A Sombra da Lua escrita por Insanidade


Capítulo 13
Capitulo 12




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Em algum lugar próximo a Konohagakure, quatro dias após a guerra.

POV Shikamaru Nara.

Continuávamos caminhando em ritmo mais acelerado agora, não tínhamos feitos pausas para descanso ou qualquer outra coisa queríamos chegar o mais rápido possível em Konoha.

Tsunade, Shizune e Kakashi estavam ao meu lado. Caminhávamos um pouco afastados do grupo de ninjas. Eu já tinha contado para eles o que tinha visto durante a madrugada, e eles fizeram poucas perguntas.

—Kakashi temos que avisar o Kazekage.

—Sim, Hokage-sama.

Kakashi então utilizou seu jutsu de invocação, enquanto Tsunade escrevia em um pergaminho os acontecimentos dessa madrugada.

—Bisuke, leve esse pergaminho para o Kazekage, entregue somente para ele, e não deixe ninguém encostar nele. Ele é de total sigilo e urgência.

O ninken apenas confirmou com um aceno de cabeça e saiu correndo na direção de Suna.

—Você faz alguma ideia de quem eles possam estar falando na questão do kekkei genkai?

Perguntei para ninguém em especifico. Tsunade respondeu.

—Existem milhares de kekkei genkai pelo mundo, vários deles são secretos e protegidos. Alguns apenas uma pessoa possui, outros um clã inteiro e outros algumas pessoas dentro de um clã. Não dá para saber qual é o alvo deles, existe uma variação muito grande de poder no mundo shinobi. Temos que esperar a resposta do Kazegake e ver quem tem acesso a biblioteca de Suna e quais registros de kekkei genkai se encontram nela, só ai vamos ter alguma ideia.

Suspirei. A biblioteca de Suna era a maior do mundo shinobi, tinha livros nela que não existiam em nenhum lugar, livros que eram proibidos, livros que tinham ordens para terem sido destruídos, livros sobre todas as coisas que possa imaginar, livros mais antigos do que o país do Vento, era difícil imaginar o que eles tinham encontrado num lugar como esse, porém era obvio que eu estava mais do que nunca pensando na Mei, eu não fazia ideia se ela tinha um clã, se o clã tinha o mesmo poder que ela ou se só ela tinha aquele poder, a questão é que ela podia estar em perigo, e isso me incomodava de um jeito inexplicável. Eu não a conhecia, mas queria o seu bem, afinal ela salvou a gente.

—Tsunade-sama, como esses ninjas podem roubar o kekkei genkai de alguém?

Shizune perguntou. Tsunade tinha falado para ela sobre os ninjas ocultos hoje quando eu fui levar a informação até ela, Shizune ficou muito preocupada como todos, ela tinha medo de outra guerra e isso ficou evidente na sua expressão.

—Existem alguns jutsus secretos que tem essa capacidade, além de experimentos como os que Orochimaru fazia.

—Todos são fatais para o dono do kekkei genkai.

Kakashi completou o que Tsunade disse, e isso só nos mostrou o quão grave a situação era.

—Mas pode ser quem eles pretendem colocar o usuário do kekkei genkai ao lado deles, ao invés de roubar seu poder certo?

Shizune perguntou, mas ninguém respondeu. Era uma possibilidade sim, e segundo o histórico deles de sequestrar ninjas e forçar eles a trabalharem, fazia sentido. De todo jeito nenhum opção era boa.

—Hokage-sama, você tem conhecimento de algum kekkei genkai roubado?

Perguntei, na esperança de que fosse algo raro de acontecer.

—Infelizmente Shikamaru, sim. Nas guerras passadas vários clãs enfrentaram muitos problemas devido a isso, e vários foram destruídos ou simplesmente desapareceram. O clã Hyuuga mesmo sofreu com tentativas de roubo até pouco tempo. A ganancia por poder é um mal comum.

