Beirut escrita por Trojanwhore


Capítulo 5
Weight Of The World




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  Após eu e Kent ficarmos mais no lago conversando, falando do que gostávamos, do que não gostávamos, do que nos fazia feliz, do que nos irritava, enfim, nossas manias. Descobri que Kent não era grande fã de livros, muito menos dos clássicos, porém gostava bastante de filmes clássicos, principalmente os que eram preto e branco.

  Nós conversamos sobre nossa família, colégio, amigos, entre outros e então fomos embora, não havia percebido o quão rápido o tempo havia passado. Kent segurava minha mão em alguns momentos da ida para casa, eu ficava nervosa, porém o ato era reconfortante.

  Eu tivera meu primeiro encontro e havia me saído melhor do que esperava. Há alguns dias eu nunca havia sido beijada de verdade, e então tudo despencou em cima de mim de uma vez, beijo, sexo, dor pós-sexo, traição, encontro, Colin, Kent, tudo veio de uma vez com a intenção de ser um grande desastre, mas eu me sentia como se estivesse vivendo grandes momentos diante dessas coisas, não importa o quão errado era, eu me sentia mais completa.

  Finalmente chegamos a minha casa, Kent estacionou na frente da minha casa, ele desligou o carro e encostando a cabeça no banco me olhou.

  - Você é mais adorável do parece, Mel.

  Sorri olhando para minha perna.

  - Você é menos babaca do que parece, Kent. – olhei para o relógio e eram onze em ponto. “Bem na hora” pensei – Você bem pontual, não?

  Ele deu de ombros.

  - Por mais que seu pai pareça ser legal, não quero abusar logo no primeiro encontro.

  - Hm, terá outros encontros? Então isso quer dizer que eu me saí bem hoje.

  Ele riu e pegou meu rosto em suas mãos, me fazendo olhá-lo.

  - Você foi decente.

  Arqueei uma sobrancelha.

  - Decente? Devia ter deixado você tocar mais do que apenas na minha cintura.

  - É, você deveria ter feito isso. – ele disse se aproximando de mim – Eu teria adorado. Aliás, ainda não é tarde demais.

  Ele começou a descer sua mão até minha cintura e eu ri.

  - Talvez no próximo encontro eu deixe você fazer isso. – disse tirando sua mão da minha cintura e entrelaçando seus dedos nos meus.

  Ele sorriu.

  - Tudo bem.

  Ele encostou sua testa na minha.

  - Há algum tempo que não me divirto de verdade.

  Nossos rostos estavam centímetros de distância, quase nos beijando quando uma batida no vidro do carro nos fez se separar em um sobressalto. Virei para ver quem era e olhei para Colin, abri a porta do carro e saí.

  - O que você está fazendo aqui? – perguntei.

  - O que você faz namorando na porta de casa? – ele retrucou.

  Kent saiu do carro e olhou para Colin. Não parecia com raiva.

  - Relaxa, Colin, não precisa dá uma de irmão mais velho.

  Colin revirou os olhos.

  - Você se acha engraçado? – Colin disse a Kent.

  Revirei os olhos.

  - Cala boca, Colin. Você está me envergonhando! – me virei e fui até Kent e dei um sorriso de desculpas – Sinto muito por Colin está incomodando-o.

  Ele sorriu.

  - Tudo bem.

  Fui até a porta do motorista com Kent.

  - Está na hora de ir mesmo, Kent. – Colin falou alto.

  Fuzilei-o e depois beijei Kent.

  - Até mais. – disse a ele.

  Ele entrou no carro com um largo sorriso, sem se importar nem um pouco com a atitude imatura de Colin. Ele foi embora, deixando apenas eu e Colin na rua.

  Olhei furiosa para ele.

  - Qual o seu problema?

  - De todos os caras da cidade você tinha que namorar quem eu mais odeio.

  Revirei os olhos.

  - Você não é meu pai, Colin, pare de agir como se fosse.

  - Sou seu amigo.

  - Você está sendo infantil.

  Comecei a andar até a minha casa e Colin me seguiu.

  - Desculpe, eu prometo que vou me comportar agora em diante.

  Me virei para ele quando estava na porta.

