Olhar para ela me trazia uma inexplicável paz. Olhar para ela girando no grande salão fazia com que as batidas do meu coração descompassassem e depois, de quase um ano, olhá-la movimentando-se lentamente em frente do espelho, no ritmo de Jude, fazia o mesmo efeito de um ano atrás. James pensava em Lily de um modo inexplicável, o jeito em que ela ria ao se olhar no espelho dançando com a camisa social do garoto, fazia com que ele a amasse ainda mais, sendo ou não possível, seus sentimentos cresciam em uma escala tão grande que o pensamento de se ver sem ela doía.

Lily sempre fora cínica em relação ao amor, apesar de ser uma pessoa incrível, acreditara que nunca amaria ou que poderia ser amada. Ver seu pai traindo a mãe foi uma grande parte de criação de seu conceito de amor e relações, por isso se envolvia, mas nunca achou a mágica que todos os livros citam, nem mesmo com relacionamento anterior a James, que mesmo muito feliz não fora algo promissor.

James pelo contrário nunca pensara de amor de uma forma medíocre, acreditava que era uma forma de salvar o mundo e todas as catástrofes que aconteciam no mesmo. Seus pais, ao contrário dos de Lilian, sempre foram seu grande exemplo de amizade, companheirismo e amor, até seus últimos dias de vidas. Quando sua mãe faleceu por câncer no ovário, o pai logo entrou em uma profunda depressão, deixando apenas algumas palavras para James e um grande exemplo. O garoto nunca culpou o pai, depois de tanto tempo juntos, preveria que Fleamont, irremediavelmente apaixonado por Euphemia, não suportaria a perda da amada.

Lily relutou para ver que amava James. O primeiro eu te amo veio por parte do garoto que não ligava com a resposta medíocre e a saída da menina do café quando se declarou ele sabia o quanto seria árduo para Lily aceitar para si mesma os próprios sentimentos, afinal, quem nunca acreditou em amor nunca passaria a aceitar que estava amando, nem mesmo para quem é um romântico incurável, feito James, nunca iria ser fácil entregar-se para alguém, sem garantia de reciprocidade.

Porém todo o caminho percorrido até o presente momento fez com que James sentisse grato por tudo que passou, pela dificuldade de Lily em se manter realmente aberta em relação a sentimentos e abrir-se sobre si mesma. Lilian sempre seria um enigma, uma caixa de surpresas indesvendável, o que o atraia ainda mais.

— James, não sei se está no seu normal nesses últimos vinte minutos, porém você pretende ir, certo? —Lily rapidamente joga-se ao lado de James, fazendo com que a blusa suba um pouco, deixando sua calcinha de renda aparente.

— Ao casamento de Tonks? Não posso faltar, ela me mataria, na lista de presentes ela deixou bem explícito que o refrigerador é meu, pois tornei o noivo dele viciado em cerveja importada.

Lilian apenas ri antes de ajeitar-se em cima do namorado, que retribui o gesto da garota com um sorriso carregado em malícia. Lily sentindo-se confortável em cima de James, se aproxima ainda mais, podendo assim iniciar um beijo caloroso e lento.

Os lábios de Lily não poderiam ser descritos com gosto de cereja, seria clichê, apesar do tom avermelhado que os mesmos sempre tinham. Porém era um gosto de café com paste de dente de hortelã, algo não muito comum, porém era o típico e único de Lily.

O modo em que James passava uma das mãos pela cintura de Lily e acariciava o rosto de modo delicado, fazia com que a garota sentisse sua sanidade ir embora, os toques mais inocentes a deixavam-na sem reação instantânea. James sentia-se ainda entorpecido com os delicados dedos de Lily que bagunçam seus cabelos, os deixando ainda mais revoltados, a calmaria que ela trazia para ele, era na mesma intensidade em que ela trazia desejo.

Lily e James separaram-se de modo lento e calmo, sem nenhuma interrupção de momento, só aproveitando o efeito dos lábios que ambos traziam um para o amor. O gosto de café com o de chiclete de canela fazia uma boa combinação, inusitada, porém boa.