Outside Plans escrita por Sany


Capítulo 15
Capitulo 13.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite... E mais um ano se inicia (esta um pouquinho atrasado) e desejo a vocês um 2018 repleto de alegria, muitas conquista e tudo de melhor.
Esse capitulo é dedicado a SamyShinigami que fez uma linda recomendação. Muito obrigada.



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Por mais estranho que posso parecer, a conversa com Peeta me fez refletir, e por mais que levasse a vida de um jeito totalmente diferente, antes precisava me adaptar aquela vida que estava vivendo com meus sobrinhos. Então na manhã de 1º de novembro me desfiz do meu quadro minuciosamente organizado. Isso acabou surpreendendo as crianças, as regras ainda estavam ali, mas não coladas na parede como um lembrete constante e devo admitir que o clima na casa ficou mais tranquilo depois disso. Peeta e eu tínhamos um acordo silencioso de trégua e nas semanas seguintes começamos a nos organizar juntos, principalmente depois que entrei em contato com o site de notícias da cidade. O Tordo há alguns anos era um jornal impresso, mas que depois de ver suas vendas diminuindo acabou virando um site de notícias.  A vaga ofertada não era para nenhum grande cargo, ainda assim voltar a escrever seria no mínimo  agradável, e embora o salário não se comparasse ao que ganhava em Chicago ajudaria nas contas da casa. 

— Adivinhem quem é a nova contrata do site O Tordo? - Estávamos vendo TV quando meu celular tocou.

— Você vai trabalhar aqui na cidade? - Lily parecia surpresa assim como os irmãos, mas também parecia animada com a ideia.

— Exatamente. E o horário é bem parecido com o da escola de vocês. Sem contar que posso escrever de casa também.

— Legal. – Ela sorriu e fiz o mesmo.

— Parabéns Katniss.  - Peeta também sorriu, não havia contado que estava cogitando essa vaga, entretanto, minha escolha parecia tê-lo deixado feliz.

— Achei que não gostava dessa cidade. Que queria trabalhar em outro lugar. - A expressão no rosto da minha sobrinha mais velha era indecifrável. 

— Bom... Alguns planos mudam e estou realmente animada com meu novo emprego. Gosto do que faço Rose, aqui ou em qualquer outro lugar vou estar feliz em escrever. – Ela não disse nada apenas voltou a atenção para a TV.

— Acho que seria legal comemorar. O que acham de uma noite de jogos? – O loiro parecia animado e vi que Lily se voltou rapidamente para ele.

— Sério padrinho?

— Vamos lá, vai ser divertido e acho que podemos começar sendo os anfitriões da vez. 

— Noite de jogos? – perguntei sem entender o que exatamente faríamos.

— É, sempre fazíamos isso, reunir a família na casa de alguém para jogar alguns jogos de tabuleiro. É divertido. Montamos times, e embora não haja nenhum premio verídico, alguns levam a competição a sério.

— A Rose não sabe perder. – Lily comentou enquanto a irmã revirava os olhos fingindo não prestar atenção.

 - Não fui eu que chorei por perder.

 - Eu não chorei por perder... – A loirinha se defendeu.

— Vamos parar, por favor. Ninguém gosta de perder, mas acontece. Mas então vamos ter uma noite de jogos ou não?

— Por mim tudo bem. – De alguma forma sentia que talvez um tempo de lazer com todos parecia uma boa ideia. Os três não pareciam tão animados, ainda assim não foram contra.

— Vou marcar com a Perla para sexta-feira, assim não temos problema com o horário de acordar no dia seguinte. Todo mundo animado para ganhar? – perguntou animado e Lily parecia a única a compartilhar um pouco dessa animação com ele.

Com o passar da semana, não tinha mais a certeza se era de fato uma boa ideia essa história de noite de jogos, mesmo assim o loiro parecia disposto a fazer algo divertido, e na sexta-feira preparou tudo para a ocasião. Providenciou aperitivos, abriu espaço na sala e separou os jogos em uma mesa no canto. Dessa forma quando Perla e a família chegaram nos dividimos em dois times. Um formado pelas mulheres e outro pelos homens, que mesmo estando em menor número, parecia otimista com a vitória.  Começamos a noite jogando QUEM SOU EU , e confesso que o jogo parecia mais difícil do que imaginei que seria. E mesmo com meus péssimos palpites, fomos melhores do que os rapazes que estavam em desvantagem, já que Tony não participou desse jogo. Ainda assim, naquele momento eu já sabia que a noite valeria a pena, já que pela primeira vez, nos últimos meses os três pareciam mais à vontade.

