A Sombra da Lua escrita por Insanidade


Capítulo 26
Capitulo extra: Naturalmente como tem que ser




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Konohagakure, quinze dias após a guerra.

POV Sai.

Acordei tarde hoje, ou melhor, não dormi quase nada. O Hokage tinha me dado uma missão na noite anterior, de vigiar a vila durante toda a madrugada. Ele estava revezando membros da ANBU para fazer essa tarefa, e apesar de eu não ser mais um membro da ANBU, chegou a minha vez de ficar a madrugada toda observando cada rua deserta da vila.

Ele não disse o motivo de fazer aquele monitoramento, mas dava para perceber que tinha algo acontecendo. Vários ninjas saíram para observar as bijuus, enquanto outros revezam para vigiar a vila, Sasuke saiu em uma missão de redenção e Shikamaru também foi para uma missão da aliança shinobi, definitivamente tinha algo acontecendo.

Mas de todo o modo a noite não foi tão ruim, Ino me fez companhia durante um tempo, levou até uns bolinhos que ela tinha feito. A presença dela me deixava estranho, e eu gostava disso.

Não sei dizer quando começou ou quando me dei conta de que gostava dela, apenas aconteceu, como tinha que ser, agora meu maior medo é de que ela não se sinta da mesma forma que eu, ou que eu não consiga expressar isso corretamente, afinal nunca tive isso.

Me levantei sem pressa. Segundo o relógio já tinha passado do horário de almoço, então eu poderia comer qualquer coisa que quisesse. Optei por um omelete, sem nada de especial, não estava com vontade de cozinhar naquele momento.

Depois de comer, tomei um banho gelado, escovei os dentes e me vesti. Iria até o Hokage para reportar sobre a noite anterior, onde não aconteceu absolutamente nada, o que por um lado era bom, já por outro entediante.

Levei apenas o meu caderno de desenhos e tinta. Estava pensando em passar na Ino depois de sair da sala do Hokage.

Caminhei tranquilamente pelas ruas, sem muita pressa, afinal poderia reportar até o fim do dia. As ruas estavam movimentadas, cheias de pessoas correndo de um lado para o outro, fazendo compras, levando os filhos para a academia ou só passeando e conversando.

Gosto muito de Konoha, é um lugar que eu não trocaria por nada. Apesar das coisas ruins que aconteceram com todos aqui, ainda tem uma felicidade e esperança que nunca morre, e isso faz daqui o meu lar.

Antes que eu pudesse chegar no prédio do Hokage, senti um perfume doce e familiar ao meu lado. A mão de Ino veio ao encontro da minha e o meu coração respondeu imediatamente.

—Pra onde você vai essa hora?

Ino caminhou ao meu lado ainda com a mão segurando a minha, seu cabelo estava solto e voava seguindo a leve brisa.

—Estou indo ver o Hokage, e informar sobre a noite de ontem.

Ela sorriu e diminuiu a velocidade para me acompanhar.

—Vai dizer que eu te fiz companhia?

Aquela pergunta me fez corar. Não que a gente tenha feito algo demais, na verdade só conversamos sobre as coisas que ela fazia na infância e depois comemos. Mas o fato dela ter estado comigo quando era proibido, afinal era uma missão, fez com que eu sentisse um relacionamento maior entre nós.

—Não, não posso fazer isso.

Ela riu e soltou a minha mão, o que me deixei um tanto triste.

—Imaginei que você ia dizer isso.

Os olhos dela desviaram dos meus, olhando qualquer coisa a nossa frente, nesse momento meus dedos formigaram para desenha-la. Ino era sem dúvidas o meu maior fascínio de desenho, já tinha desenhado ela diversas vezes e nunca ficava tão bonito quanto ela mesma.

—E você para onde vai?

Ela olhou novamente para mim e seu cabelo loiro tampou um pedaço do seu rosto.

—Acabei de sair da casa do Chouji, tinha ido lá pedir ajuda para ele, mas não deu muito certo.

Ela sorriu apesar de parecer um pouco decepcionada.

—Ajuda para que?

—Amanhã vai ter a primeira reunião oficial do clã comigo no controle, na anterior eu fui nomeada líder então não disse muita coisa e nem controlei nada, mas agora é diferente, e eu não faço ideia do que vou dizer.

A expressão dela passou de decepção para preocupação, mesmo assim ela ainda continuava perfeita.

—Eu posso te ajudar se quiser.

