Como (Não) Esquecer o Seu Ex escrita por Andy


Capítulo 4
Capítulo 4 - Por Andy


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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—Ei, espera! –Gritei com o último pingo de esperança que me restava, que foi levado junto com a minha oportunidade de chegar com antecedência em minha aula particular. O meu dia não poderia ter começado melhor.

Eu já estava me sentindo melhor após os últimos acontecimentos, mesmo que ainda hajam vestígios da pancada que eu havia levado. Acidente que ocorreu há uma semana atrás.

Sentei-me no cordão da calçada, em frente à parada de ônibus na qual eu estava todos os dias. Era ali que eu sempre pegava o transporte, para seguir para a universidade federal que havia em minha cidade. Eu sempre chegava com alguns minutos de antecedência no local, podendo tranquilamente esperar alguns -poucos- minutos até que o ônibus chegasse e eu pudesse seguir o meu caminho.

Porém, um indivíduo -que eu havia prometido para eu mesma nunca mais chamá-lo de irmão- chamado Michael, surpreendentemente resolveu sair para farrear e não voltar para casa. Eu nunca havia usado celular para acordar, eu simplesmente odiava ter de despertar com a maldita música do meu celular. Por isso, Mike era meu despertador e sempre me acordava na hora que estava saindo para o trabalho, coisa que não havia acontecido hoje.

Eu estava com fome, com dor de cabeça e com uma vontade enorme de matá-lo. O pior é que agora eu estava atrasada também.

O próximo ônibus como sempre havia demorado para chegar, fazendo com que eu chegasse uns bons minutos –quase uma hora– atrasada. Meu professor de matemática estava sentado em uma das cadeiras na lanchonete da universidade, aonde eu praticava, tomando longos goles do seu café amargo que sempre pedia antes de começarmos.

A aula não se estendeu por muito tempo por eu ter perdido quase metade dela. Senhor Richard, ou Rick, como eu gostava de chamá-lo, era uma pessoa extremamente paciente e eu agradeceria eternamente por ele não ter deixado o local, mesmo com o meu sumiço repentino.

—Fica tranquila, Andressa, foi só uma aula. Você ainda irá conseguir passar no vestibular. –Richard disse, agora, afastando-se do local com sua mochila preta nas costas. Prontamente juntei os meus materiais espalhados pela mesa e saí da lanchonete, rumo as quadras que haviam no local.

A universidade era como um clube recreativo para todos nós. Praticamente todos os dias da semana nós estávamos lá. O colégio em que eu estudo era dentro dessa universidade, mais ou menos como um colégio de aplicação para poder regressar na universidade que era uma das mais concorridas do estado.

Além do meu colégio, havia um grande ginásio –no qual eu treinava– e quadras de vôlei de areia, tênis, piscinas semi-olímpicas e campos de futebol. Aquele lugar era um paraíso para pessoas como eu que adoravam praticar esportes de todos os tipos; até mesmo tênis de mesa, o famoso ping pong, que rendia para eu e meus amigos apostas e muitas risadas. Praticamente vivíamos lá dentro todos os dias.

Porém, com as coisas incrivelmente dando errado para mim hoje, resolvi que iria para casa, organizar algumas coisas e colocar as lições em dia. Era óbvio que apesar de eu ter vontade, eu não iria conseguir colocar os meus planos em prática.

—Oh, pintora de rodapé! –Reconheci a voz de Eduardo de longe. –Vem jogar com a gente!

—Só se for contra ti, anão! –Fui até a área onde ficavam as quadras de areia, onde Eduardo e mais dois garotos estavam sentados nos bancos de concreto, totalmente sujos de areia, comendo laranjas. Eduardo fez questão de me abraçar mesmo estando sujo. –Você 'tá fedendo a laranja!