  - Eu espero que você realmente se comporte. Porque você ter tirado minha virgindade não dá o direito de você agir como um babaca comigo.

  - Não estou sendo um babaca com você, estou sendo com ele. – ele disse se referindo a Kent.

  - E acha que isso não me incomoda?

  Ele bufou e agarrou os cabelos.

  - Eu sinto muito, Melanie. Ok?

  Eu não sabia o que responder e então me vi aliviada quando meu pai abriu a porta e nos olhou discutindo na frente da casa.

  Ele nos olhou com uma expressão de interrogação.

  - Você não havia saído com o outro garoto?

  - Ele já foi.

  - Eles estavam namorando no carro. – Colin me entregou.

  - Colin! – o repreendi.

  - Graças a Deus! 

  - O quê? – eu e Colin dissemos em um uníssono.

  - Melanie! – meu irmão começou a correr até a porta – Me conte tudo do encontro! – ele berrava.

  Bufei.

  - Vocês estão me deixando louca. – eu disse entrando em casa – Boa noite, Colin.

  Fechei a porta na sua cara. Comecei a ir até meu quarto ignorando todos, entrei lá e me joguei na cama.

  A noite teria sido perfeita se não fosse pela inconveniência de Colin. Nunca teria imaginado na minha vida que em algum dia iria à um encontro com Kent Loggings, muito menos depois do nosso desastroso primeiro beijo(ele havia melhorado bastante, aliás).

  Comecei a tirar minha roupa quando ouvi meu celular vibrar, peguei-o e havia uma mensagem de Colin lá.

  Eu sou um babaca. Ainda somos amigos?

  Sorri para mim mesma antes de respondê-lo.

   Você é a pior pessoa nesse planeta! Sim, ainda somos amigos.

  Ele não demorou muito para responder.

  Você me ama, Melanie.

  Boa noite, Colin.

  Boa noite, Lolita.

  Revirei os olhos e fui vestir meu pijama para dormir.

  Acordei de bom humor, para minha surpresa. Alguns dias atrás eu me sentia incrivelmente negativa a respeito de tudo em minha vida, afinal, eu era de longe a pessoa mais entediante deste mundo, então tudo mudou radicalmente.

  Havia uma mensagem de Kent no meu celular perguntando se eu queria assistir algum clássico com ele.

  Eu adoraria.

  Aonde assistiríamos?

  Na minha casa. No meu quarto. Eu disse.

  Seu pai não se importaria?

  Eu ri.

  Você conheceu meu pai.

  Ele mandou uma carinha rindo. Sim, ele é muito legal. Mas como já disse, não quero abusar.

  Ele praticamente implorou para que você abusasse.

  Tudo bem, se é o que ele quer...

  É tudo que ele quer.

  Ele me mandou uma carinha sorrindo. Ele passaria na minha casa pela tarde, nem meu pai e nem Brad sabiam ainda disso, então desci para tomar café-da-manhã e dar a noticia a eles.

  Eu já havia tomado um banho e escovado os dentes, estava praticamente sorrindo para o nada. Eu era muito óbvia.

  Puxei a cadeira e sorri para Brad que revirou os olhos enquanto mastigava um pão.

  - Nossa, você é tão óbvia.

  Fingi não entender.

  - Não faça essa cara. – ele se aproximou de mim para que apenas eu ouvisse o que ele iria dizer – O amigo dele era grande?

  Eu não havia entendido sua pergunta, então franzi o cenho.

  - O pênis dele! – ele exclamou no sussurro.

  Olhei para de ele boca aberta, chocada.

  - Brad! Como eu saberia?

  Ele deu de ombros.

  - Pensei que tivesse dado para ele.

  Olhei para ele.

  - Qual seu problema? A gente ainda está se conhecendo.

  - Então me diga o tamanho quando descobrir. Sempre imaginei que fosse grande.

  Eu quase cuspi o suco que tomava e comecei a rir.

  - Ah meu deus!

  Meu pai sentou-se à mesa após colocar ovos nos nossos pratos. Ele começou a se servir e disse de repente sem me olhar:

  - Como foi o encontro ontem?

  Dei de ombros.

  - Divertido. Ele é... muito legal.

  - Oh Yeah. – Brad disse.

  - Ele vem aqui hoje, nós vamos assistir a um filme juntos.

