Gemini - INTERATIVA escrita por Lady


Capítulo 8
VIII - Jogos.


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, gostaria de pedir desculpas duas vezes. A primeira, pela demora, acabei me enrolando durante a semana e acabei tendo alguns problemas pessoais. Voltei a ter uma recaída na depressão e não me sentia motivada para escrever. O segundo motivo, é por não ter respondido os comentários. Eu não sei porque acabei esquecendo, mas responderei todos.



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O som alto de uma voz feminina e melódica ecoou alto vindo de algum lugar, e ela se perguntou se aquele som era real. Estava tão cansada das malditas brincadeiras dos Aurus, que estava disposta a lutar se alguém se aproximasse. Logo na entrada de seu alojamento pode contemplar duas figuras entrarem onde inicialmente deveria haver um campo de força. Os olhos castanhos permaneceram focados, enquanto ela analisava os dois estranhos avançarem.

— Não tem nada aqui Dankim. - Stlevana disse prestando atenção a cada detalhe e canto do quarto. Ele estava bastante iluminado, tinha móveis simples, alguns vários espelhos dispostos entre paredes, mas, no entanto, nenhum sinal de vida.

— Pare de se esconder Zara. - Dankim disse num tom sério como se ordenasse algo. — Eu sei que está escondida. - Ele falava como se soubesse tudo sobre ela. E por um instante ela se questionou o que aquilo significava.

— Quem são vocês? - Perguntou não reconhecendo nenhuma daquelas pessoas. Apenas a voz era suficiente.

Stlevana estava ficando impaciente por conversarem com alguém que não aparentava estar ali. — Nós somos fugitivos e viemos resgatá-la.

— Acha que vou acreditar nisso? - Zara riu alto com certo deboche. De fato, na cabeça dela não tinha a menor possibilidade de aquilo ser real. O mais sensato era pensar que os Aurus estavam fazendo um novo teste, que logo a colocaria em risco. Confiar neles, mesmo os humanos, era uma tarefa difícil para ela. Foram inúmeras as vezes em que caiu em jogos, testes e falsas esperanças, e como forma de se proteger ela prometeu a si mesma que não permitiria novamente que os Aurus brincassem com sua mente. Era um ato de resistência não querer se submeter às vontades deles.

— Não temos tempo para joguinhos! - Stlevana disse visivelmente irritada, e ao gritar a voz tinha causado um pequeno tremor no local. O controle dos poderes ainda não era cem por cento, por isso vez ou outra era possível algumas gafes. — Estamos dizendo a verdade. E não temos muito tempo até eles perceberem que estamos aqui.

— Eu quem digo que não quero joguinhos. Vocês não me apresentaram nada de convincente até agora. Pensam que podem chegar assim e me convencer de que estão numa fuga contra os Aurus? Os mesmos que nos colocaram aqui? Não me faça rir.

— Talvez ela se convencesse se o Kayo chegasse quebrando tudo, o que parece a cara dele. - Dankim disse num tom um pouco sarcástico, e por um momento ignorou a presença da outra gemini na sala. — Nosso amigo está servindo de isca para os Aurus e não temos muito tempo para te convencer, tão pouco para fugir. Se fosse um teste, eles poderiam te obrigar a fazê-lo se quisessem. Enfim… Estamos indo. - Concluiu.

Ditas as últimas palavras Dankim saiu da sala seguida da outra gemini, porém antes de partir definitivamente Stlevana também deixou suas últimas palavras. — Eu também não confio nele. Pelo menos não agora, mas acho que talvez seja melhor lutar por uma oportunidade de fugir, do que se submeter aos Aurus para sempre.

Aquelas palavras fizeram Zara pensar bastante sobre aquilo, embora ela estivesse desconfiada demais para depositar um voto de confiança. As coisas estavam acontecendo de uma maneira muito repentina e inesperada.

Dankim andou sorrateiramente por entre o extenso corredor, estranhando que até o presente momento não havia sequer um Metron ou qualquer outro ser para impedi-los.

— Não vai demorar muito até perceberem que estamos aqui. - Comentou baixo

— Atraí-los não é o trabalho do Kayo?

— Isso não significa que eles serão burros para não nos notar. Kayo é uma isca para chamar atenção e desviar o foco, provavelmente tentarão priorizá-lo, mas não se esqueça de que eles não vão nos ignorar. Temos aproximadamente cinco minutos antes que…

— Você não acha estranho Dankim. Que não haja sequer um vigia? Isso é porque eles não têm, ou… - Stlevana o olhou com seriedade. — Estão nos atraindo para uma armadilha?

— Talvez eles saibam que meia dúzia de Metrons não vai ter efeito. - Quando ele disse aquelas palavras, medo e insegurança tomaram a outra Gemini.

— Você acha que eles têm coisas piores que os Metrons? - Ela engoliu seco e tentou se recompor.

— Eu não tenho a menor dúvida. Por isso precisamos de um grupo maior e mais habilidoso para chegar até o quatorze. Seringas e robôs não é a única coisa das quais eles dispõem, mas é comum de nós humanos pensamos que somos o centro do mundo. - Ele sorriu irônico. — Mas eu também estou um pouco apreensivo. Tenho um péssimo pressentimento.

