Matsuri and Fireworks escrita por DrainCyanide


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa história se passa após os acontecimentos de Dual Destinies, quando Phoenix consegue sua licença de volta. A continuação dessa história já está em produção. Espero que se divirtam! Enjoy it!



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Era dia de Matsuri, um famoso festival japonês. A atração principal consistia em tendas de comida típica, mas não era a única: a feira contava com tiro ao alvo, pescaria, música tradicional, pessoas vestindo yukatas e, no final do festival, maravilhosos fogos de artifício. Trucy entrou na Wright Anything Agency e chamou o trio de advogados no final da tarde, apontando:

— Vocês parecem tão cansados dos últimos casos. Por que não vamos todos ao festival? Nós poderíamos comer takoyaki, yakisoba, maçã do amor, algodão doce… - Trucy contava nos dedos todas as guloseimas que ela poderia experimentar quando foi interrompida.

— E hambúrgueres! – Maya apareceu de surpresa no escritório, junto de Pearl e Larry.

Athena foi logo abraçando as meninas e ficando empolgada com a ideia. Phoenix permaneceu apenas meditando sobre a quantidade de pessoas e, consequentemente, sobre os problemas que ele teria de lidar com tantas “crianças” espalhadas.

— Seria divertido se nós todos pudéssemos ir, mas... – ele colocou sua mão atrás da cabeça, sorrindo estranhamente. – Eu acredito que não poderia tomar de todo mundo sozinho, ha ha ha!

— Tomar conta? Ele está nos chamando de crianças? – Apollo se aborreceu com o comentário, mas, de alguma forma, ele sabia que Phoenix estava se referindo às travessuras de Maya e Larry. A garota não havia mudado absolutamente nada em essência, e o mesmo era válido para o garoto.

— Não me levem a mal, eu só não quero ter que pegar por alguma tenda destruída ou algo do gênero, ha ha ha! – Phoenix ria, mas ele estava dizendo a verdade do fundo de seu coração.

— Não seja por isso, papi! Por que você não liga para alguma outra pessoa que você considera um adulto capaz de tomar conta da nossa trupe? – ela pulou com a ideia, cheia de alegria.

— Outro adulto? – ele colocou a mão sob seu queixo, pensativo. Um súbito vislumbre percorreu sua mente e o desestabilizou. – Bem... Eu pensei em alguém, mas eu não tenho certeza se ele aceitaria...

— Por que você não tenta? – e Trucy mostrou seu celular que estava em sua mão. Ele o segurou e ligou para a pessoa que estava em sua mente.

— Edgeworth falando.

— Hum... Er… Olá, Edgeworth. Como tem passado?

— O que você quer, Wright?

“Sempre tão frio”, ele pensou enquanto tentava encontrar as palavras certas.

— Há um Matsuri hoje à noite, Trucy reuniu uma artilharia pesada e eu acredito que não serei capaz de tomar conta de todos eles sozinho, então...

— Sem chance.

— Eh? Não seja rude, Edgeworth!

— Isso mesmo, não seja rude, faz um bom tempo que eu o vi pela última vez! – Maya tomou o celular das mãos de Phoenix.

— Sim, é isso mesmo, não seja rude! Você não sabe o quão românticos os fogos de artifício podem ser? – Pearl roubou o celular de Maya e se corou ao proferir tais palavras.

— Hey, Edgey! Já faz um bom tempo, você não sente saudade do seu amigo de infância favorito? – Larry disse, tomando o celular das mãos de Pearl. A essa altura, Phoenix, Maya e Pearl estavam gritando em seus ouvidos, tentando pegar o celular de volta. Athena o tomou de Larry e rapidamente correu para trás do sofá, a fim de fugir de todos.

— Deixem a profissional lidar com isso! Ca-ham. Sr. Edgeworth. Há tantas pessoas que gostariam de ter a sua presença, nós ficaríamos extremamente honrados se o senhor pudesse nos acompanhar nesta agradável tarde. Além disso, o Chefe disse que ele ficaria especialmente feliz se você viesse.

— O-Objeção!! Eu nunca disse isso!! – Phoenix se corou.

— Mas é verdade! Eu não preciso nem mesmo ouvir as batidas do seu coração para saber que o senhor está feliz, Chefe!

