À beira mar escrita por Jeniffer
Eu acordei no final da tarde, o som da televisão baixo e desconexo. Levantei-me e fui ao banheiro, e depois encontrei Sarah na sala, distraída com algum programa de auditório.
— Sente-se melhor? – ela perguntou, sem olhar para mim.
— Eu acabei de acordar. – respondi, confusa. – Vou precisar de mais algumas horas para decidir isso.
— Leve o tempo que precisar. – ela disse, ainda sem olhar para mim.
— Não vai trabalhar hoje?
— Pedi uma folga. – eu observei a televisão, minha impaciência crescendo a cada risada falsa vinda da plateia.
— Eu vou embora, Sarah. Não posso mais ficar aqui. Não consigo.
— Tem certeza? – ela disse, desligando a televisão. – A doutora Newman concordou em vê-la amanhã.
— Tenho. – eu olhei ao redor. – Esta casa... tem algo de errado com ela. Eu preciso sair.
— Jane... – ela disse, sua voz quase uma prece. – Você não acredita realmente que Peter virou um fantasma vingativo que quer matá-la, não é?
— Eu não sei no que eu acredito. Tudo o que eu sei é que algo estranho está acontecendo, e começou quando vim pra cá. – eu respondi, tensa. Levantei-me e procurei pelas minhas chaves. – Preciso ir embora.
— Você pretende ir agora?
— Depois. Preciso comprar algumas coisas para enfrentar a viagem. – eu realmente precisava de café e talvez alguns energéticos, o carro precisava de gasolina e meu cérebro clamava por cigarros.
— Eu não sei se é boa ideia, Jane.
— Não é. – falei, alcançando a porta. – Mas é a melhor que eu tenho.
Dirigi rápido, chegando ao posto de gasolina em pouco tempo. Abasteci o tanque e comprei alguns energéticos, voltando para o carro com a mente um pouco mais clara. Decidi dirigir até a lanchonete no final da rua e pedir alguma coisa para a viagem, sentindo uma súbita vontade de comer batatas fritas. Enquanto esperava o meu pedido ficar pronto, fumei um cigarro no estacionamento, e foi quando vi uma senhora tentando jogar uma sacola na lixeira próxima, mas sua má postura não ajudava com isso.
— A senhora precisa de ajuda? – eu me aproximei dela, tentando pegar a sacola. Quando eu toquei no plástico, a mão direita dela agarrou meu pulso com uma força que não parecia pertencê-la, virando seu rosto em minha direção subitamente, seus olhos tão brancos quanto a névoa do mar.
— Ele está vindo. – ela disse, uma voz baixa e gutural. – Você vai pagar pelo que fez. Ele está vindo por você.
Eu lutei para me soltar e corri de volta para o carro, ouvindo-a gritar enquanto eu me afastava:
— Tão sozinho... Você o deixou tão sozinho. Ele está vindo agora. – entrei no carro, mas antes que pudesse sair do estacionamento, as últimas palavras delas ainda conseguiram me alcançar. – Ele está aqui, Jane.
Dirigi tão rápido quanto pude, quase perdendo o controle do carro em algumas curvas, esquecendo totalmente da minha vontade de comer batatas fritas, apenas pensando em uma questão: como aquela velha sabia meu maldito nome?
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