— E o que faremos?

— Seguir o plano. Vamos buscar o outro e encontrar com o Kayo.

Stlevana não tinha muita certeza do que estavam fazendo, e nem se valeria apena todo aquele risco caso os outros não aceitaram cooperar e segui-los pacificamente. Ela seguiu com Dankim, com um olhar preocupado. O trauma dos Aurus e das inúmeras torturas vinham a mente, causando um leve calafrio. Eles pararam próximos a um alojamento que não era muito longe do anterior, algo bem diferente do padrão do complexo sete onde os geminis permaneciam bem separados. Ela respirou fundo e repetiu o mesmo processo anterior, cantou concentrando-se em seus tons e notas até ser capaz de quebrar o campo de força.

—  Eu não estou gostando da maneira como as coisas estão fáceis Dankim. - Murmurou desconfiada e passou pela porta. —  E isso começa a me irritar.

Ela viu o homem oriental entrar no recinto, e prestou atenção a entrada estranhando o silêncio constante do corredor. O coração batia acelerado, decidiu entrar e segui-lo. Igual ao que aconteceu anteriormente, ela não podia ver nenhum Gemini dentro do salão. Será que alguém fugiu suficientemente rápido dela, ou era apenas mais algum engraçadinho se escondendo? Ela teve a impressão de ver uma mesa no centro da sala mover-se. Aquilo não deveria ser o suficiente para chocá-la.

Logo em seguida, ela viu uma pessoa surgir do nada, envolta de uma capa, vestindo uma roupa normal. Ele era alto, tinha cabelos castanhos e curtos. Olhos azuis e pele bem pálida. Nas mãos segurava cartas de baralho.

—  Você é Aristides não é? – Questionou Dankim mesmo sem conhecê-lo.

—  Porque você quer saber disso? - Ele respondeu com a expressão calma e fria. —  Isso é mais algum teste?

—  Você não parece surpreso em nos ver, ou sequer assustado.

—  Depois de passar tanto tempo participando dos joguinhos dos Aurus surpresa seria se eu estivesse assustado. - Ele respondeu sentando-se na mesa e embaralhando as cartas.

Aquela expressão lembrava a calma inabalável de Dankim que parecia sempre estar com a situação sob controle, mas na realidade aquilo era apenas uma fachada. Já fazia muito tempo, talvez anos que Aristides não tinha contato com outros humanos e isso causava um intenso sentimento de desconfiança. Ele tinha percebido desde o primeiro momento que a barreira tinha sido quebrada, e que havia invasores ali. A questão era, se eles seriam amigos ou inimigos.

— Nós vamos direto ao ponto. Isso é uma fuga e você tem que vir com a gente antes que os Aurus percebam isso. - Stlevana tomou a palavra um tanto impaciente, e isso o deixou inquieto. Ari, apelido recebido durante a infância, tinha um sério problema com garotas. Ele se sentiu um tanto quanto constrangido com aquele tom de voz, embora as palavras dela parecessem absurdamente sinceras.

— E se eu não quiser? - Ele questionou tentando analisar as expressões dos outros dois geminis. — Uma fuga me parece algo meio imprudente. Estamos em outro planeta, mesmo se sairmos daqui, que garantia eu tenho de que não vamos morrer? Vocês não podem chegar assim e jogar informações na cara das pessoas.

— Não sei. Depende.

— Nós, os geminis, somos a melhor arma que eles têm. - Apesar daquela revelação ser bastante surpreendente, Ari não parecia abalado. — Eles precisam de nós, mas nós não precisamos deles.

Ele não podia negar que o homem oriental parecia passar um ar confiável, os olhos eram focados como os de uma pessoa que não mente e uma postura irredutível, como alguém que não dúvida das próprias palavras. Analisar as reações corporais dos outros era também, uma das habilidades de Ari, pois para ser um bom ilusionista ele precisava saber exatamente o que sua plateia sentia, embora ele não tivesse controle dos próprios sentimentos. Ele pensou por mais alguns minutos e ponderou sobre o que poderia acontecer. Era verdade que ele assim como todos desejava sair dali, mas ainda assim não tinha muita certeza se desejava arriscar a própria vida, ainda que ela estivesse em constante risco. No fim das contas não tinha tantas opções. Ele sabia que os Aurus o testariam até matá-lo.

— Eu vou. - Ele respondeu e aquilo trouxe um pouco mais de alívio para os outros dois.

Logo após a resposta, imediatamente eles ouviram um som agudo como o barulho de algum animal do lado fora, embora não pudessem identificar que tipo seria, seguido por um grito de uma voz feminina. Uma tensão tomou conta de Stlevana, provavelmente aquilo não era um Metron e nem um Aurus. Todos ali sentiam como se estivessem diante de um predador.


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Notas finais do capítulo

Dessa vez eu decidi focar em um ambiente só, e o Kayo ficou de molho um pouco -rs.
A pergunta de hoje é. Que tipo de sentimentos seus personagens têm em relação aos Aurus?
Eles sentem ódio, raiva, seriam capazes de perdoá-los caso soubessem os motivos deles etc...?



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