Miles, do outro lado da linha, estava perdendo a compostura com toda essa confusão. Entretanto, ao ouvir a última parte quando Athena desarmou Phoenix com maestria, seu rosto se corou na mesma tonalidade de seu terno.

— Bem, eu acredito que não posso recusar este tipo de pedido, certo?

— Você virá então, Sr. Edgeworth? Muito bom! Nós iremos esperar na entrada do festival, daqui aproximadamente uma hora. Vejo você mais tarde! – Athena desligou e sorriu largamente. – He he, eu não disse que conseguia? Não subestimem a Psicologia Analítica! – e a confusão de vozes só aumentou.

No escritório, Miles desligou e sorriu discretamente. “Ele não muda nem um pouco. Bem, como um brilhante jogador de xadrez que sou, eu também vou atacar com meus peões”.

Depois de uma hora, a trupe estava de prontidão na entrada do festival. As garotas vestiam yukatas floridos com suas respectivas cores favoritas. Os garotos permaneceram com suas roupas tradicionais. De longe, eles avistaram três figuras imponentes se aproximando. Miles também trouxera convidados.

— Boa tarde.

Ele acabara de proferir seus cumprimentos quando as primas Fey já foram logo o abraçando, saudando-o alegremente.

— Ha ha ha ha ha ha! Quem diria que o Promotor-Chefe era tão querido entre as garotinhas?

— Não seja enganado pelas aparências, Lobo-dono. Ninguém é capaz de gostar do Sr. Edgeworth mais do que alguns minutos. – e ele sorriu sarcasticamente com a pena em sua boca.

Phoenix estava confuso ao ver outras figuras além da de Miles. Um deles ele já conhecia bem, mas o outro era totalmente novo, o suficiente para deixá-lo enciumado. Quando as meninas se afastaram, Miles se recompôs e apresentou os convidados.

— Ca-ham! Eu acredito que a maioria de vocês conhece o promotor Simon Blackquill, este jovem totalmente estranho e suspeito com um falcão em seu ombro. Esta outra pessoa aqui é um lamentável agente da Interpol que está em seu dia de folga, Shi-Long Lang.

— Lamentável? Hey! Eu tenho a maior taxa de prisão dentro da Interpol, sabia?

— Isso não significa nada, você prende qualquer um que aparece em sua frente, eu já vi sua conduta ao vivo, não se esqueça disso. De qualquer forma, vou apresentá-los. Este Sr. Testudo aqui vestindo vermelho é Apollo Justice, advogado de defesa. Esta garota eloquente de roxo é Maya Fey, e esta pequenina de lilás é sua prima, Pearl Fey. Ambas são mediums da vila de Kurain. A garota de amarelo, ainda mais eloquente que as primas Fey juntas, é Athena Cykes, também advogada de defesa. Aquele cidadão inútil ali é Larry Butz e ele não presta nenhum serviço à sociedade, não se aproxime dele. Esta pequena dama vestindo o yukata azul é Trucy Wright, famosa ilusionista, sucessora do legado da Trupe Gramarye, apesar de que seus métodos sejam um pouco antiquados. E aquele homem ali usando aquele terrível terno azul, vocês não precisam conhecer. Não liguem pra ele.

— H-Hey... – todos estavam chocados com a acidez de Miles, mas Phoenix ficou especialmente chateado por não ter sido nem mesmo alvo de zombaria. Ele foi simplesmente ignorado. Os outros retribuíram o cumprimento em uníssono, entretanto com uma voz fraca e descontentada.

Miles sorriu discretamente enquanto batia seu dedo em seu braço cruzado. “E é assim que nós viramos o jogo contra essa artilharia. Voilà”.

— Eu trouxe estes dois comigo para que possam tomar conta de vocês. Eu escutei rumores de que o Agente Lang irá prender qualquer um que faça algum tipo de travessura, enquanto o Promotor Blackquill irá se certificar de que vocês peguem sentença de morte no tribunal. Eu tomaria cuidado se fossem vocês. – Miles abriu um sorriso sádico.

— Papi!! – Trucy correu para abraça Phoenix, enquanto Athena e Apollo perderam a compostura, abalados com o comentário.

