XadreZ escrita por Mia Grayson


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

E aqui vamos nós^^

"Tudo podemos, mas nem tudo devemos fazer"



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Ferro - velho, atrás da antiga fábrica de peças,10:28 AM
– O QUE É ISSO?! NÃO CONSEGUEM FAZER MELHOR? LEMBREM - SE PARA QUE TREINAMOS. - Erick, meu irmão mais velho dava ordens a dois outro de nós, andy e Thomás, em cima de uma pilha de peças enferrujadas. Erick, por ser o mais velho e por sua postura forte e decidida, é nosso líder. -E você? Por que está aí parado, Ian? Está divagando de novo? - Ele vem descendo da pilha até mim.
– Não, só estava descansando um pouco. Já vou voltar.
– Tá, mas não demore. - Ele se afasta de mim novamente indo olhar outro dos nossos, Taylor, que treinava sozinho com um boneco de peças segurando uma vassoura feito por nós para treinos.
Erick aliviava comigo talvez por eu ser o mais novo e achar que tem que me proteger como irmão. De qualquer modo não reclamo, não deixo que isso diminua meu esforço ou minha vontade de proteger a cidade, nossa cidade.
Me coloquei em posição e me virei para um de nossos bonecos ficando cara a cara para ele que usava um par rasgado de luvas sujas de boxe.
Ao fim do treino, mais ou menos meio dia, nós reuníamos no centro do lugar para conversar e comer o que um produtor local sempre nos dava como incentivo ao nosso futuro. Eram assim nossos dias. Naquele, porém, uma estranha sombra apareceu por entre as ferragens, uma sombra e uma voz.
– Olá? - Nós viramos todos juntos esquecendo uma das inúmeras histórias de Andy sobre seus parentes.
Cabelos castanhos e olhos seguros olhavam para nós da entrada vestidas em um esfarrapado vestido vermelho com uma blusa branca por baixo. - Posso ficar aqui? - Erick saiu do lugar onde estava indo em sua direção.
– Por que acha que aceitaríamos uma garota aqui?
– Por que não? Não vou atrapalhar a conversa.
– Garotas choram por tudo e isso aqui é sério, não podemos ter ninguém fraco aqui!
– E quem disse que sou fraca? - Ela o olha direto nos olhos e é empurrada por ele no chão.
– Erick... - tento gritar mas sou impedida por Andy.
Por um momento todos emitimos o mesmo som de espanto e ela ficou ali parada com a cabeça baixada para o chão até se levantar e voltar a olhá-la diretamente no olhos novamente e decidida. - Não vou sair chorando. Não sou esse tipo de garota. - Ele ficou ali absorvendo essas palavras até se virar de costas.
– Qual seu sonho?
– O que?
– Você me entendeu. Só responda.
– Quero proteger as pessoas. Me tornar uma agente é o meu sonho. - Ele se virou novamente para ela sorrindo e lhe estendeu a mão.
– Bem vinda ao grupo. - Nós gritamos e ela apertou sua mão de um jeito que depois fiquei sabendo que nenhum outro garoto havia apertado com tanta determinação.

– A propósito, me chamo Alice.
– Prazer. Me chamo Erick.
– E deve ser o líder, certo?
– Sim. - Eles se aproximam de nós. - estes são Andy, Thomás, Taylor e meu irmão, Ian.
– Olá. - Ela nos cumprimenta naturalmente como deve ser seu jeito.
Ela se sentou com a gente . Lhe oferecemos o que tínhamos para comer e ficamos conversando até a hora de voltarmos para o treino que estávamos curiosos para saber como seria com essa nova integrante.

– Bom, - Erick falava em pé em frente à todos nós sentados no chão. - Você deve saber o que é o brainsense.
– Claro, é o capacete de alta tecnologia que lê e interpreta nossos pensamentos ou, no caso, controla o jogo chez com a nossa vontade.
– Isso. Então deve saber também que uma mente boa e focada não são o suficiente sem um corpo forte.
– Sim, quanto melhor sua capacidade física, maior sua pontuação extra.
– Exato, por isso aqui treinamos o corpo e a mente para o teste da elite. Nosso objetivo é nos tornarmos parte da guarda do distrito terra quando nossos veteranos se aposentarem.
– Ta. Por onde começamos?
– Os outros vão treinar a mente agora, dentro do prédio. - Ele se aproxima dela. - Você vai começar do zero.
– Hã? Não vai me testar primeiro? Como sabe que se sou boa ou não?
– Pela sua forma de falar e sua postura. Primeiramente, alguém que tenha alguma experiência com o brainsense sabe que deve avaliar a situação antes de começar a se impor como fez. Segundo que sua postura é agressiva e de movimentos duros. Você se mexe sem técnica alguma. - Ele rodava a minha volta me avaliando.
– Não vou precisar me mexer. Vou estar sentada. - Ele para a minha frente me olhando cara a cara.
– Mas seu personagem vai e como você deve pensar seus movimentos acaba aprendendo espontaneamente a agir como ele. Você nunca teve experiências com o brainsense. Se teve, foi uma vez no máximo. - Baixo o olhar para o chão.
– Está certo. - Volto a encarará-ló. - Então me ensine. Eu vou aprender!