Mas foi durante a Imagem e ação que duas coisas incríveis aconteceram. Estava tentando desenhar uma quadra de tênis, mas aparentemente minhas habilidades se limitavam a escrita já que ninguém parecia entender meu desenho. 

— Comida congelada? - Milena chutou e acabei olhando para os meus riscos e tentando entender de onde ela havia tirando essa ideia. - O que? Vai que é,  não custa tentar. 

— Tempo esgotado. E vocês não marcaram ponto - anunciou Marvel com um largo sorriso graças ao meu fracasso. - Diga Katniss o que é isso?

— Uma quadra de tênis. - Todos olharam para o desenho, e alguns segundos depois a risada foi geral. E só aquele som teria sido suficiente para aliviar um pouco aquela sensação que vinha sentindo nos últimos meses, afinal, os três não riam sinceramente de algo desde o acidente. Ainda assim fingi estar ofendida. – Está claro gente. Olha aqui a quadra, com a rede no centro e a raquete do lado.

— Achei que era uma colher. – Milena comentou.

— Tia Katniss, você desenha pior que o tio Marvel. - Inevitavelmente todos olharam para ele, e por mais surpresa que estivesse não pude deixar de sorrir ao ouvir aquela voz que vinha desejando ouvir há várias semanas.

— Verdade Tony, sua tia conseguiu ser pior do que o eu na hora de desenhar.

— E nós  achávamos que isso não era possível.  - Peeta estava com um sorriso largo. - Mas agora é minha vez e vamos ganhar esse jogo agora. Não é mesmo campeão? - A médica dele tinha nos orientado a não pressioná-lo a falar, ou a fazer um estardalhaço quando isso acontecesse. Segundo ela precisávamos agir normalmente e deixar ele voltar para ganhar espaço e confiança em demostrar seus sentimentos e expressa-los. Então, por mais que estivesse claro que todos estavam nitidamente animados com a frase dele seguimos o jogo.

Quando o loiro começou a desenhar ficou claro que o jogo não era nada justo, visto que ele parecia ter algum tipo de talento e os rapazes não tiveram nenhum tipo de dificuldade em acertar cada um deles. Em seguida foi a vez de jogar JENGA, e tanto Perla quanto Marvel mostraram que não estavam para brincadeira, mas aparentemente estávamos com sorte já que levamos a vitória. Durante o UNO as coisas foram mais positivas para os meninos, pois pareciam estar com a sorte de saírem com as melhores cartas.

— O que vai ser agora?

— TWISTER! – Nunca havia jogado, mesmo assim arrisquei. Sorteamos as duplas e acabei saindo - na segunda rodada - junto com Peeta. Sempre achei que esse era um jogo mais fácil do que faziam parecer, porém estava enganada e sinceramente se não fosse a animação das crianças teria me negado a passar por aquilo por mais tempo.

— Tio Peeta, mão esquerda no verde. – Matteo que estava rodando a roleta para o loiro, falou e o mesmo escolheu o circulo verde perto de onde estava ficando com o rosto próximo ao meu ombro direto.

— Tia Katniss, mão direita no azul. – Lily decretou após girar a roleta e analisei por um momento a melhor forma de me manter no jogo, e assim que posicionei a mão no circulo azul me vi de frente para meu adversário. Depois de anos estava novamente olhando aqueles olhos azuis tão próximo de mim novamente. Podia sentir sua respiração a uma pequena distância do meu rosto, e de alguma forma fiquei paralisada. A última vez que ficamos tão próximos, as coisas não haviam acabado de forma racional.

— Mão esquerda no azul tio. –  Vi o olhar dele desviar rapidamente para o chão antes de impulsionar a mão para o círculo comandado atrás do que estava minha mão, ficando com o rosto ainda mais próximo do meu.  Seu perfume ainda era o mesmo, e pequenos flashes da noite que evitei lembrar nos últimos anos invadiram minha mente.

— Tia pé esquerdo para cima. – Ergui o pé e poderia ter aguentado mais tempo naquela posição, mas antes que Matteo girasse novamente a roleta deixei meu corpo cair. – Não! Eles empataram.

— Acho que estou ficando velha para Twister querida, desculpe. – Sorri para ela me desculpando sem olhar para o loiro. 

O resto da noite seguiu sem muitos acontecimentos e quando Perla e a família foram para casa já havia passado da hora das crianças irem dormir. Tony já tinha até mesmo apagado no sofá e Peeta o levou para o quarto junto com as meninas enquanto organizava um pouco as coisas.

