Sideways escrita por Human Being


Capítulo 2
II - As Flores e as Abelhas


Notas iniciais do capítulo

Sideways serão fics ambientadas no universo de Sui Generis, auto-conclusivas ou não. Mas não se preocupem, eu tentarei deixar claro para vocês quando for cada caso. E nenhum dos meus outros projetos de StS serão afetados, eu prometo.

Assim como Sui Generis, elas não serão fics yaoi. A princípio, quero dizer.

E o título da fic não tem nada ver com o filme homônimo (Sideways - entre umas e outras), que é bem interessante. Quem já viu sabe, quem não viu está convidado a ver!

E esse capítulo é focado em... Aiolos de Sagitário. Espero que gostem

PS.: Está como publicado no FFnet há, sei lá, um tempão. Não corrigi eventuais erros de pontuação, sorry folks.



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II

As Flores e as Abelhas

— Aiolia?

— Oi? - O aludido santo volteia o rosto em direção à porta de sua casa, para ver o irmão mais velho chegando.

O embaraço que permeava Aiolia atiçou a lendária curiosidade de seu irmão. Aiolia não era dado à timidez ou embaraços frequentemente.

— Posso entrar? - Perguntou o arqueiro. Aiolia piscou e piscou, mas deixou o irmão entrar.

— O que você está fazendo?

— Ah... - Aiolia estava... bem... arrumando a casa depois que Marin tinha ido embora treinar. Era frequente que ela dormisse em sua casa, porque ficar indo dormir na casa dela no meio do campo das amazonas pegava mal. As pessoas podiam resolver falar alguma coisa, e ele sabia que se alguém pegasse alguém falando gracinhas a respeito de sua namorada, não responderia por si. - Nada demais, eu só estava arrumando a casa.

— Ah, sei. - Aiolos entrou ventando, e da sala passou para o quarto em direção ao banheiro.

— Ei, onde você vai? - Aiolia sentiu-se muito mais incomodado do que já estava ao perceber que seu irmão estava simplesmente entrando em seu banheiro, sem pedir permissão nem nada. Não que ele fosse pedir, mas seu banheiro era um espaço privado e...

Seus devaneios foram cortados no momento em que viu o outro fechar a porta.

— Aiolos!

— Oi? - A voz do outro ecoou de dentro do banheiro de porta fechada.

— Ah... O que você está fazendo aí?

— Que pergunta idiota, Olia, eu estou usando o seu banheiro! Ora...

Isso ele sabia, mas o que realmente incomodava Aiolos é que ele estivesse lá... agora, precisamente.

— ...Aliás, esse banheiro está uma bagunça. Olia, tem dó, né? Roupa suja não tem perninha pra sair andando sozinha até o cesto, não. É meia jogada no chão, cueca jogada no chão, é camisola jogada no chão...

Aiolia franziu a testa. O silêncio do outro lado do banheiro falava por si.

Pronto, estava feito.

Ironicamente, o gato tinha acabado de subir no telhado.

— Aiolia de Leão! - Aiolos abriu a porta de um golpe. E parecia bem zangado.

— Oi...

— Você pode me explicar o que significa isso? - Aiolos levantou a camisola cor de pêssego rendada com lingerie combinando que estavam no seu banheiro. Eram peças finas, delicadas, de renda francesa e cetim. É, elas tinham custado um bom dinheiro.

E... Marin as deixava em sua casa porque... Era lá que eles as usavam, afinal de contas.

— Er... bem...

— Olha, Aiolia, isso aqui com certeza não é uma peça do seu vestuário. E, pela cara disso aqui, também não é uma peça que uma moça simplesmente esqueça por aí. Então... Pode me explicar o que isso significa?

— Sabe o que é... - Aiolia tateava aqui e acolá, tentando iniciar uma conversa com o jovem sagitariano. Bom, aquilo era realmente estranho. - Bom, eu e você estamos mesmo precisando ter uma conversa...

— Sei, conversa. - Aiolos cruzou os braços, tentando impôr respeito apesar de sua aparência adolescente e do irmão agora aparentar ser (bem) mais velho do que ele. - De quem é isso?

— Então. Sabe, é da Marin.

— Da Marin?

— É...

— Aiolia, como é que uma camisola da sua namorada vem parar na sua casa?

— Ah...

— Oh... - Aiolos arregala os olhos e corre de volta ao banheiro e de lá solta um grito. - DUAS escovas de dentes! Aiolia, dá pra me explicar o que você e sua namoradinha andam fazendo ficando à noite juntos no templo sagrado de Leão?

— Bem... É como você disse, Olos, nós estamos ficando juntos à noite na casa de leão...

