Um ano para amar escrita por UchihaTenshi


Capítulo 1
Oneshot - Um ano para amar.




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O símbolo Uchiha era ostentado na parede atrás da cadeira que ocupava, um trono de pedra que parecia frio como seu ser. O moreno respirou fundo.

— Isso é ridículo. – Kisame falou enquanto ajeitava sua espada atrás do corpo.

— Não se meta nisso. – Itachi falou simplesmente, os olhos fechados enquanto a mão estava apoiada em sua testa, os cabelos longos caiam pela face.

— Aquele pirralho só tem marra e você sabe disso melhor do que ninguém. Ele vêm aí bancar o machão e não passa de um moleque. – Kisame falava entre dentes.

Itachi soltou o ar e juntou lentamente o cabelo o amarrando tradicionalmente em um rabo de cavalo baixo.

— Faça o que te pedi. – O Uchiha falou e Kisame virou as costas. – Isso é um assunto que tenho que resolver.

— Sabe que logo serei eu. – Kisame falou normalmente. – Não há como ficar de olho na Hyuuga por muito tempo. – Bufou. – Além disso, não sou babá e se realmente a quisesse protegida como diz trataria de ficar vivo e cuidar dela pessoalmente.

Itachi sentiu a familiar dor o invadir ao escutar o sobrenome que o assombrava. Não havia como protegê-la, sabia que havia perdido esse direito a muito tempo atrás.

Itachi havia ido a aldeia da folha com o único intuito de mostrar a Danzou que ainda estava vivo e pronto para matá-lo caso encostasse em Sasuke, a pequena discussão com Kurenai e Kakashi o havia deixado mais cansado do que o normal. Ele estava doente, tanto ele quanto Kisame sabiam que o Uchiha estava sendo afetado pelo uso de seus poderes oculares, o sharingan cobrava um preço alto a seu usuário. Seu parceiro na Akatsuki partiu para finalizar um contrato, matar um senhor de terras perto da aldeia da chuva, Pain havia designado os dois, mas Itachi preferiu ficar um pouco mais nos arredores da vila que um dia chamara de lar.

Caminhava pelo campo que cercava Konoha, uma plantação de trigo que possivelmente passaria da época de colheita, usava apenas uma calça negra e um camisa cinza lisa, não havia nada de seu clã, mas ainda era um Uchiha. Ao longe um pequeno corpo estava em meio a plantação de trigo e ele de imediato achou se tratar de um cadáver aproximou-se e reparou nos detalhes. Cabelos longos e negros em um tom azulado esparramavam-se pelo chão, os seios fartos subiam e desciam de acordo com a respiração da morena. Ela parecia dormir e Itachi olhou ao redor procurando alguém que pudesse estar acompanhando-a, sequer um chakra foi sentido e o moreno tratou de observa-la.

O semblante era calmo, a pele clara e pálida, a boca entreaberta. Itachi sorriu minimamente, aquela era o tipo de mulher que emanava inocência, que possivelmente levava os homens a loucura na vila. Várias vezes ficava a espreita na vila para ver Sasuke ou mesmo Naruto, mas de menina só conhecia o fã clube do irmão mais novo e mesmo com a aparência jovial, aquela que dormia não parecia com nenhuma que ele já vira atrás de Sasuke. Ela suspirou e logo os olhos se abriram revelando orbes tão claras que os olhos pareciam duas perolas ornamentadas por longos cílios, ela sentou-se e logo encarou o homem com os olhos arregalados.

— Não estou aqui para lhe fazer mal. – A voz rouca de Itachi preencheu o silêncio de maneira aconchegante e a morena apenas assentiu. – Se importa? – Ele falou direcionando o olhar para o lado da menina que sorriu minimamente.

O silêncio entre os dois era absoluto, Itachi a observava pelo canto dos olhos, a bochecha estava ralada, os braços tinham alguns cortes.

— Se machucou em missão? – Queria ouvir a voz dela.

— Lie. – Ela falou baixo e melodiosa e ele achou que a voz combinava perfeitamente com ela. – Estava treinando.

— Qual é o seu nome?

— Hinata. – Ela falou e fechou os olhos sentindo o vento lhe balançar os cabelos.

— Não vai perguntar o meu?

— Uchiha Itachi. – Ela falou e o olhou. A sensação de ser analisado por aqueles olhos o deixavam inquieto.

— Não tem medo? – Ele perguntou, a voz era sempre firme, o semblante sereno. Hinata sabia quem ele era no momento em que o encarou.