Ao longo dos dias, enquanto os outros treinavam níveis mais avançados, Erick me passava, com seu jeito mais frio e autoritário embora compassivo, o treinamento de corpo e mente. Enquanto Ian me ensinava, com sua calma e cuidado, as regras, a pontuação e até como deveria agir dentro do jogo e como ter calma para olhar cada ponto e traçar uma boa estratégia.
Por meses eu treinei de dia e de noite, enquanto todos dormiam, repassava tudo o que aprendera e em muitas noites, com Ian me ajudando nos fundos do ferro velho onde eram nossos treinos e nossa casa.
Em poucos meses eu já havia evoluído ao nível dos outros e em um ano, os ultrapassado. E em minha última noite, depois de dois anos, pude desafiar Erick.

– Todos prontos? - Andy era nosso juíz. Estávamos sentados em uma área coberta nos fundos do ferro velho, uma espécie de galpão. Estávamos sentados em uma velha mesa de ferro enferrujada, os capacetes a nossa frente.
– Sim.
– Sim.
– Podem colocar os capacetes. - por trás do vidro preto na frente do capacete, eu podia ver seus olhos impassivos, sua respiração normal e fiquei um pouco tensa. Não havia nada em jogo, nada mudaria entre nós era mais, era pessoal, para os dois. Um mestre querendo fazer seu trabalho lhe dar orgulho é uma aluna querendo o orgulho do mestre. No fim, se eu ganhasse seria o melhor mas também, que eu já não tinha mais o que aprender aqui.
– Podem começar.
Ligamos os capacetes e entramos em um lugar todo escuro. Um tabuleiro branco e cinza surgiu aos nossos pés.
– A escolha começará.
A escolha inicial feita pelo sistema não pode ser contestada, as escolhas são desistir ou lutar e quando são decididas as peças, nos tornamos ela podendo nos mover conforme as regras e sermos comidas. Nesse caso o jogo não se encerra mas o jogador pode, dependendo da quantidade de pontos que tiver acumulado seja pelo número de peças que se comeu, seja pela pontuação de jogador (sua força física), voltar ao jogo como outra peça. Se o número de pontos for muito baixo, ele pode continuar se desistir das peças que já foram comidas até atingir um número mínimo determinado. Se ele não tiver comido nenhuma quando for eliminado, o jogo se encerra mas o adversário apenas aumenta seus pontos de jogador, não é dado como uma vitória por isso quase nunca acontece. Até na disputa por pontos é mais vantajoso prender o casal. Nosso objetivo é prender o casal real sempre usando a peça que formos em conjunto com as outras.

O jogo começa.

– Alice, cavalo. Erick, torre.

Vamos para nossas posições e as peças surgem a nosso lado. Ele começa e move uma de suas damas. Movo uma das minhas, preciso ficar alerta e talvez tentar alguma combinação forçada para coloca-lo em uma situação difícil. Se conseguir chegar perto o suficiente poderei intimidá-lo e força-lo a prestar atenção em mim se esquecendo de minhas outras peças mais fortes. Para isso me foquei em uma dama, uma peça aparentemente inofensiva mas muito poderosa se chegar a última linha do adversário se transformando em qualquer peça. Desviando-a sempre que possível, para uma casa segura e as vezes sendo esvaziada a força, começo a avançar por suas damas até sua sexta casa. Ele move seu cavalo inicialmente parado, até mim. É hora de avançar. Como posso pular peças, me uso disso para eliminar algumas damas do caminho enquanto ele continua a mover suas damas e comer as minhas, sem dúvidas planeja algo. Consigo avançar mais um pouco com meu cavalo mas ao invés de me bloquear como achei que faria, ele sai, a torre. Consegui chegar até sua sétima linha e comecei a levar os outros soldados e o meu casal até o centro onde montaria a guarda e as outras peças até a linha de fundo dele comigo na frente. Minha estratégia funcionava bem, estava cada vez mais perto de seu casal só que não percebi que suas damas não estavam interessadas em mim mas em crescer e quando suas três damas chegaram a oitava linha, eu já estava encurralada. A mesma estratégia funcionaria mas eu estava com poucas damas e uma parte das outras peças formando a guarda, não havia muitas escolhas. Acabei sem saída olhando ele, a torre, de frente para meu casal rendendo-os.

– Xeque mate. Vitória de Erick. – Andy anunciou.

– Jogou bem. – Ele me estende a mão.

– Você também. – Chego mais perto de seu ouvido. – Mas vai ter volta.- de canto de olho posso ve-lo sorrindo.

– Estarei esperando.

Naquela noite pedi a Ian para me dizer quais foram meus erros. Ele disse que minhas estratégias foram boas mas esqueci de olhar o todo e especular quais poderiam ser seus movimentos e atacar quando tivesse certeza de como prosseguir. Ele me reconfortou com suas doces palavras como era de costume e algo que me pegou de surpresa.
– Alice. - Ele se levanta. - Eu... - Ele tremia ao falar. Respira fundo e continua. - Eu te... - Mas ponho a mão em sua boça impedindo suas próximas e óbvias palavras.
– Você é muito novo, não sabe o que diz. - Ele abaixa a cabeça e me dá um boa noite olhando em meus olhos antes de sair. Eu queria dizer isso a ele mas não podia agora.
Eu queria fazer algo, queria melhorar e fazer algo mais que me incomodava a anos. Naquela noite, quando todos foram deitar, eu tomei a decisão que já pensava a anos e parti.


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Notas finais do capítulo

^^



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