Let me know escrita por Miss Fuck You


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

"When it gets hard
I get a little stronger now
I get a little braver now
And when it gets dark
I get a little brighter now
I get a little wiser now"
—A little Braver - New Empire



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No que eu estava pensando? Eu achei que o veria todos os dias? Achei que poderíamos andar de mãos dadas quando nos víssemos, que poderia mostrar qualquer tipo de afeto? Onde eu estava com a cabeça?

Antes eu quase não o via, mas agora parecia que nos esbarrávamos em todos os lugares. Era ridículo.

Toda vez que o via eu queria o beijar, abraçar ou pelo menos segurar sua mão, mas tudo o que fazíamos era nos olhar por uns poucos segundos, eu ficava morrendo de medo de alguém notar qualquer coisa.

Essa tortura aconteceu por muitos dias, esses dias eu estava fotografando alguns shows de outros grupos e eles sempre estavam por perto, eu podia sentir meu celular vibrando no bolso, mas eu não podia atender naquele momento, algumas horas depois quando eu estava indo embora, estava checando meu celular quando sou puxada bruscamente pra dentro de uma sala, quando reconheço a pessoa me abraçando não consigo conter as minhas risadas e o abraço de volta.

—O que você está fazendo?

—Achei que ia enlouquecer te vendo tão perto e não podendo te tocar. – ele disse contra o meu pescoço e depois beija.

Foi como uma descarga elétrica por todo o meu corpo, soltei todas as coisas que estava segurando e passei a segurar ele, explorando seu corpo, memorizando seus detalhes, sua boca encontrou a minha e o mundo desapareceu.

Em que momento nós nos movemos? Quando e como eu fui parar em seu colo? Quando foi que minha jaqueta saiu? Eu estava ofegante, Yoongi tinha parado de me beijar e estava quieto, sua respiração vinha rápido também, estava prestes a perguntar o que tinha acontecido quando escutei baterem na porta.

—Hyung? – era a voz do Jungkook. – Todos estão esperando por você.

Dei um pulo pra fora do colo do Yoogi, peguei minha jaqueta e a coloquei o mais rápido possível e depois tentei ajeitar da melhor forma meus cabelos, deveriam estar uma bagunça, ele parou na minha frente e tentou me ajudar a arrumar meus cabelos, estávamos nos movendo de forma frenética tentando parecer apresentáveis e inocentes.

—O que… - Jungkook abriu a porta e nos pegou ainda nos ajeitando, seus olhos começaram a vagar de mim para o Yoongi e cada vez que ele fazia isso, eles aumentavam um pouco mais de tamanho e entendimento começou a brilhar em seus olhos. – O que… - ele começou novamente, mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa Yoongi falou para ele ficar quieto e fechou a porta, só deixando uma pequena fresta que ele olhava o corredor, as bochechas do maknae começaram a ficar vermelhas, tenho certeza que estavam combinando com as minhas

—Está vazio agora. – ele me disse, não esperei nem mais um segundo, eu não conseguia olhar para a cara de ninguém, passei correndo pelos dois e saí da sala, só parei de correr quando já estava fora do lugar e chamando um táxi.

Horas mais tarde e ainda mortificada, e morrendo de medo, recebi uma mensagem do Yoongi dizendo que teve uma conversa com o mais novo e que ele não falaria nada pra ninguém. Isso só me deixava parcialmente calma, eu ainda não sabia como eu iria conseguir encarar o maknae do grupo.

**********

Depois daquele incidente não o vi mais, não sei se ficava agradecida por isso ou não, por um lado não queria ter que olhar para o Jungkook, era muito vergonhoso, mas por outro eu quero muito ver o Yoongi, mesmo que tivesse de encarar o mais novo.

Já fazia umas duas semanas que eu não o via, ou que ele mandava se quer uma mensagem. Nunca fui do tipo desesperada ou insegura e eu sabia muito bem que a vida dele era ocupada e cansativa, mas em comparação ao primeiro mês… as coisas estavam bem diferentes. Antes ele mandava uma mensagem todos os dias, nem que fosse um boa noite. E agora ele estava em silêncio total.

