A maioria já tinha entrado menos eles. Parecia até uma maratona ao contrário. Faziam o máximo possível para permanecer do lado de fora da sala de aula. Enrolando até onde desse. Milagre! Um deles parou! Está olhando para a porta.  Continua olhando para a porta. Só mais um pouco. Só mais um pouco! Um pouquinho! Centrou! Só um passo, só um passo e...

A professora sai da classe fazendo o aluno recuar para dar licença. Não, professora, não! Impossível! Gol contra!

Não! Não! Não! Ele está virando. Virando o rosto para o colega ao lado. Estão conversando. Conversando discretamente e olhando para o lado a todo o momento. Eles estão rindo baixinho. É fácil de identificar esse tipo de riso: estão planejando cabular aula! Professor! Inspetor! Juiz! Técnico! É faltaa! Como assim sem cartão amarelo? Juiz ladrão! Espere! O que é que temos aqui?! Ah! Afinal, viram a transgressão! Dá-lhe inspetora! Cartão amarelo neles! Eles se entreolham e começam a falar com ela em tom brando. Não é preciso muito esforço para entender que estão tentando enganá-la. Oh, não! Que cara é essa?!

Céus! Parece que ela está caindo na armadilha. Não. Não. Não. Não. Não! Eles estão quase sorrindo. É gol! Gol de impedimento?!É isso aí, a inspetora percebeu a transgressão! Mas que jogada linda, inspetora! Gol merecido! Roda o replay! Roda o replay! Epa, a professora chegou! E agora? Eles estão cercados! Na correria, um aluno ”taca” para o outro. Taca? Taca! Taca a culpa para o outro. O acusado tenta negar. A professora intervém. Pergunta para a inspetora o que está acontecendo e ela responde. É GOOL! Da professora e da inspetora. Os alunos estão advertidos. A professora aponta para a porta. Eles abaixam a cabeça... Os outros alunos silenciam. Em espera. E... eles entram. Golaço. A professora entra na sala. Fim do tempo! Foi um belo jogo. 4x0. Todos já sabem quem ia ganhar, diga-se de passagem. Os lugares já estavam ocupados. Coitados dos que tiveram de sair, diga-se de passagem. Coitados dos que tiveram de sentar, diga-se de passagem. Coitada da professora, diga-se de passagem. Da inspetora também, diga-se de passagem.

Diga-se de passagem...

Diga-se de passagem...

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