Capítulo 07

POV EDWARD.

Quando eu tinha por volta dos meus quinze anos de idade, Esme me contou qual havia sido a doença que havia levado meu avô e meu pai a falecerem. Quando ela me explicou que era possível eu ter também, senti meu mundo desmoronar. Minha vida sempre havia sido baseada em visitas, exames em hospitais periodicamente e depois dos meus quinze, isso só se tornou mais frequente.

Ainda me lembro quando completei meus vinte e dois anos e o doutor Matt me chamou para conversar.

— Edward, logo você vai completar seus vinte e três anos e preciso lhe perguntar — O médico começou a falar. — Você está em algum relacionamento?

Relacionamento? Como eu podia pensar nisso? Lembro-me que meus pensamentos foram logo até em Isabella que naquela época namorava um cara que ela havia conhecido em uma exposição.

— Não.

— Bom, você sabe que as chances de você desenvolver essa doença são grandes. Então, como seu médico preciso lhe informar que caso você tenha - Isso não é uma garantia - A sua companheira terá que assumir os cuidados. Com você, com a casa e - se tiverem - com os filhos. A pessoa que tiver huntington não será capaz de cumprir nenhuma dessas tarefas depois de um tempo. Então, caso você venha se relacionar seriamente com alguém algum dia, eu aconselho que você seja sincero com ela, tudo bem?

Assenti ainda assustado com a possibilidade de que essa complicação poderia ser ainda mais terrível. Como eu poderia fazer aquilo com alguém? Como eu poderia me envolver em um relacionamento sério e depois fazer isso com uma pessoa? Eu não poderia. Ninguém merecia viver assim.

Eu estava fadado a morrer sozinho. E assim seria.

~~~~

POV BELLA.

Tédio. Essa era a palavra que resumia meus últimos dias. Edward longe me tornava uma pessoa chata e resmungona. Para piorar, nos últimos dias eu não havia recebido nenhuma ligação dele. Após tentar várias vezes, pedi socorro a Alice, pois com certeza ela tinha entrado em contato com Jasper. Alice acabou me dizendo que Edward havia perdido o celular e que havia me dito para '' não me preocupar ''.

Aceitei sua resposta, mas não pude negar que havia ficado muito decepcionada. Por que ele não tinha me ligado pelo celular de Jasper? Ou de qualquer outra pessoa? Não fazia sentindo.

Triste e desanimada, tomei um banho e me vesti apenas com seu casaco de moletom (Que para minha alegria ainda tinha o seu cheiro). Estava indo dormir, quando a campainha tocou. Fui às pontas dos pés até a sala e olhei pelo olho mágico. Ao ver a figura de Edward atrás da porta, quase caí para trás.

— Edward?! — Exclamei feliz, jogando-me em seus braços.

Edward me pegou no colo e me abraçou apertado. A saudade dos dias que passamos afastados foi dissolvendo-se como pó, em seus braços. Ele entrou ainda comigo nos braços e com o pé, escutei ele fechar a porta. Seu rosto escondeu-se em meu pescoço e seus braços me apertaram ainda mais forte, me mostrando que ele havia sentindo tanta falta de mim, como eu havia sentindo dele.

— Senti muita sua falta — Murmurei quando ele me colocou no chão, mas sem tirar seus braços de mim. — Muita mesmo.

Ele me beijou, me arrancando um suspiro.

— Eu também, acredite. — Ele forçou um sorriso, acariciando meu rosto — Você está uma coisa maravilhosa.

— Está tudo bem? Como foi a reunião? — Indaguei vendo seu rosto coberto de olheiras — Você parece meio abatido.

— A reunião foi ok. Só estou cansado.

— Você chegou hoje? — Ele assentiu. Abri um sorriso, determinada a fazê-lo descansar — Por mais que eu esteja louca para subir em cima de você — Ri sentindo meu rosto queimar — Vamos descansar e dormir juntinhos, sim? Minha cama sente a sua falta.

— Tudo bem. — O puxei pela mão, em direção ao meu quarto. No meio do caminho, Edward parou.

— O que foi?

— Você. — Seus olhos me avaliaram dos pés a cabeça. Sua mão quente, entrou por baixo do casaco de moletom que eu usava, tocando minha cintura. Senti um suspiro de prazer sair pelos meus lábios — Você é maravilhosa. Nunca se esqueça disso, ok?

Dessa vez, eu que o beijei. Podia ficar beijando os seus lábios por toda eternidade. Eu nunca iria me cansar.

— Vamos dormir, amanhã será outro dia.

~~~~

Pela primeira vez naquela semana, acordei feliz sabendo que Edward estaria ao meu lado. Abri os olhos, procurando por ele na cama e estranhei quando não o encontrei. Ele estava sentado na poltrona, me fitando intensamente. Seus olhos estavam carregados de algo que eu não consegui entender. Aquele não era o meu Edward e logo me senti mal.

— Bom dia? — Sentei-me, ajustando o moletom que havia subido um pouco.

Ele demorou alguns segundos para responder.

— Preciso falar com você, Bella.

— Tudo bem — Engoli o choro estranho que estava nascendo em meu peito. Aquela manhã parecia tão estranha — Fale.

Ele pareceu procurar as palavras. Ele parecia tão perdido.

— Não podemos mais ficar juntos.

