A Escrita da Arte escrita por Echo


Capítulo 1
Os traços que desenham as palavras


Notas iniciais do capítulo

❝Com sua devida atenção, plágio é crime. Se o acontecimento for encontrado, o indivíduo será devidamente avisado.❞



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| A Escrita da Arte |

Era uma vez um grande mundo cheio de fantasias. As pessoas que moravam lá eram muito felizes, correndo pelas ruas de pedras cintilantes e adentrando padarias repletas de guloseimas açucaradas. As crianças usavam roupas engraçadas, e os adultos riam de seus desastres. Tudo estava em paz naquele mundo fantasioso.

O mundo fora criado por uma jovem e criativa escritora. Suas palavras criavam as águas mais limpas das cachoeiras e os pássaros mais belos do imenso céu. Suas palavras eram cheias de detalhes que enfeitavam a noite como estrelas, que iluminavam as ruas nas noites frias e cálidas de chuva.

Contudo, tudo o que era belo quebrou-se com a chegada do ódio que se criou entre dois grandes povos. Ambos batalharam com corpo e alma, o vermelho foi jorrado pelo chão limpo das cidades coloridas, os inocentes foram sacrificados sem dó nem piedade, e as chamas poluíram o ar puro da noite.

A escritora estava horrorizada – não fora aquilo que escrevera! Suas palavras possuíam um ar de ironia, mas nada que levasse aquelas pobres personagens à guerra. Tentou concertar ao recriar o mundo, suas aldeias e seus vales, redesenhou tudo com muito cuidado e limpou as impurezas causadas pelo ódio mútuo.

Quando voltou a escrever o futuro, vez ou outra ocorria brigas ao ponto de uma guerra se iniciar – esta que nunca teve desfecho, pois o mundo fora recriado novamente. Seus olhos lacrimejavam quando via suas amadas personagens declararem ódio umas contra as outras. Os vales foram novamente preenchidos com animais e flores que simbolizavam o amor e amizade; as cidades ganharam mais cores e doces para alegrar o dia de todos.

E quando uma nova guerra estourou, todos pararam no meio do conflito e olharam uns para os outros. Sentaram-se à fogueira que perdia a vida aos poucos conforme o ar soprava. Decidiram ali, em meio ao vermelho das palavras, que tomariam o próprio rumo para que mais nenhuma briga acontecesse.

Todos se uniram em uma grande força e foram atrás da jovem escritora. Indefesa e pega de surpresa foi facilmente capturada por suas próprias criações, que a arrastaram pelos fins da grande floresta. Lá, onde uma clareira se abria aos olhos, fora presa a uma grande rocha com correntes rodeando seu corpo, os lápis e as canetas largadas ao longe, e o caderno perdido em algum lugar da grama verde.

Por lá ficou como castigo.

Na cidade cheia de fantasia e alegria, um jovem artista dava vida a quadros coloridos e animados, uns tratando de temas e outros livres como pequenos pássaros. Um dia, entretanto, enquanto dava os detalhes as íris azuis de sua nova pintura, ouviu palavras flutuarem por seus ouvidos. O tom era amigável, sonhador, decidido e inspirado.

Encantado com os detalhes das frases, largou o quadro e foi à procura de seus lápis. Encontrou-os jogados em um copo velho. Pegou-os e caminhou pelas ruas, ouvindo os detalhes que o moviam, e quando percebeu, chegou a um velho prédio que parecia ter sido deixado pela pintura mal acabada.

Começou a desenhar o esboço e quando viu criou uma bela floricultura. As pessoas olharam maravilhadas para as flores vibrantes e reuniram-se ao redor do novo prédio. Fascinado com aquilo, permitiu que continuasse a seguir os detalhes daquelas belas e carregadas frases.

Ao fim de cada projeto, podia maravilhar por poucos minutos antes de ir a um novo lugar – viajou por países e paisagens diferentes, sempre dando os últimos detalhes naquilo que precisava de cor.

Sua curiosidade em conhecer quem lhe sussurrava crescia a cada cor finalizada. Seguia por direções diferentes, cuidando para ver se o timbre aumentava. E quando encontrou a trilha que lhe levava a seu destino, seguiu-a sem medo.

Seus olhos brilharam quando avistou a grande floresta que estava diante de seus olhos – seu verde era tão vivo que parecia surreal. Caminhou pela pequena estradinha que lhe fora pedido a desenhar, sempre tomando cuidado com as pequenas criaturas que ali viviam.

E quando chegou a grande clareira, maravilhou-se com a beleza do lugar, mas seu coração deu um pulo ao avistar mais longe. Caminhou até lá, os batimentos ecoando em seus ouvidos; a grande rocha sustentava o corpo adormecido da jovem escritora, e as correntes pareciam enfraquecidas com o passar do tempo. Reconheceu canetas e lápis ainda intactos, e ao longe, um caderno envolto de flores pequenas.

As correntes já estavam velhas, enfraquecidas e um pouco enferrujadas nas pontas, fora fácil retira-las. O corpo da jovem escritora ameaçou a tombar para frente, e o jovem artista fora ágil o suficiente para sustentá-lo. Seu rosto avermelhou conforme se sentava no chão e esperava que a jovem a sua frente despertasse.

Os olhos abriram-se com lentidão, dando visão a íris cheias de criatividades. A jovem escritora aprecia grogue e com leves dores em seus braços pelo tempo que não os movimentava. Seus olhos encontraram os do jovem artista, e um dócil sorriso apareceu em seus lábios.

— Você é o artista?

— Sou sim.

O sorriso ampliou-se como o dia amanhece, deixando os dentes brancos da jovem escritora a mostra. O jovem artista também sorriu, envergonhado.

— Obrigado por desenhar as minhas palavras!


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Notas finais do capítulo

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