A Sombra da Lua escrita por Insanidade


Capítulo 2
Capitulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



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18 ano depois, Getsugakure, Pais da Lua, Sede do clã Hokaku – 5:00 horas.

POV Mei Hokaku.

—Mei! Você precisa se esforçar mais! Ainda estou sentindo o chakra da arvore!

Não aguento mais isso! Bufei retirando as minhas mãos da arvore e sentei na grama.

—Será que não podemos parar agora pai? Estamos fazendo isso já tem 5 horas!

Daishi cruzou os braços e enrugou a testa, tinha certeza que ele estava irritado por eu ter me cansado, igual todos os dias.

—Você não fez nenhum progresso essa semana, você capturou a mesma quantidade de chakra todos os dias.

Encarei ele também cruzando os meus braços.

—Talvez essa quantidade de chakra finalmente seja o meu limite!

Ele bufou.

—Todas as vezes que pensamos ter encontrado seu limite para quantidade de chakra e jutsus que você consegue capturar, alguma coisa acontecia e você acabava se superando outra vez, Mei.

Suspirei jogando meus braços no chão, ele estava decidido a encher meu saco.

—Todas vezes eram situações de extremo risco, esse treinamento chato de todos os dias da meia noite até amanhecer não dá nem adrenalina.

Um sorriso fraco tentou aparecer em seus lábios, mas é claro que Daishi, o grande líder do clã Hokaku jamais sorria.

—Você será a próxima líder do clã Mei, você é a ninja mais forte que existe aqui, os seus poderes não tem um limite e é exatamente por isso que você deve ter disciplina ao treinar, para garantir que você será uma grande líder e irá proteger o seu clã, essa é a sua maior missão.

Encostei minha cabeça na arvore e olhei para o céu, o dia já estava começando a amanhecer.

—Essa é a minha única missão. Se eu não fosse sua filha ainda seria a shinobi mais forte, a questão é que eu não pedi por isso, será que não pode simplesmente me dar um tempo? Ninguém treina mais do que eu sensei!

—Você é a que mais precisa treinar Mei!

—Treinar para o que?! Todas as nossas missões são proteger a família real, e o maior problema deles basicamente são ladrões! A única coisa séria que já nos aconteceu em alguma missão foi encontrar outros ninjas no caminho de volta para casa!

Ele ficou em silencio me olhando. Desde que a minha mãe morreu ele nunca mais sorriu, nunca mais foi um pai de verdade, sempre o líder do clã, sempre o sensei.

—Você ainda não sabe dos perigos que existe nesse mundo, não sabe o que a ganancia pode fazer com todos nós, com o nosso kekkei genkai, você não faz ideia de quanta dor passamos, do quanto lutamos para nos proteger. Graças a família real do pais da Lua nós temos uma casa segura a um bom tempo, e todos os registros sobre a existência do nosso clã foram apagados e considerados como lenda. Mas se nós não formos capazes de nos proteger, de estar preparados para uma guerra, tudo isso será em vão. Esse é o seu dever Mei.

Me levantei do chão e encarei aqueles olhos negros.

—Você nunca me diz nada, nunca nos deixa sair e conhecer esse mundo, como quer que eu saiba dos perigos se nos mantem presos aqui?

—Isso é para o seu bem!

—É o que você sempre diz.

Virei as costas para ele e segui em direção a entrada da sede do clã. Todos os dias eu e o meu pai viemos treinar na floresta de Getsugakure a noite, porque é mais segura, ninguém vai nos ver, ninguém vai correr perigo caso algo saia do controle, sempre seguindo as regras, sempre não existindo.

Senti o chakra dele se aproximando de mim, acelerei até finalmente chegar na porta que dá o acesso ao subsolo onde vivemos.

—Ban abre a porta, somos nós!

Ban e Maiko cuidavam da única entrada que existia para a sede do clã. Os dois eram gêmeos e viviam grudados, as vezes era engraçado, outras dava um pouco de inveja pela forma como eles eram amigos.

—Bom dia Mei-Chan! Senhor Daishi!