Desviei meu olhar para o chão tentando me concentrar para encontrar alguma saída que pudesse nos ajudar, nada. Não tinha muito o que podia ser feito sem saber contra quem estamos lutando. A informação é a arma mais poderosa de um ninja, e nós não tínhamos nenhuma. Não sabíamos quem eram esses ninjas ocultos, o que de fato eles queriam, qual era esse kekkei genkai que eles estavam atrás e sem essas informações estava impossível bolar um plano para parar eles, antes que isso vá longe demais.

—Quanto tempo até chegarmos em Konoha?

Shizune perguntou.

—São em média três dias de viagem a pé, no ritmo que estamos podemos chegar amanhã de manhã.

Kakashi respondeu. Eu mal podia esperar para chegar logo na vila, estava cansado de tudo isso, só queria ir pra casa e estar com a minha mãe, Kurenai e a Mirai.

—Atenção shinobis! Uma tempestade está a caminho! Vamos ter que nos mover bem mais rápido agora para que ela não nos alcance e assim vamos proteger os feridos!

Yamato avisou e todos começaram a correr, alguns utilizaram cintilação corporal para ajudar a mover os feridos e os suprimentos.

Olhei para o céu atrás de nós e pude ver nuvens negras se aglomerando.

Sai fez mais pássaros de tinta e nós ajudamos a colocar os feridos mais graves em cima deles, como o Gai.

—Agora talvez chegamos hoje mesmo em casa.

Kakashi falou para Shizune, que sorriu para ele e ele pareceu surpreso com isso, mas um surpreso feliz até que tropeçou em um galho e quase caiu.

Kiba e Naruto riram muito dele, e ele pareceu ficar decepcionado consigo mesmo.

—Hogake-sama, você se lembra da garota que nos ajudou na guerra?

—Sim, Mei certo?

—Sim, ela tem um kekkei genkai muito poderoso além de uma quantidade do chakra da Kyuubi.

—Shizune e Ino me falaram sobre ela. Eu já lutei com membros do clã dela nas grandes guerras. Me lembro um pouco deles, do chakra, da força, da forma como eliminavam os inimigos e ajudavam os amigos, capturando e distribuindo chakra. Não lembro de onde eles eram mas lembro que eles foram aliados de Konoha na segunda guerra, e acredito que na primeira também, porém eles não eram imbatíveis. Com uma grande quantidade de inimigos, ou com o cansaço causado pelo excesso do uso do chakra, eles eram derrotados e isso era fatal em várias vezes. Eles foram um dos clãs que desapareceram após a terceira guerra, devido a ninjas que tentavam e até mesmo conseguiam roubar o seu kekkei genkai. Quando elas me falaram da Mei na hora me lembrei desse clã, eu não me lembro o nome dele, e não sei se ele ainda existe ou se ela é uma das pessoas que roubaram o kekkei genkai deles, o fato é que ela além de possuir tal poder de roubar chakra, roubar jutsu e de transmitir chakra, tem um pedaço da Kyuubi em si, o que faz dela mais perigosa e muito mais poderosa.

—Está dizendo que ela é um possível alvo dos ninjas ocultos?

—Estou dizendo que ela é mais do que um possível alvo, se esses ninjas estavam na guerra e viram ela, pode ter certeza que ela já um alvo, se ela não for um deles.

Fiquei em silencio. Os Kages já tinham enviados cartas para todos os países avisando sobre os ataques dos ninjas ocultos e pedindo para que eles permanecessem em alerta e mantivessem os Kages informados sobre esse assunto. Não tinha mais o que pudesse ser feito.

Se a Mei faz parte dos planos dos ninjas ocultos não sabemos por enquanto. Pensar nisso me deixou bem mais preocupado do que eu esperava, mas ao mesmo tempo eu sabia que ela não era uma ninja fácil de ser derrotada, pelo contrário, Mei era forte, e se ela tivesse se recuperado da guerra ela estaria bem. Porém eu não pude evitar meus pensamentos de encontrar formas de proteger ela, mesmo eu sabendo que não iriamos protege-la.