— Se quisesse me matar não adiantaria fugir, além do mais. – Ela respirou fundo. – Não tenho chakra pra lutar.

— Você é uma Hyuuga. – Ele afirmou e ela sorriu abertamente como se acabasse de ouvir uma piada, o sorriso conseguia ser melhor do que a voz. Quem era ela?

— Para desgosto do clã. – Ela falou simplesmente e Itachi entendeu, os grandes clãs e seu egoísmo e ego gigantes.

Ficaram em silêncio enquanto o céu mudava de cor, tons azuis misturavam-se com o amarelo tornando o horizonte uma aquarela enquanto o sol se punha, qualquer um que passasse por ali não os veria a menos que viessem do penhasco a frente da plantação, algo inimaginável já que era uma altura grande. Ficaram sentados olhando para o horizonte, as sombras das árvores começavam a aparecer e logo estaria escuro. A morena levantou-se em silêncio e caminhou devagar saindo do campo de trigo, Itachi a acompanhou com os olhos, não chamou-a, não levantou-se para ir atrás, apenas a viu indo embora.

Quando a escuridão já tomava conta do lugar o moreno levantou-se e foi até um casebre antigo que ficava em uma parte mais densa da floresta, a menos que se saiba que ele existe ali, dificilmente o acharia. Itachi entrou no casebre que era bem organizado já que o moreno o usava quando precisava certificar-se de algo relacionado ao irmão mais novo. Preparou um chá de especiarias e sentou-se em uma cadeira de madeira que ficava na pequena parte de madeira ao lado de fora. Deveria ir embora e encontrar-se com Kisame.

Um dia a mais, talvez a Hyuuga gostasse dos campos de trigo.

O dia passou devagar e o Uchiha logo estava no mesmo lugar onde encontrara a menina no dia anterior, dessa vez era ele deitado com os olhos fechados. A claridade estava incomodando os olhos que vez ou outra doíam. Itachi sentiu quando alguém deitou-se ao seu lado, não precisou abrir os olhos pra saber que era ela, o cheiro doce chegou antes mesmo de seus passos serem escutados.

— Porquê está aqui? – A voz era grossa, mas havia gentileza e Hinata o achou tão diferente do irmão mais novo.

— Eu... eu. – Ela respirou fundo. – Eu não sei. Você não me matou ontem. Talvez não mate hoje.

Ele sorriu.

— Está se arriscando.

— Por... porquê você está aqui? – Ela perguntou doce e gentil e Itachi virou-se encarando-a, duas luas direcionadas para si.

A vida que levava não o permitira romances, não o permitira se apaixonar ou mesmo se iludir que constituiria família. Era um renegado, um criminoso e era caçado por todas as nações shinobis, porque os olhos dela pareciam fazer com que isso não importasse?

— Aqui me acalma. – Ele respondeu sem completar que era por ela.

— Sabe. – Ela falou chamando a atenção do Uchiha que a olhava – Acho que toda a sua historia, deve ter algo mais.

Itachi se surpreendeu pelo modo com que ela falava, era claro sua timidez, ela batia os dedos um contra o outro desviando o olhar do dele.

— Porque acha isso?

— Você não parece o tipo de pessoa que assassinaria toda a família. – Ela disse olhando para o céu. – Acontecem muito mais coisas entre as paredes dos distritos do que as pessoas da vila acreditam.

Itachi assentiu e continuou olhando-a.

— Você hoje não está machucada. – Pontuou reparando nos traços suaves que a morena tinha.

— Foi uma reunião no clã. – Hinata fechou os olhos e Itachi teve vontade de lhe tocar a face. – Foi decidido que Hanabi será a líder do clã.

Itachi a encarava, não sabia quem era Hanabi.

— É minha irmã mais nova. – Hinata falou como se lesse as dúvidas do moreno. Ele sentou-se e sorriu.

— Posso te ajudar a treinar. – Falou com um sorriso casto que não mostrava os dentes, a Hyuuga ergueu o olhar para ele procurando algum sinal de que estivesse zombando de si, não haviam sido dias bons.

— Hai. – Ela falou levantando-se e o moreno ficou a sua frente observando os olhos perolados serem rodeados por veias sobressaltadas.

O primeiro mês passou rápido e o casal já apresentava sincronia nos treinos, o campo de trigo servia de descanso onde após treinarem muitas vezes na beira do penhasco, ambos descansavam.

