Passam-se alguns dias. Agora eles tem 4 músicas autorais, incluindo Countess Widow. Eles ensaiam diversas vezes antes de se apresentarem novamente. Durante este período Sophia evita qualquer interação com André, este ainda olha pra ela mas é reprimido pelo olhar de Alexandre. Alexandre e Urias cada vez mais quebram o gelo, e aos poucos voltam a se falar. E a relação do resto do grupo é amistosa.

            Na quarta-feira marcada, todos chegam ao bar próximo as 22 horas. Desta vez entram pela porta da frente, e percebem que há bem mais gente que na ultima vez. Pelo menos 100 pessoas se espremiam no recinto. Ao passarem pelas pessoas, Urias mostra empolgação e até acena pro público. Todos sabem que são da banda já que estão transportando os equipamentos. Sophia não está se sentindo à vontade, o número grande de pessoas a deixa com borboletas no estômago. Mais uma vez se reúnem todos no depósito de bebidas. E então começam a conversar.

−Pessoal, dessa vez é diferente. Tem pessoas que vieram aqui só pra ver agente. Algumas pessoas estavam aqui da ultima vez e aplaudiram só de ver agente aqui. Então temos que fazer um show melhor que a ultima vez. Vamos fazer nosso melhor. –Disse André tentando convencer a todos, principalmente a garota, de que estava confiante.

−Isso aí cara, vamos deixar esses filhos da puta viciados em nosso som! –Afirmou Urias, como sempre empolgado.

−Pessoal. –Disse Sophia, e todos passaram a prestar atenção nela. –Eu não estou bem. Não tenho certeza se vou conseguir, não sei tocar há muito tempo e...

−Já sei. Agente podia pedir um pouco de bebida a Seu Luiz. Ajuda a se soltar. –Disse Raul, enquanto acendia um cigarro.

−Cara, melhor não. Esse não é o caminho. –Protestou, André.

−É uma ótima ideia. –Retrucou Alexandre, com um sorriso irônico.

            Sophia se mostra passiva quanto as decisões, então Raul vai até ela com uma garrafa de Wisky na mão, bebe um gole e entrega a ela. Em seguida sugere que todos devem beber. Com exceção de André todos passam a garrafa de mão em mão. Em pouco tempo, Jeronimo, que tem alta tolerância ao álcool, pode perceber a mudança da menina. Ele diz que é o suficiente e apressa os outros para subir no palco. Enquanto eles montam o equipamento, Raul pega o microfone, e começa a apresentar a banda.

−BOA NOITE... WISKY POR FAVOR!! Nós somos Countess Widow. É a segunda vez em que tocaremos aqui e hoje temos 3 músicas novas pra mostrar a vocês, além dos clássicos que todos conhecemos. Eu sou Raul. Na Bateria, Alexandre. No baixo, André. Os guitarristas são, Jeronimo e Urias. –O público riu com o nome do garoto. –A nossa tecladista, é Sophia.

            Raul acende mais um cigarro, dá uma tragada e começa o show. Ele está vestindo uma camisa do Guns ‘n roses, e é com “November rain” que começam o show. A parte de piano na música deixa Sophia em evidencia, e o público aplaude bastante, e isso a deixa mais calma. 30 minutos após o início a empolgação tomou conta de todos no palco. Sophia algumas vezes pegava uma garrafa no chão, perto do teclado e dava uns goles. Numa dessas vezes derramou uma garrafa inteira de cerveja sobre seu busto, oque levou todos os homens ali a gritarem seu nome. Raul, estava vivendo naquela noite oque sempre sonhou, ser o centro das atenções. Sua voz era semelhante a do Marc Hudson, e quando ele gritava todos o acompanhavam. Urias estava equipado do seu soco-inglês, e entre uma faixa e outra dava alguns socos no ar, enquanto ouvia a platéia gritar extremamente alto seu nome.

            André estava sendo uma figura à parte. Ele fez questão de interagir com todos os membros, e assim como Raul, tirou sua camisa oque o fez sentir-se livre. Diversas vezes ele correu de um lado pra outro do palco, que não era muito grande, e nem longe do público. Jeronimo bangeava como se estivesse furioso, sua camisa do Amon Amarth não permitia a ele negar sua origem musical. Depois de tocarem músicas do Guns, Black sabbath e Led Zeppelin eles passaram pra as autorais, e essas músicas que mais empolgaram o público. Todas as 3 eram tocadas em ritmo de power metal. A música que feixou o show foi a obra de Raul, “Mensageiro de Titãs”. Sim, eles cumpriram o pacto que fizeram antes do show. Deixaram toda a energia no palco. No final, o sexteto se reuniu na beira do palco, deram as mãos e curvaram-se para agradecer o público, que não parava de gritar.

            Depois que todos foram embora, Seu Luiz veio foi até os garotos que estavam descansando em sua sala. O homem abriu a porta e viu a seguinte cena. Sophia vomitando num balde, Alexandre segurando o cabelo da garota, Raul sentado, ainda sem camisa, esparramado no sofá marrom de couro, sorrindo enquanto digitava no celular. Urias dormindo de boa aberta e roncando, no mesmo sofá, com os pés no colo do amigo. Jeronimo estava sentado numa mesa com André, os dois bebiam enquanto jogavam truco. O velho abre a porta com o sorriso de sempre.

−Pessoal. Vocês foram demais, eu sou fã do Zeppelin, vocês mandarem bem tocando “Kashmir”, minha preferida.

−Valeu, cara! Quanto você arrecadou? –Perguntou André.

−Pouco mais de 3000, cobrei 30 de entrada, mais oque eles consumiram. –Respondeu Luiz.

−3000? Cara, acho que nossa parte devia ser um pouco mais gorda né?

−Bom, o acordo foi esse jovem. Isso aqui ficou mais lotado do que eu imaginava. Superou minhas expectativas. Mas vocês deveriam me agradecer. Tenho uma surpresa pra vocês. Acorda o rapaz por favor. –Raul acorda Urias, ele reclama alguma coisa antes de se levantar. Alexandre senta no sofá com os caras e Sophia se acomoda em seu colo. Em seguida Seu Luiz continua. –Conheçam Nicolau.

            Neste momento um Homem Alto, de cabelo preto, usando um coque, entra na sala. Ele abre um sorriso de orelha a orelha e em seguida fala:

−Garotada, hoje é seu dia de sorte! Eu sou radialista e quero dar uma chance pra vocês. Amanhã vou levar todos vocês pra gravar num estúdio. E a música de vocês vai ser transmitida na minha estação de rádio.