Repeti suas palavras, uma, duas, três vezes em minha cabeça, mas ainda não fazia sentindo. Balancei a cabeça, me sentindo desnorteada. Onde estava o Edward da noite passado? O meu Edward? Por que aquele Edward estava dizendo aquilo?

— Que? Mas... Mas... Por quê?

— Eu... — Seus olhos varreram o chão. Ele mal conseguia me encarar — Conheci uma pessoa... Na viagem.

Ele tinha conhecido alguém. Aos poucos tudo começou a fazer sentindo. A falta dos seus telefonemas, o seu sorriso forçado da noite passada... Tudo parecia tão obvio agora que comecei a sentir raiva de mim mesma por ter reparado apenas agora. Eu era uma idiota. Um idiota que não tinha percebido nada por estar cegamente apaixonada.

— Você podia ter sido sincero comigo desde o início. — Consegui falar, ignorando o nó em minha garganta. Eu não podia desabar agora, ali na frente dele. Eu não faria isso — Não precisava fazer aquele show de ontem à noite.

— Você é minha amiga, Bella. É claro que senti saudades e...

— Ok, Edward. Não quero mais ouvir. — Me cobri com os lençóis, querendo que ele parasse de me olhar. Eu me sentia tão vulnerável. Por que seus olhos naquele momento pareciam tão sofredores? — Vá embora, por favor.

— Não precisa ser assim!

— Apenas vá.

(...)

Nos primeiros dias, não foi fácil não me afundar em lágrimas. Porém, chegou um momento em que eu disse basta para mim mesma e vi que estava na hora de mudar essa situação. Agora, meu objetivo era não pensar e nem mencionar nada relacionado a ele. O que foi bem difícil com o casamento da Alice chegando. Ambos éramos padrinhos e eu não conseguia deixar de pensar como seria terrível encontrá-lo e ficar ao seu lado, durante a cerimônia, como se nada tivesse acontecido.

Eu ainda não conseguia entender como ele pôde fazer isso comigo. Como depois de apenas alguns dias, ele havia deixado de lado nossa amizade, todas as suas declarações e nossos planos para o futuro.

Para de pensar, Isabella.

Porém, o dia do casamento chegou. Decidi deixar o meu medo e nervosismo de lado e concentrar no dia tão importante para minha amiga.

Alice estava linda vestida de branco. Seu vestido era colado ao seu corpo, deixando-a maravilhosa e elegante.

— Isso é tão clichê, mas estou tão nervosa! — Ela reclamou, andando de um lado para o outro.

— Pare de andar, Alice! — A sua mãe – que eu chamava carinhosamente de tia Asheley – falou, fazendo-a parar.

— É totalmente compreensivo, Al. — A tranquilizei — Mas não fique tão nervosa. Você está linda, Jas está lhe esperando. Vai dar tudo certo.

Ela assentiu de forma exagerada, tentando respirar direito.

— Depois eu ainda quero falar com você, ok? — Ela segurou em minhas mãos, me olhando carinhosamente. — Quando eu voltar da minha lua de mel, eu quero saber tudo o que aconteceu com você e com o Ed...

— Ok, Alice — Eu a interrompi, antes que ela dissesse o seu nome. — Depois.

 Quando chegamos à igreja, fui ordenada a ir para meu lugar, pois logo a cerimônia iria começar. Assim que entrei, nossos olhos se encontraram. Ele já estava posicionado ao lado do noivo e seus olhos não saíram de mim, até quando cheguei ao seu lado. Abracei Jasper e fui para o meu lugar.

— Bella... Você...

— Não fale comigo. — Consegui dizer sem encará-lo, mas ainda sentindo seus olhos em cima de mim.

Ouvi-o suspirar e tentei ignorar sua presença. Minhas mãos tremiam, mas fiz o possível para que ninguém notasse. Muito menos ele.

A cerimônia foi linda. Emocionei-me quando os noivos trocaram declarações e as alianças. Eu amava Jasper e Alice e desejava do fundo do meu coração toda felicidade do mundo para eles. Ele mereciam isso. 

Na recepção do casamento, sentei-me à mesa junto com os pais de Alice. Fiquei apenas observando os recém casados e os casais dançarem pela pista de dança. Recusei dois convites para me juntar a eles, inventei um mal estar e não saí da mesa.

Após algum tempo, notei que Edward estava sentado a uma mesa distante da minha, mas como na igreja, seus olhos estavam pregados aos meus. Ficamos nos encarando por longos minutos e por algum tempo tive quase a certeza de ter visto o homem por qual eu havia sido apaixonada ali. Mas ele não existia mais. Pelo visto, nunca tinha existido. O Edward que eu havia imaginado nunca faria o que tinha feito com ninguém. Muito menos comigo.

E naquele momento percebi o quanto seria difícil vê-lo todos os dias em nosso prédio e ao mesmo tempo tentar esquecê-lo. Eu havia estado apaixonada por ele há tantos anos. Eu não conseguiria fazer isso.

Eu tinha apenas uma solução.

Levantei-me e andei até estar nos jardim daquela casa de festa. Disquei o número já conhecido e torci para que ele me atendesse.  

— Bella?

— Sim, Riley. Sou eu. Desculpe-me ligar agora, mas preciso saber uma coisa.

— Problema nenhum! Pode perguntar.

— Quando posso começar o curso em Paris?