A Sombra da Lua escrita por Insanidade


Capítulo 5
Capitulo 4




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País da Lua, tempos de guerra.

POV Mei Hokaku

—Vamos Mei, não temos muito tempo, a guerra já está acontecendo.

O choque ainda era grande pelo meu corpo, mas a determinação do meu pai de manter o clã vivo e os sacrifícios que foram feitos para isso me impulsionaram a levantar e retomar a coragem. Minha mãe sonhava em ter uma geração forte que pudesse ajudar esse mundo com o seu poder, eu sou essa geração, mas meu pai e todos do clã precisam de segurança e proteção, justamente por isso eu devo voltar para casa assim que essa guerra acabar e o mundo for um lugar seguro para que o nosso clã continue seu caminho. Não que isso seja simples e fácil, e não que o medo tente roubar a coragem do meu coração, mas como eu disse para o rei, se eu posso então eu devo tentar, custe o que custar.

Segui o rei de volta a sala do trono, quando entramos o rei cochichou algo para um dos seus guardas que estava próximo a porta, e esse saiu imediatamente da sala. Antes de se sentar no trono, o rei novamente falou com outro guarda, que saiu da sala com certa pressa.

—Então Mei, devo dizer que temos algumas barreiras para poder te encaminhar para a guerra. Como sabe, a guerra está acontecendo no País do Relâmpago, que é bem distante daqui. Mesmo se pedíssemos a ajuda do Daimyo do país do Relâmpago a sua chegada lá demoraria dias.

Isso já era esperado, a questão agora é como ultrapassar isso.

—Eu entendo esse problema Vossa Alteza, e pensei a respeito. Na sua guarda de shinobis, existe um em especial que poderia ajudar nessa situação.

O rei sorriu satisfeito. Fazia parte do nosso trabalho conhecer as habilidades de todos os que tinham contato com a família real, e eu me lembrei de um ninja em especifico que realizava um jutsu de transporte, ele era novo na guarda e nunca tínhamos feito missão com ele, mas a ficha dele chegou até nós para esse reconhecimento tinha algumas semanas, e como parte do meu treinamento eu ajudava meu pai a organizar e ler essas fichas e relatórios.

—Como não pensei nisso?! Era de se esperar que você pensasse sobre todas as possibilidades, afinal você é a estrategista oficial do seu clã e do país da Lua em certas ocasiões.

Pensar e calcular possibilidades, criar planos e analisar situações, era o que mais me agradava em fazer. Minha mãe era a estrategista principal do clã antes de morrer, ela me ensinou tudo o que sei, e hoje uso isso para tudo, inclusive enganar guardas para poder sair. Não pude evitar um sorriso no canto da boca.

—Mande chamar o Yuki agora mesmo!

Um dos guardas que estava no fundo da sala saiu com pressa, enquanto o primeiro guarda com quem o rei tinha falado assim que chegamos da sala retornava de qualquer lugar.

Ele se dirigiu até o rei com uma folha, caneta e tinta nas mãos, entregou essas coisas para o rei e se retirou para o fundo da sala.

—Sabe Mei, antes que possamos fazer qualquer coisa quero que você faça algo.

Ele tinha uma expressão serena no rosto e me estendeu as coisas que acabará de receber do guarda.

—Escreva para o seu pai Mei, e meu mensageiro entregará a sua carta assim que você terminar ela, mas não vá para a guerra sem dizer o que sente para o seu pai e líder.

Essa atitude me deu uma pontado no coração, sinceramente não fazia ideia do que escrever. Tinha muita coisa passando pela minha cabeça agora, muitas coisas que queria dizer, mas não conseguia organizar as palavras e os sentimentos em mim.

Me aproximei do rei e peguei o papel, a caneta e a tinta. Olhei para ele antes de colocar a tinta no chão e molhar a ponta da caneta. O rei tinha me dito coisas que meu pai não queria que eu soubesse, mas que foram necessária para que eu não continuasse sem entender e compreender a importância de tudo. Meu pai fez o possível para me proteger, para proteger todo o nosso clã, a nossa família, e agora eu estava indo para uma guerra, nada comparado aquilo que eu já tinha enfrentado, e estava indo sozinha, sem ele, sem meu clã, sem nada além de coragem e esperança.

Coloquei a caneta no papel e comecei a escrever.

“Pai, te escrevo essa carta não como uma despedida, mas sim como um pedido de desculpas.

Permiti que a raiva tomasse conta de mim e fui injusta. Sem entender e sem compreender as coisas eu apenas corri no escuro, crendo no sentimento do meu coração.

O rei me contou sobre tudo, sobre nossa história e o dia que eu nasci. Agora eu sei sobre a dor da perda e o medo que você carrega por todos esses anos, e sinto muito por não ter sido compreensiva.

Sei que as circunstancias do meu nascimento não devem ser louvadas, mas graças a isso eu posso proteger todos vocês e lutar com tudo que há em mim. Sei que a dor da perda não pode ser vencida simplesmente, mas não pretendo ser mais uma perda para você, e custe o que custar quero vencer esse medo, para que o mundo continue e nós também, nem que seja um pouco mais livres de todo esse peso.

