Questão de tempo. escrita por Lia Clemente


Capítulo 6
Capitulo V — Tia Trish.


Notas iniciais do capítulo

Eeee ai?! Como vocês estão? Eu tô bem, mas estou com Gastrite. Ruim né? E bem perto do natal. Booom, eu cheguei. E to com um caps aqui para vocês. Espero que gostem, até lá embaixo. ♥♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/710803/chapter/6

                            

Saudade é uma coisa tão clichê. Quanto mais você tenta evitar, mais ela habia tem você.

Allyson encarou Amberly por alguns minutos, com os olhos arregalados e a boca entre aberta. Ela piscou algumas vezes quando ouviu a voz sonolenta de Alex.

— Que foi, Ally? — Ele perguntou, parando ao lado dela. Ally balançou a cabeça e passou a lingua no lábio inferior.

— Sua irmã falou. — Ela disse, virando-se para ele. Alexander sorriu animado, colocou as mãos nos joelhos e encarou a irmazinhã.

— Que legal. E o que foi que ela disse? — Como se entendesse o que o irmão havia perguntado, Amberly deu um pequeno sorriso, balançando os braços no ar e resmungou:

Mama. — O menininho recuou, o sorriso murchando em seus lábios. O pequeno passou as mãos no cabelo, e respirou fundo.

— Ela te chamou de mamãe? — Ele disse, com a voz embargada.

— É. — Entortou os lábios. — Me desculpe por isso. Eu vou ensina-la a dizer o meu nome.

— Não, não se preocupe. — Sussurrou, segurando o lábio entre o polegar e o indicador.

— Ei, o que há? — A musicista indagou, colocando a mão no ombro dele. 

— Nada, é só que... Não é nada. — Sussurrou. — Eu vou lá para cima, treinar um pouco, tá? 

— Ta bom. Qualquer coisa me chame. — Disse, dando um beijo na testa do menino. Ele subiu os degraus, sumindo do campo de visão de Ally. A garota suspirou, agitou Amber que gargalhou. — Vamos fazer o jantar? — Perguntou, mesmo sabendo que a menininha não responderia. Equilibrou a bebê em seu quadril e seguiu para cozinha, colocou ela na cadeira alta e abriu a geladeira, cantarolando.

Pegou as coisas para preparar o jantar, colocou as panelas no fogo e começou a ralar cenoura. Os passos saltitantes de uma criança chamou sua atenção, ela virou-se e sorriu para Avah, que saltitava em seu collant rosa.

— Oi, Ally. — Saudou, abrindo a geladeira.

— Oi, está com fome? — Ela negou.

— Ainda não, só vim tomar aguá. — Sorriu, pegando a jarra e o copo de vidro. Despejou agua no copo e deu uma golada. — Vamos ensaiar os passos da peça de Ballet.

— Ah, que legal. E sobre o que é?

— O lago do cisne. — Sorriu. — Eu sou o cisne. 

— Que incrivel, Little Swan. — O sorriso de Avah vacilou, mas logo retornou ainda mais brilhante em seus lábios.

— Eu estou ansiosa. Vou indo, daqui á pouco eu volto.

— Ok. Ei, Alex está lá com vocês?

— Ele passou por lá, mas está na sala de música. Tchau. — Ela disse, rodopiando e sumindo na sala.

— Ok. — Ally disse, sorrindo para Amberly que se distraia com os brinquedos. A viajante terminou de fazer o jantar, chamou as crianças, que desceram a escada conversando alto e rindo animados. Sentaram-se a mesa, e começaram a jantar.

— Está muito bom, Ally. — Lily elogiou, sorrindo.

— Obrigada. — Ally sorriu. Após jantarem, eles comeram Mousse de Chocolate, e foram para sala. Uma buzina soou alto, fazendo Lily e Avah - que limpavam as sapatilhas - contorcerem o rosto em uma careta.

— Eu vou indo, até amanhã Avah. — Abraçou a amiga, despediu-se das outras crianças e deu um forte abraço em Allyson. — Tchau, Ally.

