Aurora

Aurora não podia acreditar no que estava acontecendo ali. Havia evos por todas as partes e infelizmente os rebeldes acabaram sucumbindo à sua atual inteligência. Por sorte, ninguém notou a presença de Aurora ali, então ela começou a correr por entre as árvores em direção a fogueira, onde os rebeldes estavam sendo mantidos ajoelhados. Chegando lá, ela escalou a maior árvore que encontrou e ficou observando o que estava acontecendo. Apesar de estar sendo difícil para ela ver tudo aquilo, ela continuava observando a procura de como salvar seus amigos.

Lá embaixo a fogueira estava acesa e seu fogo mais forte do que nunca. Os rebeldes estavam cercados por evos, o que não deixava escolha para eles, senão obedecer e ficar ajoelhados. Sipher foi o último a ser trazido pelos infectados e ele parecia desmaiado, ou até mesmo morto. Esse foi levado até bem perto do fogo e mantido em pé lá pelos evos que o carregavam.

—Pensei que vocês fossem mais forte.– Disse uma figura encapuzada que saiu da tenda de Sipher.

Só de ouvi-lo falar, Aurora sentiu o poder em sua voz, que era rouca e grossa. Não importa quem fosse essa pessoa, a garota sabia que não tinha a menor das chances de salvar seus amigos enquanto ela estivesse presente ali. A figura misteriosa usava vestes negras, um capuz que acabava escondendo seu rosto e carregava uma espada embainhada na cintura.

—Bom, acho que vocês já sabem que eu sou, não é mesmo?– Perguntou a pessoa que agora estava parada em frente aos rebeldes. –Meu nome é Ioler!– Gritou para que todos escutassem.

IOLER? Pensou Aurora NÃO PODER SER ELE...

—E para provar, eu fiz questão de trazer a Ignite.– Ele desembainhou a espada e elevou ela, mostrando-a para todos.

A espada fez com que os evos sibilassem e se afastassem, curvando-se a ela logo em seguida. Alguns dos rebeldes estavam boquiabertos e mesmo a distância, Aurora sentiu a aura assassina e controladora da espada. Em sua lâmina, estava escrito “Ignite” e no seu cabo, havia um tipo de diamante verde brilhante.

—Creio que todos já ouviram a profecia, certo? – Perguntou Ioler, mas ninguém respondeu. –Bom, vou lembra-la a vocês.

Um dia o polaryne mais forte em outra vida voltará
Lutas e trevas o perseguirá
A antiga espada retomará
Do ladrão a vida ceifará
Luz e escuridão despertará
O fim da humanidade perto ficará

Fez-se um silêncio mortal após ele citar a profecia. Aurora não havia ouvido a profecia assim. Na verdade, essa profecia não tinha nada a ver com a que Sipher passou para os rebeldes. Teria Sipher mentido? Ele dissera que Ioler voltaria com a Ignite e lideraria os rebeldes contra as zonas e contra os evos.

—Mentira! Essa não é a profecia!– Gritou um dos rebeldes.

O mesmo rebelde que havia gritado levantou-se e tentou usar sua habilidade contra Ioler, mas ele não conseguiu. O homem por baixo do capuz começou a ri e deu uma ordem silenciosa para os evos atacassem aquele homem. Foi tudo muito rápido, uma hora ele estava lá e então um evo, rápido até demais, levou-o para fora do círculo e o devorou.

Aurora queria muito ataca-lo, mas isso seria suicídio e ela não estava disposta a correr o risco. Sipher agora estava se mexendo, oque era um bom sinal, porém ainda estava arriscado de ser queimado vivo pelos evos.

—Olhem só, o fracote acordou!– Zombou Ioler. –Quem sabe agora ele revele para vocês que ele mentiu sobre a profecia contada.

—E-eu... – Ele engoliu em seco e fechou os olhos. –Eu não menti sobre a profecia!

—Mais uma mentira?! Nossa, ótimo líder vocês possuem.– Disse ironicamente. –Podem matar.

Os evos já estavam quase jogando Sipher no fogo, quando ele resolveu falar.

—Tá! Eu assumo...– Ele parou de falar e abaixou a cabeça. –Eu menti para vocês, eis a profecia verdadeira: Um dia o polaryne...– Ele foi interrompido por Ioler.

—Eu já falei a profecia verdadeira. É uma pena que você estava dormindo na hora.–

Ioler deu alguns passos na direção de Sipher, colocou a ponta da Ignite em seu pescoço e riu por debaixo do capuz.

—Venha até aqui garotinha, ou eu o matarei. – Aurora não sabia se aquilo fora com ela, então nem se moveu. Apenas continuou observando. –Sim, eu estou falando com você, garotinha da árvore! Venha até aqui agora!

Aurora desceu de onde estava e foi caminhando lentamente na direção do homem encapuzado. Ele agora olhava para ela e tudo que ela conseguia ver em seu rosto, era seus olhos azuis brilhando em meio a escuridão.

—Agora ajoelhe-se.– Aurora estava simplesmente perplexa com aquilo tudo. Como ele sabia que ela estava ali? –Ajoelhe-se!– Gritou ele e ela assim o fez.

O medo estava dominando completamente Aurora. Ela sentia que aquele seria o seu fim e que se realmente fosse, ela só desejava que fosse rápido.

—Sabe, não gosto de ninguém me espionando. – Disse Ioler colocando a ponta da Ignite no pescoço dela.

—Só...– Aurora fez uma pequena pausa e continuou. –...seja rápido.

—Você acha que eu vou lhe matar? – Ele gargalhou. –Não, alguém vai pagar no seu lugar. –Ao terminar de falar, ele desferiu um golpe com a Ignite contra o pescoço de Sipher, fazendo com que seu corpo caísse imóvel no chão, enquanto sua cabeça rolou afastando-se do mesmo.

Aurora não conseguiu acreditar no que tinha acabado de acontecer. Ela deixou-se levar pela raiva e antes que o homem virasse de volta para ela, Aurora mordeu sua perna na esperança de ativar seus poderes com um pouco de sangue... não aconteceu. Tudo que ela conseguiu com aquilo foi levar um chute na cara.

—Apesar do que você fez, eu não irei lhe matar... – Sua voz soava irritada. –Você e todos esses outros rebeldes irão trabalhar para mim e somente para mim. Se algum de vocês me desobedecerem... – Ele limpou a Ignite na roupa do rebelde mais próximo e continuou. –...bom, vocês já sabem o que acontecem.

Ele embainhou a espada novamente, virou-se e andou na direção da tenda. Antes de adentrar a mesma ele parou, olhou para trás sobre o ombro e sorriu.

—Amanhã nós partiremos e acho melhor nenhum de vocês tentarem nada essa noite.