Apenas um pesadelo escrita por Heisenberg24


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Para Steph, dona de um nick que não sei escrever porque não lembro HAHAHA obrigada por me apoiar quando mais precisei, você é dez
E além disso para todos os fãs de Bleach, ou mais especificamente, pelos fãs do Byakuya lindo e maravilhoso! Espero que gostem dessa história, de verdade *-* escreverei mais, de vários personagens se essa for bem aceita e se for do agrado de vocês, portanto me deixem saber ;3



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Por que estava tão escuro? O quarto do casal geralmente era muito bem iluminado, afinal, a noiva de Kuchiki Byakuya era muito cuidadosa e detalhista com os detalhes da casa. Gostava de cores claras, luminárias e flores pelo quarto. Embora Byakuya não gostasse muito de plantas espalhadas pela casa, ele apreciava por ser escolha dela. 

Adentrando no quarto, ele ainda não podia ver o contorno da cama, mas podia reparar em alguns detalhes enquanto em sua mente um turbilhão de hipóteses circundavam, buscando uma explicação coerente para o motivo daquela escuridão e vazio. Não conseguia controlar bem o próprio corpo, andando tão devagar que parecia demorar décadas para apenas andar meio metro. Por que aquela angústia simplesmente não passava? Por que tinha a sensação de haver algo errado naquele santuário?

— [Nome]? -ele perguntou, a voz grave e sonora ecoando como em um aposento vazio. Que estranho... era perturbador demais para continuar andando tão devagar?

A mão pairou sobre a Senbonzakura. Ele estava pronto para sacá-la, pronto para apartar e expulsar o que quer que tivesse deixado o quarto tão escuro e vazio, silencioso como em um sepulcro. Talvez sua esposa estivesse cansada e quisesse dormir em um ambiente mais escuro, afinal, estava muito sensível naquele período. Cansava-se com facilidade e as vezes passava muito mal com cheiros e luzes. Sim, aquele devia ser o problema.

Respirando mais aliviado, ele tentou seguir para a cama, mas não conseguia. Queria ver a silhueta dela, a barriga enorme e arrendondada, segurando e acolhendo alí dentro o filho dele. Byakuya sorriu com a lembrança em meio a escuridão. Quando vira a barriga de [Nome] crescendo, carregando alí um pequeno e talentoso Kuchiki, os olhos do capitão se encheram de água. Era algo muito maior e mais lindo do que poderia imaginar ou desejar para si mesmo. Teria uma família agora. Pedira [Nome] em casamento logo em seguida, ansioso para construir com ela um lar e compartilhar mais sonhos. Tudo parecia perfeito.

Após perder a primeira esposa, Hisana, Byakuya se tornara um homem mais frio e calculista, importando-se menos com as pessoas e visando completamente o próprio orgulho e honra. Quando conhecera aquela mulher, parecia que tudo tinha voltado aos eixos em apenas segundos. O mundo parecia ter sido colorido outra vez, não mais como se enxergasse tudo em preto e branco. Sentimentos foram cultivados aos poucos como pequenos brotos de flor sendo plantados, e em poucos meses, juntamente com aquele bebê que crescia, o amor de Byakuya aumentava da mesma forma. 

Finalmente ele conseguira retirar as sandálias dos pés. Repousou a katana na lateral da parede e soltou alguns dos prendedores que mantinham seus cabelos presos no alto da cabeça. Os cabelos negros e imensos agora estavam livres, os olhos do Kuchiki fechados em plena paz e calmaria. Sua esposa estava deitada na cama, tranquila, imóvel, como se dormisse tão bem que andasse nas nuvens em sonhos profundos. Ela era tão linda quando dormia... mas por que ele não conseguia ver com clareza seu rosto e sua forma perfeita? 

Foi deitar-se ao lado dela. Queria abrir as persianas para iluminar um pouco, mas preferiu priorizá-la. Se ela queria dormir sem luz, então que assim fosse. Ele então deitou-se bem devagar ao lado dela, passando o braço sobre seu corpo quieto até chegar a barriga. Acariciou o volume endurecido, a pele alva coberta por uma camisola fina. Adorava sentir o bebê, parecia que ele entendia o pai, que ouvia sua voz e que gostava. Retribuía os assuntos de capitão que o pai incessantemente falava com um chute... e ele se divertia com aquilo, esboçava um sorriso e beijava a barriga.

— Você está quieto -ele falou bem baixinho. Acariciou a barriga por completo e por um instante sentiu a umidade que escapulia da camisola de [Nome]. — Querida, você está suando. Vou preparar um banho morno com essência pra você.