— Pode deixar que arrumo tudo. – Me assustei com a volta repentina dele.

— Você preparou tudo, posso arrumar isso sem problema.  São só alguns copos e pratos para lavar.

— Posso ajudar, assim terminamos mais rápido. – Ele se recostou na pia pegando o pano de prato para enxugar a louça. - Foi divertido, não é? Quer dizer Tony...  nem acredito.

— Nem me fala, estava sentindo tanta falta de ouvir aquela voz.

— Eu também. – Ficamos em silêncio por um momento um ao lado do outro. – Perla perguntou sobre o dia de Ação de Graças.

— O que tem?

— Ela quer saber, se pode ser na casa dela, ou se prefere que seja aqui? Por conta da sua mãe, embora não lembre a última vez que ela tenha passado com as crianças esse feriado, mas ela será bem-vinda aqui ou lá.

— Não sei se seria adequando comemorar o feriado esse ano.

— Por mais difícil que seja, não acho que deixar passar sem nada seja a melhor escolha. Temos que continuar seguindo em frente, e Luca adorava esse feriado, não acho que seria certo deixar de fazer algo.

— Se acha uma boa ideia, ok. A casa da sua irmã parece uma boa ideia. - ele concordou com um aceno de cabeça. Estava terminado de lavar uma faca quando senti o pequeno corte no meu dedo. – Droga!

— Você está bem?

— Estou, não foi nada só um cortinho bobo. – Ele pegou minha mão e a olhou.

— Não parece fundo. Vou buscar um curativo.

— Não precisa...

— Quer ficar sangrando? – Ele saiu em direção a sala e acabei me recostando no armário para esperar. Seu retorno não demorou e em suas mãos estava a caixinha de remédios. Com cuidado passou o antisséptico e colocou um pequeno curativo. – Você deu sorte, esse é o último band-aid da Hello Kitty – brincou.

— Não acredito, você deixou eles acabarem, isso é inadmissível. – Ele sorriu e fiz o mesmo. - Obrigada. – Agradeci, ele ainda estava segurando minha mão quando olhei em seus olhos. De alguma forma, ali tão próxima sentia como se visse além da superfície. Ele se aproximou mais e selou nossos lábios rápido e carinhosamente. Não era intenso como da última vez, era suave lento e calmo como se tivéssemos todo o tempo do mundo naquele momento, mas de alguma forma era o que precisava, então me permiti por um instante esquecer tudo e apenas estar ali beijando alguém sem todos os problemas e responsabilidades.

O barulho na sala fez com que nos separássemos rapidamente, me trazendo de volta a realidade, não demorou para que Lily entrasse na cozinha.

— Ei, ursinha tudo bem? – ela concordou com a cabeça.

— Só vim beber água. Você está bem tia? – perguntou apontando para o curativo.

— Estou sim, só foi um corte enquanto lava a louça, mas está tudo bem. Deixa eu pegar sua água. – Entreguei um copo cheio para ela que bebeu metade antes de coloca-lo de volta na pia. – Agora volte a dormir que está tarde. – Ela concordou e seguiu novamente para o quarto.

— Katniss...

— Peeta olha, me desculpa eu não deveria... Nós não deveríamos... Estamos passando por uma fase difícil. Toda essa situação e estamos sozinhos há um tempo, isso pode complicar ainda mais o que já é complicado, então isso não aconteceu, ok?

— Você é realmente boa nisso, não é? Fingir que as coisas não aconteceram.

— Temos que ser práticos e agora com as crianças envolvidas, pensar de modo racional. Estamos aprendendo a conviver juntos como amigos. Não podemos confundir as coisas, até porque não gostamos um do outro, nunca nos demos bem e agora estamos conseguindo conviver, então vamos manter as coisas como estão indo. – Ele me olhou de uma forma diferente, ligeiramente semelhante como anos atrás quando tivemos uma conversa parecida, embora muito mais séria no quarto da minha irmã.

— Como você quiser, boa noite. – Sem mais nenhuma palavra ele deixou a cozinha e por um momento me vi pensando no que estava fazendo com minha vida.


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Notas finais do capítulo

Bom espero que tenham gostado do capitulo... Tony falou e isso é um avanço, porém teve ai dona Katniss complicando as coisas...
Pra quem acompanha PA assim que possível vai ter atualização, com a correria do fim de ano não deu pra fazer muita coisa, mas a Bel e eu estamos providenciando o próximo capitulo.
Uma ótima semana.
Beijos