Filha de Apolo escrita por Ivy Hale


Capítulo 1
A patricinha da escola é uma cobra, literalmente


Notas iniciais do capítulo

OOOI! Eu estou repostando essa fanfic, depois de muito tempo, porque finalmente eu terminei de escrevê-la. Então não vou parar de postar no meio, I promise!
Ps: Eu mudei algumas coisas, principalmente no primeiro cap.



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—Tenho que ir! - avisei as meninas. A aula já havia acabado a quase uma hora e eu e as meninas tínhamos ficado conversando em frente à escola desde então.  

—Não vai agora. Vamos na sorveteria! - disse Camila tentando me convencer. Eu adorava sair com Camila e Dani, minhas melhores amigas. Mas naquele dia tinha que chegar em casa cedo.  

—Sabe que eu não posso, Cam, minha mãe vai estar em casa hoje, sabe como ela é...  

—A assustadora Sra. Albuquerque! - brincou Dani.  

—Não seja boba. Ela só... anda ocupada.  

—E estressada. - disse Camila.  

—Bem, tenho que ir agora. - falei. - Mamãe já deve estar uma fera.  

—Tudo bem. - disse Dani. - Mas prometa que vamos amanhã, ouvi dizer que Marcos sempre vai pra lá depois da aula. - disse sonhadora.   

—Vocês só pensam em garotos! - revirei os olhos.  

—O que mais há? - disse Cam, cumplice. - Você irá?  

—Tudo bem. - concordei, mas eu sabia que isso não ia acontecer. - Até amanhã!  

Me despedi das meninas e segui pela rua principal. Minha casa era um pouco longe da escola, mas eu costumava sempre voltar a pé. Naquela hora do dia o sol estava bem forte, mas eu sempre preferi calor ao frio.  

A rua estava um pouco calma demais para aquela hora, até parecia um feriado. Eu sentia como se alguém estivesse me seguindo. Conseguia ouvir o barulho dos passos bem perto, até tinha certeza que a pessoa estava usando chinelos de borracha. Tentei manter a calma e andei um pouco mais rápido.  

Não ousei olhar pra trás. Virei a direita na esquina. Li numa revista que se você mudar de direção três vezes e a pessoa continuar na sua cola é porque está te seguindo mesmo. Tentei manter a calma e fiz isso. Virei a esquerda na próxima bifurcação, depois novamente a esquerda. Consegui ver pelo canto do olho uma figura usando uma capa com capuz.   

Eu estava realmente assustada.

Tentei andar um pouco mais rápido, tentando manter certa distância de seja lá quem fosse que estava me seguindo. Imaginei que fosse algum maníaco, ou um serial killer. Não tinha a menor vontade de descobrir!

Quando consegui uma certa distância de vantagem, virei para direita na próxima esquina e corri como nunca havia corrido antes. Então olhei pra trás, ainda correndo. O homem com capa agora havia parado e olhava em minha direção com certa decepção, como se não estivesse disposto a correr uma maratona pra pegar uma garotinha. Mas ele me encarava com olhos famintos. Olhos que nunca seriam julgados como humanos.  

Continuei correndo, atenta a todas as direções, o homem não estava mais me seguindo, mas eu continuava assustada, meu sangue parecia pura adrenalina. Respirei fundo quando finalmente parei em frente à minha casa. Não queria que ninguém percebesse o quanto estava assustada. Não queria trazer mais problemas para mamãe.  

— Claire? - chamou mamãe, ao me ouvir abrir a porta.  

— Cheguei! – avisei, tentando controlar o medo na voz.

Mamãe veio descendo as escadas, um olhar cansado e distante.  

— Precisamos conversar. - dissera ela. As palavras que eu estava esperando. Eu sabia o que ela ia dizer.  

***  

Em algum momento da noite anterior eu havia acordado e havia um homem sentado ao pé da cama. Eu tinha certeza que já o tinha visto, talvez em um dos muitos sonhos e pesadelos que eu tenho toda noite. Ele era jovem, exuberante, acho que só tinha uns 17 anos. Ele apareceu do nada e ficou lá me olhando. Não me parecia uma pessoa ruim. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ou gritar de susto ele disse:  

—Você vai me ajudar muito, querida, e logo começara sua jornada... - ele não percebeu que eu tinha acordado.  

