I'd Lie escrita por Samantha


Capítulo 1
Capítulo único




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I don't think that passenger seat

Has ever looked this good to me
He tells me about his night
I count the colors in his eyes


— E ele disse que me liga amanhã. – Sorriu. – Será que dessa vez dará certo? Ah eu estou tão feliz. – Não esperou pela resposta, abraçando os cadernos e rodopiando em um pé só. – Vou ganhar um namorado. – Sorriu novamente. – Preciso muito, muito de um. – Falou um pouco mais seria dessa vez. – Vamos lá. – Cutucou meu ombro com o seu. – Você também precisa de um, não podemos ficar solteironas pro resto da vida.
— Não estou solteirona. – Pronunciei-me pela primeira vez até ali.
— Esta sim. – Sorriu travessa.
Abri a boca para responder, mas um farol alto em nossos rostos e uma buzina estridente em seguida me impediu.
— Achei que não ia mais sair daí hoje Hermione. – Disse enquanto abria a porta do passageiro.
— Escondendo o ouro Hermione. – Piscou.
— Fique quieta Angelina. – Sussurrei contendo a vontade de socar-lhe a cara. – Oi Ron. – Cumprimentei um pouco mais alto para que ele pudesse ouvir.
— Estava passando aqui perto e resolvi te esperar pra te dar uma carona.
— Não vai apresentar os amigos Hermione...
Ron riu abafado de dentro do carro.
— Ron Weasley, prazer.
— Angelina Johnson, e o prazer é todo meu. – Piscou descaradamente. Angelina e sua mania de piscar para o primeiro homem que aparecer a sua frente.
— Vamos? – Olhou pra mim.
— Até amanhã Angelina. – Despedi-me rapidamente e entrei no carro.
Angelina acenava freneticamente para nós e piscou mais uma vez antes que Ron arrancasse.
— Bem... Atiradinha essa sua amiga. – Comentou despreocupado.
— Angelina tem um parafuso a menos. O que fazia aqui no centro? – Perguntei mudando o assunto.
— Procurava um presente para... – Parou a frase no meio. – Um presente.
— Ah sim. – Ron e sua mania de parar as frases ao meio e me deixar curiosa.
— Você não vai acreditar no que aconteceu noite passada. – Sorriu divertido enquanto parava no sinal vermelho.
Aconcheguei-me um pouco mais no banco do carona aguardando mais uma de suas aventuras.
Não era lá uma viajem tão longa do centro até nosso bairro, mas dava para curtir o pouco tempo que ainda me restava com ele.
— Simas bebeu todas e acabou fazendo um striper na boate da Rua Cinco com a Avenida.
Ron gargalhava e eu acompanhava-o. Não pelo relato, que de certo era engraçado, mas sim pelo seu modo de sorrir.
Ron era único em cada coisa que fazia.

Don't ever fall in love 
He swears, as he runs his fingers through his hair 
I'm laughing 'cause I hope he's wrong 
And I don't think it ever crossed his mind 
He tells a joke, I fake a smile 
But I know all his favorite songs 


