Lost In Translation escrita por Atlas


Capítulo 1
(único.)


Notas iniciais do capítulo

o papel da rose nessa one-shot é decepcionante, eu sei. é tudo sobre o main pairing MAS ACONTECE QUE eu sei sim que ela merece melhor. eu tenho fic planejada com ela mas pra mim ??? rose é tranquila ela ajudaria albus msm q ela Literalmente (c) não se importe

isso é um presente pra ana aka ana-valdez-cmdi aka chanqkywn aka esposa aka amor da minha vida. você aleatoriamente começou a falar sobre scorbius, então eu vi a chance e a peguei.
(p.s: as duas horas de atraso são.....somente impressão ok eu juro)
ISSO FOI MUITO TRISTE MAS MUITO TRISTE MESMO e ta mais curtinho do que eu queria mas! eu escrevi isso sob 1 hora??? por você??? um dia os gays no espaço seremos N



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And you’ll always love me won’t you? Yes. And the rain won’t make any difference? No.

Ernest Hemingway, A Farewell to Arms

1

happy birthday

A memória mais antiga de Scorpius é a de sangue.

Talvez não mais a antiga. Mas Kusakina começa seu livro desse jeito.

Sobre como seu povo foi mastigado pelas espécies selvagens de fadas e como isso resultou num massacre importante do século 16. Scorpius não sabe nada sobre Rússia Antiga, ou se ao menos existe uma Rússia Antiga, mas se tem uma coisa que História e Alexei Kusakina ambos lhe ensinaram é que memórias mais antigas de sangue são um precedente para finais ruins.

A memória de Kusakina é o seguinte: um incêndio na igreja com sua irmã pequena trancada dentro, cruzes cravadas em cadáveres e espécie suja fazendo pouco caso de sua religião.  

(a memória de Scorpius é o seguinte: seu pai estrangulando um oficial do governo pois se atreveram a tocar no nome dela, as exatas sete cartas que se amontoaram em frente à sua porta, as pontas de seus dedos manchadas como um crisântemo.)

A memória mais antiga de Albus é a de embarcar no trem com Scorpius. Relembrança é seletiva dessa maneira.

 

O salão comunal da Sonserina tem um metro quadrado. Espiritualmente. Eles se espremem num sofá muito largo, joelhos batendo uns contra os outros e não o bastante de espaço para respirar. É mais confortável desse jeito, onde podem sentirtocarver um ao outro. Seus colegas de casa reviram os olhos e murmuram algo como 'arranjem a porra de um quarto'. Fingem não ter ouvido.

"Eu vou morrer estudando astronomia" diz Albus, porque ele é dramático. "Como é possível ter tantos astros por aí? Nem sei por onde começar."

"Comece pelo meu nome," diz Scorpius, porque ele é chato.

"Isso seria realmente muito engraçado se eu soubesse onde é que é."

Ele bradeja sob o fôlego, reclamando vez ou outra de charlatãs ocupando seu currículo escolar. Da visão de Scorpius, os olhos claros refletem um pouco as chamas baixas da lareira e a comunal 90% verde. Da visão de Scorpius, consegue traçar o nariz alto e o bico que Albus faz quando alcança um semblante de concentração. Podem ser somente curvas e planos, mas os dedos de Scorpius literalmente coçam por uma caneta neste momento.

"Vai embora," diz Albus, porque ele é chato.

"Porque está me mandando embora? Estamos estudando!" Scorpius diz, porque ele é dramático.

"Eu estou estudando, você nem ao menos trouxe seus livros."

"Isso é realmente injusto."

"Suas lágrimas não vão fazer Trelawney de quinta me dar uma nota máxima," diz Albus.

"Bem, minhas lágrimas não vão fazer coisa nenhuma se você continuar com essa atitude."

 

 

Ele aguenta Rose falando sobre Scorpius por cinco minutos. É realmente um recorde. Houve um tempo em que a marca de trinta segundos era o seu limite.

"Você não entende," diz. Não acredite no que as pessoas dizem, ele é realmente todo o pedaço de um adolescente emocional.