Cansada e frustrada de ficar esperando uma mensagem ou qualquer tipo de sinal de vida dele joguei meu celular em cima da minha cama e resolvi tomar um banho. Estávamos na mesma porcaria de cidade, mas era como um namoro a distância. Comecei a lembrar do meu breve relacionamento quando saí do Brasil e fui para a Inglaterra, eu havia acabado de iniciar um relacionamento quando recebi a proposta, na época eu gostava muito dele e não queria terminar, tivemos algumas brigas mas decidimos tentar manter um relacionamento a distância, um monte de gente conseguia, iriamos conseguir também, é o que eu dizia para mim mesma e droga, eu conversava mais com meu antigo namorada que estava a um oceano de distância do que o Yoongi e estávamos na mesma cidade. Com aquele relacionamento eu descobri que não servia para ter um relacionamento a distância e decidi nunca mais fazer qualquer coisa do tipo. Então o que eu estava fazendo agora?

O banho não me ajudou a relaxar ou esfriar minha cabeça, pelo jeito só piorou as coisas. Coloquei meu pijama e arrumei a minha cama quando escuto alguém bater na minha porta, estava muito tarde pra uma visita e eu não tinha pedido nada. Me aproximei da porta meio desconfiada, eu não ficava muito tempo em casa para conhecer meus vizinhos, então não fazia ideia de quem pudesse ser.

—Quem é? – perguntei hesitante atrás da porta.

—Sou eu! Abre a porta, está frio aqui fora. – demorei alguns segundos pra registrar e acreditar que aquela era mesmo a voz do Yoongi. Abri a porta e ali estava ele, de boné, máscara e com o capuz do seu casaco. Ele entrou rápido e fechou a porta atrás dele, então sem pedir permissão entrou na minha casa e começou a olhar em volta.

—O que você está fazendo aqui?

—Fugi do dormitório e vim te ver.

E queria ficar brava com ele, dizer que ele era louco que alguém poderia ter visto ele na minha porta, ou pior ainda o fotografado, mas quando ele se virou pra mim, tinha seus olhos de um modo tão fofo que eu esqueci completamente qualquer argumento que eu tinha e me aproximei para o abraçar e matar toda a saudade que eu estava dele, me aproximei e comecei a tirar seu capuz, seu boné e passei meus dedos pelo seu cabelo, então tirei a máscara e alisei suas bochechas e vi seu lindo sorriso. O senti passando seus braços na minha cintura e simples assim, desse modo eu soube que estava apaixonada por ele e todas as minhas preocupações e queixas desapareceram.

****************

                Acordei com um celular tocando, mas não tive coragem de abrir os olhos, estava com muito sono, senti o Yoongi se mexer do meu lado, ele atenderia. Estava quase dormindo de volta quando o senti me balançando.

—É o seu celular. – ele diz me entregou o aparelho e voltando a deitar.

Meio cega de sono atendo a chamada e vou me levantar para deixar o Yoongi dormir, mas ele me abraça e me mantem na cama, me aconchego mais perto dele, falo um alô sonolento e espero uma resposta, primeiro penso que o telefone está mudo, mas depois eu consigo ouvir a respiração de uma pessoa do outro lado da linha, falo alô de novo e nada, estou prestes a desligar quando escuto suspiro fundo e tremulo.

—Aly…— eu me desperto mais. É a voz do meu irmão.

—Gustavo? Está tudo bem?

—Aly…— agora eu posso escutar seu choro, eu me sento ignorando os resmungos do Yoongi.

—O que aconteceu? Você está bem?

—Teve um acidente…— eu quase não conseguia entender o que ele falava por causa do seu choro.

—Você está machucado? – ele não respondeu. – GUSTAVO! – eu gritei, querendo que ele me desse alguma notícia, que explicasse as coisas direito.

—A mãe, Aly… ela…

—Respira fundo, se acalma e me conta o que aconteceu. – não sei em que momento o Yoongi levantou, mas ele estava de pé e tinha acendido as luzes, eu não sei o que ele viu no meu rosto, mas eu vi seus olhos preocupados, ele se sentou do meu lado e segurou minha mão. Demorou algum tempo até que o Gustavo se acalmasse o bastante para poder dizer qualquer coisa. – Agora me conta com calma o que aconteceu.

—A gente tava vindo pro hospital pra tirar o gesso do meu braço e…— ele respira fundo. — outro carro bateu na gente.— sinto meu corpo inteiro gelar, é difícil segurar o celular com as minhas mãos tremendo. – A mãe foi levada pra cirurgia… Aly…

—Ela tá bem? – minha voz sai como um sussurro.

—Não…— ele começa a chorar de novo. — Ela morreu…— seus soluços estão mais fortes e altos agora, cada soluço dele é como um soco no estômago.

—Você tá machucado?

—Não. A mãe Aly…

—Tem um médico que eu possa falar? – o interrompo, ele pedi pra mim esperar, não demora muito para que ele passe para um médico.

Você é a responsável pelo Gustavo Muniz?