Hinata caminhava apressada pelas ruas de Konoha, Naruto tentou falar consigo, mas ela estava atrasada, Itachi esperava por ela, mas seu otou-san havia chamado para uma conversa que demorou mais do que o esperado, parou de caminhar quando o trigo já quase seco tocou-lhe a pele exposta do braço, observou o moreno sentado em uma grande pedra, o cabelo caía pelo rosto sendo bagunçado pelo vento, ele a olhou e deu um sorriso em que seus olhos quase se fechavam e Hinata sorriu de volta caminhando para o rapaz que ela aprendera a amar em pouco tempo.

Itachi olhava inquieto para onde as árvores começavam. Havia três dias que a Hyuuga não aparecia. A presença atrás de si o fez respirar fundo.

— Kisame. – Falou com a voz rouca.

— Achei que estivesse morto. – O homem de cabelos azuis falou com a voz fria e cortante – Três meses sem dar sinal de vida, logo Pain virá atrás de você em pessoa. – mostrou os dentes pontiagudos em um sorriso – Isso é algo que eu gostaria de ver.

— Tenho assuntos a resolver. – Itachi falou sem virar-se. – Os cabelos negros já podiam ser vistos e como das ultimas vezes, ela trazia uma cesta que provavelmente estava carregadas de comidas feitas por ela mesma.

— Não acredito que o motivo de ter ficado seja uma menininha. – Kisame falou desdenhoso e sorriu.

Itachi ainda a olhava e ela estava parada com o semblante confuso, estaria com medo de Kisame? Ela não sabia que ele a defenderia de tudo?

— Isso não é problema seu. – Itachi virou-se para o homem alto e os olhos vermelhos o fizeram sorrir.

— Você está se colocando em um risco desnecessário. – O homem virou-se ajeitando a e espada nas costas e ela pareceu se mexer. – Logo virão atrás de você e se souberem dela, vão matá-la.

Itachi observou o homem afastar-se e logo a Hyuuga estava ao seu lado, as bochechas vermelhas.

— Gomen Ita-kun. – Falou doce e Itachi percebera como sentira falta de sua voz nos últimos dias. – Fui enviada em uma missão no país da chuva. Cheguei hoje de manhã. – Falou sorrindo e Itachi assentiu. Hinata não era curiosa, por mais que sentisse medo ou mesmo quisesse saber quem era o homem que antes falava com o Uchiha, escutaria se ele falasse, mas não perguntaria sobre.

— Senti sua falta. – Falou antes de perceber e a menina ficou vermelha e abaixou os olhos, a franja caindo sobre o rosto.

— E... eu também senti a sua. – Falou baixo e o moreno sorriu.

Não houve treino, sentaram-se em meio ao campo que agora tinha galhos secos, conversaram e riram. Conheciam-se pelos olhares, pelos sorrisos, ele sabia quando ela estava triste pelo modo que andava ou como estava feliz pela forma que falava. Itachi sabia de toda a história dos Hyuuga, do relacionamento de Hinata com os familiares e com a vila, Hinata percebia o modo carinhoso como Itachi falava de sua família e mesmo a dor que transparecia em seu olhar quando contava sobre as coisas de seu clã, ele não parecia o assassino cruel que todos falavam e Hinata confiava plenamente nele. Comeram os pratos que a Hyuuga havia trago, e ela mesma fez dangos para Itachi que havia dito que gostava.

A semana passou tranquila e a cada dia Itachi sentia-se mais a vontade com a perolada. Kisame aterrorizava algumas aldeias próximas e por mais que não fosse a favor, o Uchiha não interferia, tinha uma relação de amizade e se davam bem, Kisame não interferia nos assuntos de Itachi e ele se limitava a aconselhar.

Itachi abriu os olhos mas não conseguiu distinguir nenhuma forma na escuridão a sua frente, sentou-se na cama e respirou fundo, concentrou-se em escutar ao redor e o canto dos pássaros ao longe foi ouvido. Fechou os olhos e abriu-os novamente.

A luz contornava os objetos a sua frente, mas não conseguia ver mais que o contorno dos móveis. Suspirou frustrado. Uma crise ocular hoje não era bom. Os olhos do Uchiha estavam entrando em colapso, Itachi sabia que a tosse com sangue, as dores no corpo e os olhos eram um conjunto de desastre, não duraria muito.

Havia Hinata.