Então minha mãe entrou no quarto e o viu. Ela parecia conhecê-lo. Eles me deixaram no quarto e foram conversar na sala. Quando eles saíram eu esperei um pouco e fui atrás deles. Parei perto da escada, onde eles não podiam me ver e ouvi a conversa. Mamãe começou:  

—O que faz aqui? Pensei que nunca mais nos procuraria.  

—Você sabe que eu não posso, mas as coisas não estão boas pra ela aqui. Os monstros rondam a casa, ela corre perigo. Vocês precisam se mudar pra Long Island. Lá é mais seguro, mais perto do acampamento.  

—Você quer que eu simplesmente vá? Não posso ir assim!  

—Sabe que não tem outro jeito.  

—Tem certeza que não tem outro jeito? — disse ela cética. – Você é um deus, não pode dar um jeito?

—Está me questionando? Acha que eu não sei o que é melhor pra ela?! – Ele falava em um tom rude, como minha mãe deixava um jovenzinho falar assim com ela?  

—Não, tudo bem, você decide – disse ela. Ela cedeu? Impossível!  

Depois as vozes se calaram. Então eu voltei pro quarto e passei a noite toda tentando entender aquela conversa.  

***  

Mamãe e eu sentamos lado a lado no grande sofá.  

— Nós vamos nos mudar pra Nova York. - disse, indo direto ao ponto. - amanhã.  

— Porque? - perguntei, na esperança que ela explicasse algo sobre aquele homem, ou o tal acampamento.  

— Me transferiram no escritório para a sede de Long Island, e, bem, é uma ótima oportunidade. Não posso perder de jeito nenhum. - Eu sabia que era por causa dele, mas não podia perguntar. Mamãe não podia saber que eu ouvi a conversa, e eu tive que me esforçar muito pra ficar de boca fechada.  

— Tudo bem. - eu disse por fim. Não adiantava nada discutir com mamãe pois ela nunca sedia, pelo menos não pra mim.

Então nos mudamos.  

Fomos de táxi até o aeroporto. Foi a primeira vez que eu voei de avião e não foi nada agradável, acho que não é uma experiência que eu gostaria de repetir, mas lá de cima, pela janela, o sol parecia mais perto e a vista era linda, mas não valia a pena comparado com o fato de eu ficar enjoada e vomitar todo meu café da manhã. 

Desembarcamos e fomos pra nossa nova casa. Era tão grande quanto à outra, totalmente desnecessária. Eu morava só com a minha mãe e uma amiga dela (na verdade ela era tipo minha babá) chamada Melanie, não precisávamos de tanto espaço. Mamãe trabalhava em uma empresa famosa e não ficava muito comigo por isso ela contratou a Melanie. Ela era muito legal e ficava comigo enquanto mamãe trabalhava. Elas me matricularam na Angels high. Eu já sabia falar inglês, pois Melanie me ensinava inglês e espanhol desde que foi lá pra casa. 

O primeiro dia de aula Melanie me deu uma carona, eu não sabia andar na cidade nova. A escola era um prédio um pouco antigo, todas as paredes eram de um bege quase branco e sem graça, mas havia lindos jardins à frente com flores coloridas. Quando estava entrando esbarrei sem querer numa garota entojadinha que estava no meio de uma conversa super importante sobre qual cor ficava melhor nela, rosa ou lilás. Ela caiu e fez um escândalo só porque quebrou a unha! Fala sério, o que essas garotas patricinhas têm na cabeça? Enquanto ela saiu reclamando da unha outra garota chegou perto de mim e disse: 

—Não liga pra Morgan, ela é a patricinha loira mais insuportável do mundo, tente ignora-la. - Ela tinha o cabelo preto com mexas roxas e ondulado, olhos pretos profundos e usava short jeans surrado, botas pretas com tachinhas e uma camisa branca com manchas propositais de tinta colorida. – Você é nova aqui? 

—É, sou e você? 

—Eu já estudo aqui há algum tempo, não é tão ruim quanto parece. 

—Qual é o seu nome? 

—Eu sou Poppy Doylle e você? 

—Eu sou Claire Albuquerque. 

—Quer ajuda pra encontrar a sala? 

—Claro, por favor. 