  Meu pai me olhou surpreso, com uma sobrancelha arqueada.

  - Oh, yeah! – Brad exclamou alto.

  Meu pai o ignorou.

  - Tudo bem. – meu pai disse – Eu não fico exatamente confortável nesse tipo de situação, mas você precisa se divertir.

  Sorri para ele e terminei de tomar meu café-da-manhã.

  Já era de tarde e Kent já havia chegado, nós nos cumprimentamos e subimos antes de meu pai ou Brad aparecerem. Entramos no meu quarto, Kent começou a olhar ao redor, captando cada detalhe: Os riscos que eu fizera na parede com Colin quando éramos crianças, a rachadura na janela de quando briguei com Brad e joguei minha boneca contra a janela, meus posters de bandas de rock, minha estante de livros, meus porta-retratos. Kent pegou um em suas mãos e observou com cautela, era uma foto em família, havia eu, Brad, meu pai e minha mãe. Era a única foto dela que eu mantinha em um retrato, ela havia algo especial, me lembrava de uma época mais fácil e feliz, uma época composta por inocência e ingenuidade.

  Sentia falta de quando ela estava aqui, antes tudo costumava ser normal, hoje em dia era tudo diferente, me sentia dominada o tempo todo por sentimentos de nostalgia e uma felicidade distante que parece que nunca voltará.

  Kent olhou para mim.

  - Essa é sua mãe? – ele perguntou.

  Assenti.

  - Ela se parece muito com você.

  Queria evitar conversar sobre isso, queria poder dizer a ele que não gostava de tocar nesse assunto, mas não tinha coragem de dizer, então apenas fui até ele e tirei o retrato de sua mão, então ousadamente, coloquei minhas mãos em sua cintura, abraçando-o, mas sem colar seu corpo no meu. Ele sorriu com tal ação e me abraçou também, dessa vez colando nossos corpos.

  - O que você trouxe para nós assistirmos? – perguntei.

  - Laranja mecânica e Taxi Driver.

  Arqueei minhas sobrancelhas.

  - Kubrick e Scorsese, meio difícil de escolher.

  Ele sorriu.

  - O que você quiser está bom para mim.

  Torci o lábio, pensando.

  - Honestamente, prefiro os filmes do Kubrick.

  Ele assentiu.

  - Eu também. – ele disse baixo com os lábios poucos centímetros dos meus.

  Ele se aproximou devagar até lentamente encostar os lábios nos meus, pude sentir seus lábios macios.

  Me separei dele e me sentei na cama.

  - Pensei que tinha vindo para assistir o filme. – eu disse.

  - Na verdade, eu vim com segundas intenções. – admitiu.

  Sorri, minhas bochechas estavam provavelmente vermelhas porque ele estava sorrindo bastante enquanto me olhava.

  Ele sentou na cama ao meu lado e colocou o filme no laptop, nós começamos a assistir calados até que ele começou a tocar sua mão na minha, então colocou seu braço em volta do meu pescoço. Após algum tempo seus lábios que estavam no meu pescoço e eu instintivamente fechei meus olhos, deixando escapar um suspiro.

  Ele estava beijando meu maxilar até finalmente começar a beijar meus lábios, escorregando sua língua na minha boca e acariciando a minha. Coloquei minha mão em sua nuca e com a outra empurrei o computador para longe, para que assim eu pudesse deitar na cama e nós desfrutarmos um do outro melhor. Ele mantinha suas mãos firmes e inquietas em minha cintura, a minha viajava da sua nuca para o seu rosto e suas costas. Ele levou os lábios até minha orelha e sussurrou:

  - Você ainda quer permanecer decente ou... – ele mordeu o lóbulo da minha orelha, deixando o resto da frase pairando no ar.

  Eu fiquei sem fôlego, mas encontrei minha voz para dizer:

  - Eu quero que me toque. – consegui dizer.

  Pude sentir seu sorriso. Então sua mão desceu pelas minhas pernas, apertou minha coxa e a levantou de uma vez, deixando envolta de sua cintura. Seu beijo agora havia se tornado selvagem, uma de suas mãos estavam na minha nuca, para que ele tivesse um melhor acesso a minha boca, a outra estava brincando com a bainha da minha blusa. Tire, rasgue, eu não me importo. Era o que eu queria dizer.