—Não, eu estou cheirando a laranja. O cheiro é ótimo! –Deixei Eduardo pra trás, resmungando coisas desconexas de como aquele cheiro era bom e cumprimentei com um beijo no rosto os garotos que estavam sentados. Ao ver a cabeleira ruiva logo identifiquei ser Guilherme e ao seu lado, estava seu irmão Bruno.

Guilherme era ruivo, assim como seu irmão, e tinha os olhos incrivelmente verdes. Ele era alto, rodeava seus dois metros de altura e era incrivelmente magro. Bruno, o mais novo, já era um pouco menor. Porém o seu cabelo ruivo era um pouco mais escuros e ele havia olhos azuis. Ele era magro assim como seu irmão. Uma característica presente em ambos eram os pontinhos que haviam nas maçãs de seu rosto, as sardas, que os deixavam mais bonitos do que já eram. Ambos também tinham o nariz fino e arrebitado, parecido com o de sua mãe.

—Vamos fazer duplas! –Com esse comentário do Guilherme, acabei ficando como sua dupla nos jogos.

Os meninos eram absurdamente bons, por isso, eles sempre sacavam e atacavam no garoto que estava comigo; Guilherme levava todas as porradas do jogo. Eu costumava a ficar nas bolas curtas e nos saques mais fáceis e assim, nós ganhávamos o jogo em um placar de 20 a 19. Restava apenas um ponto para fecharmos o set e eu havia passado essa bola fazendo com que, consequentemente, eu a atacasse.

O jogo terminou com meu ataque, que apesar de ter sido fora, havia tocado no bloqueio de Bruno. Guilherme me segurou pelas pernas e me rodopiou pela quadra, enquanto os outros dois meninos esperavam do outro lado da rede com as mãos estendidas para cumprimentarmos eles.

—Como vocês são ruins! –Uma voz rouca me fez por um momento parar de soltar minhas gargalhadas e logo Guilherme já havia me colocado no chão, de um modo que eu pudesse observar Tyler parado em frente a quadra com a sua fiel bola de basquete em sua mão. Ele estava sem camisa, exibindo seu corpo pouco definido e sua pele extremamente clara.

—Sai daí, Leonard, volte para suas cestas! –Bruno comentou sorrindo e saiu da quadra para poder cumprimentá-lo, sendo seguido por mim, Guilherme e Eduardo. –Você é péssimo no vôlei.

—Pois é, meu amigo, mas aposto que nisso aqui, -ele ergueu a bola de basquete –eu ganho de vocês facilmente.

—Sinto cheiro de aposta! –Eduardo comentou, alongando o último ‘’a’’ da palavra. Soltei uma leve risada.

—Vamos fazer assim: Jogamos uma partida no vôlei de praia, melhor de três sets e depois jogamos uma de basquete. O perdedor paga uma rodada de pastéis para todos nós. –Propus, fazendo com que os meninos arqueassem uma sobrancelha, cogitando a ideia.

—Fechado! –Guilherme e Tyler murmuraram juntos e assim, reorganizamos as duplas e continuamos a jogar.

Tyler estava estranhamente simpático comigo, principalmente para alguém que se afastou muito após nosso término. Eu fui dupla dele no basquete e toda vez que comemorávamos as cestas convertidas, pude perceber que ele segurava minhas mãos e me puxava para perto, mesmo que minimamente. Meu coração chegava a saltar de minha boca, principalmente quando trocamos de dupla e ele resolveu me marcar. O contato de seu corpo com o meu já era conhecido, mesmo que em todas as vezes que isso aconteça, meu corpo se arrepie.

Após os jogos, acabou que os garotos ficaram empatados e estávamos todos no nosso famoso Quartel General, a sala de jogos ao lado da lanchonete. Lá haviam mesas de pebolim e de hóquei. Guilherme e Eduardo jogavam pebolim enquanto Bruno estava na rua, concentrado demais conversando com sua namorada ao telefone para dar atenção aos gritos de comemoração dos meninos.

