Samurai NOT escrita por phmmoura


Capítulo 29
Capítulo 23




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Já era hora, a garota queria gritar quando escutou a barra do outro lado da porta sendo removida. Apesar da raiva, ela conseguiu ficar quieta e observar os moradores abrindo a porta.

— Me perdoem por ter demorado tanto — uma mulher idosa disse. Ela nem olhou para Tadayoshi e Ei enquanto os homens ao seu lado fechavam a porta.

Apesar de suas palavras, a garota não sentiu nenhum arrependimento na voz da senhora, e aquilo só a deixava com mais raiva. Ei não tinha ideia de quanto tempo esperaram, mas sabia que tinha sido muito.

Nessa prisão sem janelas, é difícil dizer quanto tempo passou… talvez nos fazer esperar seja uma tática deles pra nos irritar, Ei pensou, observando a velha e os homens que a ajudavam a andar.

O fogo que Tadayoshi acendeu já quase se apagara, mas o ar estava quente, abafado e difícil de respirar. Tanto ela quanto seu mestre tiraram as roupas pesadas, e mesmo assim ainda suavam. Nem mesmo o vento frio quando os moradores abriram a porta amenizou o calor.

A senhora arrastou os pés lentamente até ficar diante de Tadayoshi e Ei. Com a ajuda dos dois jovens, ela sentou. Mais moradores entraram a casa e ficaram na entrada como guardas. Quando último entrou, ele fechou a porta rapidamente, mas não antes de Ei ver mais pessoas do lado de fora.

Naquele breve instante, a garota viu muitos moradores segurando ferramentas. Sem fechar os olhos, ela expandiu sua percepção. A casa tá cercada, Ei percebeu, prendendo a respiração enquanto olhava para seu mestre. O mais discretamente que pode, ela trouxe sua espada para mais perto.

A senhora levou seu tempo encarando Tadayoshi e a espada dele, mal prestando qualquer atenção a discípula dele. Dessa vez a garota não se importou. Ela também não estava prestando atenção na velha. Ei estava mais interessada em seus guarda costas. O jeito que eles encaravam Tadayoshi a deixou inquieta.

— Meu nome é Otose, e sou a líder dessa vila — ela disse numa voz fraca e frágil. Ela fechou os olhos e respirou fundo antes de falar de novo. — Me desculpem por ter demorado tanto pra vir. Esse corpo velho não aguenta frio como antes. Dói nos ossos…

— Não, por favor. Não se desculpe. Estamos feliz por ter achado um lugar pra descansar. — Tadayoshi disse, falando apenas para a líder, ignorando os homens atrás dela. Mesmo assim, ele nunca tirou os olhos de nenhuma pessoa dentro do aposento.

Como consegue fazer isso, mestre? Ei deveria estar acostumada com esse tipo de encarada também, mas os olhares dos homens eram sinistros. Não tinha ódio ou raiva ou nada que ela estivesse familiarizada.

É como se eles… tivessem pena da gente… como se a gente fosse dois seres patéticos e estranhos. Era isso que a deixava inquieta. A garota não tinha ideia de como reagir a isso. Seria melhor se eles tivessem medo da gente… Ela conhecia ódio e medo mais do que deveria.

Ei queria segurar sua espada. Queria enrolar seus dedos ao redor do cabo que cabia perfeitamente em sua mão. Seus instintos a diziam para fazer isso. Mas antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, seu mestre seu mestre colocou a mão nas costas dela e a forçou a fazer uma reverência enquanto ele fazia o mesmo.

— Meu nome é Tadayoshi e essa é minha irmã, Eiko. A gente tava viajando com um grupo, mas quando passamos pela vila ao pé dessa montanha, alguns bandidos nos atacaram. Alguns de nós conseguiram fugir, mas nos separamos e então nós perdemos. Se não fosse pela gentileza daquele homem, eu e minha irmã ainda estaríamos naquela floresta.

Tadayoshi estremeceu, e Ei percebeu que apenas metade era real. Então ele também tava nervoso naquela floresta assustadora… Ela se sentia tanto feliz e aliviada. Então eu não era a única… e ele não tá completamente obcecado pelos rumores…

— Se não for muito incômodo, por favor, nos deixe ficar aqui e descansar por um tempo antes de voltarmos pra nossa viagem. — Tadayoshi abaixou a cabeça.

— Por favor. Só por um pouco — Ei disse numa voz fraca e fragilizada, mostrando algumas lágrimas antes de abaixar a cabeça como o espadachim. Sem precisar de palavras, a discípula conseguia dizer quer seu mestre aprovou.

Quando a garota levantou a cabeça de novo, ela viu os moradores trocando olhares entre si. Ei conseguia dizer que a maioria não queria deixar eles ficarem, não demonstravam qualquer reação. Eles são bons, ela pensou, olhando para cada um.

