Outside Plans escrita por Sany


Capítulo 10
Capitulo 08.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite... Última noite de 2016.



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O silêncio foi imediato e acabei olhando diretamente para o loiro do outro lado do cômodo. Eu devia ter entendido errado só podia ser essa a explicação. Prim não faria isso, ela não deixaria os filhos comigo.

— Desculpe, como disse?

— Está determinado em testamento que, segundo a vontade de Primrose e Luca Mellark os tutores responsáveis pelos filhos do casal na falta dos mesmos seriam Peeta Ryan Mellark e Katnnis Shrader Everdeen. Que aparentemente são você. – apontou para mim. – E você – apontou para o loiro que estava em silêncio.

— Espere, os dois juntos? Tutores dos três?

— Sim.

— Senhor Abernathy, deve estar acontecendo algum engano. Esses dois não são casados, não namoram ou tem qualquer tipo de relacionamento. Na verdade, eles se detestam há anos posso dizer que apenas se suportam por pequenos momentos. Acredite, isso que você acabou de dizer não tem o menor sentido. Deve ter sido algum tipo de brincadeira que meu irmão e minha cunhada queriam fazer com os dois sem imaginar que essa fatalidade aconteceria. – por incrível que pareça não estava ofendida com nenhuma palavra dita por Perla, e de certa forma aquilo faria mais sentido, mesmo não sendo do feitio da minha irmã fazer esse tipo de brincadeira.

— Não acredito que tenha sido isso, Prim e Luca sempre revisavam o testamento. Normalmente uma vez por ano atualizavam os bens. Essas pequenas burocracias e essa decisão sobre as crianças não sofreu qualquer alteração desde que o nome do mais novo foi acrescentado ao testamento. E, para ser sincero a escolha deles é a mesma desde que me procuraram para deixar tudo por escrito anos atrás.

Peeta lo sai? Luca ha parlato a voi?¹— Perla falou rapidamente e não entendi direito, mas o loiro apenas meneou negativamente com a cabeça. – Isso quer dizer que as crianças só podem ficar com eles?

— Estamos falando da guarda de três menores que estão passando por uma situação difícil agora com a perda de ambos os pais, sei que vocês sabem disso. E, isso é uma grande responsabilidade não apenas legalmente, estamos falando do emocional de três crianças. Então não, eles não são obrigados a aceitar.

— Se eles non aceitarem o que acontece?

— Perla, por favor.

Non Marvel, precisamos saber. É do futuro dos meus sobrinhos que estamos falando aqui.

— Pela lei, buscaríamos os parentes mais próximos no caso primeiramente os avós maternos. Eles não aceitando você seria a próxima a ser cogitada já que pelo que sei não temos os avós paternos e a tia do lado da mãe já teria negado.

— Então é isso, está resolvido eu estou disposta a ficar com os três.

— Perla, amor...  – o marido dela tentou novamente, mas ela parecia não ouvir.

— Marvel, eu entenderia se eles fossem casados juro que entenderia. Sei que a Katniss é irmã da Prim e é tia assim como eu, mas ela nem mora na cidade. É solteira e trabalha bastante sei que ela não planejava isso e o Peeta também, me diz como eles vão fazer isso? Peeta diz que você não vai aceitar isso!

 - Perla, eu preciso de um momento, ok? – ele levantou e saiu em direção ao jardim dos fundos. Queria muito fazer o mesmo, mas minhas pernas pareciam não obedecer, todos olharam na minha direção como se esperassem uma resposta.

— Acho que seria bom deixar a Srta. Everdeen sozinha por um momento. – se conseguisse emitir algum tipo de som teria agradecido ao advogado naquele momento.

 Todos foram pra sala e fiquei ali sentada tentando pensar no que fazer. Era possível ouvir o murmúrio deles conversando no cômodo ao lado. Se quisesse entenderia nitidamente o que eles diziam, mas não prestei atenção em nenhuma palavra mesmo sabendo que era sobre mim. Não sei quanto tempo fiquei ali naquela situação até o loiro voltar e parar na porta.

— Podemos conversar? – perguntou olhando pra mim e confirmei com a cabeça antes de forçar minhas pernas a segui-lo até o jardim para o mesmo lugar da noite anterior, sentei no balanço e mantive meus olhar na cerca. – Você sabia?

 - Não. Se ela tivesse me falado teria dito que era uma loucura, que não tinha sentido nenhum fazer algo assim.

— Luca tinha que ter um plano, uma atitude impensada não combina com ele e Perla era a escolha mais clara pra isso. Ela sabe o que fazer, sabe como criar crianças. Ele tinha algum motivo pra fazer isso.

— Sei que meus pais não são uma boa escolha, acredite não são. Também sei que, depois deles a única que tem realmente um parentesco com os três sou eu e que você é padrinho da Rose.

— Como?

— Sei que o Luca adotou a Rose, que ele a amava, mas ela não é...