Desde que a conhecera passou a ficar na choupana sem reclamar, já se passava quase meio ano e eles continuavam a se ver, conversar, rir e ficar deitados olhando para o céu azul. O que ele tinha a oferecer para ela? Uma vida de fugitivo? Se saísse da akatsuki Pain mandaria alguém atrás de si? E Sasuke? Seu irmãozinho tolo. Continuaria o procurando atrás de uma vingança estúpida? Itachi não podia se dar ao luxo de se apaixonar. Sempre evitara qualquer relacionamento afetivo e nunca passava mais de uma semana no mesmo local. Suspirou. Será que realmente se arrependia de ter conversado com a morena de olhos perolados?

Poderia se arrepender de muitas escolhas em sua vida.

Mas não.

Nunca se arrependeria de ter se apaixonado por ela.

O sol já se punha quando sentiu uma presença se aproximar da casa. Ficou de pé com os olhos abertos, ainda era mais forte e habilidoso que a maioria dos ninjas das nações shinobis.

O perfume invadiu a cabana e Itachi relaxou.

— Como me encontrou?

— Você subestima o Byakugan. – Hinata respondeu se aproximando. – Fiquei preocupada. Você não apareceu.

A voz doce deixou Itachi desprevenido. Seria ele digno de redenção? Digno de poder viver ao lado dela?

Não. Ele não era.

Itachi olhava para o contorno que a luz fazia no corpo da morena, ela ainda era linda do mesmo jeito.

— O que foi com seus olhos? – Ela perguntou e ele sentiu os dedos macios lhe contornarem a face, fechou os olhos sentindo o calor emanar do pequeno corpo a sua frente. – O que você tem Ita-kun? Seu fluxo de chakra está bagunçado.

Ele segurou as mãos dela com cuidado e sorriu sem mostrar os dentes, uma característica dele que ela aprendera a amar.

— Eu estou bem Hina. – Falou serenamente e ela balançou a cabeça negativamente.

— Não minta pra mim. – Falou séria e Itachi fechou os olhos sentindo-os doloridos. – Sente-se.

O moreno obedeceu, não queria discutir, queria apenas que ela ficasse lá o suficiente para que ele guardasse todos os detalhes dela. Queria ama-la. Pela primeira vez em sua vida, ele queria ter feito escolhas diferentes. Os Hyuuga e os Uchihas eram os maiores clãs de Konoha, eles poderiam ter feito uma aliança para que Itachi ficasse com Hinata? Isso não importaria, ele teria feito de tudo por ela.

— Ti... tire a camisa. – Hinata falou gaguejando e ele soube que ela estava vermelha. Tirou a camisa negra e permaneceu sentado no pequeno banco de madeira.

As mãos pequenas percorreram a pele branca e Itachi sentiu o corpo relaxar, ela estava abrindo os pontos de chakra dele, os dedos finos pressionavam a pele com cuidado, deixavam um rastro suave por onde percorriam e Itachi ficou com os olhos fechados guardando cada sensação que a pequena lhe proporcionava.

Hinata rodeou o corpo definido de Itachi e parou a sua frente, o byakugan lhe permitia ver onde o chakra do moreno estava concentrado e onde precisava de cuidados, sabia que aquilo não era definitivo, mas o ajudaria e pelo modo como estava fora do fluxo normal, ele estava doente. Seriamente.

O chakra foi concentrado nas pontas dos dedos e Hinata agradeceu a Kami por ser uma especialidade de seu clã. Tocou os olhos com cuidado, parecia mais um carinho do que realmente uma intervenção. Mesmo após cuidar dos olhos do moreno os dedos insistiram em percorrer o rosto fino, os traços sérios.

Quando Itachi abriu os olhos a Hyuuga estava ainda com as mãos em seu rosto, os rostos próximos, os olhos perolados já não apresentavam o byakugan, mas demonstravam preocupação, cuidado, a boca rosada e entreaberta, tão convidativa.

Itachi a beijou.

Não se deu conta até sentir os lábios tocando-se, encaixavam-se perfeitamente, de inicio a morena pareceu não corresponder, mas logo as pequenas mãos estavam na nuca do Uchiha e os lábios correspondiam o beijo com calma e cuidado, havia desejo, mas era um beijo lento e explorador, as línguas tímidas se tocavam, degustavam do outro sem medo, a mão firme do Uchiha estava entre os fios dos cabelos longos de Hinata e o beijo era profundo. Afastaram-se algum tempo depois, se encaravam em silêncio e sorriram em uma sincronia perfeita.

