Era quinta-feira, noite de quinta dançante. Desde que esse bar abriu na principal avenida, eu e meus amigos íamos toda quinta-feira, dançar, beber e cantar um pouco no karaokê. Três quintas-feiras depois, descobrimos que o dono havia mudado as quintas de karaokê para as “quintas dançantes”, que era nada mais nada menos do que o dia que íamos todos ao bar, e ficávamos tão bêbados que dançávamos todas as musicas ridículas que tocava e nem nos importávamos se teria aula pela manhã, o que, certamente era um erro, já que no dia seguinte era o que chamávamos de “sexta da ressaca”.
Eu batucava os dedos no volante do carro já impaciente, mais cinco minutos e Esposito já estaria ligando para o meu celular, me xingando de todos os nomes que ele conhece por estar pelo menos meia hora atrasado.
Desci do carro, e corri para abrir a porta do passageiro, ela estava linda, ela era muito bonita, os cabelos cor de ouro sendo bagunçados pelo vento, o batom num tom escuro de vermelho destacando seu sorriso nada inocente, e aqueles olhos que me faziam esquecer até nossos nomes, não que eu lembrasse o nome dela, mas acho que ela não parecia se importar muito.
—E então, preparada para fazer seus pés doerem de tanto dançar?- Dou um sorriso enquanto giro a chave do carro.
—Acredito que eu tenha vindo com os sapatos certos.- Disse com um sorriso sapeca enquanto dava uma leve balançada nas suas pernas descobertas.
Devolvo o sorriso e quando me preparo para falar alguma coisa sobre o vestido dela, meu celular toca. Esposito me atrapalhando até inconscientemente.
O lugar estava cheio, como sempre. Era impressionante como os universitários de hoje em dia saiam para beber em dia de semana, não que eu fosse um exemplo de bom aluno, mas, nada que dois comprimidos de aspirina e um café forte não resolvessem pra mim.
Eu procurava aqueles dois gêmeos estranhos na multidão, eles não eram gêmeos de verdade, até porque Javi era latino e Kevin irlandês, mas eram como irmãos, faziam tudo juntos, e tinham uma conexão estranha que, admito, me deixavam com um pouquinho de inveja as vezes.
Ryan acenou pra mim enquanto Espo pedia uns drinks no bar. A garota (que era muito simpática, porém que eu continuava sem saber o nome, e no momento não tinha condições de perguntar) e eu andamos até o bar cumprimentando os gêmeos.
—E ai Rodgers, achei que ia nos deixar na mão- Gritou o latino me alcançando um whisky e um drink colorido para a loira ao meu lado.
—Eu nunca deixo meus irmão favoritos na mão, vocês sabem.- Disse dando um gole no whisky.
—E você sabe que não somos seus irmãos de verdade, e você é filho único.- Ryan disse abrindo sua cerveja.
—Cara, não seja estraga prazeres- Esposito deu um leve empurrão no loiro.
Dei mais um gole na minha bebida e lembrei da mulher parada bebericando aquele liquido rosa no copo de vidro.
—Caras, essa daqui é uma amiga minha, vocês acreditam que ela nunca veio na quinta dançante?- Pedi uma nova dose de whisky e sentei em um dos banquinhos na frente do balcão.
E foi quando eu á vi. Deus, ela era impecavelmente linda, mais linda que qualquer uma que já passou naquele bar, e eu tinha certeza que ela nunca havia pisado ali, porque, com certeza eu lembraria do rosto dela.
Naquele minuto eu não via mais nada além do corpo dela se movendo delicadamente para perto das mesas e de como era lindo o jeito que a musica parecia acompanhar seus movimentos.
Alguém deu um soco em meu ombro e eu olhei rápido para minha esquerda.
—Você tá bem, cara? Andou fumando?
—Eu tô bem, Espo. E minha mãe me mataria se eu botasse um cigarro na minha boca.
—Tem certeza? Ryan tá roubando sua garota, e você tá ai, olhando pro nada.- ele apontou discretamente a loira rindo enquanto Ryan falava alguma coisa no ouvido dela.
—Ela não é minha garota, eu nem sei o nome dela.
—Você que vacilou- deu de ombros- ela não é de se jogar fora, você sabe, aquela cara de bom moço do Kevin não me engana.- Esposito disse levantando as sobrancelhas com um sorriso malicioso no rosto que, automaticamente me fez soltar uma gargalhada alta.
E então ela olhou pra mim, e eu olhei pra ela, no fundo daqueles olhos amendoados, e notei que ela estava acompanhada.