“Então você resolve um grande problema na base do medo, não é, Edgeworth? Eu deveria ter visto isso chegando, afinal, você sempre foi considerado um gênio”, Phoenix pensou enquanto protegia Trucy. Os três sorriram tão sadicamente que seus olhos chegavam até mesmo a brilhar. Não restava dúvida, ele estavam de fato se divertindo com tanto poder Com toda a trupe controlada, eles adentraram o festival. Naturalmente, dividiram-se em pequenos grupos, mas o time dos adultos sempre permanecia de olho. Em determinado momento, Blackquill permaneceu vigiando Athena e Apollo, enquanto Lang foi verificar como os outros estavam. Phoenix e Miles permaneceram sozinhos enquanto esperavam na fila a fim de comprar dango. O ambiente estava um tanto quanto estranho devido ao incômodo de Phoenix, mas ele tentou quebrar o gelo de alguma forma.

— Então... Parece que você venceu essa rodada com maestria.

— Do que você está falando?

— Você conseguiu controlar toda a trupe usando apenas medo. Bem jogado, Edgeworth. – ele sorriu discretamente enquanto pegava seu dango.

— Hunf. Eu não vou à guerra despreparado. Além disso, eu não sou o tipo de pessoa que gosta de sujar as mãos.

— É por isso que você trouxe esses dois com você?

— Certamente. – e apontou seu dedo em sua própria cabeça, pegando o dango em seguida. – Eles não são o tipo ideal de adulto que você pediu, mas são capazes de se adaptar muito bem à tarefa, não acha?

— Até demais. – Phoenix encolheu seus ombros enquanto caminhavam pelo festival.

A luz iluminada estava repleta de pessoas com vozes altas por todos os lados. Ambos não gostavam mais de lugares barulhentos – exceto as cortes barulhentas – então acabaram se sentindo um tanto quanto desconfortáveis. Mas a última gota estava prestes a ser derramada. Quando eles passaram pela barraca de bebidas, encontraram uma figura familiar.

— O que você quer dizer “não tem café”? Que tipo de festival não serve café? Você sabia que café é uma das bebidas mais populares do mundo?

Phoenix mal acabara de ver sua figura e já sentira arrepios ao longo de sua espinha. Ele segurou o punho de Miles fortemente e sussurrou:

— N-Não me diga q-que esse cara é...

— Acredito que esteja se referindo ao Promotor Godot.

— Edgeworth! O que ele está fazendo aqui? – disse aflito, segurando os ombros de Miles.

— H-Hey! Você está exagerando! Ele foi solto há pouco tempo por boa conduta. Eles levaram em conta que ele cometeu o crime a fim de proteger Maya, apesar de ter mentido e ocultado evidência no tribunal. Isto é um grave crime para um promotor, mas ele compensou com serviços públicos.

— N-Não pode ser! Veja como ele está bravo agora! E solto! E com uma caneca de café em sua mão!

— W-Wright, eu não vejo problemas nisso.

— Claro que você não vê! Apenas imagine isso: Godot com uma caneca de café é praticamente uma Franziska com um chicote! Eu amo minha vida, Edgeworth!

Ao ouvir tais palavras, Miles engoliu a seco, desestabilizado.

— Nós precisamos sair daqui urgentemente, tendo certeza que ele não perceba nossa presença! Eu não quero ter queimaduras de primeiro grau. – Phoenix segurou o punho de Miles mais uma vez e o guiou para longe do festival, com certa pressa. O promotor pensou em se manifestar a respeito daquela atitude, mas ele não queria que Phoenix soltasse seu punho.

— Olha, vindo por este caminho, eu lembrei algo. Vamos fugir dessa multidão barulhenta, ainda seremos capazes de ver a queima de fogos.

— W-Wright! Eu não me lembro de dizer que concordaria em fazer algo além de cuidar dos seus amigos e...

— Não se preocupe, nós não vamos muito longe. – e virou o rosto enquanto sorria para Miles. O promotor ficou desconfortável.

Eles caminharam um pouco pelo beco atrás das tendas. Ao fundo, havia uma escada de emergência anexada ao prédio abandonado. Phoenix pulou e a puxou para baixo, subindo alguns degraus.

— Você só precisa me seguir.

