Autumn Nights escrita por SraLovegood
Notas iniciais do capítulo
Estória escrita numa tarde quente! Para minha amiga Bárbara!
A primeira vez que a viu era inverno. Ela estava em pé perto do lago congelado e com aqueles olhos incrivelmente azuis fitava algo além da compreensão mortal. Ao menos era o que ele achava. E aquela foi a primeira, única, e última vez que ela o viu.
Ele estava na varanda da sua casa, com os olhos fixos nela, na visão surreal daquele ser magnífico, e então as safiras da menina estavam sobre ele. E ele viu aqueles olhos se cerrarem acusadores para ele. Algo em seu pequeno coraçãozinho doeu ao ver aquilo.
E então foi quando chegou a decisão que ela nunca mais o veria.
A segunda vez foi acidentalmente, e ela quase o viu. Contudo, ele foi rápido o suficiente para se esconder atrás das frondosas árvores da primavera que havia atrás do parquinho em que estavam.
Ela estava com um belo vestido verde, e seu rosto sujo de picolé de melancia. Estava adorável. E então ele notou que seus belos olhos azuis também combinavam com o colorido das flores.
Depois de anos, ele já sabia onde encontrá-la, e sorrateiro, escondia-se atrás da árvore em frente a casa dela. E era ali que ele aprendeu o quanto ela adorava pintar. Adorava pintar o pôr do sol. E adorava pintar aquela árvore em que seu mais fiel admirador se escondia nas tardes quentes de verão.
Mas ela nunca saberia.
E então finalmente, o outono.
Se lhe perguntassem, ele diria que definitivamente essa era sua estação.
As folhas douradas se misturavam com seus fios ouro, e seus olhos azuis coloriam o céu límpido, e faziam ele se sentir um poeta. Um poeta que só conhecia o azul e o ouro.
Mas já fazia tanto tempo... E talvez não importasse.
Mas ele estava ali, uma última vez, em um último outono. Escondido atrás daquela mesma árvore. E ela ainda era tão bonita.
Tão inalcançável.
E enquanto pincelava suavemente em sua tela, sua franja impedia que ele visse, pela última vez, aqueles olhos que tanto amava.
E então ela se retirou...
Com passos leves, inaudíveis, e que mal sabia, mas marcavam um fim de um sonho infantil.
E a tela permanecia lá.
E num último ato de coragem, ele saiu de seu esconderijo e subiu os quatro degraus até a varanda que outrora estava ocupada.
Seus joelhos encontraram o chão. E não havia um, mas sim vários. Vários quadros.
E eles retratavam todos a mesma cena.
Um garoto franzino, branco, de olhos escuros, escondido atrás de uma árvore. Em cada estação.
E então seus olhos embaçados não conseguiam mais ver a diferença entre os traços do verão e outono. E seu coração mais uma vez doía.
E ele não pode ver, pelo que não era a segunda, mas sim talvez a milésima vez, aqueles olhos as suas costas o fitando com tanto carinho.
— Thomas! Aí está você! Vamos meu filho, seu casamento já vai começar!
Anos mais tarde, ele não saberia dizer de onde tirou as forças para se levantar do chão e não olhar para atrás.
— O do outono é meu favorito.
Mas sabia o porquê estas não foram suficientes para impedir que as lágrimas lhe viessem.
— O meu também...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Perdoem os erros, estória não revisada! Favoritem, comentem!