— Lavender? – Perguntei um pouco mais alarmante do que gostaria, quando por engano ele deixou escapar que ela pediu uma repetição da ultima noite. – Você... e Lavender. É isso?
— Foi há muito tempo atrás Hermione. – Tentou disfarçar.
— E você não me contou! Bela amiga eu sou.
— Hey, não é bem assim. Foi há muito tempo Hermione e eu estava bêbado. Alias, não precisa se preocupar, ainda sou todo seu. – Disse gargalhando logo em seguida.
Acompanhei-o, mas de nervoso e não por ter achado engraçado.
Tentei secar as mãos na calça, mas pareceu-me impossível.
As minhas bochechas com certeza estavam escarlates.
Odiava essas reações bestiais que Ron me causava.
Abri um pouco o vidro e deixei o ar entrar.
— Você esta com cara de quem esta me escondendo algo. – Disparou.
— Eu? – Fingi não entender pra ganhar tempo e formular uma resposta.
— Exatamente.
— Porque estaria?!
— Quem é o cara?
— Como?
— Mãos suando, bochecha vermelha, esta escrito na sua testa: “Estou apaixonada”. – Piscou. – Vamos Hermione, quem é o cara?
— E... e você entende muito de paixão pra saber que eu estou apaixonada por acaso?! – Disparei de um jeito tão embolado que não me surpreenderia se ele não entendesse.
— ‘Tá ai uma coisa que eu realmente não entendo. Fico longe dessa coisa que deixa as pessoas assim. – Apontou pra mim.
— Não sabe o que esta perdendo... – Disse por impulso. 
— Acabou de admitir Hermione. – Bateu no volante com certa força. – Vamos, conte-me quem é. Precisa da minha aprovação.
— Você nunca pediu minha aprovação pra nada desse tipo. – Sorri ligando o aparelho de som do carro. Automaticamente“Happy Alone” do Kings Of Leon começou a tocar.
— Eu nunca passei por nada desse tipo Hermione. É diferente. – Fez alguns gestos com a mão livre. – Você é minha. Não pode ter nada com ninguém sem a minha aprovação. 
”Você é minha”. – Ouvi direito?
Tantas e tantas coisas passaram pela minha cabeça com essa simples frase. E eu precisava de um tempo pra acalmar-me.
Gargalhei e comecei a cantar junto com a música.
Ron me acompanhou no refrão e logo a musica chegou ao fim.
O gosto musical dele era peculiar, pra não dizer eclético e eu simplesmente adorava.
Bom, eu adorava tanta coisa nele...

And I could tell you
His favorite color's green 
He loves to argue
Born on the seventeenth 
His sister's beautiful 
He has his father's eyes 
And if you ask me if I love him
I'd lie
He looks around the room
Innocently overlooks the truth
Shouldn't I like your walk? 
Doesn't he know that I've had it memorized for so long? 


A viagem pareceu-me rápida demais, e logo chegamos a sua casa.
— Não adianta Hermione, você vai almoçar aqui em casa e ponto.
— Preciso ir Ron. Estudar. – Balancei levemente o livro que carregava ao sair do carro.
— De forma alguma. – Ouvi o alarme do carro ser acionado e logo em seguida o braço dele enlaçando o meu. – Você fica. Estudar faz mal a saúde.
Entramos na casa.
— Você já é de casa Mione, deixe suas coisas em... – Olhou em volta. – Qualquer lugar. Volto já.
E saiu andando pela sala.
Diga o que quiser, mas não há nada mais sexy do que o seu caminhar.
— Quem sabe se você olhar mais um pouco não cria coragem e diz logo tudo de uma vez. – Ouvi alguém falar do alto da escada.
— Ginny, não me venha com besteiras. – Revirei os olhos.
— Eu? É você que tem que parar de besteira.
— Ginny...
— Deixe a Hermione em paz que hoje ela é só minha ruiva. – Ron voltou, segurando-me pelo braço e levando-me escada acima.
Pude ver ainda Ginny dando-lhe língua antes de ligar a TV.
— O que vamos fazer hoje? – Perguntou-me assim que entramos em seu quarto.
Jogou-se na cama e começou a tirar os sapatos.
Sentei-me na cadeira da escrivaninha e fiquei observando-o tirar a camisa social e colocar outra mais esportiva.
Tortura era ver tudo aquilo e não poder tocar.
— E não precisa me olhar com essa cara senhorita. – Tirou-me de meus devaneios. – Você só sai daqui quando me contar quem é o caboclo.
— Então esse é seu plano. Me manter em cativeiro só pra saber quem é.
— Hermione – Levantou-se e ajoelhou-se na minha frente. –, você só esta se complicando mais. Só vai sair daqui quando me contar. Assunto encerrado.
— Cárcere privado é crime. – Disse com dificuldade pela proximidade intimidante dele.
— Não quando você é minha. – Sorriu beijando o topo da minha cabeça e se afastando.
Meu coração batia acelerado e meus pulmões não sabiam mais o que era ar.
Meu coração batia acelerado e meus pulmões não sabiam mais o que era ar.
Será que ele realmente não percebia o que fazia comigo?
Precisava de ar. Realmente precisava de ar.
Ron era meu amigo, só amigo, mas vá explicar isso pro meu coração.
Foi um simples toque, uma simples frase, mas meu cérebro não conseguia assimilar carinho de paixão, ou quem sabe amor.
Fechei os olhos e tentei redescobrir como respirar.

