You mean a lot to me, a lot escrita por Mares on Mars


Capítulo 1
She's Like the Wind


Notas iniciais do capítulo

Inspirada na música She's Like the Wind, cantada por Patrick Swayze, de 1987.



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Just a fool to believe

I have anything she needs



Ele amava tudo sobre ela. Amava como ela sempre acordava de bom humor pelas manhãs, mesmo sem tomar nenhuma gota de café, e amava como ela odiava café, como ela sempre fazia careta para o cheiro, ou para ele, quando segurava uma xícara do líquido. Ele amava quando ela batia na porta de seu quarto, às duas da madrugada, só porque não conseguia dormir e insistia que ele saísse para andar com ela até que ela tivesse sono. Amava o jeito que ela revirava os olhos pra ele quando ele fazia alguma piada ridícula, ou quando ele ficava com medo de fazer alguma pegadinha com alguém e ser pego. Ele amava aquele sorriso que era só pra ele, quando ele entrava no cômodo em que ela estava e ela o olhava como se ele fosse a coisa mais bonita e preciosa que ela vira o dia todo. Ele amava tudo sobre ela! Ele amava ela, mais do que o Sr. Darcy jamais amara Elizabeth Bennet e morreria por ela, assim como Romeu fizera por Julieta, mas nesse momento, ele mal tinha forças ou palavras para dizer.

— Phil, por favor, diz alguma coisa — ela pediu, olhando-o diretamente nos olhos — Você tá quieto há dois minutos e isso tá me assustando — falou em seguida, sentindo-se tentada a sacudi-lo.

— Eu só tô tentando processar a informação — ele respondeu vagamente, dando de ombros suavemente, antes de abaixar o olhar para seu copo de chá gelado.

— Então, o que você acha? — perguntou sinceramente, querendo ouvir a opinião de seu melhor amigo.

— É… inesperado, pra dizer pouco — ele falou, ainda com os olhos fixos em sua bebida.

— Inesperado? Phil … Drew e eu estamos juntos há quase um ano — argumentou com um sorriso suave.

— Um ano é tempo suficiente pra conhecer direito a pessoa que vai passar o resto da sua vida com você? — questionou, ainda mantendo o tom de voz calmo.

— É tempo o suficiente pra eu saber que eu amo ele — ela respondeu, sentindo-se desconfortável com o rumo que a conversa tomava.

— Ok — ele disse simplesmente, dando de ombros e ela segurou a respiração, tentando entender o que aquele “ok” significava, mas no instante seguinte, ele ergueu o olhar para ela e sorriu — Eu fico feliz por você — declarou e ergueu a mão para segurar a dela, dando um aperto suave.

— Obrigada … Você não sabe o quanto significa pra mim — falou sinceramente, olhando-o com sorriso.

— Certo, agora que você já me deu a notícia, pode começar a falar dos seus planos pro grande dia — Phil pediu com empolgação, e deu seu melhor sorriso para ela, que iluminou-se com a pergunta e como nunca fazia, começou a divagar sobre suas ideias.

Em algum momento, após poucos segundos que ela falava, ele perdeu-se em seus próprios pensamentos, olhando para o rosto perfeito de sua melhor amiga, quase hipnotizado. Ele havia concluído que ela era a mulher de sua vida há oito anos atrás, num dia como qualquer outro, quando ela derrubou-o no tatame, durante uma de suas intensas sessões de treinamento, e quando o fez, ela sorriu largamente, sem maldade alguma, só pura e completa felicidade, e erguera a mão para ajudá-lo a levantar. Ele passou tantos segundos sem reação que ela dera um chute de leve em seu pé e quando ele piscou confuso, ela fez uma careta e puxou-o para cima. Foi naquele momento que ele soube que a amava, aos vinte e quatro anos, nos fundos da casa da mãe dela. Por várias vezes ele tentara dizer o que sentia, e quando não conseguia, tentava demonstrar de alguma forma, mas na hora de tomar alguma atitude, acovardava-se, com medo de perder sua melhor amiga. Agora, olhando-a do jeito que fazia, enquanto ela perguntava-se se queria casar na igreja ou na praia, e comentando sobre como Andrew estava disposto a fugir para Las Vegas, foi que ele percebeu que agora era tarde demais. Mesmo que ele falasse toda a verdade agora, só o que ele receberia em troca seria um olhar confuso, um sorriso condescendente e talvez um atrapalhado pedido de desculpas, seguido dela se afastando dele pra sempre. Ele a conhecia bem demais para cometer um erro desses.



Seis meses depois daquele dia, lá estava ele, do lado fora de uma capela de casamentos em Las Vegas. Andrew, o noivo de Melinda e também seu amigo, estava parado dentro da capela, em frente ao altar improvisado, enquanto sua melhor, a seu lado, ajeitava um véu simples em seu cabelo.

— Eu tô bonita? — ela perguntou esperançosa, após olhar-se no espelho novamente. Ela usava uma versão curta e menos brilhante de um vestido de noiva tradicional e segurava um buquê de flores baratas, mas era a coisa mais linda que Phil já havia visto em sua vida.

— É claro que sim — ele respondeu, tentando esconder o quanto ficara sem fôlego e ela sorriu, com um brilho intenso nos olhos.

— Obrigada por me levar até o altar — ela agradeceu, e ele deu o braço para ela, que encaixou-se a seu lado, antes de dar o sinal para o dj da capela, que deu play na marcha nupcial e abriu as portas duplas da capela. Phil sentiu como se pudesse chorar, guiando a mulher de sua vida até o altar, somente para entregá-la ao homem que ela escolhera.  Andrew Garner, um médico, bonito, inteligente, charmoso, e completamente apaixonado por ela… Tudo o que Melinda merecia.

— Cuida bem dela — Phil pediu, assim que chegou ao altar com a amiga e colocou a mão dela na mão do doutor.

— Pode deixar comigo amigo — Andrew garantiu e sorriu, antes de olhar para Melinda.

Ao posicionar-se ao lado esquerdo do casal, como padrinho, Phil tinha uma visão clara de sua melhor amiga, que parecia radiante. Ela olhava para Andrew como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo, e durante todo o tempo, ele sentiu ciúmes, pois acreditava que aquele sorriso era só para ele. Ah, como eu estive errado!, ele pensou, com uma dor profunda em seu peito, enquanto o casal trocava seus votos matrimoniais, sentindo-se tolo por acreditar que ele era tão especial assim. Só um tolo para acreditar que ela estava ao meu alcance, ele martirizou-se mentalmente, e quando o juíz de paz declarou que Andrew e Melinda agora eram casados, o agente abaixou o olhar, sentindo-se a beira das lágrimas, evitando olhar para os dois que agora se beijavam apaixonadamente. Eu perdi.


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