Uma semana depois que a Angie chegou ao acampamento, tudo parecia estar bem. Nico disse pra mim deixar Angie fazer outros amigos e que era pra mim voltar a dar mais atenção a Annabeth e assim eu fiz. Tentei não abandonar nem Annabeth nem Angie.

Mas Annabeth não ajudava em nada. Só aquela semana ela já tinha me perguntado umas quinze vezes de qual das duas eu gostava mais, mas não parecia o suficiente para ela.

Angie era uma ótima espadachim e eu me surpreendi com a capacidade de aprendizagem dela. E eu, em uma cega tentativa de aproximar as duas, pedi a Annabeth para duelar com Angie. Annabeth sempre fora gentil com os novos campistas, mas ela não perdoou Angie. Tentou desarmá-la no começo, mas depois começou a pegar pesado com golpes em várias direções, bateu no rosto de Angie com o escudo e usou mais alguns golpes poderosos que ela só usava quando tentava me matar. Mas Angie se saiu melhor do que Annabeth ou qualquer um na arena esperava. Ela defendeu a maioria dos golpes de Annabeth e deixou minha quase namorada com várias escoriações pelo corpo. Mas Angie estava bem pior devido aos golpes inesperados e pesados da espada de Annabeth.

Eu tentei mandar as duas pra enfermaria, mas elas se negaram fervorosamente a ir e ambas foram para seus chalés cuidar dos ferimentos sozinhas.

Poucos minutos depois eu fui ao chalé de Atena, vazio a não ser por Annabeth, e como dois campistas de chalés diferentes não podiam ficar isolados dentro de um chalé, eu chamei Nico pra ir comigo.

-Annabeth, você está bem? – Eu perguntei me sentando ao lado dela na cama.

-Estou ótima! – Ela respondeu passando algodão molhado no corte mais profundo em seu braço.

Eu peguei o algodão da mão dela e comecei a fazer o serviço.

-Porque você tentou matar a Angie? – Nico fez a pergunta que eu estava com medo de fazer.

-Porque eu não gosto dela. – Ela respondeu secamente.

- O que ela te fez?

- E você ainda pergunta o porquê Percy?! – Ela disse indignada.

- Eu não sei o que você tem contra ela, Annabeth. Sinceramente.

-Ela está tentando roubar você de mim! – Annabeth gritou olhando pra mim como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Licença – disse Nico e saiu de fininho

-Porque você tá dizendo isso, Annabeth? – Eu perguntei passando a mão por seu rosto e colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

-Porque ela está, oras! Toda vez que nós estamos sozinhos ela te chama, você não fica mais comigo durante as atividades. E porque você a leva pra praia quase todo dia? E eu já vi você abraçado com ela do jeito que nós ficávamos Percy! – Annabeth cuspiu as palavras pra mim e no final, estava com os olhos cheios de lágrimas.

-Annabeth, não é nada disso, calma! – Eu disse estendendo os braços e a puxando pra um abraço, ela não resistiu.

-Vai ver como a Angie está. – Annabeth disse depois de uns minutos – E peça desculpas por mim, por favor.

Eu assenti, dei um beijo na testa dela e saí.

Assim que cheguei à porta do chalé de Angie eu conseguia ouvir uma música, estava baixa então eu não reconheci. Bati na porta e ela gritou “entra”.

- Angie?

-Oi Percy. Entra. – Ela disse sorrindo.

Incrível. Mesmo com todos aqueles ferimentos ela ainda conseguia ser simpática.

- Como você está? – Eu perguntei sentando ao lado dela na cama.

-hum .. dolorida, mas vou sobreviver. – Ela respondeu. Ela não estava tratando os ferimentos como Annabeth estava. Ela apenas passava um pano úmido para tirar o sangue que escorria.

- hum, Annabeth te pediu desculpas.

- Tá tudo bem. Mas só me explica porque ela tentou me matar, por favor? - Angie pediu me encarando agora.

- Ela tem ciúmes de você comigo. – Eu respondi em um tom mais baixo.

Angie me olhou incrédula e desligou o pequeno rádio.

- Ela está achando que eu quero roubar o namorado dela?

-Ela não é minha namorada. – Eu disse

-ah, achei que era. Então, ela acha que eu quero roubar o amigo dela?

-Quase isso. – Eu disse. Não tentaria fazer Angie entender minha relação com Annabeth uma vez que eu mesmo não entendia.

-Percy, eu gosto muito de você, mas fala pra Annabeth que eu já conheço a história de vocês e jamais teria cara de pau o suficiente pra tentar mudar alguma coisa entre vocês.

-Eu sei. E ela também sabe.

-É melhor você sair. Dois semideuses de ..

- de chalés diferentes não podem ficar trancados em um, eu sei – eu completei a frase dela com um sorriso. – cuida desse corte na perna, ele está me preocupando.

- Pode deixar. – Ela respondeu sorrindo.

Ela se levantou junto comigo da cama e me puxou pra um abraço. Juro, meu primeiro abraço com a Angie. Ela me apertou um pouco e nós nos balançamos de leve pros lados.

- Te adoro, Percy. – Ela sussurrou no meu ouvido

- Eu também, Angie. – Eu respondi.

E foi desse jeito, meio abobado que eu saí do chalé dela.