Com o passar dos dias acostumaram a passar grande parte da tarde juntos. Itachi ensinou a pequena a pescar e os dias eram alegres o casal mesmo em silêncio parecia desfrutar da companhia um do outro. Hinata lia alguns livros que Itachi havia deixado ali a anos atrás, passara a ser cotidiano a presença dos dois.

Já se passava das seis da tarde e o céu escuro desabava sobre eles. A Hyuuga havia se encontrado com Itachi ainda de manhã no rio, pescaram juntos e ela preparou um maravilhoso peixe, enquanto almoçavam começou a chover, mas a chuva que parecia fina e passageira tornou-se uma tempestade e Hinata encolhia-se contra o peito de Itachi a cada trovão que ressoava pelo céu. Ele sorria acalentando a pequena em seus braços. 

— São só raios Hina. – Ele falava calmo enquanto os dedos deslizavam pelos longos cabelos azulados.

— Me...mesmo assim. – Ela falava para prender a respiração quando os clarões entravam pela janela. Conversavam baixo e tranquilos e quando as palavras acabavam, beijavam-se apaixonadamente transmitindo um amor calmo. O Uchiha os embrulhou com um cobertor quente enquanto a chuva batia com força nas paredes do lugar. A noite chegou densa e Hinata xingava-se mentalmente, não havia como voltar pra casa com aquele temporal, não apenas pela chuva em si, mas a vila estava sendo ameaçada por ninjas de todos os lados e mesmo Naruto parecia sempre alerta a pedido de Tsunade.

— Terá que dormir aqui. – Ele falou baixo olhando pela janela e o breu se apossava de cada centímetro fora dali, em cima da mesa um candelabro com quatro velas acessas destonava do restante do local simples.

— Pre... preciso de um banho. – Ela falou envergonhada e ele sorriu, abrindo o cobertor para dar passagem a pequena.

— Você sabe onde encontrar tudo. – Ele sorriu e ela assentiu envergonhada, levantando-se e dando um selinho no moreno que ficou encarando a janela. A Hyuuga levou consigo apenas uma vela e depois de algum tempo retornou para o cômodo que servia de sala e cozinha. Usava uma camiseta do moreno e um short de malha.

— Isso são roupas de uma dama Hyuuga? – Itachi falou divertido tentando tirar a própria atenção daqueles panos que a deixavam tão vulnerável e sexy ao mesmo tempo. Ela puxou a ponta da camisa como se quisesse que ela ficasse mais comprida.

— É a única roupa que achei. – Bufou. – Esse short parece de uma criança.

— E é. – Ele sorriu. – Venho aqui desde que entrei para ANBU – Ele desviou o olhar para as chamas em cima da pequena mesa, as lembranças ainda lhe eram complicadas. – Você vai encontrar minha máscara por aí junto ao uniforme. Em algum lugar.

Ele abriu um sorriso e ela foi para seu lado no sofá aninhando-se em seu peito, ele beijou o alto de sua cabeça e sorriu.

— Vamos comer algo. – Ele falou levantando-se e puxando-a consigo.

O jantar foi calmo e o barulho da chuva nas paredes transmitia tranquilidade. Quando terminaram de arrumar a pequena cozinha que consistia em uma mesa de madeira para duas pessoas e uma pia Hinata sentiu a ansiedade a invadir. Onde diabos haveria de dormir? Itachi caminhou até a morena e sorriu passando os dedos pelo rosto macio antes de lhe tomar os lábios em um beijo calmo, as mão puxavam a cintura da morena para si e ela retribuiu o beijo na mesma intensidade. Afastaram-se quando o ar faltou e Itachi sorriu ao lhe dar um breve beijo nos lábios.

— Durmo na sala e você fica com a cama. – Ele falou sorrindo e ela assentiu.

A chuva continuava e Itachi sorria pensando em sua pequena que dormia em sua cama. Nunca pensou que levaria alguém ali. Aquela cabana havia pertencido ao clã Uchiha quando Hashirama ainda era o Hokage, porém com o passar dos anos o clã negligenciou algumas de suas propriedades e o próprio Fugaku havia dito que ele poderia ficar com aquela propriedade.

Suspirou.

Um ano ao lado da Hyuuga o fizera esquecer mais de vinte de solidão e angústia. Um ano ao lado dela o fizera querer desistir de todos os planos que fizera para Sasuke, mas ele sabia que não poderia viver com a morena, não poderia casar-se com ela e frequentar a casa de sua família. Ele sabia que mesmo que pudesse, não o faria, porque estava morrendo.