— Tchau, pequena. — Lily sorriu, pendurou a mochila nas costas e saiu acompanhada de Avah. Pela janela, Allyson viu a menina comprimentar o garoto negro que estava dirigindo, colocar o cinto e sorrir, começando a conversar com o rapaz. Ally voltou para junto das crianças, Avah trancou a porta e jogou-se ao lado dos irmãos. Allyson e Archie limparam o chão da cozinha, lavaram a louça, limparam o fogão e seguiram para sala. Abby estava deitada no colo de Avah, e Arthur se juntou a elas, começando a mexer no celular.

— Cade o Alex?

— Foi deitar. — Avah respondeu, desviando os olhos da televisão.

— Tão cedo? — Indagou.

— Ele disse que estava com sono. — Ally mordeu o lábio inferior franzindo as sobrancelhas. — Não fique preocupada, ele brincou muito na escola, está cansado.

— Tá, claro. — Sorriu. — Vou levar Amber para o quarto. 

— Tá. — Disseram. Archie se juntou as irmãs, sentando ao lado de Abby começando a assistir o filme. Ally pegou a menininha adormecida nos braços e subiu, entrou no quarto de Amberly, trocou a roupa dela, por uma fralda nova e um pijama de frio. Deitou a loirinha no berço, cobriu-lhe e beijou o seu nariz.

— Durma bem, Anjinho. — Apagou a luz, encostou a porta e caminhou pelo corredor.

A porta do quarto de Alex estava com um pequena brecha aberta, e ela viu o corpo pequeno do menino encolhido na cama. Empurrou a porta, e caminhou lentamente, tomando cuidado para não tropeçar nos brinquedos jogados no chão, sentou-se na beirada da cama e observou Alex.

O menininho mantinha os olhos fechados, usava um pijama azul com aviões, as pernas estavam encolhidas na altura do abdome, as mãozinhas segurava um lenço vermelho contra o corpo, e se olhasse bem, o corpo pequeno do garoto tremia levemente, seu nariz estava vermelho e lagrimas escorriam dos seus olhos, manchado o travesseiro.

— Alex. — Sussurrou, pousando a mão no ombro dele. Alex enrugou o queixo e fez bico, antes de abrir os olhos inchados e vermelhos. — Ei, pequeno. Venha cá. — Puxou a criança para os seus braços, apertando-lhe fortemente contra o seu corpo. Alexander enfiou o rosto no vão do pescoço de Allyson, e soluçou. — Está tudo bem, vai ficar tudo bem. — Sussurrava, afagando os cabelos dele. Ele soluçou baixinho, descançando a cabeça em seu ombro. Alexander chorou por mais algumas minutos, até se acalmar e deitar-se na cama. — O que houve?

— É só saudade da mamãe. — Balbuciou, pegando o lenço novamente. Ally sorriu triste.

— Ah, pequeno. — Lamentou-se, afagando o cabelo dele. — Eu sei como é, quando a minha mãe viajou pela primeira vez, a saudade apertava toda noite. E sabe o que eu fazia quando a saudade era muita?

— O que? — Sussurrou.

— Eu ligava para ela. Ela conversava comigo, e cantava até eu dormir. — Sorriu, pincelando o nariz dele. — Que tal nos ligarmos para ela? — Ele balançou a cabeça. — Não?

— Nós não temos o número da mamãe. — Ally ergueu as sobrancelhas, pensando o quão irresponsavel era esses pais. Desde o dia que chegará, as crianças não receberá um único telefonema dos pais.

— E o papai? — Indagou.

— Só emergencias. —Ally bufou, cruzando os braços. — Eu 'tô bem. Não se preocupe.

— Certeza? — Ele assentiu.

— Mas, você pode cantar para eu dormir? 

— Claro. Que música você quer?

Somewhere Only We Know. — Ally sorriu.

— Tudo bem. — Disse, antes de tomar folego e começar a cantarolar a canção.

walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete

Oh! Simple thing where have you gone?
I'm getting tired and I need someone to rely on

Ela deu um pequeno sorriso, acariciando os fios castanhos claros do menino, descendo o indicador pelas suas sobrancelhas, o nariz e parando na ponta de sua orelha.