Durante toda minha vida eu não compreendia o porquê de ser diferente, mas agora tudo está claro pra mim, eu devo lutar, e prometo não expor nosso clã, mas cumprir meu papel como você me ensinou.

Agora eu estou indo para a guerra, espero que compreenda que eu possa ajudar a aliança shinobi e assim posso ajudar a salvar o nosso mundo para que o nosso clã continue a existir aqui. Sei que talvez não seja isso que o senhor deseje para mim como pai, mas sei que o senhor sabe que apenas eu posso fazer isso pelo mundo e por nós.

Fale para a Sayumi que ela precisa manter a calma enquanto treina, só assim ela vai conseguir melhorar, e que quero lutar com ela quando eu voltar. Avise a tia Lin que eu estou bem e que ela não precisa se preocupar e diga ao tio Kazuo que eu estou aqui fora agora mas que mesmo assim ele ainda está me devendo um passeio. Vocês me ensinaram tudo o que eu sei e agora eu tenho tudo para lutar.

Pai, o medo tenta roubar a coragem do meu coração pela primeira vez na minha vida, mas você sempre foi forte por todos nós e agora é a minha vez de ser também. Prometo voltar para casa.”

Entreguei a carta para o mensageiro do rei que estava aguardando do meu lado. Então o meu peito se aliviou, senti saudades de todos, mas eu tinha que fazer isso por eles e por esse mundo.

—Vossa Alteza mandou me chamar?

Yuki tinha acabado de entrar na sala, imediatamente o reconheci como um dos guardas que acompanhou o rei até a cede do meu clã mais cedo. Ele parecia cansado e com sono, provavelmente estava dormindo quando foi chamado.

—Yuki que bom que veio a tempo! Tenho uma missão para você.

O rei parecia empolgado, enquanto Yuki quis parecer disposto, porém a sua cara dizia que não estava nem um pouco satisfeito com aquilo.

—Como você sabe Yuki estamos em guerra...

Yuki deu um passo para trás seguido de uma expressão de espanto, era obvio que ele estava com medo do pedido do rei e que não queria ir para a guerra.

—... E não te enviei para ela porque tive medo de que algo pudesse acontecer com a gente e assim só você poderia nos salvar de forma rápida. Mas agora as circunstâncias são outras.

Yuki prendeu a respiração.

—Vossa Alteza, creio que deve ter algo em mente, mas não sei se serei útil em uma guerra.

Ele estava apavorado.

—Calma Yuki! Sei que uma guerra é assustadora, mas seu país precisa de você!

Yuki desviou os olhos do rei e encarou o chão, provavelmente está preocupado e pensando em razões para não ir para a guerra, mas se contestando porque sabia e entendia o seu dever para com o rei e com o país da Lua.

—Essa é Mei Hokaku, e ela precisa ir para a guerra do jeito mais rápido possível e só você com o seu Hiraishin no jutsu é capaz disso.

Yuki me olhou de cima a baixo, ele conhecia o meu clã, acho que isso de uma certa forma o acalmou.

—Vossa Alteza, tem certeza que isso é uma boa ideia? Ir para a guerra nesse momento em que ela já está acontecendo, e ainda tem o fato da distância ser muito grande, mesmo com o meu jutsu de teletransporte não teria chakra o suficiente para isso, e eu não estou num nível tão avançado assim dessa técnica majestade.

Hiraishin no jutsu, é uma técnica de teletranporte, onde seu usuário pode ir para qualquer lugar que tenha uma kunai com marcação, porém é uma técnica que consome muito chakra, mas isso não é problema para mim.

—Chakra não é problema Vossa Alteza, eu posso resolver isso.

O rei que antes expressou preocupação com a fala de Yuki, agora pareceu aliviado.

—Certo! Mei cuidará da questão do chakra, e pelo que eu me lembre você tem uma marcação na casa do Daimyo do Relâmpago para que caso algo aconteça com a família real você possa nos levar até lá em segurança.

Yuki suspirou, ele estava aceitando aquela situação mesmo não querendo isso.

—Como desejar Vossa Alteza.

—Excelente! Yuki sua missão é simples, você irá levar Mei para o País do Relâmpago, irá acompanhar ela na guerra e a ajudará caso precise. Mei irá se aliar as forças da aliança shinobi, irá fornecer chakra para você e protegerá você na guerra. Assim que tudo estiver acabado você trará Mei de volta para o país da Lua em segurança, mas tem uma questão muito importante.

A expressão do rei ficou séria e rígida, apenas para reforçar a seriedade dessa missão.

—Mei você deve me entregar o seu kimono, você não pode expor o seu clã de forma alguma. Você será apenas mais uma ninja da aliança shinobi, seu sobrenome não deve ser mencionado. Dessa forma Yuki você não deve dizer para ninguém nada sobre a Mei, nada sobre seu clã, sobre sua função de estrategista, e principalmente nada sobre o seu kekkei genkai. A segurança do clã Hokaku depende disso.

O rei tinha razão, essa era a questão mais importante dessa missão.

—Sim Majestade!

