— Conan? Acorda Conan – Max se equilibra engenhoso no corpo mole do irmão. Moleque encrenqueiro que só ele, continua a fungar no pescoço do irmão, apelando logo para o apelido de uns anos atrás, quando ele ainda tinha tamanho para dormir na mesma cama que Connor. Ainda que já nos doze anos, vez ou outra se enfia debaixo das cobertas do irmão, que nem sempre tem coragem pra arrastar o garotinho para o próprio quarto.

— Já vou – Responde ainda enfiado debaixo da coberta confortável. Max continua pendurado no corpo do irmão. Sempre foi esperto. Uma ideia lampeja e o garoto sorri genioso. Decide apelar logo para o ponto fraco de Connor Dixon.

  – Alice vai achar que você desistiu – Ele responde, engolindo a risada, tentando bancar o sério. Nem foi preciso ser convincente, Connor deu um salto para fora da cama que ergueu travesseiro, coberta e até mesmo o irmãozinho levado, que desabou na cama.

  – Estou indo tomar banho. Pega os fogos e o isqueiro.

Max apoia as duas sacolas de baixo do braço e enfia logo o isqueiro desgastado de Connor dentro do bolso da calça jeans suja. O irmão sai do banheiro apressado, ainda meio molhado e com a camiseta cinza do avesso, o que só causa uma crise de risos no garotinho empoleirado na porta. Ele só é arrastado pelo irmão mais velho, ainda rindo e tentando equilibrar as sacolas pesadas de baixo dos braços.

  – Eu vou contar pra Alice que você gosta dela!                 

  – Gostar? Max, eu não estou na terceira série. Agora vê se fica quieto e me deixa em paz – A gentileza Dixon de sempre que Max já até se acostumou.

  – Então eu posso falar pro vizinho que a Lice chamou ele pra sair?

  – Faz isso que eu te dou um soco que vai afundar esses seus dentes, seu pilantra.

  – Olha a Alice ali na frente, seu bobão. Ela vai ouvir tudo – Max aponta pra frente. Só de estar perto de Alice você podia sentir o ambiente alegre. Talvez fosse o sorriso bobo que contagiava todo mundo, ou então a risada. Talvez o abraço apertado e acalorado que aquecia até a ponta dos dedos do pé, o fato é que Connor sentia cada ínfima parte dele reagir só de ouvir o riso fácil de Alice. Podia ser também o fato de que Connor era pouco para um espaço tão grande, e ela já não cabia em si. Transbordava. Connor era do contra, e se ele era vazio, queria algo que o fizesse transbordar.

Alice transbordava, e Connor queria algo que o completasse.

— Conan! – O primeiro abraço era sempre dos dois irmãos, e ele sentia-se encher toda vez que ela abraçava forte, já rindo, os dois ao mesmo tempo. Max sentia prazer em resmungar, só pra sentir mais forte o abraço de Alice. Quentinho era a palavra.

— É hora. Tá chegando a meia-noite, vamos começar logo com isso – Alice sorri de excitação e se pendura em Max, que já está mais alto até que ela. Connor acende o isqueiro.

11:59. Ele checa no relógio uma ultima vez.

Os olhos enormes de Alice se arregalam de alegria.

Os fogos começam de tantas cores que parece um arco íris a despencar, fazendo barulho e explodindo-nos, um a um. Queimando. Subindo pelas veias, incendiando, tomando aquela única fagulha de alegria e fazendo uma explosão de cores tão bela que nem Connor, o mais durão de todos os durões, podia resistir. Ele sorriu pela primeira vez em muito tempo, os olhos azuis tão bonitos se tornam bicolores por reflexo. Connor acende os próprios fogos, só pra ver Alice feliz. Eles queimam. Pulsam. Ardem.

E ele não falava dos fogos, falava de Alice. Não era preciso um beijo, bastava o olhar entregue dela e ele sabia:

Alice transbordava e enchia Connor.

Naquela noite, Connor Dixon acendeu os próprios fogos apenas para que Alice Wells explodisse em alegria.