SÁBADO, 05 DE MAIO; 09:33 AM

O dia amanhecera nublado e sujeito a pancadas de chuva. Era como se até mesmo o clima estivesse nervoso e com medo do que iria vir. O fim de semana tão esperado e assustador havia chegado.

Uma garota loira de estatura mediana colocava-se em pé em frente a cama arrumada, com a cocha roxa, de uma garota morena que mexia as pernas sem parar.

—Eu acho que vou desistir... Eles não vão precisar dos meus argumentos mesmo... - Riley comentou inquieta.

A garota havia decidido depor contra o homem que fizera de sua vida horrível, mas quanto mais o momento chegava mais ela se sentia encurralada.

—Você foi quem vivenciou tudo, você precisa ser forte! - Maya sentou-se ao seu lado na janela e abraçou seus ombros.

—Eu sei, mas... Isso tudo me deixa pressionada...

—Nada de pressão. Só precisa ser sincera.

De repente, uma mulher de longos cabelos apareceu no portal e chamou-as.

—Meninas, precisamos nos apressar. O julgamento começa em alguns minutos.

Ambas respiraram o mais fundo que puderam e se entreolharam antes de levantar e caminhar até a sala, onde se encontraram com o Sr. Matthews para poderem ir até o fórum. Auggie estava na casa de Ava brincando enquanto eles partiam.

—Querida, você só precisa falar a verdade e deixe os argumentos comigo e a decisão com a juíza, okay? - Topanga disse-lhe pouco antes de entrarem no carro.

—Okay... - Riley assentiu e sentou no banco de trás junto de Maya.

A loira pegou na mão da morena para lhe dar forças e observou a paisagem através da janela enquanto o veículo avançava.

SÁBADO, 05 DE MAIO; 10:04 AM

O julgamento estava prestes a começar. Riley sentou-se junto de sua mãe, que acusaria o réu, e todo seu corpo estremeceu quando seus olhos encontraram o olhar frio de seu antigo tutor sentado ao lado de seu advogado de defesa.

Algum pouco tempo depois e uma mulher subiu até o suporte e bateu com um martelo na madeira fazendo todos pararem com os murmúrios e dirigirem a atenção para a frente. Maya estava sentada na plateia observando tudo.

—Estamos aqui hoje para julgar um homem suspeito de sequestrar, abusar física e psicologicamente, destratar e por tentativa de assassinato de uma menor, além de planejar furtar a herança de sua família - A juíza pronunciou.

O julgamento iniciou e Topanga tomou a frente argumentando contra e mostrando evidências e provas, como a de que Riley não era filha do homem, o comprovante da cirurgia que a morena tivera de fazer por um ataque do homem, seu DNA na faca encontrada no meio dos destroços do incêndio por um mandato da polícia, fotos de hematomas por todo o corpo de Riley e o advogado de defesa tentou intervir e contradizer.

Logo, o réu foi entrevistado e respondeu às perguntas de forma que fazia com que parecesse que era inocente, porém quando Riley foi chamada para depor ela expôs tudo que ele a obrigava a fazer e revelou marcas em toda sua pele, além da cicatriz que a faca produzira.

E Topanga interviu acusando e revelando que o tutor da menina fizera realmente tudo ao qual fora acusado porque as provas eram concretas e a acusação de Riley parecia verdadeira. Ela revelou as viagens que ele fizera atrás do tesouro e como usara da menina e sua genética para estrai-lo. Riley ainda mostrou um vídeo que tinha em seu celular de um dia em que ele a estava a ameaçando.

—Ande logo! Garota tola! Se não me ajudar irá se arrepender, sua ingrata - Ele empurrou a morena no chão e ela derrubou o celular, mas não deixou ele perceber que estava gravando - Eu faço tudo por você! Dou comida e abrigo e você ainda me trata dessa maneira? Isso é por nós dois! Voce vai me ajudar, está ouvindo? - Ele bateu no rosto de Riley com um estampido - Ande, levante-se e entre no carro! Agora!

A garota pegou o aparelho do chão tremendo e desligou a gravação enquanto seguia suas ordens. O homem fechou o cenho enquanto encarava mortalmente a garota, ele nunca imaginara que ela havia feito algo assim, filmado um de seus ataques a ela.