Só tinha apenas um morador, uma mulher, que tinha algo parecido com um sorriso. Mas Tadayoshi não demonstrou qualquer sinal que tinha notado; ele só tinha olhos para a líder. Mesmo assim, Ei sabia que seu mestre tinha notado as reações deles.

A senhora também não mostrou qualquer reação. Ela não parecia ter mais do que cinquenta anos, mas a vida difícil das montanhas tinha deixado suas marcas. A líder estava faltando alguns dedos na mão esquerda, seu rosto estava coberto por cicatrizes, parte de sua orelha direita estava faltando e um de seus olhos era pálido.

Ela é cega desse olho? Ei se perguntou enquanto se mexia um pouco em seu lugar, as pernas desconfortáveis por sentar na mesma posição por tanto tempo.

O olho bom da líder focou nela por um segundo antes de voltar a atenção para o espadachim. Ei sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Se fosse eu sob esse olhar por tanto tempo, não tinha como eu aguentar…  Ela fechou o punho para parar de tremer.

Não era um olhar de alguém cheio de ódio. Era um olhar frio e morto, de alguém que não hesitaria de fazer qualquer coisa para proteger aqueles que ela se importava. Não tem como ela deixar dois estranhos ficarem… mesmo se ela estiver nos condenando à morte, ela vai nos fazer ir embora agora…

— Claro que não espero que seja de graça. Ei.

Tadayoshi não precisava falar mais nada. Dentro da bolsa tinha alguns itens que tinham preparado para hora como essas. Apesar de não gostar da ideia, Ei sabia o que poderia ajudar a senhora inclinar para deixá-los ficarem

Para esconder o resto do conteúdo dos moradores, Ei desenrolou o pano que cobriam as lâminas dos dois machados sem tirá-los da bolsa. Ela tirou as duas ferramentas que poderiam ser usadas como armas e entregou para seu mestre. Espero que não tentem usar na gente, a discípula pensou.

— Sei que é não é muito, mas espero que possa ajudar nesses tempos — Tadayoshi disse, oferecendo os presentes com as duas mão, certificando-se de não fechar os dedos ao redor do cabo.

Ei se sentia desconfortável dando armas aos moradores e quando sentou de volta, ficou mais perto de Asahi. Tadayoshi estendeu os machados na direção da senhora, que não reagiu. Na verdade nem olhou para os presentes que seu mestre oferecia. Apenas os encarava com aqueles olhos frios que pareciam atravessar a alma.

Enquanto Ei fechava a bolsa, ela puxou a espada para mais perto, pronta para reagir a qualquer movimento súbito.

A senhora não se mexeu. Na verdade, ela nem virou o olho para os machados que seu mestre oferecia. Ela continuou encarando Tadayoshi com o olho frio e com o morto que parecia olhar através da alma.

— Você e sua irmã podem ficar até estar bem o suficiente pra viajar — ela disse por fim, sua voz no mesmo tom frágil. Mas para Ei, tinha algo imponente naquele tom. — Mas recomendo não ficarem por muito tempo. Apesar desta casa ter sido feita para os viajantes perdidos, os tempos mudaram. Não gostamos muito de estranhos.

Como se tivesse que dizer. A gente não é cego, Ei pensou, respirando aliviada quando um dos guardas pegou os machados das mãos de Tadayoshi.

— Muito obrigado pela gentileza — o espadachim disse, se curvando de novo. Ei imitou seu mestre.

A líder também fez uma quase reverência para eles. Então, com a ajuda dos guarda costas, ela levantou.

— Por acaso outras pessoas apareceram? — Tadayoshi perguntou quando ela estava na porta. — Estou preocupado com o resto do meu grupo. Talvez os bandidos tenham nos seguido…

— Não. Vocês são os primeiros que vem até aqui faz um tempo. — a líder falou depois de pensar um pouco. Alguns dos moradores trocaram olhares nervosos, mas ficaram quietos.

— Ninguém… — Tadayoshi passou a mão pelo rosto. — T-talvez seja um bom sinal, não é? Quero dizer, a vila no pé da montanha estava destruída, mas se os bandidos não sobem até aqui, talvez eles estejam bem. Perdidos na floresta, mas ainda vivos…

Ninguém respondeu.

— Pode ser — Otose respondeu secamente antes de sair da casa.

Os moradores do lado de fora ficaram sérios quando abriram a porta. Antes que alguém fechasse de novo, Ei viu a líder dizer alguma coisa. Os outros pareceram aliviados e começaram a se ir embora, incluindo os que estavam cercando a casa.

Enquanto o silêncio preenchia tudo, uma moça abriu a porta. Ela carregava duas tigelas de milhete com um ovo no topo cada e colocou diante dos forasteiros.

Ei agradeceu pela comida na mesma voz fraca e fragilizada, tudo ainda parte da atuação. Mesmo assim, as palavras eram verdadeiras. Depois que o clima tenso foi embora, a garota percebeu o quão faminta estava. Tadayoshi pegou os hashis e cheirou a comida.