E a escuridão do quarto se evaporou como se um interruptor como o do mundo dos humanos tivesse sido aceso. Os olhos negros de Byakuya se arregalaram ao olhar para a esposa, linda e imóvel, os olhos abertos e sem vida. Estava tão pálida que sua pele lembrava perfeito pergaminho. Ajoelhando-se na cama rapidamente, para maior horror do capitão, notou a grande poça de sangue que se formara saindo da barriga de sua amada. E ele não conseguiu se mover mais, seu corpo congelou, não porque queria ou pelo horror... mas por forças invisíveis, como aquelas que mantinham as luzes apagadas.

— Q-quem...? -ele conseguiu proferir as palavras com dor e ódio. Por que não conseguia tocar em sua esposa? Por que não conseguia tocar sua barriga para ver se o bebê estava bem? Que energia era aquela?

A dor então o invadiu, o choque momentâneo se alastrou. Sentiu lágrimas ardendo ao sair de seus olhos negros, cabelos grudando na testa e na nuca do quanto suava, horrorizado. Alguém tinha matado sua esposa... alguém a tirou dele, juntamente com seu bebê. Por que tinha que reviver o horror de perder quem tanto amava? Preenchido com tanta dor e com ódio por nem mesmo conseguir sair do lugar, ele apenas conseguiu rugir, como um lobo após deixar a presa escapulir. Apertou os punhos, prendendo os lençóis da cama entre os dedos. Chamou o nome dela outra vez, mas ela não se movia. O que acontecera? Por que? Por que logo ela?

Ele jamais perdoaria quem fizera aquilo... e não teria misericórdia ou piedade. Já chorava desesperadamente, e com a dor, o horror, tudo o que conseguiu fazer após a frustração irreparável foi gritar, berrar a plenos pulmões.

E quando Byakuya abriu os olhos negros, o suor grudando completamente suas roupas no corpo esguio e musculoso, ele acordou. Despertou daquele pesadelo como se fosse tudo verdade, com emoções a flor da pele. As lágrimas ainda escapuliam de seus olhos em uma torrente incessante. Respirava com dificuldade agora, a mão afastou os cabelos da testa. Sentou-se na cama rapidamente, procurando ar, oxigênio, salvação. Olhou para o lado então, desesperado, e então ele a viu, adormecida, respirando bem devagar com uma das mãos pousadas na enorme barriga. 

Ele se curvou sobre ela, acariciou a barriga e imediatamente sentiu movimentos. Seu bebê estava vivo! A preocupação ainda estampava o rosto do homem, e ele acordou a esposa com beijos no rosto, como os beijos de um amante que não via há tempos sua esposa. Ela abriu os olhos e viu então o rosto dele, lágrimas inundando o rosto branco dele. O susto a tomou, e ela segurou a face dele entre os dedos.

— O que houve? Por que está assim? -ela perguntou, assustada. Nunca vira Kuchiki Byakuya assustado ou com medo como naquele instante. O que tinha ocorrido para deixá-lo daquela forma tão vulnerável? 

Ele deitou-se sobre o colo dela, sentindo o afago que ela logo fazia em sua cabeça. Recuperando o ar, ele ainda assim não conseguia explicar o que tinha acontecido. Queria apenas sentir... sentí-la viva e bem em seus braços. Olhou para a face preocupada que ela tinha, acariciou-lhe a face com afeto. Lembranças ocorreram na mente de Byakuya, já mais calmo e agradecido por estar tudo bem. Lembrou-se de quando fez amor com ela pela primeira vez, como ela gemeu em seus braços e arranhou suas costas durante o ato. A paixão que ele sentira aquele dia, e que agora trouxera um bebê, descansando tranquilamente em seu ventre até o momento em que pudesse conhecer seus pais... tudo era surreal demais para um shinigami entender. Mesmo que fosse viúvo, aquela parecia realmente a primeira vez que havia se apaixonado. 

[Nome] e seu bebê eram um presente... e apenas sonhar que os perdia parecia uma dor difícil demais de se suportar. 

— Me explica... o que aconteceu? -ela pediu, o tom manso e suave. Sentou-se na cama, e apenas esse ato causou preocupação do noivo. Ele a deitou de volta com doçura, como se ela fosse quebrar. — Byakuya!

Ela não conseguiu interrompê-lo nem mesmo ir contra sua preocupação. Os lábios foram selados com delicadeza, fome e carinho. [Nome] ficou sem ar apenas com o toque ansioso de seu noivo nos lábios. Cerrou os olhos, assim como ele e apreciou aquele toque tão cheio de saudade, como se ela tivesse partido para um mundo novo de sonhos inalcançáveis, e agora estava de volta como ele, como chegando de viagem. Ainda podia sentir a mão dele acariciando a barriga, conversando por toque com o bebê que agora parecia completamente acordado, dando voltas no útero da mãe e causando pequenas dores.

