A Delegacia principal de uma das zonas mais agitadas de New York estava bastante movimentada naquela manhã. Emma estava acabando de se servir com um copo de café quando Belle, uma das secretárias do departamento, entrou apressada na sala.

— Emma, o detetive Gold quer falar com você.

— Gold? Que estranho. O que será que ele quer comigo?- falou a loira, tomando um gole do líquido quente.

— Não sei exatamente, mas é melhor se apressar. - disse Belle para a jovem policial.

Emma assentiu, levantando-se da cadeira que havia acabado de sentar para descansar depois do último chamado. Passou por Belle em direção ao corredor que dava acesso à sala de Sr. Gold, renomado detetive de New York. Deu duas batidas na porta e entrou, sabendo que o detetive já estava a sua espera.

— Detetive Gold, mandou me chamar?

— Ah, sim, Srta Swan. - disse desviando o olhar de uns papéis sobre sua mesa. - Como pode ter percebido, estamos um pouco agitados essa manhã. Houve um novo assassinato, o segundo em sete dias. - suspirou frustrado. - Já mandei uma equipe de policiais para lá, assim como a unidade de perícia. Mas como já deve saber, estou trabalhando em um caso no centro de New York, portanto vou estar um pouco afastado da investigação desse assassinato em questão.

Emma assentiu, esperando o detetive chegar ao ponto.

— Então estarei mandando você para a cena, pois além de eu não confiar muito nos outros policiais para esse trabalho, considero você a melhor para o mesmo. A senhorita estará encarregada de coletar o máximo de informações, juntamente com a Senhorita Mills.

— Espera aí... - Emma se pronunciou. - Está dizendo que vou ter uma parceira?

— Não exatamente, vocês só vão trabalhar juntas em alguns...

— Ou seja, vamos ser parceiras. - a loira interrompeu. - Desculpa detetive, mas já conversamos sobre isso. Eu deixei claro ao departamento que não trabalharia mais com parceiros, e eles concordaram.

— Eu sei Emma, mas esse caso é diferente. Ela não é uma policial como Ruby. - pronunciou aquele nome com cautela. - Ela estará trabalhando como minha estagiária.

— Espera, estagiária? - Emma perguntou incrédula. - Pensei que os estagiários daqui só pegavam café e atendiam ao telefone de seus supervisores. Por que está mandando uma estagiária pra uma cena de crime?

— A senhorita Mills será minha representante, já que não poderei comparecer. Ela é uma das melhores na Academia, e esse caso será importante para construir a carreira dela. Não se preocupe, você só precisará acompanhá-la na maior parte do tempo. Vocês não serão uma dupla, necessariamente. Afinal, Mills estará apenas me auxiliando no caso.

— Okay - Emma suspirou derrotada. Já era totalmente contra ter uma parceira em qualquer hipótese, a última coisa que queria era ser babá de uma estagiária sem experiência de campo. - Quando começamos?

— Estou enviando vocês agora mesmo, a Senhorita Mills está lhe esperando na recepção. Belle irá lhe passar o endereço da cena. - Disse Gold pegando o telefone. - Isso é tudo, preciso fazer umas ligações.

Com isso, Emma assentiu e saiu da sala. A recepção estava barulhenta, sons de telefone tocando, pessoas teclando no computador, pessoas falando, papéis sendo mexidos. Emma já estava acostumada.

— Emma! - Chamou Belle de sua mesa, ou parte da mesa. Muita gente dividia o mesmo espaço. Era tudo uma bagunça. - Aqui está o endereço da cena do crime, e ali está sua par... Ali está a estagiária do Gold. - disse a garota, entregando um papel para Emma, e apontando para uma garota. - Acho melhor se apressarem.

— Certo. Obrigada, Belle. - Emma sorriu educada e foi em direção à garota que Belle havia apontado. Ela olhava para todos os lados, observando o movimento. - Oi. Sou Emma Swan.

— Oh, olá. - disse a mulher, desviando sua atenção para Emma. - Sou Regina Mills. - disse estendendo a mão.

Emma a apertou brevemente e se virou em direção à saída. - Bom, sugiro que nos apressemos. Me siga.