— Parece deliciosa — ele disse, sorrindo para a mulher. Ela arregalou os olhos, fez uma reverência e deixou a casa.

Quando ela abriu a porta, Ei notou que ainda tinha alguns moradores ao redor da prisão quarto deles. Finalmente a sós, o sorriso do seu mestre sumiu enquanto ele massageava os ombros.

— Pensei que a velha ia fazer a gente ir embora na hora. — O espadachim esticou os braços ainda sentado. — A última coisa que queria era voltar praquela floresta assustadora… qual problema? — ele perguntou quando notou sua discípula estranhamente quieta.

Ei ainda não tinha tocado na comida. Ela tinha experiência o suficiente para desconfiar de qualquer coisa dada por pessoas suspeitas. Observando a comida, ela pegou uma porção do milhete coberto pela clara do ovo com os hashis e cheirou. Não parece ter nada errado com isso, ela pensou antes de mordiscar. Após mastigar, ela percebeu que não tinha nada errado, e pegou uma porção maior.

— Como você soube? — ela perguntou com a boca cheia.

— A reação deles — ele disse com a expressão séria. — Se não tiverem acostumados a colocar coisas suspeitas em comidas, a maioria das pessoas ficam nervosa. Aquela mulher não parecia ter colocado nada. E antes que pergunte, ninguém ao redor da gente parecia ter feito o mesmo. Mas pra ser honesto, a pista mais importante é que se você tá normal depois de ter comido, deve ser seguro. — Com um sorriso, seu mestre pegou uma porção generosa e comeu.

Ei estava com fome demais para ficar com raiva.

— O que acha que que tem de errado com essa vila? — ela perguntou depois que os dois terminaram.

— Tanto que nem sei por onde começar. — Tadayoshi parou de beber da garrafa de bambu e limpou a boca com as costas da mão. — Pelos rastos, os soldados fugiram pra essas montanha. Não tem como os moradores não notarem tantas pessoas subindo na terra deles. Mesmo com aquela floresta assustadora. Ou eles todos se perderam e morreram, ou a velha está mentindo. E eles pareciam preocupados demais com apenas dois viajantes, um deles ferido. No mínimo, eles estão escondendo alguma coisa.

Ei concordava com seu mestre, mas tinha outra coisa a incomodando. Algo que ela não conseguia dizer o que era. Talvez foram os olhares dos moradores. E o da velha. Até entendo ela, mas mesmo assim… Sem saber o que pensar de tudo, a garota desistiu e foi dormir um sono inquieto.

Apesar da péssima primeira impressão, a vida diária da vila era como qualquer outra. Todos os moradores acordaram cedo e faziam suas tarefas matinais. Mas quando Ei e Tadayoshi chegavam perto, eles paravam o que faziam e observavam os forasteiros com suspeitas.

Mesmo cobrindo as espadas com um pano não fez diferença; os olhares dos moradores eram os mesmo de ontem. Como pensei, não é ódio… é mais como se nunca tivesse visto existências tão deploráveis… Seria estranho se uma vila acolhesse estranhos da bondade de seus corações, mês isso…

Outra coisa chamou a atenção de Ei. As crianças. As poucas que viu estavam brincando de onigokko. A criança escolhida como oni iria atrás das outras, e quem ela pegasse viraria o novo oni e perseguiria as outras. Ao final da brincadeira, a criança que foi oni mais vezes teria que pagaria uma prenda. Ei brincava muito disso na sua vila, e tinha orgulho pelo fato de quase nunca ter pago uma prenda em sua vida.

Mas a espadachim nunca tinha visto crianças brincando de forma tão triste. Elas corriam, suavam e gritavam. Tudo com um sorriso nos rostos. Mas para Ei, era difícil de assistir. Ela conseguia dizer que não estavam se divertindo de verdade. Todos os sorrisos eram falsos.

É como se estivesse se forçando a brincar… a agir como crianças, a garota pensou. Ela lembrou do guia deles. Se eu estiver certa, ele tinha acabado de enterrar alguém, talvez seu filho… isso explicaria o porquê dessas crianças parecem tão tristes. Mas então, porque elas estão se forçando a brincar?

Sabendo que seria complicado conseguir qualquer informação dos adultos, Tadayoshi fez sua discípula se aproximar das crianças.

— Você acha mesmo que vou conseguir qualquer coisa delas? — ela perguntou, mas sabia que no final acabaria indo de qualquer forma.

— Melhor do que nada — ele disse, dando um empurrão nela.

A discípula suspirou e andou na direção das crianças. Mas ela estava certa. As crianças não estavam brincando de verdade. Todas elas, sem exceção, fugiram quando Ei chegou perto o suficiente.

— Eu falei — ela disse quando voltou.

— Isso foi estranho. Apesar de parecer, você não é velha demais pra eles fugirem daquele jeito. Ou será que você tá fedendo tanto assim?

