrovisor seus olhos abatidos e depois de tanto tempo entende que na ambição de uma conquista desiquilibrada ele mesmo estava se destruindo ao invés do culpado. — E se eu estiver culpando William todo esse tempo por nada? E se ele for inocente e eu estava colocando essa dor sobre ele para me livrar dela? Um amigo me disse uma vez que a culpa é como uma enorme cruz que carregamos e cada vez mais tempo você a carrega, mais você se cansará e tentará colocá-la nas costas de outra pessoa e quando você se enganar que estará livre descobrirá que ela não sumiu, apenas aumentou — O jovem continuou a encarar o vazio estático em seus olhos adoecidos por um longo tempo até falar com confiança que irá retirar essa cruz de suas costas de maneira verdadeira e honesta e não entregá-la a outra pessoa.

— Dilan? — Alguém chama do lado de fora do carro e o jovem olha pela janela do carona erguendo sua cabeça e encontrando apenas uma blusa social meio azulada – ou roxa? - com uma gravata preta. Era Mike que coincidentemente passava por aquela rua residencial com uma sacola de papel debaixo do braço abarrotada com compras.

— O que está fazendo aqui? — Mike, ao perceber que o amigo estava meio despercebido e silencioso, abriu a porta, entrou no veículo sentando em seguida e perguntou mais uma vez preocupado.

— Eu estava indo para sua casa falar contigo, mas eu fiquei tonto e não me senti bem e tive que encostar. Incrível como o destino é fascinante, não? Se eu não parasse não te encontraria — Dilan responde. — Bem, agora não precisa ir até minha casa e economiza a gasolina, fale para mim o que o perturba e vejo o que poderei ajudar — Mike comenta e o jovem vê a hora de perguntar aonde residia o sócio da família Fazbear, porém sentia que deveria deixar isto para trás só que ele tinha que pelo menos constatar se estava correto visitando o homem pela última vez...

— Onde posso encontrar Afton? — Mike fecha sua expressão ficando sério ao ouvir outra vez o nome do enigmático homem. — Você quer mesmo encontrá-lo, averiguei isso de cara, acho que você acredita que Afton é o culpado do desaparecimento do filho de Henry e vai até ele para colocar isso em pauta e verificar se suas suspeitas estão corretas — Acertou, eu estou atrás dele por causa de Henry e seu filho. Não pode ser apenas coincidência ele aparecer naquele dia quando o garoto sumiu... — Mas ele não trabalha lá? — Mike pergunta. — Sim, mas naquele dia ele estava de folga e não apareceu, meio óbvio, porém eu o vi saindo da sala segura com seu animatronic. Depois daquele dia eu passei a observá-lo melhor e vi que ele era uma pessoa que gostava muito de crianças, vi que ele tinha certo traço de bipolaridade após o ver conversar consigo mesmo e, além disso, ele estava se aproximando de Sammy um pouco antes do menino desaparecer precocemente... — Dilan mantinha sua visão para dentro dos olhos de Mike captando as emoções do amigo que na hora estava espantado.

— Teve um dia que cheguei à Fredbear’s de surpresa segui para falar com Henry que fui promovido, contudo não cheguei até lá porque eu o vi ir até a sala segura mais uma vez. O segui com cautela e quando cheguei na porta, a abri para ficar com uma brecha e por lá observei o sócio mais uma vez conversar com as paredes, porém, ele estava diferente... Ele estava preparando a fantasia mecânica do SpringBonnie não mais com o seu tradicional sorriso, agora, com uma face ranzinza como um velho. Pode parecer loucura, mas ele nunca ficou sério na vida e o pior era que ele de costas a mim, sem me ver, falou meu nome e pediu para eu sair das sombras — O que? Como assim? — Essa foi minha reação Mike, eu fiz o contrário, saí de perto e no dia seguinte eu... sofri o acidente onde minha esposa faleceu — Mike, que já estava perplexo, arregala seus olhos e até mesmo foca seus sentidos a outra coisa para não se emocionar com a história. — Sabe como eu sofri o acidente? Os freios de meu carro foram cortados, mas a polícia não encontrou pistas que levava a alguém, mas eu sei no fundo do coração que foi ele que causou a morte da Lilian, minha esposa — Dilan se emociona deixando as lágrimas escorrerem em seu rosto pálido de exaustão e depressão.

— Tudo bem, agora entendo seu lado e posso dizer que tenho que concordar contigo depois desse soco na cara. Sério, eu sempre achei esse cara estranho, muito mesmo, mas nunca imaginaria que ele seria capaz de tanta coisa ruim — Mike respira fundo. — Existe um armazém perto da Afton Robotics que é de pertence à Fazbear’s Entertainment e foi comprado para ser futuramente mais uma filial e sei que ele estava cuidando pessoalmente do local utilizando-o como um tipo de escritório onde montava uns animatronics. Só isso que sei, mas o problema é saber se ele está na cidade... — Está sim — Dilan fala. — Como sabe? — Eu o vi em seu carro no dia em que a Circus Baby teve o acidente de gás, ele está na cidade e posso contar que o encontrarei lá...

Dilan ofereceu uma carona ao seu amigo e o levou até bem perto de sua morada. Mike se despediu dando o endereço certo e pontos de referência de onde esse armazém ficava para o jovem seguir até lá sem se perder pela cidade. Então, depois, Dilan dirigiu até esse local na esperança de encontrar o sócio sob os telhados do prédio velho.

Ao chegar ele viu-se em um local cercado por um muro feito de tábuas velhas e podres, um portão de ferro enferrujado e o pequeno prédio no meio bem acabado com o tempo, pois, obviamente, é um local abandonado. Antes de sair do carro estacionado ele pensou em como entrar no local sem chamar muita atenção e nesse momento ele percebeu duas coisas apenas com seus olhos ágeis e sua mente que analisa rapidamente seus pensamentos, dentro do local estava um carro preto bem lustrado, o mesmo carro que viu no acidente na pizzaria com o gás e o outro era que o portão estava com sua fechadura quebrada e as correntes que o trancavam estava no chão.

O jovem saiu do carro e normalmente andou com as mãos no bolso até o portão de ferro, depois para a porta de entrada passando pela calçada com matos e plantas crescendo dentre os paralelepípedos. Ele não teve muita dificuldade em empurrar a porta de madeira branca descascada e emperrada e logo adentrou no prédio envolto com um cheiro de podridão.

— Ah, minha alergia... — Ele balbucia olhando os arredores e apurando as salas pequenas vazias e sujas. Dilan andou pelos corredores entulhados, observando cada pequena sala que o local tinha até observar uma sala com a porta fechada, algo que não era normal já que todas as portas estavam escancaradas e até mesmo quebradas. Ao abrir ele encontrou um ambiente arrumado, com uma mesa de ferro bem no centro cheia de papéis, armário de ferro nas paredes e uma cadeira de plástico e ferro com um sobretudo cinza sobre ela. Os papéis sobre a mesa eram desenhos e plantas de maquinários complexos junto com contas e várias coisas relacionadas à animatronics, inclusive um rascunho da animatronic Circus Baby. Junto ao monte de documentos estava uma fotografia rasgada e meio amassada de três crianças e na parte onde os pais deveriam aparecer estava o corte feito por uma tesoura.

— Espera... — Passos são vindos do lado de fora, alguém se aproxima com as solas dos sapatos batendo fortemente contra o piso arranhado. Dilan não sabia o que fazer. A maçaneta da porta começa a girar e vai abrindo lentamente revelando a pessoa que se aproximava...


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Notas finais do capítulo

Quem será que surge no local?
Até...