Canção do Ceifador escrita por Mylanessa
Notas iniciais do capítulo
Essa poesia, na verdade, eu escrevi para uma outra história minha. A intenção era para ser uma canção de folclore popular. Não tem nenhuma preocupação com formas do tipo métrica, classe de rimas, estrutura, etc, então, não esperem esse tipo de adequação. As estrofes e versos são irregulares, tem rimas internas e externas, mas nada além disso.
De todo jeito, como nunca postei nada nessa categoria, resolvi estrear. Estava fazendo um limpa em alguns arquivos e a encontrei perdida ali nas pastas. ♥
Só falta terminar a história de onde ela pertence, mas, né, quanto a isso, deixa eu sair de fininho... E ah, não vou especificar qual história é, porque essa poesia/canção contém spoilers em níveis astronômicos AUAHAUHA. Mas enquanto eu não dizer de qual é, não tem como descobrirem :D
Para além desta vida eu sigo
Pelos jardins e campos fenecidos
Pela vereda clandestina, de tempo cinza e terra agreste
Sigo o rastro das papoulas e a fileira de ciprestes
Marcho avante na alameda infalível, tão temida quanto invencível
Olhos baixos, peito erguido, minha coroa é a honra dos vencidos
Para trás de mim eu deixo, os raios de sol ardente e as estrelas do Leste
Tudo é silêncio à minha frente, tudo sucumbe à vigília do Oeste
Sozinho estou, sem socorro de amigo, mas conformado na minha viagem eu sigo
Pois já nem mais passado ou presente podem me emprestar abrigo
“Não atrasa, já é hora”, avisa ao longe o Ceifador, “Não hesita, não demora”
A Noite, paciente, a mão honesta então me estende
Sem guardar nenhum segredo, diz, “Criança, não tenha medo, nada mais aqui te prende”
Fecho os olhos, tolerante, para trás eu deixo a minha peleja de errante
Em paz, agora, os meus pés avançam, sonolentos, para o abraço da mortalha
No amparo daquele que no fim me espera, beijo-lhe o gelado fio da navalha
Enfim, em meu leito de areia e pedra, de bom grado, os meus restos a Ele entrego
E sob as águas escuras, da primavera ao cair do inverno, que meu sono ali seja eterno
Antes de partir, no entanto, tenha certeza:
Seis sementes é o preço da gentileza
Três sementes para a deusa, Dama do reino inferior
Três sementes em ode ao Ceifador
Assim, sob as águas escuras, o meu destino é selado
Sob as águas escuras, jaz o meu espírito, para sempre a Ele atado
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*As seis sementes é uma referência à romã da história da Perséfone. Sim, na história da qual a poesia/canção faz parte, esse lance das sementes é algo relevante.