— Wright, eu não vou subir nesta escada duvidosa. – disse, cruzando os braços.

— Pare de agir como um garoto mimado e venha logo! Ou você está com medo? Hein?

— Se me recordo bem, você também tem medo de altura.

— Não esta noite. Vamos, confie em mim!

Miles franziu a testa e, impulsivamente, começou a subir a escada. Eles alcançaram a varanda e vagarosamente subiram sete degraus do prédio. Ao passo que ascendiam os andares, seus medos cresciam devido à altura. Mas era algo que eles deveriam enfrentar sozinhos, já que algo especial estava aguardando suas vindas. Por último, eles alcançaram a cobertura.

A visão era esplêndida. De lá, eles eram capazes de observar todo o festival sob seus pés, incluindo toda a visão periférica da vizinhança. Phoenix se aproximou da grade e suspirou profundamente:

— Uau, aqui com certeza teremos paz. Além disso, podemos aproveitar o festival. Temos até mesmo cadeiras VIP. – disse, apontando para um balanço com dois assentos, próximo à grade.

Phoenix se sentou em um dos assentos e desembrulhou dois dangos que ele havia guardado. Ele pegou um e ofereceu o outro a Miles. O promotor se aproximou, sentando-se na cadeira ao lado, e pegou seu dango. Ambos comeram seus respectivos doces em silêncio, até Miles terminar o seu e quebrar o gelo.

— Este prédio não está abandonado? Como você conhece esse lugar?

— Eu já tive um passado obscuro quando perdi minha licença. Não seria surpresa se eu conhecesse lugares que a sociedade esqueceu... – ele recordou enquanto balançava lentamente seu assento.

— Então você tirou algo de bom desta experiência.

— Muitas coisas boas vieram. Trucy foi a principal. E, surpreendentemente, você veio, depois de sete anos. Até mesmo quando a vida parece terrível, sempre há algo de gentil no final.

— Eu espero que, por gentil, você esteja se referindo à Trucy. Eu não tenho nenhum tipo de gentileza.

— Claro que tem. Pode não parecer, mas seu sentimento mais nobre é a gentileza. Atrás de toda essa muralha de prepotência, existe um Edgeworth muito gentil. Eu sou sortudo por ter conhecido esta parte que poucas pessoas tiveram a oportunidade de conhecer... Eu sou muito grato por isso.

— Talvez você tenha sido o único a conhecer este meu lado...

— Por quê? Ninguém mais em sua vida chegou tão longe?

— Eu nunca permitir. Ou nunca fui capaz de permitir...

— Não é à toa, você teve um mentor terrível e uma irmã que o chicoteava o tempo todo. – ele riu baixinho.

— Hunf. De fato. Mas agora estas situações permanecem no passado.

— Eu nunca serei capaz de retribuir a gentileza que você me ofereceu.

— Não comecemos a falar dos nossos débitos, você certamente sabe que não podemos nos satisfazer com que o temos para oferecer um ao outro. Nós sempre iremos procurar por mais...

— Desculpa. É que... Naquela época, eu senti que era impossível te alcançar, tocar seu ombro e mostrar que eu estava lá, ao seu lado. Era como se vivêssemos em uma montanha-russa. Quando eu estava prestes a te alcançar, o vagão descia no exato momento. E sua figura se distanciava de mim...

— Depois de tê-lo visto no tribunal no nosso primeiro julgamento, eu passei a me sentir da mesma maneira.  Tudo o que eu pude oferecer foi suporte e incentivo.

— Então, no final, eu também tinha uma muralha que não permitia que você se aproximasse, não é? Em determinada parte da minha vida, eu também me tornei orgulhoso.

— De alguma forma, você mudou drasticamente. Tornou-se um homem sério e maduro, envolvido em apostas perigosas, e também se tornou pai. Eu jamais seria capaz de alcançá-lo de novo com palavras afetivas, então eu me foquei no que tínhamos em comum: nossa devoção à lei.

— Então você me trouxe de volta. Me fez prestar o exame da ordem novamente...

Phoenix pareceu seu raciocínio ao escutar um grande estouro. Os fogos de artifício gentilmente começaram a colorir o quadro negro do céu. A vista era indescritível, uma chance que ele não poderia perder. O advogado de defesa apertou suas mãos, era chegada a hora.