E por fim, eu e Tyler estávamos sentados no sofá baixo de couro preto com uma aproximação estranhamente boa por culpa do sofá ser muito pequeno e ele muito grande.

—Como a tia Letícia está? –Tyler perguntou-me, tirando sua atenção do jogo.

—Ah, tudo bem. Você sabe, colocando meu pai para dormir no sofá sem perder o hábito de aparecer uma vez por semana lá em casa. –Respondi, sem fitá-lo totalmente.

—Eu estou com saudade do frango frito que ela fazia pra mim. –Soltei uma leve risada com o comentário de Tyler. Antes de terminarmos, depois de Tyler sair de sua faculdade e ir ao meu encontro em frente ao meu colégio, nós sempre íamos para a casa de minha mãe, que era apenas há alguns quarteirões de onde estávamos. Ela costumava sempre a fazer as comidas favoritas dele, já que ele era o xodó dela.

—Ela com certeza também deve estar com saudade de fritar frango pra você! –Tyler soltou uma risada rouca.

—Meu cachorro morreu. –Eu não estava preparada para tal afirmação, então arregalei os olhos e fitei Tyler, que agora estava confortavelmente encostado no braço do sofá. Ele mantinha uma expressão neutra, mas olhava para suas mãos enquanto mexia seus dedos longos.

—Nossa, Tyler! Eu adorava Charlie. –Eu tentei soar mais tranqüila o possível. Os garotos ainda jogavam animadamente, sem prestar atenção em nós dois. Charlie era o golden retriever de Tyler. Eu havia ido junto com a sua tia escolhê-lo para presentear Tyler, em um abrigo de cães abandonados. O pequeno cachorro havia sido abandonado em uma caixa junto de seus irmãos, filhotes. Ele era o mais bagunceiro de todos e logo havia me lembrado Tyler. Charlie era uma das poucas coisas que me mantinha ligada a Tyler. Senti meus olhos lacrimejarem e logo algumas lágrimas escorriam pela minha bochecha.

—Eu preferi te contar, já que você viu ele crescer. –Ele deu de ombros. Tyler levantou seu olhar para mim, e arqueou levemente as sobrancelhas ao ver que eu estava chorando.

—Vamos ali comprar um refrigerante! –Guilherme comunicou e saiu da sala com Eduardo em seu encalço. Antes de eles entrarem na lanchonete, pude perceber pelas janelas de vidro que Eduardo havia me lançado um olhar de preocupação, porém apenas assenti, demonstrando que estava tudo bem.

Passaram-se alguns segundos, enquanto eu olhava para a parede colorida com desenhos de crianças. Eu estava totalmente distraída, perdida em meus pensamentos e pensando em Charlie, quando senti que Tyler me envolveu em um de seus braços, me puxando para mais perto do que já estávamos.

—Eu estou bem chateado. –Ele disse, me olhando. Evitei olhar nos olhos dele, com medo do que poderia vir a seguir. –E não é somente por isso.

Eu, ingênua como sempre fui, acabei olhando para seu rosto, me deparando com sua íris cor de mel. Ele me olhava como se pudesse ver através de mim e por um momento tive medo que ele soubesse que eu ainda sentia algo por ele.

Sua respiração havia se entrelaçado com a minha e apenas assim pude sentir a nossa aproximação. Sua boca estava a poucos centímetros da minha e com todas as forças que eu consegui juntar naquele momento, virei meu rosto. Tyler soltou um suspiro decepcionado e se afastou novamente. No mesmo momento, Guilherme, Eduardo e agora Bruno estavam dentro da sala novamente. O refrigerante já estava pela metade.

—Poderíamos ter bebido todo o refrigerante, mas somos pessoas super legais. –Guilherme sorriu e ergueu os dois copos restantes no saco plástico que havia trazido.

