O canto da solidão escrita por Gabii Vidal
Todo dia, todo segundo da minha existência...Tudo é desperdiçado! Ninguém mais sabe como é acordar todo dia e saber que nunca ouvirá um “bom dia” ou um “eu te amo”. E pior ainda é saber que isso durará por toda a eternidade.
E é por isso que faço o que faço...Fui condenada a viver nesse rio para pagar por todas as mortes que causei. Sendo que matei para continuar a viver.
Talvez ter morrido anos atrás fosse melhor do que ter que viver assim...Quero dizer, viver não : Sobreviver.
Agora minha única meta de vida é matar, matar todos os pobres homens que passam aqui até que eu por fim mate um dos descendentes dos meus irmão e me vingue.
Mas isso está longe de acontecer...Depois da morte deles a aldeia inteira se mudou para longe. Ninguém nem mesmo se importou de me avisar para onde, é provável que não me queiram por perto.
Já fazem 500 anos que fui transformada nessa aberração com cauda de peixe, e eu não aguento mais.
Já tentei me afogar, mas é impossível, os outros peixes não me devoram, e sempre que eu abro a boca uma vida chega ao fim.
Ao longo dos anos minha existência foi descoberta, e desde então caçadores sempre vem tentar me encontrar...Mas contra minha vontade eu começo a cantar a mesma música de sempre:
Vem para os braços do canto, pequenino
Sente a água, você não quer beber?
Canta comigo
Nada aqui comigo.
Mergulhe para onde ninguém possa te ver
Sinta a água refrescar o calor
Deixa que te leve para os braços do predador
Vem aqui comigo
Você não quer cantar?
Nade, pequenino
Que essa música está para acabar.
E então a água os leva, não tenho nem mesmo chance de me desculpar...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!