Entramos para a sede, as pessoas estavam começando a acordar e indo cada um para sua função. Tínhamos uma horta na praça central que era o único lugar que recebia luz natural por causa do teto de vidro, várias pessoas cuidavam dela e levavam aquilo que era colhido para quem trabalhava na cozinha do clã, que era responsável por todas as refeições que fazíamos. Além disso tínhamos professores que ensinavam as crianças sobre a história do mundo e coisas do tipo, além de ter treinadores que ensinavam a controlar o kekkei genkai e a usá-lo. Tinham alguns que trabalhavam como vigias e seguranças e ficavam o tempo todo ao redor da sede, dentro e fora dela. Ai tinha a ala hospitalar que era onde a minha tia Lin trabalhava junto com outros especialistas em ninjutsu medico, e tinha aqueles que faziam outros serviços como concertar o que quebrou, confeccionar roupas e armas e até mesmo cuidar das finanças do clã.

Todos tinham suas ocupações, todos ajudavam. Nós recebíamos o que precisávamos da família real, além do pagamento pelas missões que fazíamos. O meu trabalho era o mais chato, além de treinar para assumir a liderança do clã e ter que aprender sobre toda a burocracia e a lidar com o rei, eu era a estrategista oficial, desde que minha mãe morreu.

Isso já fazia 3 anos, ela ficou muito doente e não resistiu, tia Lin fez tudo o que pode, mas infelizmente não foi o suficiente. Ela foi cremada como todos os membros do clã que morrem, e suas cinzas foram preservadas dentro de jarro em um local sagrado dentro da sede.

Não existe um dia que eu não sinta saudade dela, das suas piadas, dos seus ensinamentos, da sua risada, dos seus sonhos, e da forma como ela conseguia reunir todos nós em amor. Até mesmo o Daishi não resistia a ela e aos seus encantos.

—Onde está o Maiko, Ban?

—Ele ficou resfriado depois que saiu naquela missão para proteger o príncipe e acabou caindo no mar.

A cara triste que ele fez deixou a situação um tanto estranha.

—Entendo, manda melhoras para ele.

—Sim Mei-Chan!

Desci as escadas em direção aos dormitórios, estava louca por um banho e poder descansar um pouco.

—Mei não esqueça que mais tarde você deve rever os relatórios comigo.

—Sim pai.

Que saco.

Continuei andando em direção aos dormitórios. Algumas pessoas acenavam para mim, não éramos um clã grande, no máximo 180 pessoas contando com as crianças, mas o clã Hokaku é um clã muito pacifico. Desde que eu nasci nunca aconteceu nenhuma tragédia, meu pai é um bom líder, apesar de todas as regras. Sei que já aconteceu muitas coisas ruins no nosso passado, nunca ninguém me disse algo a respeito disso, mas a quantidade de jarros na sala sagrada me dá essa noção. Eu tenho medo de não conseguir ser capaz de manter essa paz aqui dentro, tenho medo de falhar com eles, de perder eles.

As coisas que o meu pai me diz sobre o mundo ser perigoso, sobre o desejo das pessoas por poder, pelo nosso poder, nosso kekkei genkai, me assusta. Eu nunca testemunhei perigo, mas sei que não quero testemunhar. Sinto que eu sendo a estrategista, a futura líder e a shinobi mais forte, é o meu dever proteger cada um deles, e isso me preocupa todos os dias.

O meu treinamento começou quando eu tinha três anos, foi quando eu manifestei o primeiro sinal do kekkei genkai, sempre fui treinada pelo meu pai e pela minha mãe, nunca treinei com qualquer outra pessoa, mas a quantidade de chakra que tem dentro de mim é superior a todos no clã. Quando eu completei quinze anos e minha mãe morreu, meu pai começou a me levar para fora da sede, para treinar na floresta, é a melhor sensação que eu tenho, poder sair daqui, sentir o ar fresco, a grama, a terra, poder olhar de verdade para a lua e saber que o mundo existe e está bem ali.

Eu não queria ficar presa aqui, não queria viver assim, ter o mundo nas minhas mãos, poder ir em qualquer lugar é o que eu mais desejo. Porém, os deveres como futura líder me impedem de cometer uma loucura e abandonar tudo isso, os deveres e ela, Sayumi.

—Onee-chan! Como foi o treinamento hoje?! Me conte tudo!