— Isso é o melhor que tem hoje? Além disso, comparado a você, até mesmo um cadáver podre não cheira tão ruim. —

Depois de tanto tempo com seu mestre, a discípula tinha desenvolvido uma forma de se defender das constantes piadas dele. Mas tinha um limite. Se Ei retrucasse demais, ele iria aumentar as brincadeiras à um nível irritante.

— Vai ser difícil conseguir alguma informação. O que devemos fazer? — ela mudou o assunto logo.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, seu estômago respondeu por ele, grunhindo.

Esse é o melhor jeito pra calar ele, Ei pensou, rindo e cobrindo a boca para esconder o sorriso.

Os moradores não tinham falado com eles, muito menos ofereceram qualquer comida. Somos fantasmas pra eles… talvez esse seja o jeito nada sutil deles de dizer pra gente ir embora. A discípula ficaria feliz com isso, mas sabia que seu mestre nunca consideraria dispensar um rumor.

— Dificilmente a gente vai conseguir qualquer comida deles… talvez devêssemos procurar se tem qualquer fruta fora da vila… — Tadayoshi parou de falar quando dois moradores passaram perto deles.

Um deles carregava um saco grande enquanto o outro o seguia com as ferramentas. Eles ignoraram os forasteiros, mas cumprimentaram um casal cortando lenha. A moça colocava os pequenos pedaços num toco de árvore e o rapaz descia o machado algumas vezes até terem dois pedaços. A esposa coletava as lenhas e colocava em cima das outras ali perto.

Ei notou que o machado que o marido usava era um de que seu mestre tinha dado. Então eles acham que os machados só valem uma refeição cada? Eles custaram muito mais do que isso, ela pensou, encarando.

Enquanto a mulher limpava o suor e colocava outro pedaço de madeira, ela notou a espadachim a observando. Ela sorriu para a garota, mas quando percebeu Tadayoshi seu lado, ela voltou para sua tarefa com uma expressão assustada.

— Ela tava na nossa prisão ontem com a líder… ela foi a única que não tava nos olhando como se fossemos digno de pena… bem, você — Tadayoshi disse.

Então você notou isso também, Ei pensou sem surpresa. Mesmo com tantas pessoas dentro daquele local apertado, seu mestre dificilmente deixaria algo como isso passar despercebido.

O espadachim encarou a mulher por um tempo. Até agora, ele conseguiu fazer ela olhar para ele algumas vezes.

— Pergunte pra ela onde fica o templo ou o santuário por aqui — ele ordenou sua discípula.

— Porque?

— Apenas vá — ele insistiu.

Ei suspirou e assentiu, mas por dentro ela pensou que dificilmente resultaria em algo. Quem falaria com fantasmas perguntando onde o templo fica? Isso é, tipo, azar ou alguma coisa… Mesmo assim, ela tinha que pelo menos tentar.

O mais discreto que podia, ela apertou os lábios enquanto entregava Asahi para seu mestre. Mesmo que provavelmente todos os moradores viram ou sabiam que ela também carregava uma espada, as chances de conseguirem qualquer informação de qualquer pessoa seria maior se ela estivesse desarmada. Parece que tô pelada e exposta nesse lugar estranho e hostil, ela pensou.

A mulher estava colocando outro pedaço de madeira no toco para o seu marido cortar. Quando notou Ei, ela colocou a lenha junto com as outras e virou para a garota.

— C-com licença. — Ei disse numa voz baixa, gaguejando de propósito.

Ela fez questão de olhar de relance para o homem e então encarar o chão, fingindo ter medo dele. A garota tinha aprendido que os adultos tendiam a baixar a guarda quando ela fazia isso. Até mesmo bandidos.

O homem parou o machado no meio do ar e virou para ela, limpando o suor da testa com a mão livre. Com olhos frios, ele a encarou.

— P-poderia me dizer o-onde fica o t-templo? — ela perguntou numa voz nervosa, olhando para a mulher o tempo todo enquanto tentava parecer menor que o normal.

O casal trocou olhares por um momento.

— Pra que quer saber? — Não tinha nenhuma cordialidade no tom do homem. — Quer fazer o que lá?

Tenho mais chances de conseguir alguma coisa do machado do que dele, ela pensou. Mesmo assim, Ei estava satisfeita com a reação dele. Era exatamente o que planejara.

— Não precisa ser tão rude, querido. Ela é apenas uma menina que passou por muitas coisas — a mulher disse, dando um olhar duro para seu marido.

— Ela é uma forasteira — ele disse numa voz abafada. — Não precisamos falar com esse tipo.

Mas a mulher virou para Ei com um sorriso. A garota mostrou um sorriso tímido para ela.

— Você é Eiko-chan, não é? O templo fica um pouco ao norte daqui. — O homem respirou fundo e balançou a cabeça, mas isso não parou sua esposa. — Mas o caminho… pode ser um pouco perigoso se não souber a região. Porque quer ir pra lá?