— Não termina essa frase, não sei o por que eles nos escolheram não mesmo, mas sei que não é por isso porque a Rose sempre foi parte dessa família mesmo antes do Luca e a Prim se casarem ela já era parte dessa família. Perla ama a Rose tanto quanto ama a Lilly e Tony e ela jamais a trataria de maneira diferente ou cogitaria em não ficar com ela.

— Não quero ofender ninguém só quero entender! Porque eu não sei o que fazer, e isso é loucura! Talvez sua irmã esteja certa não dá pra fazermos isso. Eu não sei se posso fazer isso.

— Eu vou aceitar.

— Como?

— Independente de você aceitar ou não, eu vou aceitar. Não estamos falando de um objeto de valor. Eu conhecia bem aqueles dois e Prim e Luca amavam as crianças mais do que qualquer coisa no mundo. Então tem que ter um motivo para eles terem nos escolhido. Parece loucura, mas eles não nos escolheriam sem pensar antes, não quando é sobre as crianças. Eu não sei o porquê, mas eles deixaram claro o que queriam e não posso negar um pedido deles não agora. Não quando eles sempre estiveram ao meu lado. Não quando eles precisam de mim. Não posso não fazer a vontade deles em relação as crianças. – parte de mim entendi o que ele estava falando, mas era muita responsabilidade. De todos os planos que tinha feito na minha vida ser responsável por meus três sobrinhos nunca foi um deles. Eu os amava demais e eles eram o mais próximo da minha irmã que tinha agora, contudo não iria conseguir.

— Eu não posso fazer isso, não dá. Isso tudo é demais par mim.

— Certo, eu vou dizer ao doutor Abernathy a minha decisão. – não conseguia entender como ele tinha tomado uma decisão tão importante assim tão rápido ou como conseguia lidar com aquilo tudo caindo de uma vez em nossas vidas. Ainda assim o segui de volta para a casa, e assim que chegamos na sala todos viraram em nossa direção. – Vou respeitar a vontade deles, doutor Abernathy o que tenho que fazer para pedir a guarda dos meus sobrinhos?

— Peeta, per favore.

— Perla é o que eles queriam...

Desviei minha atenção por um momento dos dois irmãos que continuaram a conversar e vi as fotos em cima da lareira, em uma delas pude ver nós duas quando éramos crianças na última viajem que fizemos em família – gostávamos tanto daquela foto - não tinha mais do que 11 anos e estávamos abraçadas cada uma segurando seu esqui.  Aquela era para ter sido a melhor viagem de todos os tempos já que minha mãe sonhava em conhecer Aspen, então nada melhor do que passar as férias de inverno na pequena cidade. Isso até que torcesse meu tornozelo durante nosso primeiro passeio a montanha Snowmass um pouco depois do meu pai tirar aquela foto. A viagem tinha acabado pra mim que ficaria no hotel enquanto os outros aproveitavam para esquiar e conhecer as montanhas. Prim adorava neve e tudo a se fazer na mesma, ainda assim ela ficou comigo durante os três dias que ficamos na cidade, assistindo filmes, pedindo serviço de quarto e conversando enquanto nossos pais estavam fora.

Quantas vezes prometemos uma a outra de voltar ao Colorado e passar um fim de semana na cidade esquiando e conhecendo tudo o que não conhecemos quando estivemos lá. Foram tantas vezes que não consigo lembrar, mas nunca dava certo. Quantas outras viagens queríamos ter feito juntas, mas que nunca saíram do papel. Ver aquelas duas meninas que fomos um dia, me trouxe mais lembranças do que um simples pedaço de papel deveria trazer. Éramos tão unidas. Ela era a pessoa que mais me conhecia no mundo. A única que nunca tentou me fazer desistir dos meus planos, que sempre acreditou em mim mesmo quando eu mesmo não acreditava.

— Sr. Mellark, pretende respeitar a vontade do casal sozinho? – antes que Peeta respondesse a pergunta do advogado o interrompi.

— Não. – olhei o loiro por um momento. – Eu também quero respeitar o desejo deles, então doutor Abernathy o que temos que fazer agora? – Peeta me olhou sem entender por um instante, se fosse sincera eu mesmo não estava me entendendo.

— Bom, o primeiro passo é entrar com um pedido de guarda provisória para que os três possam ficar com vocês de forma legal. Esse será um processo fácil de conseguir já que os pais deixaram registrado em testamento a vontade deles. Conseguindo isso entramos com o pedido da guarda definitiva, esse é um pouco mais complicado.

— Por que mais complicado?