—Ele sempre me atacava assim... E me batia quando eu não fazia o que ele queria ou quando estava cansada ou sendo mais devagar do que ele queria... Eu tinha que fazer todas as tarefas da casa e ainda ficava com as sobras de comida. Eu ia para a escola sozinha porque ele não me levava e pouco se importava se eu me dava bem ou não. Eu dormia no chão, em um colchão velho... Tenho fotos... - A garota estendeu o telefone com fotos do lugar mofado e sujo em que ela tinha que dormir - Era no porão da casa. E-eu pensei em mandar para a polícia, mas... Ele me ameaçava... Até de morte e e-eu tive medo... E quando ele me atacou aquele dia, realmente achei que morreria...

—Obrigada, senhorita. Pode sentar-se - Anunciou a juíza e Riley fora se sentar - Agora, vamos ter um pequeno intervalo para, logo mais, anunciar o que o júri decidirá.

SÁBADO, 05 DE MAIO; 11:12 AM

Maya e Riley sentaram-se juntas em um dos corredores à espera dos resultados. A morena ainda tremia e a loira segurou em suas mãos para acalmá-la.

—Calma, você foi ótima. Agora é só esperar... Vai ficar tudo bem - Ambas se abraçaram.

—Obrigada, Maya...

O silêncio tomou conta do local e estava ficando insuportável escutar apenas seus pensamentos e as batidas de seus corações. As garotas estavam ficando malucas enquanto esperavam para que o julgamento continuasse.

Até que foram chamados para receberem os resultados do júri. As adolescentes deram as mãos e caminharam juntas até o auditório, por onde se separaram, Riley sentou-se com Topanga novamente, e Maya junto de Cory e outros na plateia.

—Bem, agora vamos ao que o júri decidiu - A juíza pronunciou e passou os olhos por Riley inquieta e pelo tutor com a expressão fria em seu rosto marcado por uma cicatriz da têmpora ao queijo e por barba por fazer - E eu declaro o réu... - Os corações de todos batiam apressados, Maya sentiu vontade de gritar, ela estava muito ansiosa e nervosa pela amiga - Culpado.

Maya tapou a boca e abraçou o professor sem perceber e Topanga sorrir para a filha que suspirou aliviada.

—Condenado a prisão perpétua - Finalizou a mulher e desceu do suporte.

Maya e Riley correram uma para a outra e se abraçaram fortemente enquanto o ex tutor da menina era levado preso. Finalmente a menina estava livre e tudo estava resolvido.

SÁBADO, 05 DE MAIO; 11:03 PM

Uma garota loira estava deitada em sua cama encarando o teto com um garoto ao seu lado, eles estavam de mãos dadas e sorrindo.

—Ele pegou prisão perpétua? Uau! Isso foi mais do que esperado! - Farkle comentou.

—Fico bem feliz por ela - Maya confessou e abraçou o garoto virando para encará-lo - Agora estamos todos bem... Digo, a Riley está feliz e segura, minha mãe conseguiu se livrar das dívidas, eu estou melhorando nas minhas notas e... Sabe, nós dois estamos juntos... - A garota passou o dedo pela camiseta de sistema solar de Farkle e sorriu para ele - E essa é a melhor parte.

—Eu amo o seu sorriso... - O garoto comentou e Maya soltou uma risadinha - E ainda mais o som da sua risada - Ele puxou a garota para mais perto pelo queixo e seus lábios se encontraram - Mais do que tudo isso amo seus beijos.

Os dois se encararam por um tempo e depois a garota colocou aos mãos em seus ombros e ele em sua cintura e selaram o momento com um beijo profundo e apaixonado. Maya sentia-se leve como nunca antes. Ela podia sentir. Ela estava livre.

Quando se afastaram, a loira retirou da gaveta de sua escrivaninha uma folha de papel toda redesenhada. Agora, acima da loira o casal estavam abraçados e um coração iluminado sobre suas cabeças. Maya estava completa. Seus sentimentos estavam alinhados. Tudo estava mais que perfeito, então a loira pregou o papel na parede ao lado de sua cama e deitou a cabeça no ombro do namorado, ao seu lado, enquanto admirava o que havia desenhado. Farkle envolveu-a em seus braços e beijou sua testa delicadamente. Então, Maya respirou fundo e concluiu aquele momento:

—É bom ter sentimentos.

"It's good to have feelings -- I Hate You I Love You"