Merda! Ela tinha que perguntar… preciso penar numa mentira. Logo! Ei estava tentando pensar numa mentira durante a pequena distância até o casal. Mas não conseguiu pensar em nada. Normalmente eu teria pensado em qualquer coisa antes… se não fosse por Tadayoshi… Xingando seu mestre na cabeça, ela olhou para o chão e mexeu os dedos, tentando conseguir algum tempo.

— Eu… eu… — Se eu falar alguma coisa sem pensar, posso arruinar nosso disfarce… Se for ruim demais, talvez a gente tenha que sair da vila na hora… — Eu quero… digo a gente… a gente quer… quer… fazer uma oferenda… pra nossa falecida mãe… — Ei conseguiu dizer, surpreendendo até a si mesmo.

Enquanto as palavras saíram de sua boca, um sorriso triste apareceu. Faz tempo desde que pensei na minha mãe…

Perto da época de sua morte, Ei queria fazer algum tipo de oferenda para ela. Nada grande ou chique. Apenas algo para sua mãe não pensar que ela a tinha esquecido. Mas a filha não conseguiu.

Naquela época, o paradeiro de Tadayoshi tinha sido descoberto, e eles estavam sendo seguidos dia e noite. Não conseguiam pensar em nada além de sobreviver. A gente conseguiu se livrar daqueles caras, mas eu esqueci da minha mãe… talvez agora eu possa oferecer algo pra ela…

Pensar em sua mãe tão de repente trouxe lágrimas ao olhos da garota. Ela não estava chorando, mas se forçou a olhar para baixo. Mesmo sabendo que ajudaria a conseguir mais informação, ela não queria usar as lágrimas para isso. Fingir estar vulnerável era uma coisa; mostrar fraqueza de verdade para estranhos era outra.

Mas também tinha algo a mais. Ei sabia que se sentiria culpada demais se usasse sua mãe dessa forma.

— Eiko-chan… Meus pêsames — a mulher disse numa voz cheia de emoção.

Ei levantou a cabeça apenas quando conseguiu controlar suas emoções. A moça a olhou com pena enquanto seu marido desviava o olhar. Sem uma palavra, ela correu até sua casa. Algum tempo depois, ela voltou com dois bolinhos de arroz e entregou para a garota.

— Sei que não é muito, mas leve isso como oferenda pra sua mãe — a mulher disse numa voz baixa.

Com a boca meia aberta, Ei agradeceu o casal com uma reverência desajeitada e se afastou sem dizer uma palavra. Eu não deveria ter usado minha mãe pra isso, ela pensou enquanto olhava as oferendas. A espadachim estava acostumada a mentiras a essa altura. Mas era a primeira vez que sentia culpa.

Tadayoshi estava encarando a comida o tempo todo. Quando a garota chegou perto o suficiente, o estômago ele reagiu, mas ele não pediu pelos bolinhos de arroz. Ele a olhou nos olhos por um instante antes de devolver a espada de sua discípula.

Ei conseguia dizer que seu mestre percebeu o que ela estava pensando. Ele vai me escutar, mas não quero falar disso. Não agora, não aqui, nessas vila medonha. A garota olhou para o chão, apertando os lábios. Seu mestre, ao invés de dizer qualquer coisa, virou e andou até a saída mais próxima da vila. Obrigada, mestre, ela pensou, indo atrás dele.

— Um pouco ao norte — Tadayoshi murmurou enquanto afastava um galho do caminho. — Esses idiotas da montanha não têm noção de distância. Eles acham que tudo que fica na droga da montanha é perto…

Ei tinha perdido a conta de quantas vezes seu mestre tinha falado isso. Mas ela não conseguia dizer para ele calar a boca; ela sentia o mesmo.

 O meio dia tinha vindo e indo, mas a floresta não mudava, nem o templo surgia. É o mesmo que ontem, a garota pensou, abaixando os ombros.

O caminho até o templo era o mesmo da falsa trilha até a vila. As árvores pareciam levá-los para lugar algum e ali deixá-los para sempre.

Pelo menos dessa vez estavam mais preparados. No momento em que entraram na floresta, e perceberam que era o mesmo da trilha falsa, seu mestre puxou uma faca e começou marcar os troncos. Apesar de deixar um rastro de volta à vila, Ei não conseguia deixar de pensar que mesmo assim eles acabariam perdidos.

— Não sei pra que você quer ir pro templo — Ei murmurou enquanto tentava marcar uma árvore.