— Edgeworth... Eu sei que eu escorreguei diversas vezes em meus próprios sentimentos em relação a você. Eu já lutei bravamente para alcançá-lo e também já me decepcionei quando pensei que você tinha desistido da sua carreira. Já me senti abandonado por todos esses sete anos e já preenchi meu coração de felicidade quando descobri seus esforços. Eu acredito que chegou uma hora em minha vida em que eu preciso saber exatamente o que eu deveria sentir. Entretanto, eu não posso passar um veredito antes de cavar a fundo. Por essa mesma razão, eu gostaria de saber se você está disposto a ouvir minhas palavras. Elas serão longas e podem definir o futuro de nossa relação.

O promotor não aparentou, mas seu coração tremia devido ao medo de perder o relacionamento mais especial que possuía.

— Vá em frente. Não hesite em revelar seus pensamentos mais profundos. – ele disse, determinado enquanto olhava os fogos de artifício.

— Certo. – ele respirou profundamente e começou a falar. – Em determinados momentos, eu estava bem perto de pensar sobre nós de uma maneira diferente. Mas eu não poderia dizer com certeza qual era esta maneira. Eu só queria você ao meu lado, queria retribuir o favor e salvá-lo desta estrada de um caminho só. Mas, acima de tudo, eu queria quebrar a muralha de gelo que você construiu ao seu redor. Eu queria mostrar a você que um toque cálido poderia ser melhor que o frio que residia seu coração. Eu cheguei à conclusão de que eu queria te mostrar o significado de ser amado Eu só poderia me provar digno se conseguisse alcançá-lo algum dia. Se eu conseguisse ter sua atenção e respeito. Acima de tudo, se eu conseguisse ter o reconhecimento de que eu poderia andar ao seu lado, não atrás como uma sombra. Eu tenho certeza que você já me viu como alguém inferior, é por isso que eu precisei quebrar sua fortaleza antes que você pudesse me reconhecer. Eu espero que você me perdoe por tê-lo machucado, por tê-lo colocado em dúvida sobre suas virtudes e caminhos a serem seguidos. Eu sei que eu sou um péssimo amigo. Eu não sei nem mesmo tocar piano e minhas habilidades com cartas só são possíveis graças à minha filha. A única coisa em que eu sou bom é na minha profissão e, mesmo assim, eu tive que me afastar por sete anos. Você compreende, Edgeworth? Eu nunca me senti digno de estar ao seu lado. Minha simpatia – o excesso dela – nunca foi natural. Eu só pude ver sua essência agora, e eu sei que agora é tarde demais. Mas sempre existirá algo dentro de mim, talvez uma calidez excessiva. Eu provavelmente não deveria nem mesmo dizer estas coisas agora que nós superamos tantas situações... Mas eu não posso evitar, o brilho dos fogos de artifício refletindo em seu rosto fez meu coração acelerar. Eu peço desculpas profundamente por ainda esconder sentimentos por você depois de tanto tempo se passar, é só que... Sua figura foi a única que permaneceu presente durante toda a minha vida. Eu espero que, depois de ter sido tão direto, ela ainda permaneça presente, mesmo que seja apenas como respeito mútuo. – Phoenix tentou esconder uma lágrima que percorria seu rosto.

Miles cruzou os braços como de costume, permanecendo em silêncio por um instante e, por último, começou a replicar:

— Wright. Eu não entendi você por completo. Eu jamais poderia imaginar que você estava tentando dar o seu melhor para me salvar, quanto menos guardar algo especial sobre mim dentro desse seu coração desengonçado. Eu admito que você me tocou mais vezes que eu possa contar nos meus dedos. Mas eu nunca admiti que poderia ser algo a mais. Hoje em dia, é indubitável que há um sentimento de respeito entre nós. E, já que foi tão sincero, eu sinto que devo retribuir da mesma forma, então ouça cuidadosamente porque eu só direi isto uma vez: eu também sinto incertezas quando eu repentinamente olho para você. Toda vez que eu sinto o toque da sua mão em meu ombro, algo reverbera nas batidas do meu coração. Por todos esses anos, eu tentei refrear estas dúvidas, mas nada foi efetivo. Afinal, nós não somos diferentes, Wright. Pelos raros momentos em que eu admiti que sentia algo por você, eu também me achei indigno. Como alguém poderia amar um homem frio como eu? Ninguém amou, por que você seria o primeiro? Não havia lógica em aceitar este sentimento. – ele suspirou enquanto fitava o céu, tentando evitar a dor da solidão.