— Ita-kun. – Ela apareceu na porta do quarto o encarando os olhos pareciam assustados. – Nã... não consigo dormir, pode deitar-se comigo?

Ele sorriu e sentiu o coração pesar. Queria poder deitar-se com ela todas as noites, esquenta-la no frio, beija-la de manhã. Levantou-se e foi até a morena a beijando em seguida. O susto inicial de Hinata deu lugar ao desejo de retribuir na mesma intensidade os sentimentos que o moreno lhe transmitia. As mãos logo foram ao pescoço de Itachi o puxando mais contra si, ele a conduziu sem soltar seus lábios até a cama no canto da parede.

Tirou as roupas da menina com cuidado, os dedos firmes e precisos, os beijos quentes e molhados, o rastro de calor que percorria cada pedaço do corpo branco e perfeito. Os corpos de encontro um ao outro, os gemidos e a respiração entrecortada e acelerada. Se amaram em uma noite de tempestade e a menina se fez mulher nos braços do Uchiha assassino. Itachi já estivera com outras mulheres na cama, mas aquela que ele tomava agora era a única que lhe tinha, a menina virgem que cravou as unhas em suas costas quando ele a penetrou o fazia sentir-se um menino despreparado e com tantos medos.

Quando chegaram ao ápice juntos ele deitou-se sentindo completo e ela aninhou-se em seu peito controlando a própria respiração. O pequeno casebre no meio da floresta fora palco da única noite em que Itachi se perdeu totalmente entregando seu corpo e alma a uma mulher, Hinata entregara seu coração puro e seu amor sincero.

Pertenciam um ao outro.

Itachi abriu os olhos e a encarou ressonando, ainda estavam nus e o sol já brilhava baixo por fora das janelas, o cobertor não escondia as curvas da morena ao seu lado, os cabelos negros espalhados pela cama, o peito subindo e descendo conforme ela respirava, saiu da cama com o máximo de cuidado e a morena apenas respirou fundo apertando mais o cobertor que a cobria. Itachi pegou uma calça larga e saiu para fora da casa a passos lentos, o frio não incomodou ao tocar na pele desnuda.

— Aquele fedelho está atrás de você. – Kisame falou com a voz normal enquanto comia um pedaço de algum animal muito mal assado pelo que Itachi constatou.

— Sasuke não demorará a me encontrar. – Itachi falou amarrando os fios negros.

— Ele vai matá-la. Você sabe. – Kisame falou puxando a carne com os dentes afiados. – Todos os que estão atrás de você a usarão para te machucar e mesmo depois que você morrer, ela servirá como vingança.

Itachi fechou os olhos. Ele sabia.

— O que andou fazendo? – Itachi falou querendo mudar de assunto. Não poderia tê-la para si, sabia disso.

— O quê? – Kisame riu – Nesse ano todo em que você resolveu brincar de casinha? Tive que matar alguns ninjas do som que estavam se aproximando daqui. – Ele riu em direção a Itachi. – Me agradeça depois.

Itachi assentiu e Kisame jogou o osso ainda com alguns pedaços de carne longe e ajeitou sua espada nas costas.

— Você têm dois dias se quiser seguir com seus planos. Se decidir ficar, estarei perto pra ajudar, mas logo terei de cumprir minha parte na Akatsuki. – Kisame falou e virou-se seguindo para longe da cabana, Itachi o seguiu com o olhar até que ele sumisse de vista.

A Hyuuga foi para casa antes do almoço e Itachi pegou-se pensando no que faria. Não era justo com ela se ficasse, ele morreria. Não era justo com ele abrir mão da única mulher que amou.

Fechou os olhos e começou a arrumar a cabana novamente, como sempre fazia antes de partir, havia sido a vez que ficara um maior período de tempo ali. Talvez não voltasse mais.

Hinata voltou ao entardecer, chegou a cabana e a encontrou escura, Itachi não acenderia as velas?

— Ita-kun? – Chamou baixo e o som de sua voz pareceu ecoar para dentro da cabana, pelos vidros não via nada lá dentro, apenas o contorno dos móveis que ela já conhecia. – Byakugan. – A Hyuuga olhou para os lados encontrando o chakra de Itachi um pouco distante, correu em sua direção.

O moreno estava de pé a frente o penhasco o encarando, o entardecer tornava aquele lugar perfeito.

— Ita-kun. – A voz doce fez o coração do moreno se apertar e ele virou-se para Hinata que sorria timidamente.