  Ele finalmente tomou coragem e deslizou suas mãos para debaixo da minha blusa e agarrou meu seio, logo gemendo na minha boca. Eu teria revirado os olhos se eles estivessem abertos. Minha perna apertou mais ao redor de sua cintura, fazendo seu corpo colar por completo contra o meu, de repente eu senti seu amigo, eu havia tomado um susto inicialmente, era extremamente estranho ter ele ali me cutucando e eu podia dizer que sim, Brad, ele é bem gigante. Afinal, minha mão estava lá, sentindo-o, e eu não fazia ideia do que fazer. Devo massagear? Devo apertar? Ah, meu deus, eu era péssima nisso!  Então fiz o que meu instinto mandava. Como ele apertava meu seio e eu meio que me sentia excitada com aquilo, apertei o seu amigo, talvez tenha feito forte demais, pois ele quase gritou e franziu os olhos com força, se afastando de mim.

  Ele tinha sua mão no pênis(era tão estranho dizer essa palavra) e estava mordendo o lábio, logo eu também mordi o meu, nervosa.

  - Você está bem? – perguntei, preocupada.

  Ele apenas assentiu e fez um sinal para eu esperar.

  Ele se levantou.

  - Me desculpe. – ele começou a andar de um lado para o outro – Eu acho que... já vou.

  Eu fiquei apavorada, pois imaginava que depois disso ele nunca mais falaria comigo.

  Assenti, afinal, eu não tinha coragem de pedi-lo para ficar depois disso.

  - Tudo bem.

  Eu o acompanhei até a porta. Ele virou para mim e deu um sorriso, não pude tirar nada daquele sorriso, ele não parecia com raiva, nem triste, muito menos feliz.

  - Desculpe pelo o que aconteceu. – tirei coragem de onde não havia para proferir aquelas palavras.

  Ele pegou meu rosto em suas mãos e beijou meus lábios delicadamente.

  - Você é incrível. – ele disse genuíno – Não pense que estou puto com você ou algo assim. Ok?

  Assenti.

  - Ok.

  Ele me deu um último beijo e foi embora. Esperei ele entrar no carro para fechar a porta e me encostar contra ela. Eu só faço merda! Pensei.

  Fui para o meu quarto e vi uma mensagem de Colin.

  Vi o senhor beijoqueiro(Kent) sair. Pode vim até a casinha da árvore?

  Mandei uma carinha revirando os olhos.

  Encontro você em um minuto.

  Quando estava saindo recebi outra mensagem, dessa vez de Kent.

  Espero que possa me compensar no próximo encontro.

  Eu ri.

  Eu prometo que irei.

  Não vejo a hora então.

  Assim eu fui me encontrar com Colin, subi a escada velha e encontrei Colin deitado lá, olhando para o céu. Entrei e fiz o mesmo. Ele havia removido o teto, assim podíamos olhar as estrelas claramente dali, era uma sensação maravilhosa.

  - Como foi o encontro com o babacão?

  Eu o ignorei.

  - Foi legal. Nós apenas assistimos filme.

  Não disse que depois nós começamos a nos beijar e ele pegou nos meus seios e que eu apertei seu pênis com força. Nem iria dizer.

  - Esperava mais dele. – Colin disse.

  - O que fez hoje? – perguntei.

  Ele deu de ombros.

  - Briguei com Caroline.

  - Ah. – foi tudo o que consegui dizer.

  Colin finalmente virou para mim e disse:

  - Qual seu maior sonho?

  - Acho que ter a chance de explorar o universo, ir embora daqui para bem longe.

  Ele sorriu.

  - Qual o seu sonho mais possível de concretizar?

  - Não sei. Acho que conhecer Beirut.

  - A capital do Líbano?

  Assenti.

  - Por quê?

  - Não sei explicar. É longe daqui e é um lugar atraente.

  Ele tinha uma expressão de interrogação e surpresa.

  - E você? Qual o seu maior sonho?

  - Poder fazer o que quero.

  Eu o entendia, entendia porque queria aquilo. Peguei sua mão e apertei. Um dia concretizaremos nossos sonhos, Colin. Sussurrei na minha mente.


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