O resto da jornada foi rápida e logo escureceu.

Kiba e Naruto ficaram provocando Kakashi dizendo que ele estava gostando da Shizune, até que ele deu um soco nos dois, o que fez com que a Shizune tivesse que cuidar deles. Ela não sabia o porquê deles terem levado um soco do Kakashi, mas mesmo assim repreendeu ele, o que deixou o Kakashi mais decepcionado ainda.

Sai e Ino ficaram o tempo todo conversando sobre as coisas que ela gostava, ele discretamente anotava tudo em um pergaminho, devo admitir que ele está sendo bem esperto.

Choji, Shino e Hinata estavam conversando sobre comida, até que a Hana, irmã do Kiba, passou por eles juntos com os seus ninkens, o que fez com que o Shino ignorasse completamente os outros e prestasse atenção nela, Kiba não percebeu, mas quando perceber uma guerra vai ser travada.

Sasuke e Sakura conversavam tranquilamente, e ele toda hora se desculpava ou parecia arrependido sobre qualquer coisa, ela segurava as lagrimas de felicidade toda vez que olhava para ele, era visível o afeto dos dois.

Rock Lee e Tenten conversavam com o Gai sobre artes marciais, Lee parecia fascinado quando Tenten falava alguma coisa, Gai que já estava se recuperando muito bem graças ao Naruto e a Shizune, ria da cara de bobo do Lee.

Yamato conversava com Tsunade sobre querer dar aulas na academia e continuar sendo sensei de algum grupo de shinobis, Tsunade dizia ser uma boa ideia. Depois da guerra ele fez todo um relato do que aconteceu com ele, e a Tsunade resolveu deixar ele de folga por um bom tempo, mas parece que não é bem isso que ele quer.

—Shikamaru!

—Oi Naruto, está tudo bem?

—Sim, o soco não foi tão forte assim.

A cabeça dele estava toda enfaixada.

—Entendi.

Não pude deixar de rir um pouco da situação.

—Você também sentiu o chakra da Kurama naquela garota que está todo mundo falando?

—Sim, era bem familiar ao seu.

—Kurama queria saber mais dela, ela não se lembra de ter seu chakra roubado por alguém.

—Acho que todo mundo quer saber mais sobre ela.

—Ela deve ter mais ou menos a nossa idade né?

—Acredito que sim.

Mei era baixa, mais baixa do que eu e do que a Temari, mas ela não tinha uma aparência infantil, então ela deve ter a nossa idade um ano a mais ou um ano a menos.

—Seria possível alguém ter pego o chakra da Kurama quando eu nasci e o selo foi quebrado, e ai devem ter colocado nela, já que ela pode capturar chakra e colocar chakra nas pessoas, alguém pode ter feito isso com ela.

—Faz sentido.

Naruto parecia tranquilo e pensativo. A noite estava nublada, e nós nos movíamos muito rápido, quando de longe umas luzes foram aparecendo, Konoha.

Um alivio muito grande inflou no meu peito, meus passos foram acelerando, as pessoas já gritavam “Konoha está bem a frente!”, “finalmente em casa!”, e eu só queria correr.

O vento gelado cortava a minha pele, as folhas e arvores familiares me deixavam mais ansioso.

Já pensava em casa, na floresta do meu clã, na minha mãe e o seu chá com biscoitos, na Kurenai e na Mirai, no jogo de shogi com o meu pai...

—Pai...

