Capítulo 4

País do Fogo, Vila Oculta da Folha.

Enquanto Sakura estava focada no seu trabalho no hospital, Sasuke se encarregou de descansar por alguns dias e ler alguns pergaminhos informacionais sobre os renegados que estavam formando um grupo. Além disso, Naruto o chamara algumas vezes para ir ao Ichiraku e para treinarem juntos. Ele estava tendo uns dias monótonos, mas já estava acostumado com isso.

Às vezes, Sasuke sentia que Naruto queria falar sobre algo com ele, mas desistia na mesma hora e trocava de assunto. No começo, ele achou estranho, mas foi em um dia que estava passando pela frente do hospital que viu o verdadeiro motivo para que Naruto fizesse isso.

Sakura estava beijando Kiba.

Eles estavam tendo um relacionamento?

Mas...

Sasuke tinha pedido para ela indiretamente espera-lo, mas depois de tudo que ele fez não era de se esperar que Sakura não o quisesse mais. Era essa sua realidade nova. Uma realidade onde Sakura não o amava como antes, ela só o enxergava como um erro do passado.

No mesmo momento, ele virou as costas e começou a andar em direção a casa de Kakashi. Mas Sakura o viu.

— Sasuke... — Ela sussurrou ao ver os cabelos ébanos sumirem entre as ruas da vila e engoliu em seco ao perceber que ele tinha visto ela aos beijos com Kiba, mas o mesmo era seu namorado, não tinha problema algum, não é?

— Sakura. — Kiba falou com a voz irritada e com o orgulho ferido, eles tinham se beijado e ela tinha chamado pelo nome daquele maldito Uchiha?

Sakura corou.

— Me desculpe, Kiba... Mas você pode me deixar sozinha por um tempo? — Ela falou em um tom triste.

— Eu já esperava isso na verdade.

Ela fixou o olhar nele tentando entender onde o mesmo queria chegar.

— Quando o Sasuke voltasse, você iria ficar indo atrás dele. Eu tenho noção que você não sente nada demais por mim e que estamos num namoro muito complicado, mas que se manteve por cinco meses. Só que eu simplesmente queria reciprocidade, enquanto você quer o Uchiha.

Kiba nem olhou para Sakura novamente, logo virou suas costas e andou em direção ao Ichiraku, talvez um saquê o ajudasse a tirar Sakura da sua mente.

Ele nem conseguiu chegar ao estabelecimento, não antes de ser puxado com força em direção a um beco que tinha ali perto. Já se preparava para gritar com raiva da pessoa que tinha feito isso, mas arregalou os olhos ao perceber que Uchiha Sasuke estava na frente dele com uma expressão fria no rosto, mais do que o normal.

— O que você quer?! — Exclamou Kiba irritado.

— Nunca mais... — Sasuke travou, ele não tinha esse direito. Ele não tinha. Mas mesmo assim, ele falou, pois se segurava para não esmurrar o rosto do infeliz — Nunca mais toque na Sakura.

Que cara arrogante, pensou Kiba rosnando os seus dentes.

— Para de agir como um covarde, Uchiha. — Apesar do medo que sentia pela habilidade do homem, Kiba se recusava a não dar pelo menos uma lição naquele maldito. — Você age às escuras, ameaçando o namorado da mulher que você ama. Não é nem um pouco digno de ter Sakura ao seu lado.

Ao ouvir as palavras de Kiba, Sasuke sentiu uma ânsia dentro de si, a qual parecia que estava pronta para ser liberada, porém não podia negar a verdade a ele. O namorado de Sakura estava certo, ela nunca seria mulher para ele. Apesar de todos os seus crimes serem perdoados e hoje agir como um verdadeiro shinobi, mesmo que às escuras, ele ainda não era alguém que podia tê-la como mulher, já que o mesmo tinha uma série de defeitos que não condiziam com a rosada, ela não teria que aguentar o fardo de ter um homem como aquele ao seu lado.

Eu tinha uma promessa, pensou ele. Na despedida, Sasuke pensou que Sakura entendera o recado que ele havia deixado: ele voltaria por ela. Ele seria o homem que ela merecia. Porém, ao chegar à vila, viu que outro homem ocupara seu lugar e que o mesmo era mais apropriado para a rosada.

— E você é digno? — Sussurrou o Uchiha, acreditava que ninguém seria digno de Sakura.

— Sasuke, não vamos apelar para violência. Eu não recuso uma boa briga, mas você não tem um motivo para isso, você não tem nenhum direito em brigar comigo só porque beijei a Sakura. — Ele respirou fundo ao ver as veias do Uchiha saltarem. — Eu que sou o namorado dela, não você.

Sasuke ficou sem palavras e preferiu não respondê-lo, até porque não tinha argumentos que convencessem o contrário do que o homem havia dito.  

— Sasuke, eu realmente amo a Sakura. Não vou deixar que você a tire de mim.

E com isso, Kiba saiu do lugar escuro, deixando um homem destruído atrás. O mesmo tinha vários fantasmas que não havia superado, mas que por um tempo acreditou que eles não estavam mais consigo.

*

Na varanda, havia uma mulher cansada com uma tonelada de dúvidas e inseguranças em suas costas tão novas. Ela vestia um moletom preto longo por cima de uma camisola velha e bebia um chá de ervas doce para que tanto seu peito se esquentasse como sua mente liberasse todo o estresse que havia ali.

Obrigações médicas e amorosas enchiam sua cabeça e a pilha de relatórios sobre diversos pacientes, a qual continha o homem mais temido por ela, estavam bem próximos dela. E ela queria evita-los por um tempo.

Ela pensara que Sasuke nunca voltaria para Konoha, entretanto havia uma pequena chama em seu peito com a esperança de que ele iria cumprir sua promessa, isso ocorrera até um ano e alguns meses atrás. Ela se recusou a continuar esperando alguém que não se importava com seus sentimentos.

Ela foi tão boba ao aceitar o pedido de Kiba, tanto que hoje estava presa em um relacionamento comandado pelo comodismo e que só começava a lhe dar dor de cabeça, já que o dono de olhos tão negros como o céu daquela noite havia voltado.

E ela se perguntava mais uma vez.

Por que você voltou?

*

Naruto e Sasuke estavam no jardim da casa do loiro e bebiam um bom saquê, mas nada que os deixassem bêbados, já que tinham obrigações no dia seguinte.

— Sasuke, o que você pensa da Sakura-chan? — Naruto perguntou sem receio algum.

Sasuke respirou fundo, recebendo a enxurrada de memórias que se relacionavam à Sakura e ao seu namorado.

— Ela é uma mulher incrível. — Ele sussurrou meio envergonhado em admitir isso pela primeira vez em voz alta.

Até Naruto se assustou. E por fim, sorriu. Afinal, seu amigo tinha noção dos seus sentimentos pela rosada e agora tudo estava nos seus devidos eixos, como deveria ter sido desde a infância de ambos.

— Entendi. — Naruto riu. — Saiba que eu torço por você e não pelo Kiba.

Com isso, Sasuke fechou os olhos e deu um sorriso amargurado. Depois, pegou a garrafa de saquê e colocou mais uma dose para si. Precisava de mais álcool em seu organismo para que a adrenalina tomasse conta de si e criasse coragem para desabafar com Naruto, porém o seu amigo já estava morrendo de sono e Hinata olhava um pouco irritada da janela do quarto do casal.

E ele pensou, mais uma vez, que até aquele idiota tinha alguém que o prezava mais do que tudo na vida. E ficou feliz por ser Hinata e não Sakura.

— Você amadureceu. — Ele falou baixo para o loiro que já babava no chão com seus olhos fechados.