Regina assentiu e pegou sua bolsa, pondo-se a seguir a policial. As duas entraram na viatura, Emma pôs seus óculos escuros e digitou o endereço no GPS. O percurso foi silencioso. Regina até tentava puxar assunto, mas Emma respondia com as respostas mais curtas possíveis. Não estava muito a fim de conversar. Na verdade, nem estava mais acostumada a ter alguém no banco do passageiro. Eventualmente, Regina parou de tentar iniciar uma conversa e passou a observar o percurso.

Ao chegarem ao local, um beco entre dois prédios, viram que o mesmo estava cheio ao redor. Havia uma equipe de policiais, peritos e, claro, curiosos em volta. As duas desceram do carro e Emma logo se dirigiu ao chefe de perícia.

— Swan. - se apresentou. - Estou a comando do Detetive Gold. Qual o relatório?

— Bom, os policiais receberam o chamado por volta das 07h40min, parece que um morador veio jogar o lixo fora e viu o corpo. É uma mulher, por volta dos 28 anos, estatura média. O corpo dela ainda não foi removido, estamos esperando o legista terminar de avaliar. - o homem olhou em direção à cena. - Vocês podem conferir por si mesmas. Qualquer pergunta, estarei aqui. - e com isso se dirigiu para falar com outro policial.

— Vamos. - Emma fez sinal para Regina segui-la.

Ao entrarem no beco sujo, se aproximaram do corpo. Ainda estava intocado, pois a equipe ainda estava tirando fotos e recolhendo provas. Era uma mulher bonita, jovem, tinha os cabelos negros. Sua barriga estava exposta, e havia um corte com muito sangue envolta, mas já estava seco. O corte não era grande, um pouco acima do umbigo até a metade do estômago. Mas era profundo, e tinha um formato peculiar, mas isso só poderia ser avaliado depois que o legista limpasse o corpo.

Além do corte, haviam hematomas nos braços e no pescoço, e sangue embaixo das unhas. Sinal de que a vítima tentou se defender, mas obviamente não teve sucesso.

— Meu Deus. - Emma ouviu Regina sussurrar. - Ela era tão jovem.

Emma suspirou olhando a cena. Depois se virou para o homem que estava próximo. - Senhor Whitehall. - reconheceu o legista. - Você já tem algum diagnóstico?

— Bom, a análise completa só será possível depois da autópsia. Mas com base no que pude ver aqui, a causa da morte foi asfixia. - apontou para o pescoço da vítima. - Vê as marcas? Ela foi sufocada, por mãos grandes por sinal. Agora, olhe para este corte. - apontou para o estômago da garota. - Ele não é regular, alguns pontos são mais profundos que os outros. A vítima ainda estava viva quando ele foi feito, provavelmente ficou se debatendo. Se não tivesse sido estrangulada depois, teria morrido por perda de sangue. E como este já está seco, suponho que ela morreu por volta das 22 horas de ontem. - o legista explicava tudo com calma. - Por enquanto é só isso que posso lhes informar. Se as senhoritas já terminaram de analisar a cena, gostaria de autorizar a remoção do corpo.

—Oh, sim, claro. Eu só vou dar mais uma olhada ao redor. - disse a policial.

— Vou falar com o chefe de perícia. - comunicou Regina, saindo da cena.

Emma olhou novamente para o corpo. O legista não havia mencionado abuso sexual ou algo do tipo. O assassino não havia deixado o corpo jogado de qualquer forma, mas o ajeitou deixando as pernas e os braços esticados retos, como se ela estivesse numa maca no necrotério. Em volta do corpo não havia muita coisa, já haviam recolhido as provas. Mas Emma ainda podia ter todas as informações dos peritos por meio das fotos, a melhor coisa agora era voltar para a delegacia.

Regina já havia terminado de falar com o perito e estava com um tablet na mão.

— Está pronta pra ir? - perguntou Emma.

— Sim, vamos.

As duas foram até a viatura e entraram. A loira novamente pôs seus óculos escuros, enquanto Regina colocava o cinto. Emma deu partida no carro e Regina começou a mexer no tablet.

Depois de alguns minutos, o carro havia parado no sinal. O trânsito estava lento, como sempre era nas manhãs movimentadas de New York. Emma olhou para Regina e a mulher parecia concentrada em seu dispositivo.

