Cinderela Teresa escrita por Lola Carvalho


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709479/chapter/2

Os dias se passaram, mas nada havia mudado.

Teresa e seus irmãos ainda trabalhavam como servos das duas meninas enjoadas, que de enjoadas que eram, não suportavam nem a simples tarefa de calçar seus grandes sapatos antes de saírem de suas camas, pela manhã.

Às segundas-feiras, o sr. Lisbon tinha aula de arco e flecha com o respeitado caçador Samuel Bosco, que se compadecia das quatro crianças e as ensinava escondido como atirar para se defender ou para ter uma boa caça.

A limpeza da biblioteca era feita todas as quartas-feiras, no mesmo dia que as meninas mimadas tinham aula de escrita e leitura com o perseverante professor Kimball Cho.

Lorelai e Erica não eram muito inteligentes, e por isso levavam quase cinco vezes mais de tempo que uma outra pessoa qualquer levaria para aprender uma lição.

Ao final das aulas, o professor Kimball, que se compadecia da pequena Teresa e seus irmãos, dava uma pequena aula e uma tarefa para ser entregue na próxima semana para os quatro, e tudo muito escondido para que a terrível madrastra e suas duas filhas não soubessem.

Às quintas-feiras, as meninas desastradas, tinham aula de etiqueta com a professora Grace VanPelt, que também se compadecia das quatro crianças maltrapilhas, e os ensinava de maneira clandestina como se portar de maneira elegante e educada.

Às sextas-feiras, as meninas desengonçadas tinham aula de montaria com o professor Wayne Rigsby, mas a verdade é que passavam mais tempo no chão do que em cima do cavalo.

O professor Rigsby, apesar de medroso com relação à sra. Dana Lisbon, compadecia-se das quatro crianças e as ensinava montaria e a verdade é que eles aprendiam mais rápido que qualquer outro aluno que ele já teve.

Aos sábados o sr. Lisbon ia à cidade e, algumas vezes perguntava às meninas fúteis o que elas desejavam.

— Vestidos - dizia uma

— Jóias - respondia a outra

— E vocês? - ele perguntava ao seus filhos - Que vão querer desta vez?

— Um livro do primeiro autor que encontrar -respondiam eles

E o pai se ia à cidade.

— Ora, que ousadia é esta? - disse sra. Dana, assim que o sr. Lisbon já havia desaparecido na estrada - Por causa disto terão de ir cuidar dos porcos sozinhos!

— Mas está é uma responsabilidade dos adultos! Não conseguimos cuidar deles sozinhos - intercedeu Teresa

— Pois então terão de aprender! E é bom que nenhum porco fuja, senão… - ameaçou

Os quatro meninos foram até o chiqueiro, e eram instruídos pelos adultos, que não podiam ajudá-los, sob o que deveriam fazer.

Enquanto limpavam os porcos, Thomas descuidou-se ao deixar a porta do chiqueiro aberta, e um dos pequenos animais de pele rosada, saiu correndo, metendo-se no meio de um denso matagal.

— Oh não! Ela irá me matar! - lamentou o menino

— Não se preocupe. Eu irei procurá-lo - respondeu Teresa

 

Não foi difícil encontrar o pequeno porquinho, já que ele se divertia em uma poça de lama, não muito longe dali.

Teresa sabia que os porcos assustavam-se fácil, por isso foi cuidadosa ao aproximar-se dele. Quando estava prestes a pegá-lo, uma flecha atravessa as folhas, acertando um arbusto não muito longe de onde estavam Teresa e o porco fujão.

O barulho causado por esta flecha, fez com que o porco se assustasse e corresse para longe dali.

— Me atrapalhou a pegar minha caça! - gritou uma voz ao longe - A flecha teria acertado se não tivesse assustado o porco!

— Foi você que assustou o pobre porco com sua falha pontaria - acusou Teresa, ainda sem ver o rosto do caçador.

— Como é? - disse o rapaz aproximando-se de Teresa - Acha que eu não sei atirar?

Ao entrar no campo de visão da menina, o rapaz pareceu notar o olhar assustado e nervosismo que ela escondia tão bem.

“Deve ter se dado conta de com quem está falando” pensou ele.

— Não acho que não saiba atirar. Sei disso. O arbusto que você acertou não estava sequer próximo ao porco - respondeu sem pestanejar, com o coração acelerado.

— Bem - disse o rapaz surpreso - A maioria das pessoas não falariam neste tom comigo.

— A maioria das pessoas não deve saber que você mira terrivelmente mal, para um caçador.

“Então ela não sabe quem eu sou” raciocinou o rapaz, “Interessante”.

— E a srta. por acaso sabe o que sobre arco, flechas e pontaria?

— Muito mais que você, posso lhe assegurar!

Ele, achando graça no comentário da garota, estendeu seu arco e uma de suas flechas para que ela os pegasse.

— Então prove. Acerte aquela fruta - ele apontou para uma fruta, presa em uma árvore longe de onde eles estavam.

— Está bem.

Ela mirou e atirou utilizando-se das técnicas que aprendera com o professor Samuel Bosco.

O rapaz mal podia acreditar quando a flecha atravessou a pequena maçã, que caiu ao chão depois de ser atingida.

Teresa, sorrindo para o rapaz, correu até a fruta e retirou a flecha que a atravessara, entregando-os ambos nas mãos do caçador.

— Como fez? - perguntou

— Use sua boca como apoio e não deixe os ombros muito para cima - ela respondeu - Agora ajude-me a encontrar o porco que você espantou. Preciso dele vivo.

Depois de resgatarem o porco, Teresa saiu às pressas, esperando que o rapaz não a seguisse.

— Meu nome é Patrick, à propósito - gritou ele para a menina, que apenas sorriu em resposta - Não vai me dizer seu nome?

— Talvez na próxima vez

E tão rápido quanto ela surgiu, desapareceu em meio às espessas folhagens.

Porém, antes que pudesse chegar ao seu destino, lembrou-se de um acontecimento de quando sua mãe ainda era viva.

 

“  — Quero contar-te uma história - disse a mãe de Teresa

Que história?

Se lembra de sua avó?

Sim. Sinto falta dela.

É. Eu também - ela tomou entre suas mãos um colar que usava, tirou-o e colocou-o entre as pequenas mãos de Teresa - Eu ganhei isto da minha mãe quando tinha a sua idade. Ela disse que me reconhecia como uma mulher, mesmo que eu ainda não tivesse a idade de uma, e que ela sabia que eu agiria corretamente em todas as situações.

Teresa sorriu.

Depois daquele dia meu pai escolheu com quem eu me casaria. Foi um momento mágico para mim, pois eu estava tão apaixonada por seu pai! - ela suspirou, olhando para cima - Teresa, eu te reconheço como uma mulher já. Você é forte, é linda e muito esperta - a mãe acariciou o rosto da menina - Quando chegar a hora de você se tornar esposa e formar sua família, lembre-se sempre de aproveitar ao máximo todos os momentos.

Teresa abraçou sua mãe e, agradecendo pelo presente, o colocou em volta de seu pescoço.

 

Aquela havia sido a única coisa que ela havia conseguido guardar consigo, quando seu pai casou-se pela segunda vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No próximo Capítulo...
Passado alguns dias, na terça-feira, o mensageiro do Rei percorreu todas as residências da vizinhança anunciando o baile do Príncipe, que convidava todas as moças em idade para se casar, solteiras, para que ele elegesse uma que seria sua esposa e futura Rainha.


O que estão achando da história?
Não deixem de comentar, por favor. É muito importante pra mim saber se estão gostando ou não ;)