Na metade do dia, Tadayoshi desistiu e entregou a faca para ela com um humor horrível, a mandando fazer em seu lugar. Essa merda é mais cansativa do que pensei…

Os troncos eram duro e com uma mão na pequena lâmina, a garota gastava mais tempo para fazer um simples corte do que deveria. Ei pensou em desistir também, mas as pequenas marcas eram a única coisa que mostravam o caminho de volta. A gente não pode contar com outro cara estranho aparecendo pra nos levar pra vila de novo…

— Além disso, não seria tão ruim se a gente não tivesse saído da trilha por muito tempo. Agora nem sabemos se ainda estamos indo pro norte — ela disse olhando para cima. Graças à copa das árvores e as nuvens, era difícil dizer onde o sol estava. Espero que ainda estejamos indo pro norte…

— Ah, bem, me desculpe por não ter sua habilidade de atravessar rochas — seu mestre retrucou.

Ei segurou sua resposta imediata. Ela sabia que ele não estava com raiva apenas por estar perdido. A maior parte do humor azedo dele era devido a fome.

No começo Tadayoshi não falou nada, mesmo olhando os bolinhos com inveja. Mas depois de um tempo, seu estômago falou mais alto.

Mas Ei não deu a comida para ele. Pode ter começado como uma meia mentira, mas agora ela queria mesmo fazer uma oferenda à sua mãe.

Seu mestre não insistiu, sentindo que era importante para sua discípula. Mas isso não fez sua fome ir embora. Eles não tinham visto um único animal sequer, e as poucas frutas que acharam estavam duras, enrugadas e velhas. A maioria estava a um passo de apodrecer

Tadayoshi disse que era melhor do que ficar com fome enquanto coletava as frutas. Apesar dele comer muitas, Ei não conseguiu comer mais do que um dos pêssegos. Na primeira mordida, ela acabou comendo metade de uma minhoca e perdeu qualquer apetite enquanto cuspia.

— Finalmente… um pouco ao norte — Tadayoshi disse, bufando

Enquanto ela estava fazendo outra marcação, Ei percebeu que seu mestre se fora. A discípula precisou correr para acompanhá-lo. Quando ela o alcançou, ela viu o que diminuiu o seu mal humor.

Apesar de dificilmente poderem chamar de tempo, já que não era muito maior que a casa-prisão na vila, a construção era definitivamente religiosa. Mas enquanto ela encarava, Ei não conseguia dividir a felicidade de seu mestre. Tem algo errado aqui…

Ei passou a maior parte de seu tempo, quando não estava viajando, num templo desde que saiu da sua vila e conseguia reconhecer e identificar as diferenças nas construções religiosas. Este diante dela não podia ser chamada de religiosa esta construção não poderia ser chamado templo. Não por causa do tamanho. O local onde a maioria das vilas rezava não era nada além de uma pequena caixa que, de acordo com os adultos, era onde o espírito do arroz residia.

Essa construção não tinha uma fundação. Até mesmo as casas mais simples tinham uma tipo base. Desse jeito não ficaria diretamente na terra. Os templos e santuários eram o mesmo, com a fundação de madeira ou uma base de rocha trabalhada. Até mesmo a caixa de reza eram feitas da mesma forma. Mas não era o caso aqui.

E o telhado, Ei encarou. As bordas deveriam ser curvadas devido a uma razão religiosa que a garota não se lembrava. Mas esse telhado era como o de qualquer casa, simples. As pilastras que suportavam o telhado eram apenas troncos talhados, sem nenhum símbolo ou pintura. As paredes estavam expostas e não tinham nenhuma pintura. A porta, feita de madeira pura, não tinha nenhum desenho ou até mesmo papel de arroz. Não tinha nem mesmo a pequena escada. Por mais baixa que fosse a fundação, era preciso de uma escada para rituais envolvendo as senhoras idosas.

— Isso foi mesmo feito pelos sacerdotes? — Ei sabia que não tinha como, mesmo assim perguntou.  Esse templo ou santuário era tão estranho que até mesmo ela, que tinha pouco conhecimento, achava estranho.

— Não sei — Tadayoshi admitiu, sentindo um dos pilares com a mão. — Não parece um… Talvez a estrutura original quebrou ou apodreceu e os moradores substituíram da forma que podiam. Ou talvez esse…

— Esse… não… é… o verdadeiro. — uma voz arfando falou atrás deles.

Eu não notei alguém de novo? Apesar da surpresa, Ei sacou sua espada e virou na direção da voz.

Tadayoshi virou também, mas sem sacar a espada.

— Quando Masa disse que o casal idiota tinha mandado alguém, pensei que era você — Tadayoshi disse, sorrindo e andando ao recém chegado. — Você é o único sacerdote que aceitaria vir pra esse fim de mundo.

— Ryuu-sensei!

Quando Ei viu quem era, ela embainhou a espada e correu até do recém chegado, envolvendo seus braços ao redor dele.

— A quanto… tempo… Eiko-chan— o sacerdote disse, sorrindo apesar de arfar. Mesmo enquanto ele se encostava contra uma árvore para recuperar o fôlego, ele abraçou a garota de volta.

Ei tirou uma das garrafas de bambu e deu para seu professor. Ryuu bebeu em dois goles, tossindo. Depois que limpou a boca, ele encarou os bolinhos de arroz, seu estômago grunhindo.