A loira pigarreou, quebrando o silêncio.

— Então... - disse chamando a atenção da outra. - O que você tem aí, uh?

— Ah, agora você quer conversar. - Disse Regina, erguendo a sobrancelha com um sorriso provocativo. - A carteira da vítima foi achada no local, com todos os documentos. Com a identidade, foi possível levantar a ficha dela, mas não tenho ela impressa em papel ainda, apenas no tablet.

— Ho... - Emma exclamou, enquanto movia o carro um metro à frente no lento trânsito. - Hey, desculpe por não ser tão calorosa e amigável. É que eu prefiro fazer meu trabalho sozinha, sem parceiros. Mas não é certo descontar em você, então, desculpe. - falou um pouco sem graça.

— Tudo bem, não tem problema. - Regina sorriu. - Então, eu estava vendo aqui... O nome da vítima é Chloe MacKenzie, 28 anos, sem ficha criminal. Ela morava perto da cena do crime, no prédio do lado direito do beco. O mais estranho é que nenhum pertence foi levado, e a garota não foi estuprada. Não foi uma tentativa de assalto. - Regina ficou pensativa.

— No que está pensando? - perguntou Emma.

— Eu soube do último caso de Gold, que ainda não foi solucionado. Eu não tive acesso aos detalhes, mas Emma, as características são bem parecidas. A vítima foi encontrada em sua casa, com um corte no estômago e asfixiada.

— Você acha que...

— Que estamos falando de um serial killer? Não sei. É muito cedo pra afirmar isso. Vou pedir ao detetive Gold mais informações sobre o último caso.

Emma assentiu, e finalmente o sinal abriu. Vinte minutos depois, as duas estavam de volta à central. Regina comunicou que ia falar com Simon e Emma foi direto para a máquina de café.

— Assim você vai ter uma overdose de cafeína. - disse Belle se aproximando.

— Não posso evitar, French. Está sendo um dia agitado.

— Como foi com a Mills?

— Ela é uma pessoa legal, mas eu preferia trabalhar só. Na verdade, meu trabalho é basicamente acompanhar ela enquanto ela faz o trabalho do Gold.

— Hm, mais um assassinato. Algumas testemunhas já estão aqui para o interrogatório. Está uma confusão. - Belle informou. - Bom, melhor voltar para o meu trabalho. Maneira nesse café aí, Swan.

— Pode deixar. - Emma fez um "joinha" com a mão e se sentou na cadeira nada confortável.

~°~

Já estava anoitecendo e o turno de Emma estava quase no final. Havia sido chamada durante a tarde após uma denúncia de assalto, conseguiu prender o assaltante já que este foi pego em flagrante. Não havia visto Regina novamente.

Quando já estava guardando suas coisas para ir embora, a estagiária apareceu na porta.

— Hey, Emma. - cumprimentou. Emma não sabia explicar por que, mas estava feliz em vê-la de novo.

— Oi, Regina. Como vai a investigação?

— Interroguei três testemunhas, juntamente ao detetive. Ninguém viu ou ouviu nada. E aparentemente a vítima não tinha inimigos ou alguém que queria vê-la morta.

— Isso é um mistério.

—Sim. Eu também tive acesso a mais informações sobre o assassinato de seis dias atrás. É realmente muito parecido. Estamos apostando em um assassinato em série, e nós estamos oficialmente neste caso.

— Estamos?

— Sim, já que é algo bem mais sério que um simples homicídio, é necessário uma equipe específica para a investigação. Nós duas estamos inclusas. - Regina suspirou e deixou os ombros caírem. - Eu sei que você não gosta dessa ideia de trabalhar com mais alguém, mas...

— Não, não. Tudo bem. - Emma a interrompeu. - Eu só... Passei por algumas coisas ruins no passado. Mas agora é outro caso.

— Tudo bem, então. Amanhã eu te passo todas as informações que precisa saber e vamos voltar à cena do crime. Agora, vá pra casa, sei que seu dia foi agitado. - Regina sorriu simpática.

— Certo. - Emma pegou sua mochila e a colocou nos ombros. - Até amanhã, Regina.

— Até amanhã. – Regina acenou com a mão e saiu da sala.