"Então me ajude a entender," Rose diz. Albus fixa os olhos no espaço atrás da cabeça dela.

Rose é a pessoa mais inteligente que ele já conheceu, ok. Houve um tempo em que eles se conheciam de trás pra frente e viviam dentro dos próprios bolsos, mas isso foi antes da Hogwarts. Quadribol, notas altas e um lugar no começo da mesa da Grifinória.

(esse é o caminho que escreveram pra ele, e esse é o caminho que rose escolheu pra si mesma pois não é nada menos que o destino em pura forma.)

Até a menor das coisas que ele pode falar sobre Scorpius é uma das maiores pistas que vai conseguir. Cada fato, cada detalhe é algo que ele gravou na memória pois chega um tempo em que não bastar ser grudado pelo quadril. Albus tem uma necessidade genuína de ver e conhecer Scorpius, como toda aquela metáfora do oceano sobre o quão longe você for mais criaturas feias você vai encontrar. Ele quer saber ele de trás para a frente, também.

"Você não entende," Albus diz.

"É porque você não quer que eu entenda," Rose diz.

Não queria.

 

Sonserina no verão de dois mil e alguma coisa. Eles rolam na grama perto do lago e encharcam as meias nas pequenas poças; é depois do quarto ano. O que é, na verdade, muito legal, pois a amizade deles tem o tal do antes e depois. E por mais que Albus procurasse ele não consegue achar alguma memória semelhante no depois. Hoje Scorpius decide sair do quarto, então hoje eles estão rolando na grama e encharcando as meias. É o primeiro dia de depois do quarto ano em que ele não sente falta da mão se esgueirando por suas costelas.  

Não importa quantos olhares tortos receba, Albus ainda arranja um jeito de colocar a mão por baixo da camisa de Scorpius. E eles ainda acabam entrelaçados sob a sombra do salgueiro enquanto observam as nuvens. Isso é meio que uma pretensa, pois ele tem quase certeza que nenhum dos dois está preocupado sobre formas abstratas neste momento.

Albus aconchega a cabeça no braço de Scorpius, aquele que não se ocupa em estufar salgadinhos picantes na boca de cinco em cinco segundos.

“Você cresceu, tipo, uns dez centímetros, ” diz Albus, porque jogar conversa fora é algo de que ele sentiu falta. Nem tudo precisa ser as discussões no fim da madrugada. “Abraços estão rapidamente se tornando terríveis. Por favor diminua. ”

“Porque você não cresce logo de uma vez? ” Diz Scorpius.

Seu braço está adormecendo por causa peso do garoto de um metro e oitenta três, mesmo assim consegue beliscar as costelas de Scorpius. Não obtém nenhuma reação.

“Como que você pode ser tão jovem e tão rude, é grosseiro. ”

“Você é literalmente um ano mais velho. E somos do mesmo ano. ”

“Algum dia eu vou ser, sabe, uma torre perto de você. Vou lembrar dessas palavras. ” Albus diz, estreitando os olhos para o Sol. Aquela nuvem ali lhe lembra de coelho deformado, mas pode ser só o calor falando. Scorpius sorri por alguns momentos antes de fechar os olhos e retornar à mesma expressão vazia.  

Planos e curvas, é algo bem estranho de se falar. O rosto de Scorpius é um mapa. Ele tem as cicatrizes, de acne e do grampeador mal utilizado. Ele tem a boca pequena, provavelmente pelo mal-uso, os olhos encapuzados por pálpebras pesadas e uma mandíbula redonda adornando seu queixo pontudo. Albus tem anos de experiência em detalhar todas as linhas de seu rosto. Ele não fica mais chocado quando vê as garotas à distância escondendo sorrisos por trás de suas palmas.

E aí que Scorpius abre os olhos límpidos e fixa o olhar no dele. Tenta não engolir em seco.

“Porque sua mão continua descendo? ” Scorpius questiona mesmo que saiba exatamente o porquê, porque ele é terrível.

As pontas dos dedos de Albus tem um toque leve como pena; isso não é uma situação incomum, então ele só dá de ombros e diz: “Você está tornando estranho, cale a boca e volte a dormir. ” 

“Algum dia você vai ter que falar sobre isso. ”

Ele prefere jogar conversa fora do que falar sobre isso. Ainda não é o fim da madrugada.