Sua estudante entregou um para ele sem ele pedir. Conhecendo ele, duvido que ele pediria, Ei pensou.

— Obrigado… Eiko-chan… você é uma… salvadora… — Ele comeu a comida em três mordidas e limpou o arroz do canto da boca com as costas da mão. — Espero que… Tadayoshi não… esteja dando… muito trabalho.

— Oi, porque ele pode comer um e eu não? Me dê o outro. — Seu mestre tentou tirar o bolinho de arroz da mão dela.

— Não. — Ei abraçou a comida e usou o corpo como escudo, protegendo o único bolinho restante. — Ryuu-sensei tá cansado depois de subir o caminho todo até aqui. É por isso que ele ganha um.

— Diferente de mim, que esteva voando até agora, né? Estou exausto também. Me dê isso! — Tadayoshi esticou a mão, mas Ei virou, o acertando com a bolsa.

A raiva cruzou o rosto de seu mestre. Ah, merda… Sem pensar, Ei correu e ficou atrás do sacerdote.

— Vamos, Tadayoshi… não fique com raiva… de sua discípula… por algo como isso — Ryuu disse, sorrindo.

A raiva no rosto de Tadayoshi desapareceu enquanto ele se acalmava.

Ei sorriu, mas se certificou de esconder isso de seu mestre. Faz tempo desde que vi ele assim. Ryuu-sensei é uma das poucas pessoas que Tadayoshi pode chamar de amigo.

Quando Ei conheceu o homem, ela não conseguiu conter a surpresa ao perceber que ele e o seu mestre eram amigos. O sacerdote e o espadachim eram o completo oposto. Ryuu era gentil, educado e até mesmo reclamava das brincadeiras constantes que Tadayoshi fazia nela.

— Fico feliz que Masa-san conseguiu te encontrar, Tadayoshi. Desde que Kaguya-sama me mandou nessa missão, estive procurando um jeito de te informar sobre ela.

— Sim… e ele quase matou minha discípula. Mas isso não importa.

— Oi — Ei reclamou.

— O que quer dizer sobre esse não ser o verdadeiro? – Tadayoshi ignorou Ei e passou a mão num dos pilares. – Tá certo que é estranho, mas não é o verdadeiro?

— Chequei três vezes agora e tenho certeza que esse lugar não está marcado em nenhum dos nossos mapas.

— Então o que tá fazendo aqui?

As bochechas de Ryuu ficaram vermelhas enquanto ele evitava encontrar os olhos de Tadayoshi. Ei soube que não era por causa do cansaço.

— Eu me perdi na floresta — o sacerdote admitiu numa voz baixa. — Depois de dias aqui, finalmente escutei algumas pessoas e os segui. Quando percebi que eram vocês dois, tentei chamá-los, mas nenhum dos dois me escutaram. Vocês andam rápido demais.

O sacerdote sorriu. Quando Tadayoshi sorriu de volta e deu uns tapas amigavelmente nas costas dele, ele quase desabou.

Com a ajuda de Ei, Ryuu se levantou e tirou um pedaço de pergaminho cuidadosamente enrolado de dentro de suas roupas, entregando para seu amigo.

Enquanto Tadayoshi desenrolava, Ei viu que era um mapa da montanha. Mesmo sem entender as marcações direito, ela observou com grande interesse. Seu mestre sabia como ler mapas, mas como raramente tinha um, nem se deu o trabalho de ensiná-la. O pouco que ela sabia foi graças aos mapas velhos e sem uso que achou nos templos.

Depois de alguns instantes, seu mestre colocou o dedo na parte leste da montanha. Ei sabia      que o ponto significava uma vila. Tinha outras marcas como essa, mas aquela era a mais próxima do centro do mapa, que ela assumia que era o topo da montanha. Ela seguiu o dedo o dedo de seu mestre até um símbolo isolado no meio da floresta.

— Um pouco ao norte minha bunda… Ou aqueles dois são completos idiotas, ou queriam nos fazer de idiotas — Tadayoshi disse, respirando pesadamente pelo nariz.

Ei encarou o mapa, tentando entender a razão por trás da raiva de seu mestre. Mas não importava o quanto tentasse, não conseguiu descobrir sozinha.

— Qual o problema? Aquela mulher mentiu pra mim?

Com um sorriso gentil, o sacerdote virou o mapa para ela

— Olhe aqui, Eiko-chan. De acordo com o mapa, o templo verdadeiro fica ao oeste da vila. — Ryuu olhou para a construção. — E não tem nada nesse mapa sobre esse templo. Talvez os moradores abandonaram o original e agora estão usando esse. Talvez por isso que eles tenham mandado vocês dois para cá… Faz tempo que não checamos essa região… estivemos ocupado demais nos últimos anos…

— Já que está indo pro templo, vamos juntos. — Ei tentou animar seu professor com um sorriso.

