C A P Í T U L O  1 5

Tinham apenas duas coisas que estavam mais incomodando Sarazal naquele momento: ver a postura toda certa de Ethan e Maxford reclamando em sussurros sobre como era injusto colocar ele no grupo separado de Kaled. Ela estava pronta para mandar o filho de Facilier calar a boca, mas Avery era sempre mais rápida, e mais impaciente. E no final Maxford sempre voltava a sussurrar.

— Hei, Max! — Sarazal chamou também num sussurro, fazendo o moreno calar a boca, e rapidamente fitar a menina, que tinha um sorriso animado. — Você não tem algum feitiço para calar sua boca? — indagou com o sorriso mais dócil que conseguia, arrancando uma curta risada de Avery, e um pequeno sorriso de Ethan.

— Eu vou jogar um feitiço em você, isso sim — o menino respondeu, rangendo os dentes, e logo em seguida se aproximando da menina e colocando um dos braços em volta de seus ombros, puxando-a para mais perto e andando de forma estranha, ainda a segurando. — Eu tenho certeza de que Ethan iria adorar — provocou, logo mordendo o lábio inferior, e fitando os fios louros do rapaz a sua frente.

Sarazal franziu a testa.

— Nós não viemos aqui para conversar, Maxford — o loiro retrucou, ainda com os olhos para frente, sem dar uma única olhada para trás. E Sarazal não era burra, sabia que o menino estava um tanto quanto... Receoso de se aproximar. Era como mais se ele não quisesse nem tentar ter uma boa relação com a garota.

— Não, claro que não, eu entendo perfeitamente isso — Maxford falou, passando a mão na blusa vermelha que usava, e controlando seus lábios. — Mas sabe como é... É madrugada, e eu estou sem meu crush aqui, como você está, então eu preciso me entreter um pouco, sabe? — continuou, apertando ainda mais Sarazal, que estava curiosa demais para se soltar.

Ethan não falou nada, apenas continuou andando.

Maxford sorriu, feliz com suas pequenas conquistas.

— Além de que eu estou muito mal humorado, e não sou suportável nesses momentos — prosseguiu, molhando o lábio inferior.

— Podemos observar isso — Sarazal comentou sarcástica, retirando o braço de Maxford de seus ombros, que não ligou para o movimento, e continuou andando fitando Ethan fixamente.

— Então eu realmente queria saber o motivo de você querer ter trago a Sarah, sendo que você nem sequer a olha na cara — o moreno deu de ombros, e observou Ethan cerrar os punhos, enquanto Avery caminhavam mais a frente, um olho atento ao seu redor, outro olho atento em Ethan e Maxford. — Será que ela finalmente resolveu terminar e agora você está tristezinho? — indagou fazendo bico. — Ou então você percebeu o quão chata ela é e quer dar um gelo na menina mas não sabe como?

Realmente o plano de Maxford funcionou.

No segundo seguinte, Ethan tinha conseguido virar seu corpo, e ainda agarrar a gola da camisa de Maxford fitando o rapaz fixamente.

— Não faça comentários incertos sobre os outros, Facilier — Ethan falou, preparando para cuspir na cara do menino, quando Avery chegou, puxando Ethan pelo ombro.

— Vocês não conseguem ficar uma madrugada sem brigar? — a morena indagou, e Ethan virou o corpo, passando a mão pelo rosto, enquanto Sarazal olhava Maxford com curiosidade. Ele era sempre assim?

Maxford deu de ombros, sorrindo divertido.

— Eu estou sem meu crush, e adoro uma treta no meio da floresta, Avizinha, não posso fazer nada — deu de ombros, e logo em seguida virou para Sarazal, que fitava as costas de Ethan. — Isso te deixou excitada? — indagou para a menina, que o fitou com certa irritação nos olhos. Maxford sorriu mais ainda. — Porque esse Ethan me deixou excitado — respondeu mordendo o lábio inferior ao ver o menino voltar a andar um pouco atrás Avery, que ainda fez o favor de lhe mandar um olhar nervoso. — Deus, porque ele não é gay?

E Maxford continuou a andar.

Sarazal poderia ficar parada ali a noite inteira que ainda não saberia dizer o que havia acabado de acontecer, por isso preferiu apenas continuar andando, se aproximando o bastante de Ethan, que ainda tinha uma mão fechada num punho, e o rosto bem mais sério e grave agora.

— Desculpe — o loiro falou, ainda sem olhá-la, mas ao perceber a menina ao seu lado. — Se eu soubesse que Maxford agiria desse jeito, eu teria pedido para ficar em grupo diferente — acrescentou, deixando sua feição um pouco mais leve.

Sarazal sorriu, bagunçando o cabelo de Ethan, o que fez o menino a fitá-la por alguns instantes, antes de ajeitá-lo novamente.

— Você deveria parar de pedir desculpas por tudo aquilo que acontece sem a sua vontade — respondeu, cruzando os braços logo em seguida, mas ainda fitando o menino. — E também deveria parar de ajeitar o cabelo, você fica muito mais gostoso com ele despenteado — acrescentou sorrindo divertido, e recebeu um breve olhar de Ethan, com um sorriso um tanto malicioso. Se eles não estivessem atrás de um assassino, Sarazal poderia beijá-lo ali mesmo. Mas ao invés disso, apenas se contentou em bagunçar os fios loiros novamente.