—Eu sou a irmã mais velha dele. Alysson Muniz.

—Eu sinto muito pela sua perda. – ele faz uma longa pausa. - Quantos anos a senhorita tem?

—21.

—A senhorita poderia vir até o hospital? Seu irmão está muito agitado e acho que ter algum familiar e responsável por perto vai o acalmar, também precisamos que você venha assinar alguns papéis.

—Eu… Eu não posso. Eu moro em outro país. Nesse momento eu estou na Coréia do Sul. – o médico não fala nada por algum tempo. – O meu irmão… como ele está?

—Ele não teve ferimentos graves, apenas algumas escoriações, seu braço ainda não estava completamente curado e com a batida acabou agravando a fratura, ele vai precisar manter o gesso por um pouco mais de tempo, mas nada preocupante. Eu vou precisar da sua permissão para sedar seu irmão, como eu disse anteriormente ele está muito agitado.

—Eu dou a minha permissão. Eu… eu vou ligar para a minha tia… será que ela pode cuidar da papelada?

—Sim. Vou devolver o telefone para o seu irmão.

—Obrigada Doutor. – Gustavo ainda estava chorando quando ele pegou o telefone. – Gustavo? Está me escutando? – ele fez um barulho que supôs ser um sim. – Eu vou ligar para a minha tia, okay? Ela vai ir pra aí cuidar de você e… todas as coisas. O médico te receitou um remédio, tudo bem? Tenta se acalmar e faz o que o médico pedir.

—Ta bom.— ele diz numa voz chorosa. – Aly… você vai vim pra casa?

—Vou. Mas pode demorar um pouco, você vai ficar com a tia até que eu chegue, tudo bem?

—Tá.

—Eu te amo.

—Eu também te amo Aly.— e ele cai no choro de novo.

Desligo o telefone e logo em seguida procuro o número da minha tia torcendo pra que não tenha mudado, escuto Yoongi perguntando o que está acontecendo, mas eu não posso responder isso agora, se eu fizer eu vou desmoronar e eu não posso fazer isso agora, meu irmão está sozinho e desesperado, eu preciso ajeitar as coisas antes que a dor tome conta de mim. Felizmente a minha tia não mudou o seu número e ela foi gentil o suficiente para se oferecer a cuidar de tudo antes mesmo que eu pudesse pedir qualquer coisa. Nunca fui próxima da família do meu pai e minha mãe não tinha outra família que não fosse eu ou o meu irmão, mas eu tinha que agradecer muito por nesse momento pelo menos meu pai ter algum tipo de família.

Eu me conectei em sites aéreos procurando uma passagem, mas eu já estava ruindo. Eu desabei, chorei como nunca chorei em toda a minha vida. Eu pude escutar Yoongi me perguntando o que estava acontecendo, mas eu não conseguia responder naquele momento, eu só conseguia chorar, meu corpo inteiro tremia com os soluços e eu me sentia sangrando por dentro era uma dor insuportável. Escutei um telefone tocar, desesperada e com o coração aflito procurei o meu, mas ele não estava tocando, era o de Yoongi. Ele se afastou e só naquele momento eu percebi que ele estava me abraçando. Eu pude o escutar conversando com alguém, mas não prestei atenção, eu precisava me acalmar e procurar o próximo voo para o Brasil, mas minhas mãos não ajudavam, os soluços não paravam a dor não diminuía.

—O que está acontecendo? Fala comigo! – ele perguntou quando me acalmei um pouco.

—Minha mãe… ela acabou de falecer em… em um acidente de carro. - os soluços voltaram mais fortes do que antes. Ele me abraçou apertado e me puxou para o seu colo, me agarrei a ele com todas as minhas forças e continuei a chorar querendo que tudo aquilo não passasse de um pesadelo. Não sei quanto tempo eu fiquei chorando no colo dele, mas eu sentia que minha cabeça estava prestes a explodir tamanha era a dor e meus olhos ardiam. Escutei alguém bater na porta.

—Eu os chamei. Fica aqui. – ele disse me sentando no colchão e enrolando um cobertor a minha volta.

Abracei meus joelhos e escondi meu rosto, ocasionais soluços saiam de mim, mas eu já estava bem mais calma, eu escutei a porta abrir e fechar e passos para dentro da minha casa, mas eu não tinha mais forças pra se quer levantar a cabeça.

—Alysson… onde estão seus documentos? Namjoon vai procurar um voo pra você.

—Na minha bolsa. – não sei se ele me escutou, eu mesma quase não me escutei, mas ele se afastou.