Os olhos dela se iluminaram e um sorriso enorme abriu nos seus lábios rosados.

—Serio? Isso seria incrível Sai! Vem comigo!

Ino segurou novamente na minha mão e saiu me puxando pela multidão para o lado contrário do prédio do Hokage, mais precisamente para fora da vila, a floresta do clã Nara.

—Podemos vir aqui?

Perguntei um tanto nervoso, a presença dela me deixava assim.

—Claro! O clã Nara é amigo do clã Yamanaka a séculos! Podemos vir aqui sempre!

Entramos na floresta e Ino me levou até uma clareira, o lugar era incrível, a grama baixa e verde, as árvores altas e o leve barulho de pássaros faziam daquele o lugar perfeito para se estar.

—Por que me trouxe até aqui?

—Por que eu precisa de um lugar tranquilo para poder me concentrar no discurso que você vai me ajudar a fazer. Geralmente Shikamaru que escreve as coisas e eu leio, mas ele não está aqui e o Chouji não é muito bom com palavras, e minha mãe está muito ocupada com a floricultura, então realmente preciso de ajuda Sai.

Ino se sentou na grama apoiando os joelhos no chão, seu olhar suplicante se cruzou com o meu e eu não pude evitar de sorrir o que fez ela sorrir também. Me sentei na frente dela, e entreguei para ela meu caderno de desenho e a tinta e o pincel.

—Use eles para escrever.

—Certo! Vamos começar!

—Sobre o que é a reunião?

Ino desvio os olhos do meu para encarar o papel em branco na sua frente.

—Toda a semana o meu clã faz uma reunião para saber como anda as coisas, para ver se está todo mundo bem, se tem algo de errado acontecendo, o que devemos fazer e como devemos fazer. Então o líder do clã toma a inciativa das perguntas e orienta a todos em como devem agir, é muita responsabilidade, qualquer coisa que o líder falar errado pode prejudicar uma ação do clã...

Ino suspirou, então eu percebi que tinha algo errado.

—Eu sempre vi meu pai fazer isso, ele me treinou para isso a minha vida inteira, mas eu nunca imaginei que fosse acontecer tão rápido e muito menos sem ele e sem o Shikamaru aqui. Eu sou a primeira líder mulher do clã Yamanaka sem falar que sou a mais nova também, desde criança eu sempre tive um espirito de liderança, mas agora não sei se consigo Sai... Estou com medo...

A voz dela soou fraca e fina, quase um sussurro, ela estava segurando para não chorar e aquilo doeu no meu coração. Me aproximei dela e segurei suas mãos que apoiavam o papel em branco, então um soluço escapou dos seus lábios, e as lagrimas começaram a molhar o papel.

Eu não sabia como confortar ela, mas não quis pensar muito. Quando conheci a Ino foi tudo por acaso, sem nada planejado, e gostar dela também foi assim, ao natural, sem pensar, sem raciocinar, sem reagir, só aconteceu, como deveria acontecer, quando deveria acontecer e com ela, quem deveria ser.

E acredito que assim é o amor, algo que simplesmente acontece.

Fui até o seu lado e a puxei para um abraço, os braços dela envolveram a minha cintura, e ela apoiou a testa no meu peito. Eu senti as lagrimas molharem a minha blusa, então comecei a passar a mão pelos seus cabelos, o doce cheiro que exalava dela era único e incomparável, poderia passar a minha vida inteira sentindo aquele doce aroma.

—Eu entendo como você se sente, várias vezes na ANBU me senti da mesma forma. Mas você não está sozinha Ino, não tem que ter medo, o seu clã é a sua família, e você é a mulher mais forte, corajosa e confiante que eu já conheci. Você é capaz disso, seu pai sabia, o Shikamaru sabe e eu tenho certeza! Não precisa chorar, está tudo bem.

Ino levantou a cabeça para me olhar, seu rosto ainda estava molhado e seus olhos marejados, mas ela sorriu, não o sorriso confiante de sempre, um sorriso doce e gentil. E eu retribui com o meu melhor sorriso.

—Ino? O que faz aqui?

Nós viramos para olhar Yoshino, a mãe do Shikamaru.

—Oi tia Yoshino! Eu vim para cá para fazer um discurso para a reunião do clã, Sai veio me ajudar.

Yoshino direcionou um olhar malicioso para mim, arqueou uma sobrancelha e pareceu segurar o riso, aquilo fez minhas bochechas arderem, eu definitivamente estava vermelho agora.