Que dessa vez, não foram arrumados.

[...]

— É incrível como as pessoas podem mudar em segundos, não é? — Kaled indagou novamente, na sua vigésima divagação sobre as pessoas ao seu redor enquanto caminhava ao lado de Nélida, iluminando o local com a lanterna, excitado por estar ali, pronto para contar uma história nova ao seu pai quando ele viesse para visitá-lo, mas também um tanto preocupado em estar fazendo o que estava fazendo. — Digo, o Norwood mudava muito no Clube, e quando a gente saia de lá, ele poderia estar bêbado, ele mudava de novo.

— O Norwood nunca estava bêbado — Phoenix acrescentou rapidamente, dando uma breve olhada em Kaled, que estava um pouco atrás e segurava fortemente a mão de Nélida, como se querendo proteger a menina do mundo. — Ele sempre foi muito forte a bebida — o loiro terminou, antes de virar-se para frente e continuar andando na trilha olhando para todos os cantos.

— Mas ele falava umas coisas muito nada a ver — Kaled contra argumentou, olhando para Phoenix, que apenas deu de ombros. E Kaled soube naquele exato momento que Phoenix estava muito mais preocupado em achar pistas do que discutir sobre o fato de Norwood ter ficado bêbado sim ou não.

— Era impossível ele estar bêbado e mudar, agir da forma que ele agia em muitos aspectos — Aaron sussurrou, aproximando de Kaled no exato momento em que Rosemary se aproximava de Phoenix. Kaled o fitou. — Ele era muito forte a bebida — acrescentou, dando de ombros logo em seguida, e Kaled teve de concordar, encerrando rapidamente uma pauta.

Kaled estava pronto para iniciar uma nova pauta quando Nélida perguntou:

— Vocês acham que eles vão namorar?

Aaron e Kaled rapidamente fitaram a menina, que ainda não tinha falado nada a caminhada toda. Parecia até que por não falar ela estava economizando forças para uma possível briga. Kaled estava realmente interessado em saber qual luta seria essa.

— Phoenix e Rosemary — a menina complementou, não apontando para os dois que iam andando mais a frente, com medo de que o rapaz pudesse escutar e se interessar na conversa que ela só queria manter com aqueles dois.

— Nahh — Kaled negou com a cabeça, mas Aaron conhecia bem o amigo para saber que ele não estava conseguindo confiar em si mesmo para dizer que havia uma grande chance. — Ele tá no último ano, não deve ter interesses nela — acrescentou fitando Nélida, que mordeu o lábio.

— Maxford está no último ano e tem interesse em você — a garota retrucou, e Kaled parou. Bem, ela tem um ponto.

— Maxford é um rapaz estranho — Aaron complementou, e Kaled apontou para Aaron, porque qualquer coisa lhe ajudaria a não dizer que ela tinha dito a verdade. — Além de que ele é totalmente diferente do Phoenix, Nélida — o moreno continuou, olhando fixamente pro chão, procurando por qualquer tipo de pista.

— Eu sei, mas — Nélida se interrompeu, soltando o ar que estava dentro de seu corpo, e colocando um pequeno sorriso no rosto. — Isso não importa, no final de tudo.

— Não agora — Aaron falou, parando num ponto fixo. — Venham aqui — falou mais alto, conseguindo a atenção de Phoenix e Rosemary, que rapidamente vieram junto de Nélida e Kaled.

— Achou alguma coisa? — Phoenix rapidamente perguntou, e Aaron iluminou um pequeno buraco. — Aaron, alguma coisa útil — o loiro reforçou, e Aaron revirou os olhos, agachando-se.

— Isso é alguma coisa — o moreno reclamou, iluminando o local. — Tinha alguma coisa enterrada aqui — o menino falou, passando a mão na terra ao lado. — Olhe ao redor — pediu, iluminando ao redor do buraco, apontando para os pequenos montes que estavam ao redor. — Alguém escondeu alguma coisa aqui, e então cavou para tirar o que quer que seja.

— E era algo exatamente do tamanho do buraco — Kaled respondeu, observando o buraco e o iluminando. — Não há pequenos montes dentro do buraco, ele está perfeito, como se estivesse uma caixa ai dentro, enfiada perfeitamente — o moreno prosseguiu, soltando da mão de Nélida e agachando ao lado de Aaron.

— Não precisava nem cavar — Aaron observou, ainda fitando o buraco. — É como se a pessoa tivesse colocado a caixa ali dentro, e colocado terra em cima, tipo, muita terra — concluiu, olhando os pequenos montes.

— E folhas — Kaled iluminou as poucas folhas secas que estavam próximo ao buraco, incomum ali.

— E estamos na trilha encoberta — Phoenix falou, olhando ao redor, vendo as árvores esconderem o caminho que estavam usando.

— O que quer dizer que quem quer que tenha escondido essa caixa aqui, realmente não queria que a achassem — Kaled concluiu, erguendo-se e fitando Phoenix que sorriu. — Temos uma pista?

— Temos uma pista.