Parei. As lagrimas caiam como chuva pelo meu rosto, a dor tirou toda ansiedade e alivio do meu peito. Ele não estava ali, ele nunca mais estaria ali, e eu tinha que dizer isso para a minha mãe, eu tinha que dizer que ele não ia voltar para casa, que ela nunca mais ia encontrar cartas dele escondidas por lá, que ela nunca mais ia discutir com ele por causa de missões ou preguiça excessiva, que ela nunca mais ia esperar ele até o dia amanhecer, que ela nunca mais ia jogar na cara dele quando ele perdesse para mim no shogi, que ela nunca mais ia dar a ele beijos na ponta do nariz e chamar ele de preguiçoso num tom afetivo. Por que ele não existia mais ali.

Os laços nunca são rompidos nem mesmo na morte, por causa das marcas que as pessoas deixam nas nossas vidas, as memorias e a saudade nos mantem juntos para sempre, mas a dor é o que faz isso ser tão difícil.

Eu nunca mais ia ver ele reclamar das coisas, nunca mais ia jogar com ele ou aprender com ele, nunca mais eu iria em alguma missão com ele, nunca mais eu iria comentar o fato dele ter medo da minha mãe, nunca mais iria com ele para a floresta e ficar lá até tarde sem fazer nada, nunca mais teria a companhia dele.

Eu já tinha perdido o Asuma sensei e isso ainda dói dentro de mim. Aceitar a morte era um fardo pesado e necessário, mas nunca estamos preparados para isso, mesmo lidando com a morte sempre, encarando ela todas as vezes que saímos de casa, ela nunca é bem-vinda, e quando vem traz a dor mais profunda com ela.

Suspirei e voltei a caminhar. Os ninjas já estavam bem na minha frente, mas a pressa não era algo que eu tinha agora.

Não quis pensar em como ia dizer para a minha mãe, ou o que eu tinha que fazer no dia seguinte, só deixei a minha mente viajar para as melhores memorias que eu tinha do meu pai.

A chuva então caiu quando eu já podia ver a entrada da vila.

Muitos ninjas abraçavam suas esposas e filhos. Eu vi Ino e Choji chorando junto com suas mães, a dor que eles sentiam também era a minha.

Tsunade gritava para o povo sobre a vitória na guerra e como Naruto foi o nosso herói, em resposta, o povo aplaudia e gritava o nome de Naruto.

Então eu pude ver elas, minha mãe e Kurenai com Mirai nos braços olhavam para todos os lados em meio à multidão. Meu coração falhou uma batida quando elas olharam em minha direção.

Minha mãe correu para mim, enquanto Kurenai chorava e vinha em um ritmo mais lento por causa de Mirai que estava atenta a tudo em seu colo.

Com um baque eu senti minha mãe se jogando em meus braços, eu não tive forças para ficar em pé então de joelhos no chão eu senti o calor do seu abraço e o cheiro tão familiar que me dava conforto, paz e segurança.

Ela chorava e me apertava contra ela com toda a sua força, as nossas lagrimas se misturavam com as gotas de chuva, mas não estava mais frio.

—Mãe... Eu sinto muito...

—Para! Eu não quero que você diga isso! Você voltou meu filho, isso que importa, você está aqui e estamos juntos!

Ela me soltou do seu abraço e olhou para mim, colocou as mãos quentes no meu rosto e parecia querer saber se eu era real. A dor era visível nos seus olhos, mas o amor que ela me direcionava era maior do que isso.

—Ele disse que estará sempre conosco...

—Eu sei meu amor, seu pai é nosso herói, eu o amo, e sei que ele ama a gente, e o amor supera toda a dor!

Ela me abraçou novamente e seu choro se intensificou. Eu senti a mão de Kurenai sobre o meu ombro, e direcionei meu olhar para ela e Mirai.

Kurenai chorava, mas um sorriso se formou em seu lábios, um sorriso de gentileza, de conforto e de amor. Mirai esticou os braços para mim e também sorriu, nada nesse mundo era tão reconfortante quanto aquele sorriso.

—Vamos para casa mãe.


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Notas finais do capítulo

Então é isso! Por favor comente! Quero muito saber o que estão achando e o que desejam que aconteça! Vejo vocês em breve!



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