P.O.V Lara:

Eu sou uma garota das ruas, desde que eu me lembro foi sempre eu e aquele velho, que nunca me disse seu nome, ele me ensinou tudo que eu precisava saber. Ele diz que cuida de mim mas na verdade é o contrário. Ele está ficando velho e eu não quero sofrer quando a hora dele chegar, toda vez que falo algo assim para ele, ele apenas me dá um discurso sábio.

“ Você ainda vai me ver muito, garotinha. Eu posso muito bem ser imortal, eu sobrevivi até agora, não vou morrer não.” e ele começa a tossir, sem parar. Eu não consigo aguentar essa tortura.

“ Diga isso a sua tuberculose.” ele me olha sério.

“Lara, coisas boas vão acontecer na sua vida, você pode ter fé.”

De novo aquele papo de fé.

“Você realmente acredita que tem alguém olhando por nós, agora, nesse momento?” ele sorriu para mim, e fez um sinal para eu me sentar, e eu me sentei.

“Olha essas estrelas, incontáveis, infinitas, elas são tão bonitas” eu olhei, mas parecia que eu não via, não via do mesmo jeito que ele via.

“Como você sabe que isso é real?” ele pergunta seriamente.

“Por que tem provas disso ser real.” ele ri baixo.

“E se elas fossem mentira, e se todas essas coisas maravilhosas que estão em cima de nós fossem só… Decoração?” eu baixo minha guarda.

“ Isso seria… Depressivo” ele se levantou, e fez sinal para eu me levantar e pegou minha mão.

“Isso é fé, você tem fé nas estrelas minha querida.” Eu abracei aquele velho maluco

“Não me deixe, por favor.” eu me recompus. “vou roubar comida pra nós, não morra até eu voltar.” Ele sorriu.

Eu saí do nosso beco escondido e fui no quiosque. Tinha hambúrgueres de todos os tamanhos. A mulher que sempre sorri para mim me convida para entrar no quiosque, e me abraça, quando ela me abraça ela coloca um hambúrguer no meu bolso. Essa cidade não é tão ruim afinal, Nova Iorque  sonhos são realizados aqui, assim como famílias são destruídas. Eu estava caminhando, vagando em meus pensamentos quando uma mão encostou meu ombro, e eu virei rapidamente. Era um garoto, branco, de roupas normais,  ele parecia irritado. Eu dei uma cara de confusa e mexi no meu cabelo castanho claro, para demonstrar.

“Eu vi que você roubou o Hambúrguer, me devolve.”

“Eu não sei do que tá falando, a mulher que me deu.”

“ela vai ter problemas por causa disso.” eu o empurro

“Não é da sua conta” e corro, de volta para o beco, quando chego lá aquele velho maldito, está derrubado com uma faca em seu coração. Eu me ajoelho e choro, até não poder mais chorar.