I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?

Oh! Simple thing where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on

Alexander deu um pequeno sorisso, com os olhos fechando e um suspiro cansado escapando dos seus lábios.

And if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
Somewhere only we know

Allyson cantarolou o trecho em um sussurro, aproximando-se e depositando um beijo na bochecha do menininho.

— Durma bem, Pequeno Principe. — Disse, cobrindo o menininho até os ombros. Levantou-se, acendeu o abajur e virou-se para a porta, encontrando as outras crianças. — Ei, eu cantei muito alto? — Perguntou, apagando a luz e encostando a porta atrás de si.

— Não. — Arthur negou.

— Só que, a mamãe vivia cantando essa música. — Abby disse.

— Ah. — Ally murmurou. — Alex estava chorando, disse que estava com saudade da mãe. — Avah deu um sorriso triste. — Ei, nada de tristeza. — Colocou o braço em torno do ombro da garota. — O que acham de ver um filme antes de irem para cama?

— Eu topo. — Archie disse.

— Eu também. — As meninas disseram.

— Otimo. Vão escolher um filme e eu faço pipoca. 

— Ok. — Eles desceram. Ally seguiu para cozinha, colocou a pipoca para estourar, serviu quatro copos com refrigerante e levou até a sala. Quando a pipoca ficou pronta, ela colocou em um pote grande e vermelho e levou para sala. Sentou-se ao lado de Arthur e colocou o pote no colo dele. Os quatro assistiram a um filme inspirado em um livro de Kiera Cass. 

Após o termino do filme, eles subiram. Avah e Archie desejaram 'Boa noite', á Ally, que carregava uma Abigail adormecida nos braços. A morena respondeu eles, e entrou no quarto de Abby. Ajudou a menininha a escovar os dentes, e vestiu o pijama azul e rosa nela. Lhe deitou na cama, a cobriu e beijou o seu rosto.

— Boa noite, Docinho.— Sussurrou, vendo um pequeno sorriso nos lábios da garota. Ally sorriu, apagou a luz, acendeu o abajur e saiu, encostando a porta. Seguiu para o quarto em que ficava, tomou um rapido banho, e escovou os dentes, usando a escova - ainda fechada - que Arthur dissera a ela que todos tinham uma reserva. Vestiu a camiseta branca, apagou a luz, jogou-se na cama e acendeu o abajur, cobriu-se e adormeceu, pensando em seu pai, em seus amigos, e em sua casa. Sentia saudade de tocar com Austin, das piadas esquisitas de Dez, até mesmo dos berros de Trish, e, claro, dos abraços de seu pai.

•••

— Vamos, nós estamos atrasados! — Ally coçou os olhos, ouvindo uma voz familiar gritar. Olhou para o relógio, era quase 08:00 horas. Pulou da cama, vestiu a calça moleton, puxou os cabelos, fazendo um coque alto e abriu a porta, correndo para o andar de baixo.

— Ally, o que está fazendo aqui? — Avah lhe perguntou, gesticulando com as mãos.

— O que? — Perguntou, franzindo as sobrancelhas, ainda grogue de sono.

— A nossa tia está aqui! — Abby disse, pulando da cadeira e virando a adolescente.

— Merda! — Ally exclamou, lembrando-se de onde estava. Antes que pudesse correr para esconder-se, uma mulher familiar para a jovem desceu a escada, segurando a mão de Alex. Seus cabelos eram cacheados, usava uma saia executiva, casaco de estampa animal, uma blusa branca, olhos escuros e nariz largo, ela riu. Allyson reconheceria aquela em qualquer lugar. A viajante arregalou os olhos, quando a mulher lhe encarou, o riso sumindo, dando lugar ao choque.

— Tia Trish. — Arthur disse, entrando na casa pela porta do fundo.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim, vou indo. Um abraço apertado e beijiinhos. ♥♥ ;) Tchauzinho.