— Não estou dizendo que vocês não vão conseguir, mas entendam que por mais que seja o desejo dos pais que os três fiquem com vocês, a decisão final é do juiz. E ele vai julgar se vocês são aptos para essa responsabilidade então é um processo que envolve visitas de uma assistente social e uma audiência com o juiz após alguns meses. Obviamente que o desejo dos pais vai contar na hora da decisão ser tomada e não havendo nenhuma briga judicial pela guarda a possibilidade de vocês ganharem é grande. Porém, é sempre o bem-estar dos menores que precisa ser levado em conta e ser priorizado. Hoje mesmo eu vou dar entrada no pedido e acredito não haverá demora em conseguir uma audiência. Como as crianças estão sob os cuidados da senhora Quaid acredito que podem chegar a um acordo entre vocês para decidir quando contar a elas e leva-las com vocês. Preciso ir agora, mas se tiverem alguma dúvida me liguem. – ele entregou um cartão com seus números para Peeta e para mim e após se despedir de todos foi embora.

— Agora vocês dois, podem me dizer como pretendem fazer isso?

— Perla...

— Não Peeta, estou realmente interessada em saber algumas coisas tipo, onde vão morar? aqui em Twelve Valley ou em Chicago?

— Em Chicago. – respondi no mesmo momento em que o loiro disse: Aqui

— Posso ver que vocês conversaram bastante sobre isso. Você está sendo inconsequente Peeta. Caspita, não está pensando direito.

— Será que vocês podem nos deixar sozinho? Katniss e eu precisamos conversar sobre algumas coisas. – antes que começassem a protestar ele os interrompeu. – Por favor. – assim que todos saíram ele se sentou na poltrona em frente ao sofá que estava sentada. – Achei que não iria aceitar.

— Eu também achei, mas Prim nunca me deixou na mão. Não posso não fazer isso, não posso deixá-la na mão. Não quando ela precisa de mim.  – para ser sincera não estava pensando direito, ainda assim não iria dizer isso a ele.

— Certo, eles achavam que podíamos fazer isso então podemos fazer. – não tenho certeza se ele estava afirmando aquilo pra mim ou para ele. - Sobre a questão de onde morar...

— Chicago é ótimo, eu tenho um bom emprego lá e um apartamento.

— Não duvido que seja, mas a vida deles é aqui. E, eu não posso simplesmente me mudar para Chicago.

— E por que você acha que eu posso me mudar para Twelve Valley?

— Eu tenho meu próprio negócio aqui, não posso simplesmente deixa-lo e ir embora. Não é como se fosse pedir demissão e tentar um emprego em outro lugar. Outras pessoas dependem de mim aqui. – havia me esquecido completamente que ele trabalhava por conta. - Sem contar que minha irmã mora aqui, sua mãe mora aqui, não faz sentido levar as crianças daqui.

— Talvez outra cidade faça bem a eles. – sabia que era sem sentido e que afastar eles da família em um momento como esse não era o mais adequado, mas eu tinha uma vida em Chicago.

— E só por curiosidade no seu apartamento cabe todo mundo? Porque imagino que um aparamento que caiba 5 pessoas não tem um aluguel muito barato por lá, e eu não posso me dar ao luxo de pagar algo assim agora, isso sem contar com as despesas já que o custo de vida em Chicago é mais alto do que aqui. – ele tinha razão já que por mais que meu salário fosse bom, não era o suficiente para 5 pessoas viverem bem por lá.

— É, supostamente faríamos o que? Nos mudaríamos para essa casa? – olhei ao redor pensando no número de lembranças que aquele lugar tinha.

— Estou terminando de pagar meu apartamento, e não acho que consiga pagar o aluguel dessa casa agora. Luca tinha uma renda bem melhor que a minha.

 - E o que você sugere?

— Olha acho que deveríamos pensar em um passo de cada vez, temos que contar a eles e começar a nos adaptar, meu apartamento não é tão grande, mas com algumas mudanças cabe todo mundo lá.

 - Isso significa que você se mudou.

— Sim eu me mudei, como estava dizendo. Cabe todo mundo lá, não sei como você vai fazer com seu trabalho, mas podemos dar um jeito e ver o que vamos fazer a longo prazo, mas eu não quero mexer no dinheiro das crianças. Luca e Prim abriram aquelas contas pensando no futuro deles uma faculdade, essas coisas e queria deixar assim. Ainda assim acho que o melhor no momento seria você se mudar para cidade.

Odiava ter que admitir que ele estava certo, mas ele estava e aparentemente a melhor solução naquele momento era voltar a morar em Twelve Valley.

 

¹Peeta você sabia disso? Luca falou com você?


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Notas finais do capítulo

É isso, Katniss esta voltando para a cidade que tanto planejou sair.
Espero que tenham gostado do capitulo.
Noite de réveillon, hora de encerar o ano que se vai e dar boas vindas ao novo ano que chega. Desejo a vocês um 2017 melhor que 2016, com muita paz, saúde e realizações.
Beijos.
Obs: Meu conhecimento sobre o processo de guarda de menores, tutores e testamentos é limitado (principalmente nos EUA) porque assim como medicina cursar direito passou longe dos meus planos. rs. Então se tiver algum erro em relação a isso nesse capitulo e nos próximos me desculpem desde de já.