He sees everything in black and white
Never let nobody see him cry
I don't let nobody see me wishing he was mine

Foi a pior escolha da minha vida.
As únicas coisas que conseguia pensar me faziam ficar ainda mais “nervosa” se é que posso usar essa palavra.
Eu sabia onde estava pisando desde o inicio e sabia que não seria fácil.
Quantas e quantas vezes já prometi a mim mesma que contaria tudo a ele?!
E quantas mais chamei-me de idiota e me acovardei?!
Sabia que Ron era apenas um amigo, apenas um irmão.
E sabia que isso não mudaria.
Não poderia arriscar nossa amizade por tão pouco.
Tão pouco... 
Abri meus olhos vagarosamente, era se como todos aqueles pensamentos estivessem pesando minhas pestanas.
Petrifiquei-me com a imagem que vi.
Abri e fechei os olhos rapidamente por vezes tentando compreender.
Ron estava tão próximo que eu podia contar as sardas em seu rosto.
E meu coração novamente disparou.
— Hermione. – Sussurrou.
Ron estava próximo demais, muito, muito próximo e isso era relativamente perigoso.
Respirei pesadamente e com dificuldade.
Deus como doía ficar dessa forma.

I could tell you
His favorite color's green
He loves to argue
Born on the seventeenth
His sister's beautiful
He has his father's eyes
And if you ask me if I love him
I'd lie
He stands there, then walks away
My God, if I could only say
I'm holding every breath for you


Tão perto. Tão perto.
Minha vontade era de agarrá-lo ali mesmo, mas meu corpo parecia petrificado.
Conseguia sentir a respiração dele em meu rosto.
Entreabri os lábios.
Ron colocou uma das mãos em meu rosto e assim ficou; por quanto tempo eu não sei lhe dizer.
Doía, era como se estivesse ruindo.
Ele sorriu.
Os olhos brilhavam, o sorriso me encantava. Era como um imã.
Mas ele se afastou.
Da mesma forma que se aproximou, se afastou.
Passou as mãos pelo cabelo rapidamente e saiu do quarto batendo a porta em seguida.
Rui.
A cadeira parecia não poder mais sustentar o peso do meu corpo e era como se cada pequeno pedaço dentro de mim se espatifasse.
Minha cabeça estava a ponto de explodir com o turbilhão de pensamentos que se alocaram ali.
Conseguia ouvir meu coração batendo acelerado.
O ritmo frenético fazia com que meu peito saltasse. 
Meu Deus, eu precisava de freios.
Precisava criar um pouco de juízo.
O que estava pensando?
Que ele me beijaria?
Como sou idiota.
Claro que não faria isso.
”Ron é meu amigo”. É isso que tenho que colocar na cabeça.
Tentei me recompor ao máximo antes de me levantar.
Senti as pernas tremendo, mas consegui sustentar meu próprio peso.
Caminhei lentamente até o banheiro do quarto e joguei um pouco de água no rosto e pescoço.
— É Hermione, essa vai ser uma longa tarde. – Disse pra mim mesma.
Respirei como pude, arrumei o cabelo, dei uma ajeitada na roupa e tentei parecer menos abalada do que realmente estava.

