As malas estavam quase prontas sobre a cama, três caixas e duas malas. Aquilo era tudo que se reunirá nos últimos anos na Flórida. Quando era adolescente, somente os seus sapatos encheriam esse espaço, agora adulta elas continham pouco, mas tudo que ainda era importante em sua vida. 

Seu diploma universitário juntava-se aos seus outros maiores tesouros. Poucos e que cabiam em sua mala de mão. As fotos dos amigos, as cartas antigas de Tommy, seu morfador, as medalhas e seu bem mais precioso: o sapatinho rosa de lã escondido em uma caixinha de música. Sua única lembrança da filha que tivera e do que nunca mais veria. Uma lágrima escorreu dos seus olhos ao tocar na caixinha, logo, secou os olhos e abriu a porta saindo com a mala nas mãos. 

Susan e Zack a esperavam na sala, os recém casados, estavam  tristes por ver a amiga saindo de casa. Kimberly exibiu um sorriso radiante quando os viu e disse:

— Até parece que vou me mudar para outro planeta pessoal, o apart-hotel fica a dez minutos daqui.

— Mas não vai ser a mesma coisa – murmurou Susan chorosa. – Você não precisa ir. 

— Verdade Kim, não é só porque nos casamos que você tem que se mudar. 

— Zack, já ouviu o ditado? Quem casa quer casa? Vocês precisam ficar sozinhos, agora, me ajude a levar as coisas para o carro.

— Claro – o rapaz concordou indo para o carro.

— Aí Kim, eu vou sentir tanto a sua falta – reclamou Susan. – Já não está treinando mais, agora, não vou te ver em casa. Vai ser muito estranho.  

— Vou continuar indo ao ginásio todos os dias, não se esqueça que eu agora vou treinar as meninas menores.

— Mas não vai se sentir sozinha? 

— Talvez... mas eu ligo. Além do mais, já está na hora de morar sozinha. Ter meu próprio apartamento, minhas coisas. Já sou adulta, não? 

Susan concordou com a cabeça.

— Sei lá, eu fico pensando se você não vai acabar voltando para Alameda dos Anjos ou indo para Nova York com a sua mãe.

— Já estou muito velho para morar com a minha mãe – respondeu pensativa. – E não tem mais nada para mim na Alameda.

— Trini e Jason voltaram para lá – comentou Zack entrando com as malas. – Seria muito legal se nosso ginásio fosse lá. 

— Quem sabe depois que me aposentar e já for uma treinadora famosa. – Susan beijou o marido e saiu um momento da sala. 

 – Não me imagino voltando para Alameda dos Anjos – murmurou Kimberly. – São tantas recordações. 

— Mas ainda é o nosso lar – murmurou Zack. 

Kimberly não respondeu. A melancolia em seus olhar era suficiente para Zack, que a abraçou. 

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O sol brilhava intensamente sobre o lago, o parque estava verdejante e as flores começavam a desabrochar. Retornar para Alameda era como voltar ao ventre de sua mãe. Tommy lembrava-se de todos os dias que passava olhando as águas cristalinas e pensando em seu futuro. 

— Tommy!

Ele se virou e viu Jason aproximando-se a sorrir. Ele correspondeu a alegria do amigo e apertaram as mãos. 

— E aí irmão? Não sabia que estava na Alameda.

— Terminei a faculdade e vim passar um tempo em casa. Decidir o que fazer da vida - Tommy passou a mão na cabeça, instintivamente sentindo falta do rabo de cavalo.

— Vai ficar até o casamento? Não se esqueça que é meu padrinho.

— Não perderia por nada. Como estão os preparativos?

— Trini está doida, ela e Kimberly passam horas no telefone todos os dias. - Jason prestou atenção na reação do amigo e vendo-o calmo continuou. - Quais seus planos? Veio para ficar?

— Ainda não sei viu! Eu larguei as corridas, meu tio ficou um pouco decepcionado, mas não é meu futuro.

—  O turbo que te animou.

— Exato, chega de velocidade por uns tempos. Estou em dúvida se volto para a faculdade para continuar os estudos ou arrumo um emprego.

—  Agora você tem PHD?

—  Era Mesozóica, só não sei se quero ensinar ciência a vida inteira.

—  Achar alguns zords novos seria bem legal.

— Quem sabe?

Jason coçou o queixo e falou:

—  Cara, eu acho que tenho uma ideia melhor. Quer dar uma olhada em um lugar comigo?

—  Que lugar?

— Um ginásio, Trini e eu estávamos querendo abrir um Dojo. Mas os lugares ou são pequenos demais ou grandes demais. Achei um ginásio incrível, mas só nós dois não vamos dar conta. Quem sabe você não se anima em ser nosso sócio?

Os olhos de Tommy brilharam e ele falou:

— Vamos lá cara.

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Melissa parou admirada na frente do escritório de sua nova casa. Os olhos castanhos arregalados em admiração. 

—  Gostou? - perguntou Jenny com um sorrisinho perto da menina.

— Sim, muito.

— Não temos muitos livros infantis, mas alguns clássicos são universais - Mônica, sua nova mãe adotiva, estava contente por conseguir chamar sua atenção. - Vai poder ficar aqui sempre que seu novo pai estiver no trabalho. Só a  noite ele fica na biblioteca estudando para o doutorado.

— Doutorado? - indagou Jenny.

— Sim, meu marido quer continuar estudando.

— Uma família de professores… nada mais perfeito para uma criança tão inteligente como Mel. Vamos ver seu quarto agora querida?

A menina sorriu e balançou a cabeça concordando, Jenny suspirou aliviada, tudo ficaria bem.