— Que ideia brilhante. Nunca teria pensado nisso. Graças ao céus que você tá aqui pra compartilhar sua sabedoria — seu mestre disse fazendo uma reverência para ela.

— Para de implicar com ela, Tadayoshi. Ela é sua preciosa discípula. — O sacerdote enrolou o mapa e guardou dentro das roupas de novo.

— Infelizmente já estou acostumada com isso.

Antes que Ei fosse atrás dos dois homens, ela virou para a construção. Mesmo sabendo que não era o verdadeiro, ela não conseguia deixar de sentir algo espiritual nele. Ela andou até a entrada, colocou o bolinho na frente da porta da frente, e então juntou as mão e rezou por sua mãe. Então ela correu atrás do seu mestre e do seu professor.

O mapa não fez muita diferença. Não tinha marcação ou nenhum tipo de caminho. Os moradores realmente abandonaram o templo original, Ei pensou.

O sacerdote não conseguia acompanhar o ritmo da garota e do espadachim, então eles precisaram desacelerar, prolongando a caminhada. A única sorte foi que acharam uma árvore frutífera que ainda tinha algumas boas frutas. E pelo jeito, a única boa nessa área, a espadachim pensou.

Ei coletou o máximo que conseguiu; apesar das frutas não serem exatamente frescas, estavam boas o suficiente para fazer seu mestre calar a boca por um tempo. Mas para ter certeza, ela cortou a fruta com a faca, checando se tinha alguma minhoca antes de dar uma mordida.

Estava quase completamente escuro quando eles finalmente chegaram no verdadeiro templo. Ou pelo mesmo o que restara.

O verdadeiro era quase cinco vezes maior, ocupando um lado ao outro da grande clareira na floresta. A fundação de rocha estava em completa ruína. Ei pensou que o templo poderia afundar sobre si mesmo a qualquer momento. Uma das paredes externas estava quebrada parte do telhado tinha cedido. Apenas menos da metade parecia inteiro.

Ei e Ryuu se aproximaram enquanto Tadayoshi circulou a construção.

— Espere. — a garota pediu quando o sacerdote estava prestes a puxar um pilar bloqueando a parte ainda usável da entrada. A espadachim sacou a espada e apontou para cima.

A madeira em cima estava podre e quebrada. Ryuu-sensei concordou com a cabeça nervosamente e recuou alguns espaços. Com um movimento, Ei cortou o pilar.

O telhado veio abaixo com um grande estrondo. Depois que a poeira assentou, os dois tiraram os entulhos com cuidado e livraram um caminho até a entrada.

A parte interna estava pior do que o lado de fora. O templo tinha duas salas. A primeira era a ampla, onde realizavam os rituais. Mas com o teto parcialmente caído, era impossível investigar muito além da porta.

Mesmo assim, Ei notou uma coisa; o chão não parecia que tinha afundado. Tinha um grande buraco. Parece mais que algo saiu de baixo…

O sacerdote notou isso também. Mas, diferente de Ei, que estava surpresa e curiosa, o rosto dele preencheu com medo, a cor deixando suas bochechas.

Antes que ela pudesse perguntar, Tadayoshi apareceu atrás deles, encarando o buraco também, como o sacerdote, os olhos do espadachim se encheram de medo.

— O que vocês colocaram aqui? — Tadayoshi perguntou numa voz baixa e séria.

— Por favor, entenda, Tadayoshi. Não conseguimos transportá-lo sem despertar. Tivemos que deixar aqui… — Ryuu-sensei respondeu, a voz cheia de culpa.

Deixaram o que aqui? Ei queria perguntar, mas sentiu que não devia interromper o momento.

— T-tomamos todas as medidas necessárias… uma vez por ano vínhamos aqui e nos certificamos de que os selos estavam estáveis, mas…

— Mas o que, Ryuu? — Tadayoshi insistiu, ficando em pé com toda sua altura.

Ei não conseguia acompanhar a conversa. Ela olhou entre seu mestre e seu professor. O sacerdote balançou a cabeça enquanto Tadayoshi o encarava.

— Um tempo atrás, sentimos algo errado nessa região. Kaguya-sama não queria acreditar, mas deve ter despertado…

— O que despertou? — Ei perguntou, sua curiosidade forte demais.

Mas antes que respondessem, as imagens das estátuas cruzaram sua mente. Yashamaru… Não… Não é possível. Demônios… eles são só histórias pra assustar crianças, Ei disse para si, mas sem perceber, ela estava apertando o cabo de sua espada com força, tentando acreditar em suas próprias palavras.

Nem Tadayoshi ou Ryuu olhava para ela.

Mas enquanto o silêncio preenchia o templo, um grito ecoou através da montanha, tão alto que Ei sentiu seu corpo tremendo.

Era como se a montanha gritasse.

Tadayoshi deixou o templo com sua espada em mãos. Ei fez o mesmo e foi atrás de seu mestre, com Ryuu bem atrás dela.


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