— Então você de fato sentia algo por mim?

— Diversas vezes, Wright. Diversas vezes... – ele sorriu ironicamente, fitando seus próprios pés. – Eu tentei todos estes anos mentir para mim mesmo sem sucesso. Entretanto, como você está ciente, não há nada dentro desta fortaleza de gelo. Eu sou extremamente grato por sua amizade e eu desejo mantê-la. Por esta mesma razão, devemos encerrar esse assunto e... – ele se levantou, mas foi interrompido quando sentiu sua mão sendo segurada por Phoenix. Ele também se levantou, permanecendo em frente de Miles e ainda segurando sua mão.

— Edgeworth. Eu sei que você teve suas razões para construir sua fortaleza de gelo. Mas você não pode mantê-la intocável para sempre. Há tantos sentimentos, palavras e gestos, esperando para entrar. Eles estão esperando desde o dia que você me defendeu na escola. Você definiu meu futuro e o que eu sou hoje.

Miles deu passo para trás, tentando soltar sua mão, mas Phoenix não permitiu, segurando-o fortemente. O advogado de defesa continuou:

— Se minha mão fosse cálida o suficiente, eu seria capaz de derreter sua fortaleza. – Phoenix tocou o rosto de Edgeworth gentilmente. O promotor estava segurando suas lágrimas por um fio. – Eu construiria um novo lar pra você, duradouro e ainda assim macio. E, se você me permitisse, eu visitaria sua nova casa, traria lenha para mantê-lo aquecido. Eu tentaria preencher seu vazio.

Com estas últimas palavras, Miles se desmanchou em lágrimas. Ele instintivamente abraçou Phoenix, segurando-o fortemente. Era o primeiro abraço deles.

— Eu amo você. Sempre amei. – o advogado de defesa sussurrou. Ele beijou a bochecha do promotor e então tirou seus óculos, limpando suas lágrimas.

Phoenix colocou os óculos de Edgeworth no bolso de seu casaco e segurou seu rosto com ambas suas mãos, fitando-o. Ele poderia admirar seus olhos por horas, perder-se naquelas águas profundas. Como a gravidade exercendo sua força, seus lábios lentamente procuraram os dele. Eles finalmente se tocaram, de verdade desta vez. Seus olhos se fecharam a fim de refinar seus sentidos. Não era mais hora de admirar.

O advogado de defesa deslizou sua mão direita por sua cintura e costas, gentilmente puxando o promotor. Inicialmente, eles permaneceram trocando carícias e um beijo leve. Gradualmente, suas línguas timidamente se encontraram, aumentando a intensidade. Quando Miles percebeu que finalmente estava sendo amado pela pessoa que ele também mais amava, seus braços desajeitados retribuíram o favor, abraçando Phoenix fortemente. Seu orgulho sempre o acompanhou durante toda a sua vida. Não havia mais espaço para ele. O promotor amava o advogado de defesa e o oposto era equivalente. Eles não podiam mais negar.

Eles sentiram o momento durando para sempre. Uma confissão tão esperada que havia sido selada por 24 anos. Seria essa evidência boa o suficiente para provar seus sentimentos? Eles concordaram que sim.

Repentinamente, um toque de celular tomou sua atenção. Era o celular de Phoenix. Trucy estava preocupada com ambos, já que ela não conseguia encontrá-los no festival. Eles concordaram de reunir a trupe na entrada.

Phoenix uma última vez fitou Edgeworth e sorriu.

— Eu sempre me considerei sortudo, mesmo com todos os problemas pelos quais tive que passar. Agora eu tenho total certeza que eu sou o homem vivo mais sortudo nesse mundo, graças a você.

O promotor se corou e acenou positivamente com a cabeça, desviando o olhar. O advogado de defesa gentilmente selou seus lábios e ambos se dirigiram à entrada. Aquele beijo seria o primeiro de muitos.


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