Byakuya encerrou o beijo, a testa unida com a dela. Olhava para os olhos de sua noiva, agora cheios de cor e vida, não como naquela imagem grotesca que ainda pintava em sua mente como um horror. Ele sabia que ela queria explicações, que não conseguiria dormir enquanto ele não contasse. [Nome] gostava de conversar com ele, de ouvir as coisas chatas que ele passava no trabalho, a papelada que enfrentava todos os dias para manter o esquadrão em ordem, e até mesmo ouví-lo reclamar de alguma bobagem de Renji, seu tenente. Daquela vez ela tinha um interesse gigante em ouvir, em saber o que se passara para mexer tanto com o emocional de seu noivo. Ele não era daquele jeito... embora fosse carinhoso e um companheiro exemplar, ele ainda tinha a frieza que lhe fora moldada durante a vida. Ela não o conheceu antes de Hisana, não tinha ideia do como era... mas tinha certeza que era aquele homem diante dela, feliz por tê-la. 

  — Eu estou com você -ela disse então, a mão morna na bochecha ainda úmida dele. 

— Hai -ele concordou, desviando o olhar, parecendo mais tranquilo e como se realmente fosse ele de volta. O susto passara, e querendo ou não aquilo aliviara a noiva. Erguendo-se, ele se sentou na cama, o rosto agora próximo da barriga imensa. — Você está bem... seja forte como eu.

[Nome] sorriu. Observou o afeto com que o noivo acariciava sua barriga.

Por meses a jovem não acreditou que a notícia de sua gravidez agradaria Byakuya. Ele era tão sério, tão responsável... e ela era o que? A moça não tinha família nobre, não era dona de terras e nem mesmo tinha uma família honrada. Como foi que conseguira conquistar o amor dele? Com a notícia da gravidez, Byakuya permanecera sem reação nos primeiros dias, ocupado demais, quase não falava com ela. Enfiara-se de cabeça em tanto trabalho como se quisesse sobrecarregar-se de propósito, quando apenas queria entender tamanha responsabilidade.

E por fim certo dia o homem entendera a situação, especialmente ao ver a moça por quem se apaixonara sofrer por seu silêncio e falta de compromisso. Afinal... aquele era um dos homens mais honrados da Seireitei. Uma gravidez fora do casamento pareceria absurdo demais. Naquele fatídico dia ambos entenderam o amor e responsabilidade que tinham um com o outro. Embora a armadura de frieza fosse indestrutível, no fundo o homem estava completamente feliz por saber que teria um herdeiro. Não importava nada sobre a condição social de [Nome], absolutamente nada. 

Após tal pesadelo, tudo aquilo apenas se intensificou. Byakuya nunca passara por algo assim. Tudo parecia apenas notificá-lo de que deveria aproveitar, cuidar e principalmente proteger. Tinha alí com ele a noiva perfeita... e que aguardava um filho dele. O homem deu um beijo doce na barriga, e voltou-se então para [Nome]. Parecia mais sério agora, mais controlado. Não havia mais o choque daquele susto. Voltara a ser o homem cheio de controle que era. 

  — Foi só um pesadelo... -ele disse. Segurou a mão dela entre a sua e desferiu um beijo nos dedos. Cerrou os olhos, mantendo a mãozinha em seus lábios, apreciando o calor dela. Ela estava bem... e ele mal podia acreditar. Como puder ter tanta sorte? — [Nome]... não posso perder vocês. Nunca.

[Nome] sentiu o rosto queimar, sem que pudesse controlar. Era tão raro ouvir Byakuya falar aquelas coisas... que pesadelo fora capaz de causar aquilo nele, afinal? Ela preferiu não saber.... não queria saber. Pela primeira vez não quis se aprofundar em algum assunto com ele. Levantou-se também, e desta vez ele não a impediu. Apoiou a barriga com uma das mãos, ainda com a outra sendo beijada por ele. Ficaram daquele jeito, sentados diante do outro trocando agradecimentos por ter um do lado do outro. 

  — Vem, vamos dormir -a moça então pediu, aproximando-se um pouco mais dele. Foi acolhida com um abraço carinhoso nos ombros, aconchegada no peito largo, onde um coração batia com toda a força. 

— Não -ele disse, o tom sério. Acariciou os cabelos de sua amada, respirou profundamente, aliviado. Sim, foi tudo um pesadelo... e aquilo alí tudo era um sonho.. o mais maravilhoso sonho que já tivera na vida. Se aquilo significasse se manter acordado para sempre, então que fosse.   — Durma. Vou cuidar de vocês essa noite. 

E por todas as outras, ele pensou. Nunca mais teve um pesadelo desde então.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ logo logo vem mais one shots ♥