— Hinata, quero lhe dar algo. – Ele falou sorrindo e tirou do pescoço da manta negra que usava, o símbolo da Akatsuki estampado ao longo de todo o sobretudo, a menina apenas o olhava. Itachi tirou uma fina corrente onde uma chave estava presa. – Essa é a chave da cabana Hina. Sempre haverá pra onde ir – Ele falou enquanto colocava a fina corrente no pescoço da Hyuuga, que sorria abertamente.

— Porquê está me dando a chave Ita-kun? – Ela perguntou sorrindo, em seu coração aquilo era um convite para que ficassem juntos para sempre. Sabia que seria difícil por Itachi ser quem era: um Uchiha, assassino de todo o seu clã e um renegado, ela não se importava com isso, tornaria-se forte e lutaria ao lado dele se necessário.

— Hina – ele falou sentindo todo o seu corpo protestar e ela levou os dedos finos e macios ao rosto do Uchiha.

— O que aconteceu Ita-kun? – A voz gentil o deixava atônito, ele a beijou, tão calmo e envolvente que ela achou que desmaiaria nos braços fortes que a rodeavam, o beijo foi calmo, como todos que Itachi lhe dava, separaram-se pouco tempo depois e ele permaneceu com as testas encostadas, ela sorria tão linda que ele sentia como se uma adaga perfurasse fundo seu peito.

— Eu te amo Hinata. – Itachi falou olhando nos olhos perolados que tornaram-se marejados com a declaração.

— Eu também te...

A fala da menina fora cortada pelos olhos vermelhos do Uchiha, o sharingan formava um desenho perfeito e o deixava com o semblante sério, a menina encarava os olhos sem nenhuma reação. Ele precisava que ela soubesse que era amada, que ele a amava com tudo o que tinha, mas se escutasse que ela o amava também, perderia a coragem de deixa-la ali. De fazer o que tinha de ser feito, de sacrificar sua vontade para fazê-la feliz. Não era justo com ela.

Não era justo que ele a amasse tanto e fosse correspondido.

Hinata acordou em sua cama e esticou os braços espreguiçando-se, fez sua higiene matinal. Desceu para seu café e sentou-se a mesa onde Hanabi e seu otou-san já estavam.

— Onde estava ontem a tarde? – Hiashi falou severo e Hinata o encarou. Abriu e fechou a boca procurando como responder, mas não se lembrava de ter saído. Lembra-se de coisas vagas. Caminhar na vila. Treinar com... com Kiba e Shino.

— Com Kiba-kun e Shino-kun otou-san. – Respondeu ainda confusa, sentia a cabeça doer.

— Você mal fica no clã. – Hiashi falou sem a olhar. – Quero que passe o seu tempo livre treinando com Neji.

— Hai otou-san. – Hinata respondeu.

— O que é isso no seu pescoço? – Hiashi perguntou e Hinata tocou o fino cordão com a chave presa. Não sabia o que era.

— É... é apenas um colar. – Respondeu sentindo uma dor estranha na altura do peito.

Ao entardecer caminhou para fora do clã automaticamente e sorriu ao deparar-se com um campo coberto por trigos. A quanto tempo não vinha ali? Um ano? Sentou-se a beira do penhasco e retirou o colar olhando a chave entre os dedos. Os olhos foram tomados por lágrimas e parecia que seu corpo doía, mas ela não entendia o porquê de ter aquela reação. O choro tornou-se mais profundo, dolorido, parecia sair de dentro de seu ser, ela apertou a chave contra o peito enquanto as lágrimas desciam em cascatas.

— Eu não entendo... – Murmurava baixo. – Mas dói tanto.

Itachi a observava de longe, por várias vezes se viu dando um passo em direção a morena, a vontade de acalentá-la, de beija-la , virou-se caminhando na direção contrária de Konoha, as lágrimas desciam livres por seu rosto.

Itachi abriu os olhos deixando que as lembranças se dissipassem, não poderia demonstrar nada. A cadeira de pedra nunca pareceu tão grande e o cheiro de Hinata parecia ainda o seguir aonde quer que fosse.

— Itachi. – A voz rouca de Sasuke preencheu todo o lugar abandonado e Itachi ergueu o olhar para o irmão mais novo.

— Otouto. – Respondeu sabendo que a luta que travaria ali era o final de todo o plano que elaborou durante sua vida.