—Vem. – ele voltou para o meu lado e estava tentando me fazer levantar. – Você precisa tomar um banho e trocar de roupa.

—Ele conseguiu um voo? – perguntei quando fiquei de pé.

—Ele tá procurando. – eu assenti, ele me entregou roupas e eu fui para o banheiro, vi que Jin estava mexendo nos meus armários mas nem dei bola.

Durante o banho chorei muito mais, tentei abafar meus soluços mas não acho que fui muito bem sucedida. Saí devidamente vestida e parei vendo os três andando pela minha minúscula casa arrumando as coisas pra mim, as lágrimas voltaram aos meus olhos, pensei no meu irmão, eu precisa ser forte por ele agora. Yoongi me viu parada e então pegou a minha mão e fez sentar na cama, ligou meu secador na tomada, penteou e depois começou a secar meus cabelos sem falar absolutamente nada, enquanto o secador estava ligado deixei soluços escapar.

—Jin preparou alguma coisa pra você comer. – ele me disse gentilmente.

Segurando a minha mão me fez sentar em frente a mesa onde tinha comida, na minha frente Namjoon mexia no meu notebook, provavelmente procurando voos disponíveis. Yoongi se sentou do meu lado olhei para Jin que estava sentado ao lado de Namjoon e o agradeci pela comida, mas quando eu olhei para a comida, senti meu estomago embrulhado e novas lágrimas brotarem nos meus olhos.

—Você precisa comer alguma coisa. – Yoongi disse do meu lado, eu assenti e até tentei comer, mas chorar e comer não é algo que se possa fazer facilmente.

Eu tenho consciência que todos eles foram muito pacientes comigo e tentaram me ajudar da melhor forma possível, mas eu me sentia afogando em tristeza, depois de chorar muito na mesa e a comida esfriar eu me acalmei. Yoongi secou as minhas lágrimas e começou a me alimentar, minhas mãos ainda tremiam. Estávamos os quatro sentados ao redor da pequena mesa e o silêncio era absoluto fora alguns cliques ocasionais da parte do Namjoon.

—O que eu vou fazer? – deixo escapar. – Como eu vou cuidar do meu irmão? Eu não sei nem como cuidar de mim mesma, não posso dar dois passos que estou perdida.

—Não se preocupe com isso agora, cada coisa no seu tempo. – Yoongi disse segurando a minha mão.

—Quantos anos o seu irmão tem? – Jin perguntou naquela voz gentil dele.

—Quinze. – solto com um suspiro. – Ele só tem quinze anos.

—E o seu pai?

—Faleceu quando eu era um bebê. – dou de ombros. – O pai do meu irmão… é um bêbado inútil, não faço ideia de por onde ele anda, mas eu nunca deixaria meu irmão com ele.

—Consegui! – Namjoon falou triunfante.  – É um voo com só uma escala, sai daqui a algumas horas. Você já arrumou a sua mala?

—Vou fazer isso agora. – me levanto apressada em direção ao meu armário.

Enquanto arrumo as minhas malas meu celular toca, é minha tia dizendo que tinha chegado ao hospital, Gustavo estava dormindo, ela disse que cuidaria de todo o resto, eu lhe informei que tinha conseguido um voou, demoraria um dia inteiro, mas eu conseguiria ir. Minha tia perguntou se eu queria ir mesmo, disse que cuidaria de tudo por mim, mas eu precisava ir, precisava me despedir da minha mãe, ver com meus próprios olhos que meu irmão estava bem, desliguei o telefone e terminei de arrumar a minha mala, olhei pela janela, o dia já estava clareando.

Depois disso as coisas meio que passaram como um borrão, eu fui colocada dentro de um táxi, me tiraram dentro dele, fomos fazer check-in, esperamos por algumas horas e então estavam chamando o meu voo, mas fui parada pelo Yoongi, olhei para ele que segurava a minha mão com força. Ele me puxou para um abraço, escondi meu rosto em seu ombro, não queria que as pessoas em volta me vissem chorando.

—Eu fiquei todo esse tempo pensando se eu deveria perguntar isso ou não, eu tinha decidido não perguntar, mas… eu não posso deixar você ir sem ter uma resposta. – ele disse contra o meu pescoço, ele terminou o abraço e segurou a minha mão e me olhava de uma forma triste e preocupada. – Você vai voltar?

—Não sei. – soltei minha mão das suas.

Não fiquei para ver a sua expressão ou se eu o machuquei, eu não podia lidar com a dor e tristeza de mais ninguém a não ser a minha ou do meu irmão. Lhe dei as costas e entrei no avião.


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