— Não se faça de inocente, Olia! Porque só falta você querer me dizer que vocês dois andam... andam... Ah, pra usar essa camisola aí, ela bem que passa a noite aqui, mas dormir é que não dorme!

— Isso NÃO É DA SUA CONTA, Olos!

— Como que não é? Mas... Mas... MAS ISSO É UM ABSURDO!

— Ei, não tem NADA de absurdo não! Eu e ela já estamos juntos tem um tempo, já! Tudo é com muito respeito!

— Respeito? Com uma camisola dessas daqui?

— Aliás, tiramão dessa camisola! - Aiolia avançou em cima da peça de roupa, possessivo. - E NEM PENSE em insinuar NADA a respeito da MINHA namorada. Nem ficar pensando nisso, viu?

— Mas... Mas... AIOLIA!

— Vem cá, 'cê tá pensando o quê? Que eu e ela estamos esse tempo todo juntos só andando de mãozinha dada?

— E POR QUE NÃO? É o que se faz num namoro de respeito!

— Mas que história de namoro de respeito o quê, Olos! Acorda pra vida, que nós estamos no final do século, já! Olha, eu sei que você morreu novinho, passou treze anos nos Elíseos e tudo, mas você... bem... deve saber o que acontece entre um homem e uma mulher...

— Eu sei bem que bebês não são deixados nas chaminés por cegonhas, Aiolia, pode ficar despreocupado. - Aiolos ficou ruborizado, mas fechou a cara. Detestava que trouxessem à baila o fato de que todos ali eram já homens feitos de vinte e poucos anos, mas ele era um rapazinho de quase quinze, inexperiente nos segredos do amor.

— Olos... - Aiolia sentiu o incômodo do irmão, e sabia que ele se ressentia de ser um rapazinho. - Olha... Senta aqui, vamos conversar.

Aiolos sentou, contrafeito.

— Olha... - Aiolia procurava as palavras para conversar com o irmão que devia ser mais velho sobre um assunto que ninguém jamais o preparou para falar com quem quer que fosse. E ele não era bom nisso, em ter conversas sérias com pessoas. Especialmente com uma pessoa que foi seu ídolo de infância, e o mais próximo que já tivera de figura paterna. - Eu sei que você sabe, eu só quero dizer que... bem... você sabe a teoria, não a prática...

Aiolos fechou ainda mais a cara, cruzando os braços e fixando o olhar na parede.

— ...Essa foi uma das coisas que... você... - Aiolia sentiu os olhos marearem de leve ao pensar na palavra 'perdeu', que ia usar na frase mas acabou não tendo coragem de dizer. Ainda doía saber que Aiolos, por mais que tivesse ficado nos Elíseos(1) depois de morto, ele não tivera tempo de viver muita coisa: talvez o primeiro beijo, a primeira noite de amor, a primeira namorada... E também Aiolia não o teve ao seu lado quando viveu tudo isso, em meio a sua rebeldia juvenil cheia de mágoas e justificativas. Seu consolo, porém, é que ele estava de volta, e com uma nova chance de viver tudo isso.

Olhou para os olhos do irmão, que o olhava com menos raiva agora, mas uma pontinha de mágoa. Aiolos também sabia o que tinha deixado para trás naquela noite em que salvou a pequena Atena. E sabia que certas coisas ele tinha perdido para sempre: Ver Aiolia crescer, se interessar por meninas, conquistar a primeira namorada, se transformar de criança a adolescente e de adolescente ao homem feito que era agora. Doía muito saber que não teria isso tudo de volta jamais, mais até do que o fato de ser um adolescente enquanto seus pares eram homens já experimentados na vida.

Mas sentia um orgulho imenso de saber que Aiolia, pese a todo, tinha se transformado em um cavaleiro de ouro honrado, um homem decente...

— Olha, Olos... - Aiolia começou de novo. - Eu e a Marin já estamos juntos tem um tempo. Ela dorme aqui porque... Bom, ia ser complicado pra ela ter um homem entrando na casa dela todo dia, pra ficar lá à noite. Sabe, o povo gosta de uma fofoca. E eu... Eu me importo com ela, muito. Eu sou capaz de quebrar a cara de algum sujeitinho que venha falar alguma coisa dela.

— Bom... - Aiolos ponderou. - Vendo assim... Mas... Vocês nem são casados nem nada...

— Olos... - Aiolia ajeitou o corpo. - Olha, eu estou com ela, ela está comigo, a gente se gosta... Por que não? E... Você sabe que quando a gente está com uma pessoa que a gente gosta... A gente sente vontade...

— Mas... É bom?

— O quê?