He'd never tell you, but he can play guitar
I think he can see through everything but my heart
First thought when I wake up is
My God, he's beautiful
So I put on my make-up and pray for a miracle

Saí do banheiro, decidida.
Iria voltar ao normal.
Nada de me deixar abalar por coisas banais.
Ron era meu amigo e ponto, deveria aceitar isso. Não tinha outra opção.
Melhor continuar com o amigo do que investir em algo sem futuro que com certeza acabaria com nossa amizade.
É, bem que Jesse McCartney vive dizendo: “Quem foi que disse que a vida é justa?!”.
Hora de retornar a realidade.
Parei em frente à porta, implantei meu melhor sorriso nos lábios e agiria normalmente.
Iria lá pra baixo e deixaria todas as duvidas e esperanças naquele quarto.
Caminhei decidida até a porta e rodei a maçaneta com o coração na mão.
Abri a porta vagarosamente. Era como se quisesse prolongar aquela agonia por mais alguns minutos.
O quarto dele ficava no fim do corredor, então teria mais um tempo pra tentar parecer normal.
Assim que coloquei os pés do lado de fora, fui empurrada pra dentro novamente e com um baque ouvi a porta sendo fechada.
— Hermione. – Falou com a voz carregada. – Precisamos muito – Esticou o indicador como se ponderasse algo. – conversar.
Apontou a cama como uma ordem para que eu me sentasse e assim o fiz.
— Eu...
— Por favor, não fale. – Interrompeu-me. – Pelo menos até que eu termine de dizer o que eu preciso.
Assenti com a cabeça.
— Não fui feito pra ficar com rodeios Hermione. – Andava de um lado para o outro, gesticulando muito. – E não agüento mais tentar saber o que se passa com você. Já tentei de todas as formas encontrar uma solução e... – Olhou-me. – Eu me afastei de você – Sorriu nervosamente. –, mas acho que você não percebeu.
Abri a boca para falar algo, mas novamente com o indicador ele me pediu silencio.
— Decidi que hoje descobriria quem é o cara que deixa você desse jeito, mas você não colabora. – Andou em direção ao grande closet do seu quarto. – Eu não fui ao centro à toa hoje Hermione. Não foi por acaso que fiquei te esperando. –Retirou algo de lá. – Precisa me dizer. Quem é o cara?
— Ron eu...
— E, por favor, sem rodeios nem mentiras. Só preciso de um nome.
”Droga, droga, droga. O que eu digo? Não posso simplesmente dizer que ele é o responsável por tudo isso. Preciso pensar em algo. Logo.”
Minha cabeça pensava em uma velocidade tão grande que me senti zonza.
Ron agora estava de costas pra mim, apoiando as duas mãos na parede na altura do rosto.
Levantei-me ainda pensando no que ia dizer e fui até ele.
Parei a centímetros dele. Respirei fundo e hesitei antes de tocar-lhe os ombros.
— Ron eu... – Comecei baixo, mas realmente não fazia idéia do que falar.
— Desculpa. – O ouvi sussurrar enquanto se virava e sem pedir licença beijou-me.
Com o susto mal consegui fechar os olhos imediatamente.
Ron colocou uma das mãos em minha cintura e a outra em meu rosto e pedindo passagem acariciou-me com a língua.
Deixei-me levar, por quanto tempo, não sei dizer.
Não era algo racional, era simplesmente magnífico. 
Confuso confesso, mas mil vezes melhor do que qualquer pensamento que eu já me atrevi a ter.

Yes I could tell you
His favorite color's green
He loves to argue
Oh, and it kills me
His sister's beautiful
He has his father's eyes
And if you ask me if I love him
If you ask me if I love him
I'd lie


Afastei-me quando senti que realmente precisávamos de ar.
Não era algo que eu queria fazer, mas foi inevitável.
Ron colocou as mãos em meu rosto e colou sua testa a minha fechando os olhos em seguida.
— Hermione eu... – Começou.
— Espero ter entendido direito Ronald Weasley, porque não estou disposta a ficar assim – Mostrei minhas mãos tremendo.–, por nada.
Ele sorriu.
— Espero eu não ter entendido errado. Só não consigo entender quando...
— Sempre. – Cortei-o gentilmente.
— Achei que você não me quisesse. 
— Achei o mesmo.
Ron abriu os olhos e com o sorriso mais lindo que já vi, beijou-me novamente.
Não precisávamos mais de palavras, as coisas simplesmente ficavam subentendidas no ar.

FIM


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