Já era noite e eu e Jade havíamos nos encontrado no condomínio de Eduardo. Eles fariam uma reunião hoje nas churrasqueiras que haviam ali e ambas fomos convidadas. Era mais um encontro mensal que fazíamos com os times da universidade e por incrível que pareça, até mesmo os praticantes de tênis iam pra lá.

—Como assim ele tentou te beijar? –Jade me fazia um interrogatório após eu ter contado como havia sido minha tarde. Eu ainda estava atordoada com os acontecimentos, principalmente por Eduardo ter saído apressadamente de onde estávamos após a tentativa falha de me beijar. –Ele não estava namorando?

Podia-se enxergar a fumaça e sentir o cheiro de carne que estava sendo feita por George, que era o assador da vez. Era possível enxergar a aglomeração em torno do local. Podia-se ouvir também a música, que por estar longe estava baixa, mas parecia estar extremamente alta de perto.

—Ele não me comentou nada sobre um suposto namoro, mas eu posso te jurar que o vi dividindo uma torta com uma garota loira que era linda! –Franzi o cenho enquanto respondia Jade.

—Faz tempo que não falo com Leonard. Vou tentar tirar algo dele hoje. –Ela disse e nisso, chegamos na churrasqueira em que todos já estavam com seus copos de bebidas em suas mãos.

—Para tudo que a duplinha parada dura chegou! –Um dos meninos gritou e as meninas de nosso time bateram palmas e soltaram gritinhos de excitação. Fiz uma reverência formal, enquanto Jade deu uma voltinha, exibindo suas costas que ficavam livres com seu vestido floral que havia uma fenda nas costas.

Eu estava bem simples, não gostava de me produzir muito para esse tipo de reunião. Eu trajava um short verde musgo e uma camiseta colorida com estampa florida, que estava sobre minha camiseta jeans favorita. Meu cabelo estava preso em um rebo de cavalo, com meus cabelos extremamente cacheados que chegavam na altura de meus ombros quando estava preso. Usava uma sandália marrom de camurça nos pés.

—A Andressa está precisando de algo muito alcoólico para beber essa noite. –Jade disse, cumprimentando todos os nossos amigos presentes no local.

Fui guiada por uma das meninas que jogava tênis até o cooler cheio de bebidas e refrigerantes, que se encontrava em outro cômodo.

Ao chegar no local, fui surpreendida por uma cena que eu jamais pensei que ia ter o desprazer de presenciar.

—Você é uma figura! –A loira do restaurante, trajando um vestido preto rodado, dizia de frente para Tyler com um de seus braços apoiados no ombro de meu ex namorado, enquanto que com o outro segurava um copo de um líquido amarelado. Tyler estava apoiado na parede, com um de seus pés arqueados apoiados. Uma de suas mãos segurava seu copo, enquanto a outra estava mexendo em seus cabelos.

Seus olhos me fitaram e por um momento quis fugir, porém, quando sua expressão se tornou assustada e ele entreabriu sua boca rosada, arqueei as minhas sobrancelhas e coloquei em meu rosto a expressão mais cínica que pude.

—Andressa?


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Notas finais do capítulo

*Set: Cada etapa em um jogo de voleibol é chamada de set, que é fechado quando alguém fecha 25 pontos. No caso do vôlei de praia, ele fecha em 21 pontos.
*Pebolim: Futebol de mesa. é um jogo inspirado no futebol, que consiste em manipular bonecos presos a manetes.
*Xodó: indivíduo com quem se estabelece uma relação amorosa. Nesse caso, uma relação maternal.
Eu só quero dizer que estou me sentindo extremamente inspirada depois de escrever esse capítulo, pois estava ouvindo músicas no MTV hits e começou a tocar nada mais nada menos que We Don't Talk Anymore. Juro por Deus que eu amo essa música mais que tudo!!
Qualquer dúvida, só perguntar nos comentários ou me mandando um DM. Sou geminiana e super comunicativa, então adoro conversar e conhecer pessoas novas!
Beijinhos e até o próximo! ♥



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