— Isso... - Aiolos corou até a raiz dos cabelos. - Isso de estar com uma mulher. Eu acho que é, eu sinto vontade, mas...

— É bom. - Aiolia respondeu. - É muito bom. É uma das melhores coisas que tem. E... quando você está com uma pessoa que você gosta, fica melhor ainda.

— Eu não tenho... Uma pessoa que eu goste assim ainda.

— Vai ter, Olos. Mas... Que a Marin não me ouça, mas mesmo quando você está com uma pessoa que você não goste tanto assim, também é bom demais.

— É?

— É. Mas... - Aiolia hesitou um pouco. - Você sabe o que acontece lá na hora?

— Saber eu sei na teoria, como você disse.

— Ah. E como você ficou sabendo? - Essa era uma curiosidade de Aiolia. Se Aiolos ainda não sabia das coisas na prática, como ele aprendera a teoria?

— Ah... No meu tempo de aprendiz tinha uns soldados que a gente conversava e que falavam como as coisas funcionavam lá... na hora. Com alguma riqueza de detalhes, até. No começo eu me assustava mas... Depois ficava imaginando como ia ser bom.

— Ah, tá.

Os dois passaram alguns momentos em silêncio, que foi quebrado pelas vozes de Máscara da Morte e Shura de Capricórnio.

— Achamos o bambino! - Máscara da Morte deu um sorriso malvado, enquanto Aiolia espigava o corpo. - Gatinha, solta o menino aí que ele vai vir com a gente.

— Er... - Aiolos olhou para Máscara da Morte, e depois para Shura, e depois para o irmão.

— Aonde?

— Nós vamos te levar pra um lugar muito bacana. - Shura deu um sorrisinho.

— Er... O Aiolia vem junto?

— Vem, Aiolia? - Máscara da Morte perguntou, irônico.

— Ah... Eu... - Aiolia bem que sabia o que Máscara da Morte e Shura deviam querer com o irmão. Era temerário deixá-lo ir com eles, mas... - Bom, eu não vou poder ir, não. Mas não se preocupe, se o Shura vai deve ser um lugar bacana, mesmo...

— Mas... - Aiolos olhou para o irmão, confuso, mas não teve tempo de falar mais nada. Foi praticamente que arrastado por Shura e um Máscara da Morte estranhamente animado, enquanto Camus e Milo chegavam também em sua casa.

— Ah... - Milo olhou para a cena, ressabiado. - Aonde eles estão indo?

— Er... - Aiolia coçou a cabeça. - Eu...

— Isso é o que eu acho que é, Aiolia? - Camus levantou uma sobrancelha.

— Eu acho que é, sim. - Aiolia deu um suspiro resignado.

Milo arregalou os olhos azuis.

— E você vai deixar? - O escorpiano ralhou. - Aiolia, o Aiolos é menor de idade! Sabem os deuses onde o Máscara da Morte vai levar o seu irmão!

— Hum, mas ele teria que passar por isso, mais cedo ou mais tarde. E é melhor mais cedo do que acabar virando velho virgem. - Aiolos replicou. - Ou coisa pior, Zeus me livre.

— Você está desconsiderando o risco que é uma iniciação supervisionada pelo Máscara da Morte, evidentemente.

— Mas... - Milo ficou pensativo. - É melhor assim, Camus. Porque, bem... vocês sabem, se a coisa demora pra acontecer pode acabar dando espaço pra... experiências. Que nem o Hyoga e o Shun na casa de Libra.

— Pfff... - Camus deu um bufido irritado. - Você não vai deixar essa história morrer, não?

— Não. - Disse Milo com um sorrisinho cândido.

— Todos os deuses me livrem! - Aiolia deu um pulo, levantando-se. - Mas... Já que a ocasião é essa, eu devia estar comemorando, não?

— Cabe um bom destilado, sim. - Camus observou, em sua fleuma impassível. - Afinal, é uma ocasião especial. Você tem algo adequado em sua adega?

— Nada tão refinado quanto na sua, mas tem um uísque oito anos sim.

— Pois vamos abrir, então. - Camus meneou a cabeça. - Pela bela ocasião de Aiolos eu faço um esforço.

— Ah... Nós estamos em horário de serviço... - Milo tentou observar, mas foi puxado pelo aquariano, que acompanhava o leonino para a pequena adega da casa de Leão.

OOO

 


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Notas finais do capítulo

1- Diz a lenda (i.e.: infomações oficiais de StS, mas que eu não vi em lugar algum do anime ou mangá, eu estou confiando nas wikis da vida) que Aiolos foi para os Elíseos enquanto os outros cavaleiros mortos foram para o Inferno.



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