—Certo, mas vocês tem que ir agora, os cervos estão vindo para cá.

—Tudo bem!

Ino se levantou e me estendeu a mão para me ajudar a levantar, o que eu aceitei mesmo não precisando. Ela então foi até a Yoshino e a abraçou.

—Tia, como está sendo ser a líder temporária do clã Nara?

Yoshino olhou para ela e depois para mim e então novamente para ela. Pareceu pensar um pouco e entender o que aquela pergunta significava.

—Quando se tem amor Ino, tudo fica mais fácil e muito mais prazeroso.

Ino sorriu para a resposta gentil, então se despediu e veio correndo em minha direção, pegou a minha mão e novamente saiu me puxando, mas dessa vez para fora da floresta.

Quando chegamos na vila, Ino ficou me olhando por um tempo mantendo o sorriso confiante no rosto, aquilo aqueceu meu coração, ela conseguia ser perfeita demais para qualquer tentativa de desenho que eu pudesse fazer.

—Você está bem?

Perguntei.

—Sim, obrigada Sai.

Ela me abraçou e o perfume dela inundou meu olfato. Aquele era o momento perfeito para dizer para ela o que eu sentia, mas só de pensar nisso o meu coração acelerou no peito e então tudo foi estragado pelo capitão Yamato.

—Saaaaai! Que bom que te encontrei! O Hokage quer ver você!

Ino se soltou dos meus braços e juntos olhamos o Yamato vir correndo em nossa direção acenando para mim.

—Yamato sensei, é sobre o relatório? Eu já estava indo levar ele.

Mentira.

—Não, parece que ele tem outra missão para você. Oi Ino!

Ino sorriu para ele, então eu percebi que as bochechas dela estavam ruborizadas.

—Vai logo Sai! Depois a gente se vê.

Ela depositou um beijo na minha bochecha e saiu correndo em direção a floricultura.

—Certo, vamos.

Segui o Yamato sensei até o prédio do Hokage, eu percebi que ele queria perguntar algo, mas a minha cara fechada deve ter impedido ele de fazer a pergunta, até que chegamos no corredor da sala do Hokage.

—Sai, você e a Ino estão... Namorando?

Eu quis rir e assim eu fiz, ele me olhou confuso, então eu abri a porta da sala e entrei fechando ela na cara dele. Eu não queria dizer que não, mas também não podia dizer que sim, então preferi não responder.

—Sai que bom que você chegou!

—Desculpe o atraso Hokage sama.

Kakashi estava em pé em frente da sua mesa, onde vários pergaminhos estavam fechados e apenas um estava aberto, mostrando uma sequência de selos, que significavam proteção e urgência, ou seja só o Hokage podia abrir ele. Shizune também estava na sala, estava sentada ao lado de Kakashi, seu cabelo estava levemente bagunçado e ela parecia preocupada.

—Em que posso ajudar?

Perguntei, percebendo o clima pesado que tinha ali.

—Tem alguns conflitos acontecendo com ninjas ocultos, e nós enviamos o Shikamaru para investigar isso além de levar o tratado de paz até Suna, porém nós recebemos essa mensagem dele que diz que coisas erradas estão acontecendo, e os ninjas ocultos atacaram. Tem uma garota chamada Mei, ela lutou junto de vocês na guerra, e ela corre perigo e o clã dela também, e se os ninjas ocultos conseguirem o poder que vem do clã dela eles podem facilmente causar outra guerra, e é isso que estamos tentando impedir. O maior problema é que não podemos confiar em ninguém, porque não sabemos quem é e quem não é um ninja oculto. Shikamaru tem muitas informações, e ele pediu ajuda, então eu quero que você vá até Suna e ajude ele, e leve para ele uma mensagem minha.

Era muita informação, mas eu entendi a gravidade da missão. Eu concordei, então o Hogake começou a escrever em um pergaminho a mensagem que eu deveria entregar para o Shikamaru. Eu quis fazer perguntas, mas não parecia o momento certo e Shikamaru poderia responder elas para mim.

Assim que ele terminou de colocar os selos, eu sai da sala e corri para minha casa para arrumar as coisas e sair ainda hoje. Eu chegaria amanhã no fim da tarde em Suna se fosse voando no meu pássaro de tinta, isso significava que o “depois a gente se vê” da Ino e eu revelando meus sentimentos para ela demoraria mais do que eu queria, porém era necessário, espero que ela entenda.


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