Depois desse dia Poppy e eu viramos as melhores amigas, andávamos sempre juntas e até aturávamos as piadinhas da Morgan. Ela e suas amiguinhas não nos deixavam em paz, uma vez rabiscaram a parede do banheiro com nossos nomes e convenceram a diretora de que fomos nós – se realmente tivesse sido a gente, porque escreveríamos nossos próprios nomes? - então fomos obrigadas a limpar tudo e ainda suspensas por uma semana. Até quando, mais ou menos um ano depois que me mudei, eu descobri que ela não era humana – como eu já suspeitara. - Foi assim: 

Um dia no fim da aula eu fui ao banheiro e Poppy ficou me esperando lá fora porque ela ia pra casa comigo. Quando eu entrei no banheiro feminino Morgan estava lá. 

—Até que enfim encontrei você sozinha. - ela disse. 

—Você quer falar comigo? – falei e logo tentei escapar dela, eu disse já recuando em direção à porta - Eu tenho que ir ag... 

—Não, você não vai a lugar nenhum – ela me interrompeu, passou à minha frente e segurou a porta fechada me impedindo de prosseguir. 

 

— vai adorar nossa conversa! - completou ela. 

Então aconteceu uma coisa sinistra, ela se transformou. Sua pele ficou verde e escamosa, olhos amarelos e língua bifurcada, da cintura pra baixo tinha corpos duplos de cobra no lugar das pernas. Ela parecia uma medusa muito vaidosa com aquelas roupas cor de rosa. Ela avançou sobre mim. Eu não entendia o que estava acontecendo, mas não tive tempo pra pensar. 

Ela me bateu e eu caí batendo a cabeça no chão. Eu pus a mão na cabeça e estava sangrando, doía muito. Ela veio em minha direção agora com uma lança na mão (parece que tem de tudo mesmo na bolsa dessas garotas) e eu rolei para o lado. Novamente ela ia avançar sobre mim e eu lembrei o dia em que o colégio pegou fogo, fui eu mesmo que pus fogo - acidentalmente, claro - e sabia que podia fazer de novo. 

Eu fechei os olhos e me concentrei, pensei em calor, fogo, no sol e em toda a raiva que sentia naquele momento. Algo explodiu atrás da Morgan atingindo-a e a transformando em cinzas. Quando olhei ao redor o banheiro estava destruído, até a parte onde eu estava foi destruída com a explosão, mas como? Eu não estava queimada nem machucada a não ser pelo ferimento na cabeça. 

Poppy entrou no banheiro, ela disse: 

—Você estava demorando mui...Di immortales, o que aconteceu aqui? Você fez isso? - ela chegou mais perto. - Claire, você está machucada? Temos que sair daqui, agora! 

Pegamos as mochilas, pulamos a janela do banheiro - que felizmente ficava no térreo - e saímos correndo antes que alguém nos visse. Quando estávamos longe o suficiente paramos. Peguei a roupa de educação física que estava na bolsa, rasguei um pedaço e enfaixei o ferimento que ainda doía. 

— Você é boa com primeiros socorros. - disse Poppy pensativa, ela não parecia nada assustada com o acontecido, apenas perguntou calmamente. - O que aconteceu lá? 

—Você não acreditaria se eu dissesse. 

—Você pode tentar. 

Então eu contei toda a história pra ela, até um pouco sobre outras coisas esquisitas que aconteceram comigo, no fim da história eu disse: 

—Pode me chamar de doida agora. 

—Minha vida também não é das mais normais sabia? Eu sei que é verdade, tudo o que você disse, coisas assim não acontecem apenas com você. – Na verdade sempre achei que sim, que essas coisas loucas só acontecessem comigo. 

— Quer dizer que... Você também? – ela assentiu. 

—Você sabe, quer dizer, por que essas coisas acontecem? Então me conta, Qual é o problema com a gente? 

—Não é exatamente um problema. Então, sua mãe nunca falou nada pra você sobre isso? 

—Falar o quê? - Eu nunca perguntei sobre isso a mamãe, acho que ela ia pensar que eu enlouqueci. 

—Todas essas coisas, esses monstros que nos perseguem, tudo é porque nós somos semideuses. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Vou postar o próximo capitulo segunda, então, até lá favoritem, recomendem, comentem, rabisquem na minha parede, digam o que acharam!



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