Ximena

Ela quer ir ver a tourada, custe o que custar, mas Ximena sabe que se ousar sair no sol, ela vai se transforma em cinzas em plena praça pública, impedindo qualquer chance real de ver essa tourada, ou qualquer outra coisa.

Então ela se contém em apenas ficar em casa, segura pelas janelas escuras, e cortinas grossas que deixam o ambiente pesado, e ver a grande tourada pela televisão. Ela se sente aquecer por dentro quando o seu namorado – ela ainda fica constrangida com a palavra – aparece na pequena tela de televisão, com uns riscos de eletricidade atravessando a superfície plana.

Levou menos de dois minutos para a tourada acabar.

Levou cinco segundo inteiros para o coração de Ximena se quebrar, e mais três voltas no ponteiro do relógio para que ela soubesse que a tristeza tinha sido se apagado, e agora tudo que tinha era raiva. A fria e contida raiva que Ximena vai carregar a vida inteiro.

(Luas mas tarde, Ximena vai descobrir que é preciso seis minutos inteiros pra entender que o coração dela pode sim ser remendado).