Antes de fechar os olhos, Itachi vislumbrou o céu, a luta com Sasuke acabou e como ele sabia que aconteceria, deu sua vida pelo irmão mais novo. Todo o caminho que percorrera acabava em meio aos escombros de um lugar abandonado, o irmão atônito saberia de toda a história, saberia que ele havia feito tudo pela vila. Itachi sorriu encarando o azul do céu e sabia que logo choveria e tudo o que ele pôde desejar era estar na velha cabana com Hinata entre seus braços. E fechando os olhos, chamou-a pela última vez.

Hinata caminhava por entre as árvore seguindo a cabeleira loira que sorria animadamente.

— Boruto vá com calma.  – A morena agora tinha os cabelos curtos e a pequena Himawari seguia a seu lado segurando as mãos da mãe.

— Vamos logo oka-san – O menino loiro corria se embrenhando em meio as árvores. – Tenho certeza que minha kunai veio parar aqui.

Hinata seguiu atrás de Boruto que parou retirando a Kunai da parede de uma cabana visivelmente antiga, a rama de uma planta subia pelas paredes dando um aspecto sombrio ao lugar. Hinata levou a mão a chave que pendia em seu pescoço pela fina corrente, Himawari apertou a pequena mão a de sua mãe.

— Essa coisa é meio estanha. – Boruto falou girando a kunai entre as mãos.

— Espere aqui com sua irmã. – Hinata falou e o meino veio para o lado da irmã, abaixaram-se começando a colher algumas flores em um canto a frente da casa.

Hinata usou seu byakugan para verificar se não havia nenhum perigo, assim que terminou sua varredura, olhou pela janela e viu alguns móveis antigos e empoeirados, sorriu minimamente. Ali parecia aconchegante. Forçou a porta que não abriu ou cedeu. Respirou fundo e tirou a chave de seu pescoço. Abriu a porta com cuidado e sentiu o coração acelerar ao entrar no lugar. A sala pequena com uma poltrona em frente a janela, caminhou até o quarto e uma cama feita e um pequeno guarda roupas estava no local. O abriu encontrando um cobertor bem dobrado, algumas roupas. Pegou a primeira do monte, uma camisa negra, sorriu com os olhos cheios de lágrimas e pressionou a peça contra seu peito sentindo o aroma que lhe parecia tão familiar.

— Oka-san – Boruto gritou da entrada da casa. – Já está escurecendo e o otou-san vai chegar logo.

— Já... já estou indo. – Hinata falou colocando a peça no mesmo local. Sorria olhando tudo ao redor. Na parte de cima do armário um objeto branco chamou sua atenção. Puxou-a com cuidado e deparou-se com a máscara ANBU. Observou-a com cuidado e lembrou-se de onde a conhecia. A foto de Itachi segurando sua máscara estava no corredor do esquadrão ANBU com uma pequena placa de bronze em sua homenagem. Se tudo aquilo era de Itachi, porquê ela teria a chave? Olhava para a chave em sua mão.

— Hinata? – A voz agora era grave e Hinata se assustou olhando para trás. Sasuke a encarava sério.

— Sasuke-san. – Hinata falou baixo.

— Como entrou aqui? – Sasuke olhava para a mulher que ficou vermelha.

— Eu... é.. bem. – Ela apertou a chave em sua mão e Sasuke percebeu.

— Você está com a chave. – Era uma afirmação e ela apenas suspirou.

— Aqui é seu? – Perguntou baixo e ele negou com a cabeça.

— Era do Itachi. – O homem respondeu rouco e a olhou, Sasuke jurou por anos que havia se confundido, mas antes de Itachi morrer ele realmente havia chamado por Hinata. Entendeu o que ele havia feito. Hinata não se lembraria. Sasuke deu um pequeno sorriso e Hinata se assustou, nunca havia visto o Uchiha sorrir. – Passarei ele pra você.

— Nani? – Hinata não estava entendendo nada.

— Você tem a chave. Eu a procurei por anos e hoje vim disposto a colocar a porta abaixo. Parece que te pertence de alguma maneira. – Sasuke virou-se saindo da cabana enquanto Hinata caminhava atrás de si. Hinata trancou a cabana e ficou parada encarando a porta, o vento lhe bagunçou os cabelos e Sasuke olhou para um grupo de pássaros que levantava voo ali perto.

— Irmão tolo. – Sasuke falou olhando para a morena que recolocava o colar com um pequeno sorriso nos lábios.

No fim, haveria uma testemunha a cerca daquele amor.

 

 


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