O pequeno Albus Severus, que já mostrava grandes semelhanças com seu pai no auge de seus oito anos, correu pelo gramado que circundava A Toca, casa de seus avós, vez ou outra tropeçando em alguns buracos, sendo rapidamente ajudado por sua mãe, Gina. O garotinho parou sorridente em frente à casa, nem um pouco cansado pela correria - o mesmo não podia se dizer de sua mãe, que ofegava enquanto alcançava o filho travesso. Mais atrás, Harry carregava Lily Luna nos ombros, que se entretia com uma pequena flor que o pai havia colhido para ela. James havia sumido há muito, indo direto para o quintal d’A Toca, a procura de Fred II.

Após algumas batidas insistentes de Albus - que foi repreendido pela mãe - Molly Weasley, já não tão jovem quanto antes, atendeu a porta, dando as boas vindas aos Potter. Ela abraçou cada um dos netinhos, até que se deu falta de um deles.

-- Onde está Jay? - perguntou Vovó Molly.

Gina suspirou, resignada.

-- Já deve ter corrido armar alguma pegadinha com Fred.

A matriarca Weasley gargalhou, e disse alguma outra coisa que Albus não prestou tanta atenção. O garotinho já havia corrido novamente, dessa vez em direção ao sofá macio da sala. O garoto se acomodou inocentemente entre Teddy e Victoire, interrompendo qualquer coisa que eles estivessem fazendo.

-- Oi, Teddy. Oi, Vic - o garoto sorriu banguela para os primos.

Vic sorriu doce, não conseguindo ficar brava com o garotinho.

-- Oi, Al! Como vai?

-- Bem! A fada do dente me visitou semana passada! - Al respondeu. Victoire estava quase perguntando o que diabos era a fada do dente, quando o garoto voltou a falar, de forma polida e extremamente fofa: - Victoire, você pode nos dar licença um minuto? Preciso falar com o Teddy!

Victoire sorriu de lado e logo olhou para o Lupin, que deu de ombros, também sorrindo.

-- Ok, estarei na cozinha.

Victoire saiu da sala, arrumando os cabelos loiros em um coque desajeitado. Albus se acomodou mais ainda no sofá, sob o olhar curioso de Teddy.

-- E então? - o garoto de cabelos azuis perguntou.

-- Você e Victoire estão namorando?

Teddy, que não esperava pela pergunta, corou até a raiz de seus cabelos. Ele falou, tropeçando nas palavras:

-- Ah, bem… E-eu e Victoire, nós… nós percebemos que nos gostávamos bastante, e e-então, nós…

Teddy gesticulou, nervoso, com as mãos, não conseguindo explicar para o menor sua relação com Victoire, visto que nem ele sabia direito. Mas Albus assentiu, parecendo entender.

-- E como é isso? - perguntou o Potter, encarando o garoto com seus olhos brilhantes e enormes de criança.

-- Isso o quê?

-- Gostar de alguém?

Teddy sorriu um pouco tímido, porém apaixonado, e começou a narrar olhando para o nada, sonhadoramente.

-- É incrível. Quando você está na companhia de quem gosta, é como se em nenhum outro lugar fosse melhor do que ali, com ela. Como se nada no mundo te satisfizesse mais do que acariciar os cabelos dela, fazê-la rir… ah, o sorriso dela. Não há nada mais…

Albus se desligou um pouco do discurso meloso do primo. Se apaixonar se tornava algo cada vez mais chato, conforme as pessoas explicavam isso para ele. Durante o que pareceu a tarde toda, Albus ouviu Teddy tagarelar sobre o amor, mas ficava cada vez mais óbvio que ele falava apenas de Victoire. Naquele dia, Albus prometeu para si mesmo de que nunca se apaixonaria e nunca ficaria bobo daquele jeito por ninguém.

Agora, sentado no sofá de couro da sala comunal da Sonserina, Albus sente seu coração pesar constantemente enquanto ouve Scorpius falar de como Rose é especial, como ele ama Rose, e como ele adoraria convidá-la para um passeio em Hogsmeade. Albus, que não percebeu que não ouvia mais Scorpius, se assusta quando o loiro diz:

-- Você nem 'tá prestando atenção, né, cara? No que tá pensando?

Olhando nos profundos olhos cinzentos de Scorpius, o Potter diz, como quem confirma algo horrível:

-- Acho que quebrei uma promessa.