Dissemos em coro, e após um breve segundo onde me lembrei do momento em que minha mãe fez aquele kimono pra mim eu retirei ele. Olhei para ele antes de entregar ele para o rei. Meu coração se apertou por um momento, aquilo era minha identidade, e agora eu não podia usar ela.

—Eu cuidarei disso para você Mei, e quando você voltar ele será entrega a você.

Nesse momento aquele guarda que o rei tinha falado antes de se sentar no trono entrou pela sala, tinha algo nas mãos que entregou para o rei, e esse sorriu e agradeceu. O guarda então se retirou para o fundo da sala, e o rei olhou para mim.

—Essa decisão é algo muito importante que você está tomando Mei. Sua mãe sentiria um orgulho imenso da mulher que você se tornou. Você é inteligente e corajosa como ela, é forte e nobre como o seu pai. Tenha orgulho de quem você é e do seu nome Mei Hokaku, mas não se esqueça do seu maior dever, proteger o seu clã com tudo que há em você. Se aproxime.

Eu dei alguns passou na direção do rei.

—Essa é a bandana da aliança shinobi, o maior símbolo ninja. O seu clã não utiliza bandanas porque não tem comprovação shinobi, mas vocês sempre foram considerados como shinobis para o seu país e o seu rei. Agora você irá para a guerra, para proteger o seu clã, seu país e seu mundo, isso é a maior comprovação ninja que qualquer um possa ter, então aceite essa bandana e lembre-se da sua missão e de voltar para a sua casa.

Ele me entregou a bandana com o símbolo da aliança shinobi, eu a olhei por alguns minutos até que vi a imagem da lua vermelha ser refletida nela através da janela próxima a nós. Amarrei a bandana na coxa esquerda, da mesma forma que a minha mãe utilizava o emblema do nosso clã. Agora eu estava pronta para ir.

—Agora vá, vocês não tem muito tempo.

—Obrigada majestade.

Após uma breve reverencia me virei e fui em direção a Yuki. Ele parecia motivado agora, ansioso também.

—Me dê as suas mãos que vou transferir chakra para você Yuki.

Ele então estendeu as mãos para mim, e eu liberei o meu chakra que até o momento eu estava mantendo oculto. Yuki teve uma expressão de surpresa ao sentir meu chakra exalando de mim. Segurei a suas mãos e me concentrei. Ativar o kekkei genkai era fácil para mim pela grande quantidade de chakra que fluía de mim. Senti esse chakra ser transmitido a Yuki e o mesmo arrepiou e tremeu ao receber a descarga de energia.

—Isso deve ser o suficiente.

Soltei suas mãos e ele deu uns passos para trás.

—Certo, isso foi estranho, mas muito legal.

Eu sorri com as suas palavras. Nunca compartilhei chakra com alguém que não fosse do meu clã, a sua reação foi de certa forma engraçada.

Yuki retirou uma das kunais marcadas de uma bolsa presa no seu quadril, segurou ela na mão direita e me estendeu a mão esquerda.

—Voltem para nós.

Foram as últimas palavras do rei. Depois meu estomago se revirou e tudo ficou escuro, uma sensação bem estranha e que não gostaria de repetir.

Quando abri os olhos não estávamos mais no palácio. Estávamos numa espécie de casa muito bem mobilhada, porém escura e vazia, a casa do Daimyo do país do Relâmpago.

—Yuki você está bem?

—Sim. Só me de alguns minutos.

Yuki sentou no chão, parecia exausto, não era um jutsu simples de ser realizado, e ele tinha recebido chakra externo, seu corpo não é acostumado a isso, deve estar com dor também.

Fui em direção a uma janela próxima, meu corpo se arrepiou quando senti uma grande quantidade de chakra vindo próximo daquele lugar.

—Não temos muito tempo, a guerra está acontecendo não muito longe daqui, vou utilizar uma técnica de cintilação corporal e chegaremos rápido lá, vamos.

A técnica de cintilação corporal era utilizada para se mover em alta velocidade e praticamente não sermos vistos. Meu clã utilizava sempre em todas as missões para dificultar de sermos vistos, era praticamente uma das nossas especialidades.

Estendi minha mão direita para Yuki que a segurou com força, e assim ativei a técnica sem a necessidade de selos feitos com a mão.

Seguimos para o sul daquele lugar, eu seguia a concentração de chakra enorme que vinha de lá, estávamos perto quando eu parei.

—Por que parou?

—Coloque uma das suas marcações aqui, caso algo ocorra aqui é um lugar seguro e perto para onde você pode vir sem a necessidade da minha ajuda de chakra.

Yuki concordou e fincou uma kunai marcada no chão. Esse era um jeito de garantir que ele teria um escape caso algo ruim aconteça.

Respirei fundo e segurei Yuki novamente, e agora o próximo passo que eu iria dar seria para definitivamente entrar na guerra. Eu não sabia o que estava acontecendo, não tinha muitas informações, mas ao fechar os olhos e pensar na imagem da minha família eu tive coragem o suficiente para avançar.

Eu não sei o que está por vir, mas eu iria dar tudo de mim por tudo o que eu tenho.

E eu vou voltar para casa depois que mundo estiver a salvo.


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Notas finais do capítulo

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