“Sobre o quê? ” Albus pergunta, mesmo que saiba exatamente o porquê, porque ele é terrível. Scorpius tem a decência de pelo menos uma vez na vida parecer incomodado. “Talvez quando você aprender a respeitar os mais velhos, eu irei. ”

“Compre um salto e supere seus problemas de alto-estima de uma vez, Al.”

(esse também o dia em que scorpius é jogado no lago negro.)

 

"Você não entende," Albus diz.

“Eu realmente, realmente entendo, ” Rose diz, e olha ele nos olhos.

Ela é a pessoa mais inteligente que ele já conheceu.

“Parecia amor de filhotinho” Rose diz. Albus arqueia uma sobrancelha.

Porque eles continuam tendo essas conversas nos corredores de pedra das masmorras? Onde tudo é pontudo e escorregadio, onde se sentar lado-a-lado contra a parede é ainda mais dramático do que previamente advertido.

“Scorpius não precisa da sua ajuda para passar pelo dia, ” ela diz.

“Muito mais complicado que isso. Ele não quer minha ajuda, não mesmo. ”

“É porque você é grudento. ”

“Cale a boca. ”

“Eu jurava que para onde você iria ele seguiria junto. ” Rose diz, e então começa a deduzir. “Mas isso foi antes. ”

“É patético,” diz Albus, “ele é enfurecedor. Eu não quero um seguidor, isso não é a história do auxiliar leal de Albus Potter, Malfoy. Mas...”

“Você precisa dele. ”

“Preciso. Até o ponto de ter vergonha de mim mesmo, sinceramente. ”

“É amor de filhotinho,” Rose diz, “o auxiliar leal de Scorpius Malfoy, Potter. Aquele que o insulta como forma de flerte. ”

Bullying gentil é a forma mais eficaz de cortejar alguém, ” Albus protesta. “Hogwarts é um lugar cruel, te tornou noutra pessoa, prima. ”

“Você me vê apaixonada desesperadamente por alguém? Eu fiquei com o melhor fim da barganha, primo. ”

“Touché.”

(até hoje toda a cena, sobre falar de sentimentos e de coração pra coração — albus tem erupções por todo seu corpo quando pensa no assunto).

 

Albus é o menino quebrado e problemático que vai desapontar os pais. Albus é emocionalmente distante e não poderia dar a mínima sobre o espaço que o separa de todo mundo. Albus, na verdade, não enxerga nada além do próprio mundinho dele. Tem um motivo pelo qual o salão da Sonserina tem um metro quadrado. Espiritualmente.

Ninguém o conhece como ele.

O mundo inteiro de Albus é a memória mais antiga dele. O sentimento de pertencer, o garoto que grudou em seu lado quando eram crianças.

O garoto agora é muito alto para o próprio bem, não fala tanto quanto falava antes e as vezes se perde na seção mofada da Biblioteca. Scorpius tem um interesse recente por conchas do mar, idiomas mortos e oceanografia. De aprender o nome das flores e as canções dos bardos da Idade Média. Ele pertence ao grupo pequeno de todos os esquisitões obcecados por História e coisas macias. Só que Scorpius treme um pouco quando ouve o badalar dos sinos, Scorpius para de falar nas semanas próximas ao 2 de novembro, quer se ver longe da Escócia depois dos dezessete.

Albus não poderia desistir de Scorpius nem se quisesse. Mas talvez ele tenha um pouco de medo sobre não ser o primeiro a fazê-lo. Albus é inteiramente dependente, inteiramente preenchendo as lacunas do seu próprio coração partido.

As pessoas acham que um dia Albus Potter vai abandonar seu auxiliar leal Scorpius Malfoy — elas não sabem do que estão falando.


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Notas finais do capítulo

vcs tão chorando eu to chorando
jk jk jk
não vamos tocar o tal do monsta x no nosso casamento obg dnd
espero que tenham gostadoOoooOooo
i lov puppies in, well, lov



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