Cold coffee at one am escrita por vousmevoyez


Capítulo 1
cold coffee at one am


Notas iniciais do capítulo

Basicamente word-vomit sem betagem.



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Mushu vivia para batidas em sua porta às uma e meia da manhã. Cabelos longos e ruivos brilhando como chamas na luz amarelada de sua varanda, parecendo ainda mais vivos quando comparados à noite escura e quente da pequena cidade no meio do nada onde morava.

Mushu vivia para se entupir de café e beijos tarde da noite – quando normalmente ela costumava se tornar novamente dia –, se inebriar com o cheiro de incenso e do perfume da pele sardenta e absurdamente alva de Anya e ver não só por seus olhos mas também através das lentes de suas muitas câmeras a beleza inesgotável e indescritível daquela que era mais do que sua amiga, porém não tanto sua namorada.

Mushu vivia para Anya.

Mushu amava Anya.

Mushu venerava Anya.

Ele a pôs em um pedestal, não tão intocável, mas imaculada, e a cada noite que ele traçava seus dedos, olhos e flashes por suas sardas e sinais era como se ele estivesse orando.

“Oh, Anya...”

Ele se dedicou a amá-la de uma forma que ele jamais seria capaz de amar mais ninguém. Não doentio, não tanto. Ele sabia que ela era humana, mesmo que ele costumasse duvidar bastante disso. Ele a adotara como sua religião e onde antes existia Deus, ou ciência ou o grande nada, agora existia Anya.

Apenas Anya. Somente Anya.

Anya, Anya, Anya!

E a cada dia que Mushu se doava a ela, mais ele começou a esquecer de si.

De seu passado perdido em memórias das quais não conseguia se lembrar por tempo suficiente, de seus sonhos de sair, finalmente, daquela cidade infernal. De seus medos. De seus desejos. De suas fodas. De suas esperanças – e até mesmo da falta delas. De seus ódios. De seus cortes. De....

Mas ele não importava, realmente.

Mushu não conseguia se lembrar de um só dia no qual ele não se odiava quase que na mesma proporção com a qual ele se dedicava a idolatrar Anya. Ele não se lembrava de um só dia no qual ele não odiou seus olhos puxados, seu nome estrangeiro, sua pele jamais branca o suficiente, suas memórias perdidas, seus estudos adiados, suas cicatrizes e erros e.... Mushu.

Ele não conseguia recordar de nenhum dia no qual ele tivesse desejado se apagar da face da Terra apenas para nascer de novo, dessa vez inteiro. Imaculado. Sem o desejo vil e fútil de ser tão etéreo quanto Anya, apenas porque ele não se via dessa forma.

Mas ele se segurava.

Não por si, mas por ela.

Por suas aparecidas jamais anunciadas, mesmo que sempre esperadas, em sua casa uma e meia da manhã, com cafés frios da imitação da Starbucks de sua cidade em mãos. Por seus beijos. Por seus incensos e cartas de tarot, as quais ela lia como se tudo fosse mágica sob seus dedos e aos seus olhos.

Como se, além dela, até mesmo aquela cidade fosse mágica.

Como se ele fosse mágico.


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