Sayumi é minha irmãzinha, ela está com dez anos agora, e é bastante forte e inteligente, apesar de ter sérios problemas para controlar o kekkei genkai. Ela me anima bastante, e toda vez que eu olho para ela, para os olhos azuis dela, o cabelo branco e curto, eu venho a nossa mãe, e isso me conforta.

—Agora não Sayumi, quero um banho.

—Mas você vai me ajudar a treinar hoje né Mei?! Você prometeu!

—Não.

A cara que ela faz sempre que eu desapontava ela é engraçada, por isso eu vivo fazendo isso.

—EU NÃO ACREDITO NISSO ONEE-CHAN! VOCÊ PROMETEU!

Eu não aguento e começo a rir, o que deixa ela furiosa.

—O que está acontecendo aqui com as minhas meninas favoritas?!

—Tio Kazuo! Mei está quebrando a sua promessa! Um membro do clã Hokaku nunca quebra suas promessas!

Sayumi cruzou os braços e fez a melhor postura de gente grande que ela conseguiu.

—Ela está certa Mei, nós nunca quebramos nossas promessas.

Tio Kazuo segurou para não rir da expressão de extrema satisfação e orgulho que passou pelo rosto de Sayumi.

—Está bem, está bem! Mais tarde nós treinamos, agora você vai para sua aula e me deixa dormir.

—Certo!

Sayumi saiu correndo em direção as salas onde eles tem as aulas, aquele sorriso no rosto dela é idêntico ao da mamãe.

—E você o que está fazendo por aqui essa hora, tio Kazuo?

—Estou indo pegar suprimentos com a família real, e quero passar na vila para comprar um presente para sua tia Lin, hoje faz 3 anos que estamos juntos.

Tio Kazuo é a representação clara do bobo apaixonado. Minha mãe e eu que acabamos unindo os dois. Minha mãe amava jogos, e ela me ensinou todos eles, desde shogi, o nosso jogo favorito, até um que ela chamava de espionagem, onde nós observávamos as pessoas do clã e descobríamos o que estava acontecendo com elas. Foi assim que descobrimos a paixão que Kazuo cultivava pela tia Lin, nós até tentamos manipular ela para que eles ficassem juntos, mas isso só aconteceu depois que minha mãe morreu, tio Kazuo que ajudou a tia Lin a superar toda a dor e a fortaleceu.

—Posso ir com você?!

Ele riu.

—Queria muito que você fosse comigo Mei, mas você sabe que ninguém pode sair da sede do clã apenas aqueles que ter ordens restritas para isso, são as regras.

Bufei.

—Que saco, estou cansada dessas regras, cansada de ficar presa aqui, de fazer as mesmas coisas todos os dias e nunca jamais mudar isso.

Tio Kazuo colocou o dedo indicador na ponta do meu nariz, um gesto que nós fazíamos para demonstrar afeto uns pelos outros.

—Você fala igual a sua mãe, quem sabe um dia eu te leve lá fora.

—Você sempre diz isso.

Tio Kazuo substituiu o dedo por um leve beijo na ponta do meu nariz e saiu andando em direção a sala do meu pai. Suspirei, estava realmente cansada, quando será que aquele dia iria chegar?

Finalmente entrei no meu quarto, aquilo estava uma bagunça, mas não seria agora que eu arrumaria. Fui em direção ao meu banheiro já tirando as roupas e jogando elas em qualquer canto. Meu banho foi rápido, o cansaço e o sono já me atingiram. Vesti uma roupa larga e antes de me deitar me olhei no espelho.

O cabelo branco longo e ondulado estava perfeitamente alinhado, a boca vermelha, herança da minha mãe, tinha um corte pequeno devido ao soco que eu levei do meu pai no treinamento a dois dias. A pele extremamente clara não escondia os roxos das lutas e as cicatrizes de algumas missões. Abaixo dos olhos negros, que não negavam quem era o meu pai, se encontravam olheiras enormes resultado do meu destino. Proteger meu clã, proteger minha família, ser uma líder. Suspirei, eu estava cansada desse destino, não que eu não queria proteger quem eu amo, mas eu não quero passar o resto da minha vida presa no subsolo, seguindo as regras, mesmo que isso seja para a nossa proteção, eu sinto que eu não fui feita para isso. Existe algo a mais que eu preciso descobrir.


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Notas finais do capítulo

Comentem!



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